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MBCT

DEPRESSÃO
• Perturbação de humor que interfere na forma como a pessoa pensa,
desmotiva a pessoa e altera significativamente o funcionamento de funções
vitais ao nosso equilíbrio geral como o sono e apetite.

• Habitualmente uma pessoa deprimida tende a sentir-se presa numa dor


psicológica em relação à qual sente que não competência para lidar, sendo
esta vivência habitualmente solitária.

• Estudos epidemiológicos com 14000 de seis países Europeus


demonstraram que 17% da população reporta uma experiência de
depressão nos últimos seis meses. 6.9% demonstraram depressão major
grave. Os valores são semelhantes à população Americana e Canadiana.
DEPRESSÃO
• Ironicamente, estudos demonstram a fraca procura dos sistemas de saúde
para o tratamento da Depressão. Apenas 22% procura um especialista para
o seu problemas e recebe tratamento adequado.

• Perante estes dados tem havido um esforço para reduzir o estigma


associada a esta Perturbação e à divulgação dos tratamentos
empiricamente validados para a resolução dos mesmos.

• Os dados da OMS projectam que em 2020, a segunda maior doença com


impacto na saúde será a Depressão.
VIDEO
Black Dog
DEPRESSÃO
• Apesar de haverem critérios bem definidos para a Depressão é aceite pelos
clínicos e pacientes que não existe apenas uma face desta Perturbação.

• O seu reconhecimento é por vezes difícil porque os seus principais efeitos


podem interferir no relacionamento com as pessoas significativas devido à
existência de falta de energia e preocupação com ideias e temas negativos.

• A Depressão encontra-se ainda associada a riscos acrescidos de suicídio


que tende a aumentar com o aumento de recaídas. Existe uma
probabilidade acrescida de 15% de pessoas com depressão crónica
recorrente se suicidarem.

• De referir taxas de Comorbilidade bastante significativas com Perturbações


de Ansiedade, nomeadamente Perturbação de Pânico, Fobias e Perturbação
Obsessivo Compulsiva.
• Tratamento de primeira linha
desde 1980
• Estudos demonstram que não são
Tratamento mais eficazes que um placebo em
Farmacológico depressões minor a moderadas
• Para algumas pessoas o seu
poder diminui ao fim de 1-2 anos
de tratamento

• Terapia Comportamental
• Terapia Cognitiva-
Comportamental
Tratamento • Terapia Interpessoal
Psicológico • Os resultados dos testes em
diferentes estudos em diferentes
centros demonstraram eficácia
semelhante o uso da medicação
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA

• Alguns dos primeiros estudos realizadas sobre esta temática (e.g.: Keller et
al., 1983) demonstraram que pelo menos 50% dos pacientes que se
encontram em recuperação de um primeiro episódio de depressão terão um
segundo episódio e os pacientes que tenham a história de 2 ou 3 episódios
apresentam uma probabilidade de 70 a 80% de recaída.

• Estes dados tiveram implicações significativas no tratamento farmacológico


que passou a ser usado no contexto agudo da depressão, no contexto de
continuidade (6 meses após o episódio) e num contexto de manutenção ( 3
a 5 anos após a recuperação.

• É contudo importante referir que os antidepressivos não permitem uma cura


a longo-prazo. Eles suprimem a sintomatologia mas não actuam nas causas
do episódio.
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA
• Em 1960/70 Beck desenvolveu um modelo e protocolo de intervenção
estruturado para o tratamento da depressão.

• O pressuposto do modelo é que a vulnerabilidade para a depressão estaria


relacionada com atitudes ou pressupostos disfuncionais.

• Weissman e Beck (1978) desenvolveram um instrumento para avaliar essa


vulnerabilidade cognitiva (Dysfunctional Attitudes Scale) esperando-se que
indivíduos que se encontram num estado de remissão de um episódio
depressivo major apresentassem valores superiores na escala que as pessoas
sem qualquer história de depressão. Contudo os estudos não confirmaram esta
hipótese de vulnerabilidade.

Como pode assim a vulnerabilidade para a Depressão ser explicada numa


perspetiva cognitiva?
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA
• Investigação desenvolvida por Teasdale e colaboradores centrou-se não no
efeito do pensamento no humor mas no movimento exactamente contrário: o
papel do humor no pensamento.

