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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

E MATEMÁTICA FINANCEIRA
Autoria: Heraldo da Costa Reis
Nelson Chalfun Homsy

Dados Pessoais

Nome:__________________________________________________________

Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: ___________________

Endereço:______________________________________________________

Cidade: _____________________________________ UF:________________

CEP: ________________ Telefone:__________________________________

E-mail:_________________________________________________________

Programa de Pós-Graduação EAD

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI


Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro
Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000
INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-
9090 - www.uniasselvipos.com.br
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Ivan Tesck

Revisão Gramatical: Equipe de Produção de Materiais


Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz

Equipe Pedagógica do IBAM: Prof. Heraldo da Costa Reis


Profª. Márcia Costa Alves da Silva
Profª. Tereza Cristina Baratta

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

658.15
R375h Reis, Heraldo da Costa
Administração financeira e matemática financeira /
Heraldo da Costa Reis; Nelson Chalfun Homsy. Indaial :
UNIASSELVI, 2017.

163 p. : il.

ISBN 978-85-69910-55-8

1. Administração Financeira.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo,
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas.

A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos


servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar
condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de
controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental.

Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este modelo de


gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, da participação
e do controle social, que não podem existir sem instrumentos adequados e pessoas
qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do IBAM com a UNIASSELVI.

Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais


que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação para
o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais do MBA
em Finansas e Políticas Fiscais que passa a integrar o programa de pós-graduação
da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo
desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes
universitários.

A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior,


aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para
o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para
enriquecer o cenário que se quer alcançar.

O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada


de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação;
e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a
articular-se com ele como cidadãos.

Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM

Prof. Carlos Fabiano Fistarol


Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância
Grupo UNIASSELVI
Me. Nelson Chalfun Homsy

Doutor em Políticas Públicas, Estratégias


e Desenvolvimento (IE/UFRJ), Mestre em
Planejamento Urbano e Regional (UCLA) e Graduado
em Economia (I E/UFRJ). Sua carreira profissional
inclui importantes posições de administração, gerência e
supervisão em departamentos de planejamento, mercado
de capitais, pesquisa, sistemas de informação e finanças,
nas áreas de habitação e infraestrutura. Como consultor
atua nas áreas de políticas tributária e fiscal, provisão e
distribuição de serviços públicos, gestão do crescimento
econômico, política habitacional e análise e avaliação de
projetos. É professor de Economia do Setor Público e
de Matemática Financeira no Instituto de Economia
da UFRJ. Seus principais temas de pesquisa, além
das questões acadêmicas, são Economia Urbana
e Regional e Finanças Públicas e Empresariais.
Heraldo da Costa Reis

É contador formado pela UFRJ, Mestre em


Ciências Contábeis pelo Instituto Superior de Estudos
Contábeis, da Fundação Getúlio Vargas (ISEC/FGV),
com área de Concentração em Contabilidade Gerencial.
É professor de Graduação e Pós-Graduação
nas disciplinas de Gestão Governamental e Controle;
Contabilidade Governamental e de Auditoria Governamental;
Contabilidade Pública; Auditoria Governamental; Orçamento
Público; Administração Financeira; área de Finanças,
Contabilidade; Orçamento, em instituições como: UFRJ,
UFPE, UFPR, UFCE, UFRN, PUC-MG, PUC-GO, CESUPA
e ENSUR/IBAM.
Atua como Consultor Técnico e parecerista em diversas
áreas; é Coordenador de Ensino, da Escola Nacional de
Serviços Urbanos do IBAM; Coordenador do Centro de
Estudos Interdisciplinares em Finanças Públicas - CEIF - da
ENSUR/IBAM. Consultor em vários projetos internacionais.
Coordenador técnico dos projetos da parceria IBAM/BNDES.
Autor e coautor de livros e artigos, dentre os quais
destaca-se os seguintes livros: O que os Gestores Municipais
devem saber, 2ª Ed. IBAM, 2007. Contabilidade e Gestão
Governamental, Estudos Especiais, 1ª Ed. IBAM, 2004. A
Lei 4.320 Comentada, na 33a. Ed. Lúmen Juris-IBAM, com
a introdução de comentários à Lei de Responsabilidade
Fiscal, 2010.
Membro da Comissão de Contas Públicas do
Conselho Federal de Contabilidade.
Responsável pela Editoria Técnica da
revista de Administração Municipal (IBAM).
Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................9

CAPÍTULO 1
Fundamentos da Administração
Financeira Governamental....................................................13

CAPÍTULO 2
Receita e Despesa Governamentais.....................................37

CAPÍTULO 3
Gestão Orçamentária e Financeira......................................55

CAPÍTULO 4
O Patrimônio Financeiro........................................................73

CAPÍTULO 5
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Simples e Juros Compostos................................................101

CAPÍTULO 6
Tipos e Formas de Expressão
de Taxas de Juro...................................................................127

CAPÍTULO 7
Planos de Financiamento e Tabelas
de Amortização.....................................................................147
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando!

