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Na Europa, com o transcorrer desses processos, os espaços que eram marcados pela
existência de uma população rural dispersa e pequenas cidades passam a comportar grandes
cidades, que concentravam as nascentes indústrias. As novas relações sociais emergentes
neste processo implicaram não só a decadência do artesanato mas, também, a destruição da
servidão, uma maciça emigração do campo para a cidade, engajando homens, mulheres e
crianças em jornadas de trabalho extensas, sem férias ou feriados, ganhando um salário
suficiente apenas para a própria subsistência. Os pequenos proprietários serão espoliados,
“perdendo” suas propriedades para os grandes capitalistas, sujeitando-se ao êxodo rural. As
cidades irão passar por um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir estrutura de
moradia, serviços sanitários, saúde, etc para acolher a população que se deslocava do campo.
Nas cidades todas estas modificações trazem profundas consequências: aumento da
prostituição, do suicídio, do alcoolismo, da criminalidade, da violência, de surtos e epidemias.
A miséria atingia grande parte da população. A industrialização e urbanização crescentes
reordena a sociedade existente. Surge uma massa de trabalhadores assalariados que passam
por inúmeras mazelas.
Por outro lado, uma pequena parcela da população passa a concentrar cada vez mais
riquezas requerendo reordenações institucionais e políticas. Tratava-se de uma nova classe
social em ascenção: a burguesia. A Revolução Francesa decorre do conflito entre essas novas
forças sociais ascententes, cujos interesses chocavam-se com os da monarquia absolutista, que
ainda instituída assegurava privilégios, como isenção de impostos e a recepção de tributos
feudais, à uma nobreza decadente. A investida da burguesia rumo ao poder significiou a
liquidação sistemática do velho regime. A revolução mudou a estrutura do Estado e foi
decorrência de mudanças profundas na antiga forma de sociedade, com suas instituições
tradicionais, seus costumes e hábitos, na economia, na política e na vida cultural.
Os abalos provocados pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa criou novas
condições de existência para a população europeia, cujos impactos são vividos até hoje. A
urbanização e suas implicações, as condições de vida da classe que vive do trabalho e da que
vive de sua exploração, as mazelas decorrentes da vida moderna... todo esse novo conjunto de
relações sociais irão implicar no surgimento de novas formas de pensar, fruto das novas
maneiras de produzir e viver. Essas novas reflexões afastavam interpretações baseadas em
superstições e crenças infundadas e abria espaço para a constituição de um saber mais
racional e metodológico sobre os fenômenos históricos-sociais.