• O desenvolvimento de estudos experimentais demonstraram a associação


da recaída com enviezamentos a nível da memória e outros processos
cognitivos (padrões de pensamento negativo, auto-crítico e de incapacidade)
reforçados com a associação prévia e repetida dos mesmos com a presença
de humor deprimido.

• Indivíduos com história prévia de depressão major mostraram ser diferentes


dos indivíduos sem história anterior de depressão sobretudo quanto ao
padrão de pensamento activado perante novos episódios de tristeza
(principalmente se idêntico ao padrão presente em episódios prévios),
havendo um predomínio de uma visão de si sem valor e inadequado e sem
esperança em relação ao futuro.
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA
Assim, pessoas com história de episódios depressivos, aquando da
presença de situações de humor disfórico, reactivam um padrão
antes condicionado, o qual se mantém e intensifica em escalada e
auto-perpetuação mediante ciclos ruminativos de processamento
cognitivo-afectivo

• Perante episódios de maior tristeza, pessoas com história de depressão


apresentam uma maior activação de uma visão global negativa de si mesmas e
uma maior dependência do reforço e aprovação externa do seu valor.

• Verifica-se igualmente que ao longo do tempo os processos de recaída são


progressivamente mais autónomos em função do aumento da experiência
depressiva: quanto maior o número de episódios depressivos, maior a
vulnerabilidade para novas recaídas
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA
Assim, pessoas com história de episódios depressivos, aquando da
presença de situações de humor disfórico, reactivam um padrão
antes condicionado, o qual se mantém e intensifica em escalada e
auto-perpetuação mediante ciclos ruminativos de processamento
cognitivo-afectivo

• Denota-se ainda a presença uma visão auto-focada e negativa de si mesmo


reforçado pelas efeitos da depressão nos diferentes sistemas cognitivos
(atenção e memória) e no corpo (fadiga, falta de força)

• Bem como a presença de um estilo ruminativo que se define por uma tenativa
de libertação face à sintomatologia depressiva. Contudo o contante rumina
apenas reforça o processo e diminui a sua capacidade de resolução das
dificuldades: a mente afunila e fica sem alternativas.
MINDFULNESS

Ganha espaço numa nova viragem de investigação sobre a depressão que nos
permite ter uma nova compreensão sobre os mecanismos envolvidos na
mudança.

Enquanto que a terapia cognitiva tradicional se focava de forma mais


determinante no conteúdo dos pensamentos, existe agora um maior foco nos
processos cognitivos subjacentes e a sua relação com a emoção.
DEPRESSÃO COMO UMA CONDIÇÃO CRÓNICA
Assim, pessoas com história de episódios depressivos, aquando da
presença de situações de humor disfórico, reactivam um padrão
antes condicionado, o qual se mantém e intensifica em escalada e
auto-perpetuação mediante ciclos ruminativos de processamento
cognitivo-afectivo

• Denota-se ainda a presença uma visão auto-focada e negativa de si mesmo


reforçado pelas efeitos da depressão nos diferentes sistemas cognitivos
(atenção e memória) e no corpo (fadiga, falta de força)

• Bem como a presença de um estilo ruminativo que se define por uma tenativa
de libertação face à sintomatologia depressiva. Contudo o contante rumina
apenas reforça o processo e diminui a sua capacidade de resolução das
dificuldades: a mente afunila e fica sem alternativas.
A ABORDAGEM
• Como temas principais desta abordagem:

• Exploração de como prevenir o estabelecimento e consolidação


dos padrões de um pensamento negativo – não se trata de eliminar
padrões negativos da nossa mente mas sim prevenir o seu
estabelecimento e escalada

• Perceber o que alimenta os velhos hábitos do pensamento – estes


padrões são baseados em rotinas cognitivas (ruminativas) antigas, bem
praticadas e e automáticas. São motivadas pelo desejo de escapar e
evitar a depressão e situações problemáticas de vida. Elas persistem
através de diferentes mecanismos:
A ABORDAGEM
1. Viver em piloto automático e não promovendo uma escolha consciente.
2. Estabelecer relação com a experiência através do pensamento, não a
sentindo
3. Viver entre o passado e o futuro, em vez de estar no momento presente.
4. Tentar evitar, fugir ou ver-se livre das experiências desagradáveis em vez de
as explorar com interesse
5. Necessitar que as coisas sejam diferentes em vez de permitir que elas sejam
como são
6. Avaliar os pensamentos como verdadeiros e reais em vez de os
conceptualizar como eventos mentais que podem ou não corresponder à
realidade
7. Ter uma postura consigo mesmo dura e pouco bondosa consigo mesmo, em
vez de se tratar com bondade e compaixão.
ESTRUTURA