Qualquer organização, com ou sem fins lucrativos, governamental ou de direito


privado, tem problema a ser resolvido, principalmente pelo momento que se vive, ou
seja, de incertezas políticas, que tem se agravado e produzido impactos negativos
sobre a situação econômica do país. A área governamental, por exemplo, sofre
diretamente os impactos negativos dessa situação política, pois faz surgir situações
que revelam as responsabilidades dos gestores públicos.

As transformações socioeconômicas da última década vêm demandando a


formulação de novas estratégias no plano da gestão pública. A combinação de
fatores como volume maior de encargos, recursos fiscais escassos e ampliação da
participação da sociedade tem levado todas as esferas governamentais a atuarem de
forma inovadora, articulando esforços e recursos tanto públicos quanto privados.

As questões sobre o orçamento público deficitário e o ajuste fiscal, no âmbito do


governo federal, têm despertado o interesse da sociedade e provocado debates em
torno desses assuntos, sempre na busca de soluções adequadas, pois, em realidade,
são questões que envolvem a sociedade e todas as esferas governamentais.

A Lei Complementar nº 101, de maio de 2000, mais conhecida como Lei de


Responsabilidade Fiscal, que dispõe sobre normas gerais de finanças públicas,
estabelece no § 1º, do seu art. 1º, que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe
a ação planejada e transparente, para que se previnam riscos e se corrijam desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas
de resultados entre receitas e despesas, bem como a obediência a limites e condições
no que tange à renúncia de receita, geração de despesa com pessoal, da seguridade
fiscal e outras, dívida consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação da receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

Em um cenário de dificuldades, mas de grandes potencialidades para as


unidades da Federação, desenha-se a necessidade de se conferir especial atenção
à promoção de oportunidades de atualização e aprimoramento dos quadros técnicos
governamentais de forma a melhorar e aumentar a capacidade de gestão, a eficiência,
a eficácia e a efetividade das políticas públicas.

Neste contexto, a Administração Financeira, no âmbito do Estado, vem se


solidificando como uma das suas atividades mais importantes, mormente neste
momento em que se discute a situação econômica e financeira da União, dos Estados
e dos Municípios, destacando-se, inclusive, as responsabilidades dos gestores.
Assim, a Administração Financeira, como uma das atividades da organização
governamental, é apresentada como um modo de controle das operações financeiras
governamentais, possibilitando inclusive discutir as formas de gestão orçamentária e
financeira por meio de instrumentos próprios, com os quais assume a responsabilidade
pela gestão do processo de controle e efetivação das receitas, despesas e direitos e o
cumprimento das obrigações governamentais, a análise e avaliação desses fatos de
natureza financeira sobre o fluxo de caixa para, desta forma, alcançar os objetivos da
Lei de Responsabilidade Fiscal.

No exercício das suas funções, a Administração Financeira utiliza técnicas e


informações de outras ciências, como as da contabilidade, da matemática financeira,
da economia, com a finalidade de buscar soluções adequadas a possíveis problemas
de natureza social, econômica e financeira com que se defronte, objetivando a
maximização do resultado econômico e financeiro da corporação.

A administração financeira, como uma das atividades da organização


governamental, assume, portanto, a responsabilidade pela gestão do processo
de controle e efetivação das receitas, despesas e direitos, pela verificação do
cumprimento das obrigações governamentais, pela análise e avaliação desses fatos
de natureza financeira sobre o fluxo de caixa, visando alcançar os objetivos da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Os capítulos a seguir serão apresentados de maneira que você compreenda


e identifique as relações da Administração Financeira com as outras áreas de
conhecimento, como o Direito, a Economia e a própria Administração Geral.

No que diz respeito ao conhecimento de Matemática Financeira, podemos afirmar


que é fundamental para a gestão e negociação de empréstimos, financiamentos e
descontos com bancos oficiais e privados, fornecedores, contribuintes e de análise de
viabilidade de projetos.

Sua aplicação é feita, principalmente, entre profissionais que já possuem esta


formação, em função do próprio ofício (trabalham em secretarias de Fazenda, ou
na área de compras, ou são auditores etc.), e por pessoas que desempenham suas
funções nas áreas de ensino, saúde, assistência social e que necessitam dialogar
com profissionais das áreas especificamente financeiras.

Para tanto, a primeira parte deste material didático apresenta os Regimes de


Cálculo de Juros, Juros Simples e Juros Compostos. A segunda parte trata dos
Tipos e Formas de Expressão de Taxas de Juros, e a terceira parte versa sobre os
Planos de Financiamento e as Tabelas de Amortização. Um apêndice com exercícios
propostos e respectivas soluções acompanha este volume.
No caso de você já ter lido outros livros ou feito outros cursos de Matemática
Financeira, irá reparar que o material aqui contido pressupõe que você nunca estudou
Matemática Financeira, ou que, se estudou, não entendeu alguns conceitos básicos
que não estão incluídos em outros livros ou apostilas, como a ênfase nos conceitos
relativos à contagem do tempo, à maneira de entender a diferença entre taxa nominal
e taxa efetiva, e outros pontos que, à primeira vista, parecem difíceis, mas não são.

