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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE RONDONÓPOLIS DO ESTADO DE MATO GROSSO

Processo nº. 13032020

ROBERTO CARLOS, já qualificado nos autos em epígrafe do processo criminal, o qual


mova a justiça publica, por seu advogado constituído (procuração anexa) que esta subscreve,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 396 A do Código
de Processo Penal, bem como nos princípios constitucionais do devido processo legal e ampla
defesa, juntamente com indubio pró -réu, apresentar, tempestivamente:

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

Contestando a denúncia em todos os seus termos, impugnando desde já todos os documentos


e provas juntadas, visando ao final do processo, provar sua inocência, conforme ditames da
justiça.

1- Dos Fatos

Conforme consta na denúncia, o réu, na data de 05 de março de 2018, no município de


Rondonópolis, MT, teria disparado arma que lhe pertencia – a qual encontra-se
devidamente registrada e com posse legal – contra Jorge, namorado de sua sobrinha
Joana, com a intenção de causar mau grave e injusto à vitima, que lhe causasse lesão
corporal grave e danos permanentes nos membros.

Ocorre que, após várias tentativas de cessar a injusta agressão, utilizando-se de gritos
sendo que Jorge continuava a agredir Joana de forma violenta, o acusado não encontrou
outra maneira de intervir, vez que estava com a perna enfaixada e não havia outra forma
que não a utilização de sua arma de fogo devidamente legalizada, na direção do agressor
de Joana, para evitar que houvesse um mal maior à vida de sua sobrinha.

Todavia, por forças alheias à vontade do acusado, a arma de fogo não disparou, mas houve
o barulho, o qual amedrontou Jorge, fazendo com que ele cessasse a indevida e injusta
agressão e empreendesse fuga em rumo ignorado, comparecendo dias depois na delegacia
de polícia para narrar os fatos e incriminar o réu, que irá provar sua inocência no decorrer
do processo criminal.

2- Do Direito

2.1 – Preliminar

Consta -se nos autos que o oficial de justiça fez uma única diligencia na residência do
acusado na tentativa de citá-lo, presumindo que o mesmo estava se ocultando. Porém,
conforme disposto no Caput do artigo 362 do CPP, em regerencia aos artigos 252 e
254, ambos do Novo Código de Processo Civil, o oficial de justiça só poderá fazer a
citação por hora certa quando, por duas vezes, houver procurado o citado em sua
residência ou domicilio sem o encontrar, havendo suspeita de ocultação, intimar
qualquer pessoa da família ou, na sua falta, qualquer vizinho de que no dia útil
imediato volltará a fim de aplicar a citação na hora que designar.

Logo, a citação é invalidade e por consequencia disso, a defesa se viu prejudicada, pois
não conseguiu acesso ao acusado. Assim, não houve meios para apresentação
tempestiva de resposta à acusação.

2.1.2 – Da nulidade da peça acusatória

Conforme aduzido, por absoluta ineficácia do meio, o acusado não conseguiu êxito no
intento do delito, pois a arma de fogo era incapaz de efetuar disparos, como consta no
laudo policial de fls...

Sendo assim se o réu buscasse causar a Jorge uma lesão corporal grave capaz de lesiona-lo
de forma permanente, o bem jurídico tutelado (a vida) não seria colocado em risco, haja
vista que embora o acusado tivesse agido com dolo na prática do crime, este não se
consumaria por forças alheias à sua vontade, aplicando-se no caso em tela, o instituto do
crime impossível, nos termos do artigo 17 do Código Penal.

2.2 – Do mérito

Superadas tais questões, o acusado se reserva no direito de discutir a questão meritóriaem


momento oportuno, durante a instrução criminal, bem como, nas alegações finais.

Todavia, não há o que se falar em cometimento de infração penal a ponto de se justificar a


intervenção do direito penal, pois o acusado agiu sob uma excludente de ilicitude, onde o
fato evidentemente não constitui ilícito penal.

Jorge agiu com intenção de ofender a integridade física de Joana, e o réu, utilizando-se de
meios moderados e necessários para repelir a injustiça e agressão sofrida no momento por
sua sobrinha.

Ademais, o acusado encontrava-se imobilizado por conta da perda, impedindo que


ingressasse em luta corporal com Jorge, motivo pelo qual utilizou a arma de fogo.
Salienta-se que o réu não queria matar Jorge, apenas lesioná-lo para reaguardar a
integridade física de Joana, protegendo o direito de terceiros, já que Jorge a agrediu de
maneira relevante e exagerada por conta de ciúmes doentio.

3 – Dos Pedidos

Diante do exposto, requer seja absolvido de forma sumária o acusado, com fundamento
nos inciso I do artigo 397 do CPP, vez que sua conduta, evidentemente, não constitui
crime.

Assim, sendo manifesta a excludente de ilicitude do fato nos termos do artigo 25 do CP.

Não obstante, requer o arrolamento das testemunhas listadas abaixo.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rondonópolis, data.

Advogado,

OAB/UF

Rol das testemunhas:

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