• Programa de 8 semanas com sessões de grupo de 2 horas/semana (máximo


de 12 participantes)

• Integra muitos dos componentes do MBSR: exercício com passas, body


scan, meditação na posição sentada, Hatha Yoga, mindfulness durante
actividades diárias (caminhar, comer), poesia

• Estratégias cognitivas

• Um dia de retiro entre a sessão 6 e 7


ENTREVISTA INICIAL
• Entrevista individual com uma duração de uma hora que permitirá:

• Avaliar os factores que se encontram associados ao surgimento e


manutenção da depressão.
• Contextualizar o modelo usado e explorar a forma como o mesmo pode
ser utilizado de forma a ajudar a pessoa.
• Reforçar que o programa envolve trabalho, paciência e persistência ao
longo do processo de 8 semanas
• Avaliar se o programa irá beneficiar a pessoa no timing em que ela se
encontra. Habitualmente não são incluídas pessoas com risco de
suicídio e sem outro suporte psicoterapêutico, se abusam de
substâncias ou se avaliamos que não é a melhor estratégia para a
pessoa.
SESSÃO 1
• O piloto automático, modo fazer e o pensamento ruminativo como factores
que podem levar à depressão. O modo fazer também impede que se viva
uma vida mais preenchida. A experiência que pode assumir novos contornos
se lhe dirigirmos intencionalmente a nossa atenção. A prática da saída do
piloto automático treinando o foco da atenção no comer, nas sensações
corporais e nos diferentes aspectos do dia-a-dia.

• Orientação do grupo, regras de confidencialidade e privacidade, apresentações


• Exercício das passas (feedback e discussão)
• Body Scan (feedback e discussão)
• Definição dos trabalhos de casa (body-scan 6 ou 7 dias) e prática informal de
Mindfulness aplicado a um evento de vida diária
• Distribuição de handouts e áudios
• Discussão em pares: timings para a prática em casa, obstáculos e como lidar com
eles.
• Finalização da sessão com exercício de meditação breve focada na respiração (2/3
minutos)
SESSÃO 2
• O modo fazer implica que a experiência seja filtrada através do nossos
pensamentos. Facilmente se entra em processos ruminativos ou de
preocupação. A atenção focada no corpo permite explorar uma nova forma
de conhecimento experiencial podendo haver uma consciência das
experiências desagradáveis sem nos perdermos num ciclo ruminativo.

• Body Scan (feedback e discussão)


• Revisão da prática feita em casa e eventuais dificuldades
• Exercício dos pensamentos e emoções (“descer a rua”)
• Diário de Acontecimentos Positivos
• Meditação 10 minutos sentado
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
Body Scan, Meditação focada na respiração (10 minutos), definição de uma actividade
prazerosa por dia e prática informal de Mindfulness.
DIÁRIO DE ACONTECIMENTOS POSITIVOS
Esteja consciente de um evento positivo no momento em que ele ocorre. Use as seguintes questões para se focar nos
detalhes da sua experiência à medida que ela ocorre. Faça um registo assim que for possível
Dia Qual foi a sua Como é que o Que emoções é Que Que
experiência? seu corpo que estiveram pensamentos pensamentos
reagiu durante presentes na surgiram na surgem no
a experiência? situação? sua mente? momento em
Descreva com que está a
o máximo preencher este
detalhe registo?
possível.