Esperamos que este módulo permita que você goste do assunto e se interesse
cada vez mais por ele, seja por curiosidade, seja por necessidade. Quanto mais você
aprende e ganha segurança sobre determinado assunto, mais aumenta o seu grau
de “amizade” com esse assunto e maior a sua curiosidade em aprender o tema mais
detalhadamente. Esperamos, pois, que, ao ler este módulo, você inicie ou fortaleça a
sua amizade com a Matemática Financeira.

Bom trabalho! Bons estudos!

Os autores.
C APÍTULO 1
Fundamentos da Administração
Financeira Governamental

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

Conceituar administração financeira.


Conhecer quais as operações que produzem impactos financeiros.


Conhecer as principais fontes de recursos financeiros do Estado.


Saber em que são aplicados os recursos financeiros.


Heraldo da Costa Reis


Administração Financeira e Matemática Financeira

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Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

Contextualização
Este capítulo procura ressaltar a Administração Financeira como um processo
de planejamento financeiro e controle da gestão dos recursos governamentais
disponíveis para aplicação em favor da sociedade, para a qual deve gerar
benefícios como retorno às contribuições tributárias.

Para a sua manutenção e funcionamento devem ser utilizadas as informações


e instrumentos próprios de planejamento e controle, a fim de que a Administração
Governamental possa alcançar os seus objetivos sem interrupção.

Conceito de Administração
Financeira
A teoria clássica das Finanças Públicas trata a Administração Financeira
como a atividade que cuida apenas das receitas e das despesas governamentais,
com a inclusão, por alguns estudiosos, do crédito público como uma terceira linha
de estudos da Administração Financeira.
Atualmente, a
Atualmente, a Administração Financeira pode ser visualizada de Administração
outra maneira, ou seja, por seus instrumentos de controle gerenciais Financeira pode
ser visualizada
e de decisões, passando a ser considerada como uma das principais de outra maneira,
atividades de qualquer organização privada ou pública, executada ou seja, por seus
mediante ações ou funções planejadas e programadas, cujos objetivos instrumentos de
controle gerenciais e
de caráter financeiro preconcebidos se concretizam por meio: de decisões.

a) Do planejamento e programação como início de toda ação de controle;


b) Da elaboração do orçamento, cujo conteúdo deve refletir um conjunto de
ações a ser executado durante o exercício financeiro;
c) Da obtenção dos recursos financeiros cujas receitas se destinarão ao
financiamento da execução das ações programadas;
d) Utilização da Contabilidade e Auditoria, como registros e verificações das
operações financeiras realizadas.

Para saber mais, leia: REIS, Heraldo da Costa. Planejamento


governamental e controle. Indaial: Uniasselvi, 2012.

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Administração Financeira e Matemática Financeira

Quando a Administração Financeira se torna mais complexa, pode-se


organizá-la em atividades específicas como Administração de:

a) Disponibilidades de caixa vinculadas e não vinculadas.


b) Empréstimos e financiamentos.
c) Obrigações a pagar.
d) Tesouraria.
e) Programação financeira.
f) Depósitos de diversas origens.

Estas novas concepções de gestão e controle foram introduzidas pela Lei


federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, que obrigou as esferas governamentais
a ajustarem as suas estruturas de informações contábeis, de execução
orçamentária e de tesouraria ou de administração financeira (REIS, 1964, p. 87).

Nos últimos anos Assim, nos últimos anos a administração pública brasileira
a administração
pública brasileira tem passado por mudanças e inovações no que diz respeito ao
tem passado planejamento e ao controle da gestão das finanças governamentais,
por mudanças algumas de ordem constitucional, outras pelas exigências da evolução
e inovações no
que diz respeito natural das coisas (REIS, 1964, p. 87).
ao planejamento
e ao controle da
gestão das finanças De ordem constitucional, ou seja, da Constituição de 1988, art.
governamentais, 165, § 2º, nas atividades de planejamento, por exemplo, introduziram-
algumas de ordem se os instrumentos plano plurianual, diretrizes orçamentárias e deu-se
constitucional,
outras pelas uma nova feição ao orçamento anual, sendo agora organizada de forma
exigências da tridimensional, ou seja, orçamento fiscal, orçamento da seguridade e
evolução natural das
coisas (REIS, 1964, orçamento de investimentos nas empresas.
p. 87).

Objetivo da Administração
Financeira
As determinações constitucionais visam, sobretudo, dotar a Administração
Pública brasileira dos instrumentos necessários à obtenção de informações sobre
o desempenho governamental nos âmbitos da economicidade, eficiência, eficácia
e efetividade no trato e gestão dos recursos públicos postos à sua disposição.

O objetivo da administração financeira é, portanto, permitir visualizar os efeitos


da concretização das receitas esperadas, dos valores que se possam converter
em dinheiro e dos pagamentos das obrigações assumidas sobre o fluxo de caixa
de uma organização governamental, compreendendo ainda o recebimento, a
guarda e custódia de valores pertencentes a terceiros, negociações de recursos

16
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

financeiros via empréstimos, financiamentos e alienações de bens e direitos e de


convênios, bem como prestação de contas.

Operações Resultantes da Execução


Orçamentária
As operações resultantes da execução orçamentária se concretizam a
partir da abertura do orçamento no início do exercício financeiro para o qual a
lei orçamentária foi aprovada, que reúne dois grandes grupos de valores, quais
sejam: receita e despesa.
A execução
orçamentária da
A execução orçamentária da receita e da despesa obedecerá às receita e da despesa
obedecerá às
regras pertinentes a cada um desses valores, e que são reconhecidas regras pertinentes
e estabelecidas pela legislação pertinente, sobre as quais falaremos a a cada um desses
seguir: valores, e que
são reconhecidas
e estabelecidas
a) Receita pela legislação
pertinente.

• Previsão, ou seja, a receita é projetada e prevista no orçamento para se


efetivar a sua arrecadação. A previsão é calculada mediante técnica
estatística, após estudos, análises e avaliações das suas características que
poderão ser exclusivamente econômica e/ou financeira ou conter as duas.
A metodologia de previsão da receita deve ser descrita na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, na diretriz denominada Orientações para a Elaboração do
Orçamento a partir do conhecimento das características da fonte da receita.
Exemplo: O ICMS, imposto de competência exclusiva do ente federativo
Estado, é de natureza econômica, pois resulta de operações de comércio. A
previsão desta receita deve ser calculada conforme a metodologia descrita
na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

• Lançamento é o processo de reconhecimento do direito, pela autoridade


administrativa, sobre um valor recebível. O lançamento se processa de
várias formas, quais sejam: de ofício, também denominado de direto, é o que
se produz sobre o contribuinte. Por exemplo: lançamento do IPTU, imposto
de competência do Município. Lançamento por declaração é o processo
pelo qual o contribuinte declara o que vai pagar, e por homologação, que é a
ratificação pela autoridade competente da declaração do contribuinte do que
tem a pagar após a verificação pela fiscalização tributária.

• Arrecadação é o processo de efetivação das receitas previstas no


orçamento.

17
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Recolhimento é processo de canalizar a receita para um só caixa, conforme


se explicita no art. 56 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964.

b) Despesa

• Provisão, cujo significado é o de prover, em valor amoedado, pelo menos


graficamente, cada espécie de despesa incluída no orçamento. Também
é conhecida como dotação. Isto é possível após os diagnósticos internos
e externos que se processam no sentido de se conhecer previamente os
problemas da administração e de se planejar e programar as ações que serão
adotadas como soluções para os problemas detectados junto à sociedade.

• Fixação é o valor amoedado provido à despesa, fixado como limite, pela lei
orçamentária, para a sua realização.

• Empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado


obrigação de pagamento pendente ou não do implemento de condição. Em
realidade, o ato de empenhar significa reservar parcela da dotação fixada
para a despesa, para possibilitar a sua realização. A realização da despesa
pode resultar das seguintes situações: a) da execução de contrato, cujo
pagamento dependerá do cumprimento do implemento de condição, e
b) de mandamento de lei específica. Neste caso, cita-se como exemplo o
FPM, cujo pagamento das transferências é feito por força de mandamento
constitucional.

• Liquidação é o ato da Administração de reconhecer os direitos de terceiros,


após verificar se os mesmos se originaram de mandamento de lei ou se o
implemento de condição estabelecido em contrato foi cumprido, ou seja, se
a obra foi concluída, se o serviço foi realmente prestado ou se o material foi
entregue.

• Pagamento é o ato da Administração de extinguir a sua obrigação com


terceiros, após o processo da liquidação. Além do pagamento em dinheiro,
existem outras formas de extinção de obrigações, tais como a compensação
tributária e a dação em pagamento.

É preciso conhecer também as situações que afetam a execução


É preciso conhecer orçamentária:
também as
situações que
afetam a execução a) Insuficiência de recurso orçamentário para a realização de uma
orçamentária.
despesa. Neste caso, recorre-se à sua suplementação.

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Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

b) Despesa não incluída na lei orçamentária, cuja realização é necessária para


dar andamento a uma atividade da Administração. Neste caso, recorre-se à
abertura de um crédito especial.
c) Guerras, revoluções, calamidade pública provocada por mudanças
climáticas tais como cheias, secas, ou outras situações etc. Nestes casos, a
Administração busca solução nos chamados créditos extraordinários.

Atividade de Estudos:

1) Tomando por base os estudos efetuados neste capítulo,


explique a importância do art. 74, incisos I e II da Constituição da
República quanto à organização do sistema de controle interno
no âmbito dos Poderes constituídos. Preocupa-se de dotar a
Administração Pública brasileira de instrumentos que possam
medir o seu desempenho nos âmbitos da economicidade,
eficácia, eficiência e efetividade no trato e gestão dos recursos
públicos postos à sua disposição.
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Operações Paralelas à Execução


Orçamentária
Durante o exercício, a administração do ente governamental realiza certas
operações de caráter financeiro, às vezes para suprir o caixa de recursos
financeiros para efetuar pagamentos de obrigações, como as chamadas
operações de crédito por antecipação da receita orçamentária, conhecidas como
ARO, ou para atender as aquisições de bens de capital às quais se vinculam por
lei.