Segunda-Feira

Terça-Feira
(...)
SESSÃO 3
• A mente encontra-se muitas vezes dispersa e perdida em pensamentos
porque se encontra em permanente acção para completar tarefas e a lutar
por objectivos futuros. É por isso importante encontrar uma forma voltar ao
momento presente de forma intencional. A respiração e corpo permitem um
foco no presente, permitindo uma estabilização da mente e um modo ser,
mais do que fazer.
• Exercício de 5 minutos (Ver ou ouvir)
• Meditação sentado de 30 minutos (observar a respiração e mente; como responder
a sensações físicas intensas. Revisão do exercício)
• Revisão da prática semana em casa
• Exercício de 3 minutos “Espaço de Respiração”
• Exercício Movimento Mindful e respetiva revisão.
• Diário de Acontecimentos Negativos
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
Alongamento e respiração, movimento mindful, uso do calendário de experiências
desagradáveis, Espaço de respiração 3 minutos.
DIÁRIO DE ACONTECIMENTOS NEGATIVOS
Esteja consciente de um evento positivo no momento em que ele ocorre. Use as seguintes questões para se focar nos
detalhes da sua experiência à medida que ela ocorre. Faça um registo assim que for possível
Dia Qual foi a sua Como é que o Que emoções é Que Que
experiência? seu corpo que estiveram pensamentos pensamentos
reagiu durante presentes na surgiram na surgem no
a experiência? situação? sua mente? momento em
Descreva com que está a
o máximo preencher este
detalhe registo?
possível.

Segunda-Feira

Terça-Feira
(...)
SESSÃO 4
• A estratégia para dirigir a atenção para o momento presente necessita de ser
complementado com a consciência do que nos coloca no modo fazer, no ciclo de
ruminação, distracção e preocupação. O Mindfulness é uma ferramenta que permite
ter uma perspectiva ampla da experiência interna, permitindo igualmente o
estabelecimento de uma nova relação com a mesma.

• Exercício de 5 minutos (Ver ou ouvir)


• Meditação sentado de 30/40 minutos (observar a respiração, copro, sons, pensamentos e
capacidade de e mente; como responder a sensações físicas intensas. Revisão do exercício)
• Revisão da prática semana em casa
• Definir o território da depressão: questionário dos pensamentos automáticos e critérios de
diagnóstico.
• Exercício de 3 minutos “Espaço de Respiração”
• Exercício Caminhar de forma mindful
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
Meditação sentada, exercício 3 minutos regular e responsivo (sempre que existe emoções
negativas)
“GANSOS
SELVAGENS”
Não tens de ser bom.
MARY OLIVER
Não tens de caminhar centenas de quilómetros de joelhos, pelo deserto,
arrependido.
Apenas tens de deixar que o animal suave do teu corpo ame aquilo que ama.
Fala-me de desespero, o teu, e contar-te-ei do meu.
Entretanto, o mundo segue em frente.
O sol e os seixos límpidos da chuva atravessam as paisagens,
as pradarias e as árvores profundas, as montanhas e os rios.
Entretanto, os gansos selvagens, altos no limpo ar azul,
regressam de novo a casa.
Quem quer que sejas e onde estejas, pouco importa quão solitário,
o mundo oferece-se à tua imaginação,
chama-te como os gansos selvagens, com rigor e entusiasmo,
de novo e de novo, a anunciarem o teu lugar
na família das coisas.
SESSÃO 5
• Estabelecer uma nova relação com sensações e emoções desagradáveis e
permitir que as coisas sejam como são. A aversão à experiência negativa
pode ser desmantelada através da intenção de olhar para a mesma sem
julgamento e sem a tentar modificar. Esta atitude de aceitação traz consigo
uma atitude base de bondade perante a experiência. A escolha da mudança
pode surgir mais tarde, se realmente necessária.
• Meditação sentado de 30/40 minutos (observar a respiração, corpo. Notar como nos
relacionamos com pensamentos, emoções e sensações corporais. Introdução de
uma dificuldade na prática e notar os efeitos do corpo e reações á mesma. Revisão
do exercício)
• Revisão da prática semana em casa
• Definir o território da depressão: questionário dos pensamentos automáticos e
critérios de diagnóstico.
• Exercício “Espaço de Respiração”
• Leitura do poema “The guest house” de Rumi
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
Meditação sentada com dificuldades com e sem instruções alternadamente,
exercício 3 minutos regular e responsivo (sempre que existe emoções negativas)
VIDEO
SAMURAI
THE GUEST This being human is a guest house.

HOUSE - RUMI Every morning a new arrival.

A joy, a depression, a meanness,

some momentary awareness comes

as an unexpected visitor.

Welcome and entertain them all!

Even if they’re a crowd of sorrows,

who violently sweep your house

empty of its furniture,

still, treat each guest honorably.

He may be clearing you out

for some new delight.


THE GUEST
HOUSE - RUMI

The dark thought, the shame, the malice.

meet them at the door laughing,

and invite them in.