19
Administração Financeira e Matemática Financeira

Outras vezes, entretanto, a Administração Financeira é obrigada


Durante o exercício,
a administração do a realizar operações de recebimentos e de pagamento, também de
ente governamental caráter financeiro, para atender como garantias a certas situações
realiza certas
operações de originárias de contratos de obras, serviços e outros, ou para cumprir
caráter financeiro, mandamentos legais, como as contribuições previdenciárias dos
às vezes para suprir servidores públicos.
o caixa de recursos
financeiros para
efetuar pagamentos
de obrigações,
como as chamadas
operações de crédito
Funções da Administração
por antecipação
da receita Financeira
orçamentária,
conhecidas A Administração Financeira governamental, mediante essas ações
como ARO, ou
para atender as administrativas, visa:
aquisições de bens
de capital às quais
se vinculam por lei. a) À efetivação das receitas esperadas, mediante a execução das
atividades próprias geradoras de receitas e daquelas que se originam
dos seus relacionamentos jurídicos com outras entidades de natureza privada
e pública.
b) À conversão dos direitos, mediante a cobrança dos débitos dos contribuintes
ou dos usuários dos serviços postos à sua disposição, inscritos na Dívida
Ativa Tributária e Não Tributária.
c) À obtenção de recursos financeiros, ainda que eventuais, mediante
empréstimos e/ou financiamentos, ou por alienação de bens e direitos
integrantes do patrimônio público.
d) À extinção de obrigações de natureza financeira, mediante pagamentos
em dinheiro, e outras modalidades permitidas em lei, tais como dação em
pagamento, permutas e compensações tributárias.
e) Às aquisições de bens e serviços e de outros recursos para emprego
nas atividades governamentais planejadas e programadas, com vistas à
produção de bens e serviços, mediante a institucionalização, expansão ou
aperfeiçoamento das atividades governamentais.
f) Ao recebimento e devolução de valores pertencentes a terceiros, sobre os
quais a entidade, como fiel depositária, tem responsabilidade pela guarda e
custódia.

As Responsabilidades do Gestor
Financeiro
Em 4 de maio de 2000 foi promulgada a Lei Complementar nº 101, cujo
art. 1º dispõe sobre o seu objetivo, qual seja, o de estabelecer normas de

20
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

responsabilidade fiscal para os gestores governamentais de todas as esferas


governamentais, União, Estados, Municípios, Distrito Federal, bem como dos
gestores das entidades jurídicas descentralizadas de direito público e privado,
com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição da República.

O parágrafo 1º do mencionado art. 1º dispõe que a responsabilidade A responsabilidade


na gestão fiscal pressupõe ação planejada e transparente, em que se na gestão fiscal
pressupõe ação
previnem riscos e se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio planejada e
das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados transparente.
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
tange à renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade
social e outras, dívidas consolidadas e mobiliária, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar.

Evidentemente, a Lei Complementar nº 101/2000, mais conhecida como


Lei de Responsabilidade Fiscal, dispõe de uma forma explícita que os entes
federativos devem organizar o seu sistema de controle interno, a fim de que
as suas mencionadas determinações sejam cumpridas de tal maneira, que as
respectivas prestações de contas, conforme o disposto no parágrafo único do art.
70 da Constituição Federal, as evidenciem.

O texto que ora se transcreve a seguir diz muito sobre responsabilidade dos
gestores governamentais, diante do que dispõe a Lei de Reponsabilidade Fiscal.
Vejamos:

Ora, a Lei de Responsabilidade Fiscal traz regras específicas


sobre o gerenciamento dos recursos fiscais. Logo, o gestor
deverá pautar a sua ação rigorosamente dentro dos preceitos
estabelecidos no texto. Pode-se, por exemplo encontrar o
administrador tentando burlar a lei no que diz respeito aos
limites com despesa total de pessoal. Simulando enxugamento
da estrutura operacional humana, reduz o número de
servidores e empregados públicos. Depois, terceiriza a mão de
obra. Contrata empresa, repondo o pessoal por via transversa.
Agindo desta forma, estará atuando dentro de um fim que lhe é
defeso (MOTTA, 2000, p. 246-247).

E prossegue:

Podem ser citados outros exemplos:

• Utilizar disponibilidades de caixa dos regimes de previdência


social em empréstimos aos segurados ou ao Poder Público,
aqui incluindo empresas sob o seu controle.
• Criar ação governamental, que implique em aumento de
receita, sem estimativa do impacto orçamentário-financeiro e
sem declaração do ordenador de despesa, no sentido de que

21
Administração Financeira e Matemática Financeira

a medida é compatível com o orçamento anual, com o plano


plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
A responsabilidade • Realizar operação de crédito por antecipação da receita no
do gestor financeiro último ano de mandato (MOTTA, 2000, p. 247).
é mais pesada
que a dos demais,
pois tem sob a sua Verifica-se, pois, desta maneira, que a responsabilidade do gestor
guarda e custódia financeiro é mais pesada que a dos demais, pois tem sob a sua guarda
os recursos
para pagamento e custódia os recursos para pagamento das obrigações assumidas, daí
das obrigações a necessidade de observar o planejamento financeiro, que deve ser
assumidas, daí organizado previamente.
a necessidade
de observar o
planejamento A Lei 4.320/1964, conforme se observa nos seus art. 58 a 60
financeiro, que deve
ser organizado e respectivos §§ e incisos, também abre espaço para destacar as
previamente. responsabilidades do gestor financeiro.

Os Instrumentos de Administração
Financeira
Podem ser considerados instrumentos de Administração Financeira o Plano
Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento Anual, a Contabilidade,
o Cronograma de Desembolso, a Programação Financeira das Despesas, a
Avaliação do Desempenho Governamental e a Auditoria, sobre os quais falaremos
a seguir.

a) Plano Plurianual

A adoção e manutenção do Plano Plurianual é da mais alta importância,


posto que tem por objetivo dar continuidade à Administração do ente federativo,
devendo inclusive refletir o plano de governo daquele que fora eleito Presidente
da República, Governador de Estado e Prefeito Municipal.

Conforme dispõe o art. 165, § 1º, da Constituição Federal, o Plano Plurianual,


em princípio, estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da Administração para as despesas de capital e outras delas decorrentes e
para as relativas aos programas de duração continuada.

Observe que no Plano Plurianual devem constar recursos para as despesas


de capital de execução plurianual, entendendo-se como tais toda e qualquer
aplicação que custeie as atividades governamentais e da qual se esperam
benefícios de natureza financeira, social e econômica.

22
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

Assim, no Plano Plurianual devem constar, portanto, os As Diretrizes


recursos necessários para os investimentos a serem realizados pela Orçamentárias
que integram o
Administração governamental centralizada e/ou descentralizada, esta planejamento
por intermédio das suas autarquias, fundações, empresas públicas e governamental
fazem a ligação
sociedades de economia mista. do Plano
Plurianual com o
O Plano Plurianual, elaborado com base nas normas Orçamento Anual.
A Lei de Diretrizes
constitucionais, deverá prever, portanto, recursos para a manutenção Orçamentárias, de
e funcionamento desses investimentos, bem como será renovado acordo com o que
dispõe o art. 165, §
anualmente a fim de manter a continuidade das projeções. 2º da Constituição
Federal
b) Diretrizes Orçamentárias

As Diretrizes Orçamentárias que integram o planejamento governamental


fazem a ligação do Plano Plurianual com o Orçamento Anual. A Lei de Diretrizes
Orçamentárias, de acordo com o que dispõe o art. 165, § 2º da Constituição
Federal, possui o seguinte conteúdo:

• Compreenderá metas e prioridades da Administração, o que inclui as


despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. As metas
poderão ser de natureza financeira, social e econômica, e as prioridades
aquelas já implantadas e implementadas, as quais podem ser classificadas
como obrigatórias, tais como a saúde, a educação, a segurança pública, a
defesa nacional e outras.

• Orientará a elaboração do orçamento, na qual se destacará a metodologia


de projeção de receitas e de despesas a serem realizadas no exercício para
o qual se elabora o orçamento anual, bem como mostrará como deverão
atuar integradamente todos os setores da Administração, sejam órgãos
centralizados, sejam aquelas entidades jurídicas descentralizadas.

• Disporá sobre a legislação tributária, indicando as providências da


administração que digam respeito às alterações tributárias e que produzirão
efeitos nas projeções das receitas de tal natureza na estrutura da lei
orçamentária e por extensão nas respectivas arrecadações.

• Disporá também sobre regras sobre as despesas com pessoal, conforme


dispõe o art. 169 da Constituição Federal.

• Estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de


fomento.

23
Administração Financeira e Matemática Financeira

As diretrizes constitucionais foram ampliadas pela Lei de Responsabilidade


Fiscal, conforme se verifica pelos seus arts. 4º e 5º, e respectivos §§ e incisos.

c) Orçamento Anual

A elaboração do orçamento se inicia com a proposta orçamentária, cujo


conteúdo é estabelecido no art. 22 e incisos respectivos da Lei nº 4.320/1964,
observando, entretanto, os prazos estabelecidos nas Constituições Federal e
Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais, enquanto a Lei que estabelecerá
regras de Direito Financeiro, em tramitação no Congresso Nacional, não for
aprovada.

Eis o conteúdo da proposta orçamentária:

• Mensagem, que conterá exposição circunstanciada da situação


econômico-financeira, documentada com demonstração da dívida fundada
(consolidada) e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e
outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da
política econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa,
particularmente no tocante ao orçamento de capital.

• Projeto de lei do orçamento.

• Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa,


constarão, em colunas distintas, para comparação:
o Receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que
se elaborou o orçamento.
o Receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta.
o Receita prevista para o exercício a que se refere a proposta.
o Despesa realizada no exercício imediatamente anterior.
o Despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta.
o Despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
O parágrafo único
do mencionado
art. 22, da Lei • Especificação dos programas especiais de trabalho, custeados
4.320/1964, dispõe por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas
que acompanhará
a proposta em termos de custo das obras a realizar e dos serviços a prestar,
orçamentária uma acompanhadas da justificação econômica, financeira, social e
descrição sucinta administrativa.
das atividades
administrativas
de cada unidade, O parágrafo único do mencionado art. 22, da Lei 4.320/1964,
que compreende
a estrutura dispõe que acompanhará a proposta orçamentária uma descrição
administrativa do sucinta das atividades administrativas de cada unidade, que
ente federativo. compreende a estrutura administrativa do ente federativo.