Be grateful for whoever comes,

because each has been sent

as a guide from beyond.


SESSÃO 6
• Estabelecer uma nova relação com os pensamentos. Iremos conseguir lidar com o
modo fazer ruminativo quando conseguimos visualizar as emoções negativas como
estados passageiros da mente e o pensamento distorcido como produtos desses
mesmos estados. Pode ser muito libertador perceber que os pensamentos são só
pensamentos e reconhecer o contexto em que eles são formados.

• Meditação sentado de 30/40 minutos (observar a respiração, corpo. Notar como nos
relacionamos com pensamentos, emoções e sensações corporais. Perceber como é que nos
relacionamos com os pensamentos que surgem. Revisão do exercício)
• Revisão da prática semana em casa
• Mencionar o a preparação para o fim do curso.
• Exercício das Emoções, pensamentos e perspectivas alternativas
• Exercício “Espaço de Respiração” e discussão do exercício como um primeiro passo para uma
visão mais ampla dos pensamentos
• Discussão sobre o processo de recaída na depressão.
• Leitura do poema “The guest house” de Rumi
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
Meditação guiada (40minutos), exercício 3 minutos regular e responsivo (sempre que existe
emoções negativas)
SESSÃO 7
• Usar estratégias que nos permitam cuidar de nós próprios perante o humor
deprimido. O mesmo pode ser melhorado com uma acção intencional de
conseguirmos detectar os sinais iniciais do mesmos. Depois de um espaço para
respirar, cuidaremos de nós através de estratégias de mestria e prazer, ou através
da prática de Mindfulness.

• Meditação sentado de 30/40 minutos (observar a respiração, corpo. Notar como nos
relacionamos com pensamentos, emoções e sensações corporais. Perceber como é que nos
relacionamos com os pensamentos que surgem. Revisão do exercício)
• Revisão da prática semana em casa
• Exercício para explorar a ligação entre actividade e humor
• Estabelecer um plano de actividades para quando o humor for uma ameaça ou difícil de
suportar.
• Exercício “Espaço de Respiração” e discussão do exercício como um primeiro passo para a
eventual escolha de uma acção mindful
• Identificar acções para lidar com a recaída ou recorrência da depressão
• Exercício espaço da respiração ou caminhar de forma mindful
• Distribuição dos handouts
• Definição dos trabalhos de casa:
escolher a prática pessoal, exercício 3 minutos regular e responsivo (sempre que existe
emoções negativas), desenvolver um plano pessoal para lidar com o humor negativo
SESSÃO 8

• Planear uma nova forma de viver. Manter e estender o Mindfulness ao nosso eu


e modo de vida requer intenção e planeamento. A prática regular do Mindfulness
é importante.

• Body Scan e revisão


• Revisão da prática semana em casa
• Revisão do curso: o que se aprendeu em pares e no grupo todo
• Questionário para o participante dar as suas impressões pessoais acerca do programa
• Discutir como manter a prática informal e formal, bem como as razões e aspectos
positivos da mesma
• Exercício “Espaço de Respiração” e discussão do exercício como um primeiro passo para
a eventual escolha de uma acção mindful
• Distribuição dos handouts
• Terminar o treino com uma meditação (pedra, presente) ou com os participantes a
desejarem bem mutuamente
CFT
“But only humans, I believe are
capable of deliberate cruelty –
acting with the intention of causing
pain and suffering.”
Goodall, 1990.
Compaixão Crueldade
• Compaixão implica estarmos abertos ao sofrimento pessoal e do outro, assumindo
uma postura não-defensiva e sem julgar. Também envolve o desejo para aliviar o
sofrimento, as cognições resultantes da compreensão das causas do sofrimento, e
comportamentos – actuar com compaixão.

• Terapia Focada na Compaixão é uma terapia integrativa, baseando-se na Psicologia


Social, do Desenvolvimento, Evolucionista e Budista, e nas Neurociências. Baseia -
se em diferentes estratégias desenvolvidas em vários protocolos terapêuticos.

• O treino da compaixão diz respeito a actividades especificas que foram concebidas


para desenvolver atributos e estratégias de compaixão, principalmente aquelas que
influenciam a regulação do afecto.