24
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

Evidentemente, entre os mencionados aspectos que deverão constar da


proposta orçamentária, por ser de alta relevância, deverá estar o tipo de gestão
financeira que é adotado pela Administração do ente federativo, ou seja, se caixa
única, se caixa especial ou fundo especial ou os dois tipos, já que a proposta que
se apresenta é estruturada sobre o conceito de caixa única.

A Lei de Responsabilidade Fiscal impõe regras para que o orçamento se


transforme em uma peça de gerência, o que facilita:

• Controle e avaliação de custos.


• Controle e avaliação da gestão financeira.
• Controle e avaliação dos resultados da execução dos programas de
trabalhos.
• Controle e avaliação dos órgãos que compõem a estrutura administrativa da
organização governamental.

Uma vez elaborada a proposta orçamentária, esta é encaminhada ao


Poder Legislativo, no prazo que a Lei lhe impõe, para ser discutida, rejeitada
ou aprovada. Neste caso, transformada em lei, o orçamento entra em vigor no
dia 1º de janeiro do exercício financeiro, assim como as regras pertinentes às
realizações das receitas e das despesas governamentais.

Recomenda-se aqui uma releitura sobre o assunto no texto Planejamento


Governamental e Controle, que compõe a estrutura deste curso.

d) Contabilidade

Um dos instrumentos em que se apoia a Administração Financeira é a
Contabilidade, que lhe fornece as informações que necessita para as decisões
que deverão ser tomadas pelo gestor financeiro.

A Contabilidade é organizada no sentido de gerar informações


A Contabilidade
qualitativas e quantitativas sobre as operações realizadas pelo ente é organizada no
federativo, as quais servirão de base para a tomada de decisões no sentido de gerar
informações
âmbito da Administração Financeira. Neste sentido, para apoiar a qualitativas e
Administração Financeira, conforme determina a lei, se organiza para quantitativas sobre
cumprir a sua missão de informar sobre: as operações
realizadas pelo ente
federativo, as quais
• A situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem servirão de base
para a tomada de
receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens decisões no âmbito
pertencentes ou confiados à Fazenda Pública. da Administração
• A execução orçamentária, o conhecimento da composição Financeira.

25
Administração Financeira e Matemática Financeira

patrimonial, a determinação dos custos dos serviços prestados, o


levantamento dos balanços gerais, análise e interpretação dos resultados
econômicos e financeiros.
• O volume de direitos oriundos de ajustes ou contratos em que o ente
federativo faz parte.
• O montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada, a
despesa realizada e as dotações disponíveis.

É, pois, a partir destas informações que o gestor financeiro planeja as suas


atividades de controle da gestão financeira do ente federativo, e prepara os seus
instrumentos de controle, tais como a programação financeira, o cronograma ou
orçamento de caixa, bem como os indicadores de desempenho financeiro.

A Lei 4.320/1964 A Lei 4.320/1964 estabelece regras para a organização,


estabelece regras manutenção e funcionamento das atividades contábeis, as quais se
para a organização,
manutenção e encontram nos seus arts. 83 a 115 e respectivos §§ e incisos, dentre as
funcionamento quais destacam-se as NBCASP de nº 1 a 11, editadas pelo Conselho
das atividades
contábeis, as quais Federal de Contabilidade, que passam a integrá-las.
se encontram nos
seus arts. 83 a 115 Dentre os artigos da Lei 4.320/1964, acima mencionados, destaca-
e respectivos §§ e
incisos, dentre as se o 83, cujo caput estabelece que “a Contabilidade evidenciará perante
quais destacam-se a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo,
as NBCASP de nº 1
a 11, editadas pelo arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens
Conselho Federal de a ela pertencentes ou confiados”.
Contabilidade, que
passam a integrá-
las. Com as mudanças que se processam na estrutura da
Contabilidade, não apenas na técnica de registrar, mas no regime que
passa a adotar, qual seja, o de competência no reconhecimento das receitas e
das despesas, não existe impedimento a que a Administração Financeira adote
o mesmo regime, conquanto alguns profissionais utilizem o regime de caixa para
análise e avaliação das operações de natureza financeira (REIS, 2012).

A Lei nº 4.320 Com esta determinação, a Lei nº 4.320 estendeu à Contabilidade


estendeu à a responsabilidade de relatar nas suas demonstrações todas as
Contabilidade a
responsabilidade operações realizadas pelas entidades governamentais, públicas e
de relatar nas suas privadas, inclusive as que são realizadas com as entidades do setor
demonstrações privado, com ou sem finalidade lucrativa, o que significa afirmar que
todas as operações
realizadas estas deverão também realçar essas operações nas respectivas
pelas entidades contabilidades e demonstrações contábeis, mesmo porque o parágrafo
governamentais,
públicas e privadas. único do art. 70 da Constituição Federal exige a devida prestação de
contas.