• Há uma crescente evidência que o foco e treino da compaixão pode influenciar os


sistemas neurofisiológico e imunitário (Davidson, 2003; Lutz, 2008)
VIDEO
Where Does Compassion Really Come From?
1. Pessoas com grandes níveis de vergonha e auto-criticismo sentem habitualmente
uma grande dificuldade em serem amáveis e calorosos para si próprios e para os
outros

2. Os problemas relacionados com vergonha e auto-criticismo têm como base histórias


de abuso, bullying, expressão exagerada de emoções na família e falta de afecto.
Estes indivíduos tornam-se hipersensíveis às ameaças de rejeição/critica e tornam-
se auto-críticos – experienciam o seu mundo interno e externo como hostis.

3. É reconhecido que o trabalho com o auto-criticismo e vergonha necessita um foco


terapêutico nas memórias destas experiências precoces.

4. Indivíduos que aderem à Terapia Cognitivo-Comportamental e que aprendem a


gerar alternativas ao sistema de pensamentos e crenças negativos não melhoram
significativamente: “Eu sei que não sou o culpado, mas continuo a sentir culpa”
Somos uma espécie emergente e o nosso cérebro, juntamente com os seus
motivos, emoções e competências são produtos da evolução e foram
desenhados para funcionarem de determinada forma.

As circunstâncias sociais das nossas vidas, sobre as quais não temos


controlo, têm implicações para a nossa mente, para o tipo de pessoa que
vamos ser, para a construção dos nossos valores e para forma como
conduzimos a nossa vida.

Todos temos um cérebro, emoções e um sentido de ser (socialmente


construído) que não escolhemos e que temos que perceber. Muito do que se
passa na nossa cabeça não é construído por nós e não é nossa culpa.

Todos estamos no mesmo barco e todos fazemos


o melhor que conseguimos.
Social Brain: Afecto , Cuidar,
Resposta social, experiência e
motivos

New Brain: Imaginação,


E Planeamento, Ruminação,
V Integração
O
Old brain: Emoções, Motivos,
L Procura/ formação de relações
U
Ç
Ã
O
Drive, excitação,vitalidade Conteúdo, Segurança, Ligação

Foco no
incentivo/recursos Foco na afiliação
Querer, perseguir, Segurança-bondade
alcançar, consumir Tranquilizador
Activador

Focado na ameaça
Procura de protecção-
segurança
Activador/inibidor
Raiva, Ansiedade, Aversão
• Sistema básico do desenvolvimentos humano

• A sua função é detectar ameaças de forma rápida, potenciando


diferentes emoções, para que nos possamos proteger.

• Papel importante da serotonina

• O sistema de defesa é constituído por diferentes emoções (raiva,


ansiedade, aversão), comportamentos (luta, fuga, submissão,
paralisar) e desvios cognitivos (“melhor prevenir que remediar” ou
tirar conclusões precipitadas).
• A sensibilidade e resposta a situações de ameaça são o resultado
entre a interacção entre genes e aprendizagem.

• A opção de resposta dentro deste sistema podem entrar em conflito,


criando confusão.

• Estados cerebrais coreografados pelo sistema de ameaça e


protecção podem enviesar outros sistemas de respostas

• Um sub ou sobre-desenvolvimento deste sistema pode dar origem a


psicopatologia.
• Este é um sistema que nos motiva e direcciona para recursos
importantes

• Este é o sistema de antecipação e prazer

• É a base do desenvolvimento do desejos e dos objectivos, quer


sejam materiais ou os ligados com a auto-estima (status, fama)

• É um sistema activador que pode ser altamente estimulado pelo


consumo de certo tipo de drogas

• As emoções positivas decorrentes que surgem deste sistema são


habitualmente foco da psicologia ocidental e culturas materialistas.
• Quando os animais não têm que estar atentos a ameaças e quando
não têm que procurar recursos pode ser atingido um estado de
contentamento

• O contentamento pode estar associado a uma calma positiva, afecto


positivo e uma sensação geral de bem estar; este estado não
corresponde apenas à ausência de ameaça.

• A evolução do comportamento de vinculação baseia-se neste


sistema. Ele possibilita o envio de sinais de cuidado e afecto que se
encontram associados ao bem estar, segurança e conexão social.
Este aspecto do sistema pode ser designado de segurança social.
VIDEO
Still face Experiment
• Este sistema de contentamento/segurança tem como papel regular o
sistema de ameaça/protecção e o de incentivo.

• A terapia focada na compaixão e o treino para uma mente com


compaixão têm como objectivo facilitar o desenvolvimento deste
sistema.
• Na terapia propriamente dita a compaixão é definida em termos
de estratégias e atributos específicos.

• O objectivo é que o terapeuta use as estratégias e expresse os


atributos da compaixão

• O cliente deve experienciar a relação terapêutica sem


vergonha e auto-criticismo, com compaixão e como segura; de
uma forma ideal o cliente irá experienciar cada um dos atributos
e estratégias da compaixão da parte do terapeuta e na relação.

• A função do terapeuta é levar o individuo a dirigir e desenvolver


estas estratégias e atributos para si mesmo.
Warmth Skills of Warmth
Compassion
Imagery
Reasoning
Sensivity Sympathy

Attention
Care for Attributes of Distress
well-being Compassion tolerance

Feeling Non-
Empathy Behaviour
judgment

Warmth Warmth
Sensation
Gilbert, 2009
• Promoção do bem-estar: utilização da motivação para ser
atencioso, para promover o alívio do stress e facilitar a definição e
desenvolvimento do futuro objecto para demonstrar afecto.

• Sensibilidade: o individuo é capaz de reconhecer e distinguir as


emoções e necessidades do objecto de afecto.

• Simpatia: Corresponde a estar emocionalmente envolvido pelas


emoções e stress do objecto de afecto.
• Tolerância ao stress: ser capaz de ficar com, tolerar e lidar com
níveis elevados e complexos de emoção, em vez de evitar, fechar,
contradizer, invalidar ou negar.

• Empatia: Sentir empatia implica trabalhar no sentido de entender o


significado, funções e origens do “mundo” da outra pessoa, para
que se possa assumir o seu ponto de vista. Envolve um esforço ao
contrário da simpatia. A empatia dirigida a si mesmo envolve a
habilidade de assumir uma posição exterior e compreender as suas
próprias emoções e pensamentos.

• Não-Julgamento: Implica não condenar, criticar, envergonhar ou


rejeitar. Não significa contudo não ter preferências.
2 VIDEOS
EMPATHY
• Atenção Compassiva: focar a nossa atenção de forma a ajudar e
dar suporte:

• focar e identificar os atributos positivos da pessoa


(coragem, cuidado com os outros e coping) através da
revisitação de memórias e trabalhando estes aspectos do
eu.
• Exercícios que dirijam a atenção e que permitam o
“saborear” de uma experiência para promover um maior
nível de apreciação e gratidão.
• Reflexão Compassiva: pensar sobre o mundo, nós e os outros
• promover o desenvolvimento de uma compreensão
alargada e alternativa da experiência.

• assegurar que essas alternativas sejam sentidas como


sendo um suporte e úteis. A lógica por si só não chega e a
evidência é muito importante

• É muito importante explorar como é que o cliente percebe,


rumina e reflecte sobre os seus estados actuais de humor,
sobre o futuro e sobre a sua forma de ser.
• Comportamento Compassivo: o objectivo é aliviar o stress sentido e facilitar o
crescimento pessoal.

• Desenvolvimento do conceito de coragem de forma a que não surja o


evitamento a uma realidade ou tarefas comportamentais difíceis.

• Toda a exposição é feita com base na compaixão: pensamentos de


suporte e gentis.

• Podem ser definidas experiências de exposição a emoções positivas


para que o cliente possa aprender a “gostar delas”

• Foco no processo e não no resultado – o esforço é o mais importante


• Imagery Compassiva: conjunto de exercícios que ajudam a gerar
compaixão para si mesmo.

• Explorar a imagem de um “eu com compaixão ideal”: como


é, as suas expressões faciais, o tom da sua voz, que
emoções despoleta, etc.

• Exercício com posturas corporais, imaginando-se como uma


pessoa com um grande nível de compaixão: o assumir de
um papel e a exploração da sua idade, expressões faciais,
posturas corporais, tom de voz, forma de pensar.
• Receber a compaixão: experienciar a compaixão vinda dos outros,
para os outros e para si mesmo.

• A compaixão pode ser gerada através da relação


terapêutica, ou com treino de atenção e imagery.

• Sentir a compaixão: percepção do efeito das emoções


relacionadas com compaixão (auto-compaixão, sentir compaixão
por parte de outros) no corpo.
VIDEO
The Time You have

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