26
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

As informações geradas pela Contabilidade devem ser relatadas nas


seguintes demonstrações, cujos modelos se encontram anexados à Lei 4.320 e
que são as seguintes:

• Balanço Orçamentário (anexo 12), cujo objetivo é demonstrar a previsão e


a execução dos orçamentos das receitas e das despesas governamentais,
bem como o resultado orçamentário.
• Balanço Financeiro (anexo 13), que tem por objetivo demonstrar a
movimentação financeira da Tesouraria, as operações de caráter financeiro
que produziram efeitos financeiros por meio do seu Caixa, Bancos e
Equivalentes de Caixa.
• Balanço Patrimonial (anexo 14), que tem por objetivo demonstrar os
bens, direitos, obrigações e a situação líquida patrimonial da entidade
governamental.
• Variações Patrimoniais (anexo 15), que têm por objetivo demonstrar os
efeitos das operações financeiras e econômicas, de natureza quantitativa
e qualitativa, realizadas pela entidade governamental sobre o patrimônio
líquido, produzindo-lhe acréscimos e/ou decréscimos na situação líquida.
• Fluxo de Caixa por Atividade (anexo 18), cujo objetivo é demonstrar, de outra
maneira, as operações de caráter financeiro por atividade, classificada como
operacional, investimentos e financiamentos, e os respectivos efeitos nos
valores de Caixa e Equivalentes de Caixa.

As informações plotadas nas mencionadas demonstrações são geradas


com base em operações registradas pela Contabilidade, inicialmente no regime
misto, conforme o art. 35, I e II, da Lei 4.320/1964 e, recentemente, no regime de
competência com a adoção das NBACASP do Conselho Federal de Contabilidade.
Os exercícios que indicaremos sobre receitas e despesas governamentais serão
desenvolvidos com base no regime de competência.

e) Cronograma de Desembolso

Este é um instrumento de controle financeiro, gerido na Tesouraria da


organização governamental, em que se preveem as receitas e os pagamentos das
obrigações assumidas à medida que as operações resultam ou não da execução
orçamentária.

Dois tipos de operações financeiras podem acontecer na Administração


governamental, quais sejam:

• Aquelas resultantes da arrecadação das receitas que se originam das


atividades próprias da entidade governamental, portanto de natureza
orçamentária e que podem ser previstas ou não no Orçamento Anual.

27
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Aquelas operações das quais resultam valores pertencentes a terceiros,


pelos quais a entidade governamental é responsável pela guarda e custódia
como fiel depositária.

O cronograma de
desembolso deve O cronograma de desembolso deve ser elaborado de acordo
ser elaborado com a organização da gestão financeira, que deverá levar em conta
de acordo com a a destinação dos recursos financeiros recebidos. Neste caso, será
organização da
gestão financeira, organizado para o caixa geral, para os caixas especiais e para os
que deverá valores recebidos de terceiros pelos quais a entidade governamental é
levar em conta a
destinação dos fiel depositária.
recursos financeiros
recebidos. Na organização dos cronogramas de desembolso para o caixa
geral e para os caixas especiais, deverá ser considerado o art. 9º da
Na organização Lei de Responsabilidade Fiscal, que dispõe sobre providências por ato
dos cronogramas
de desembolso próprio que os Poderes Públicos, Judiciário, Legislativo, Executivo e
para o caixa geral Ministério Público deverão adotar no que respeita às limitações dos
e para os caixas
especiais, deverá empenhos das respectivas despesas, nos montantes necessários, nos
ser considerado 30 dias subsequentes, quando as receitas não alcançam as metas
o art. 9º da Lei de que lhes foram estabelecidas para compor o resultado primário ou o
Responsabilidade
Fiscal. nominal.

O cronograma de desembolso é elaborado para período estabelecido pela


própria entidade governamental, conforme a sua conveniência, e poderá ter o
seguinte formato:

I - Receitas Previsão
a) Créditos a Receber
b) Receitas de Capital
c) Outras
Soma
Menos
II - Pagamentos Previsão
Obrigações do Exercício
• Despesas Correntes
• Despesas de Capital

b) Obrigações de Exercícios Anteriores


c) Outros
Soma
III - Diferença
IV - Mais ou Menos
Saldo Anterior de Caixa
Diferença
V - Necessidades de Caixa

28
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

f) Programação Financeira da Despesa Uma vez aprovado


o orçamento
para o exercício
Uma vez aprovado o orçamento para o exercício financeiro, a financeiro, a
primeira providência é a distribuição, por meio de quotas bimestrais, primeira providência
é a distribuição,
das dotações fixadas para os setores da administração governamental, por meio de quotas
a fim de que as respectivas atividades não sofram qualquer tipo de bimestrais, das
dificuldade na execução. dotações fixadas
para os setores
da administração
Essa distribuição visa manter durante o exercício, na medida do governamental,
a fim de que
possível, o equilíbrio entre a receita e a despesa a ser realizada, de as respectivas
modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de caixa. atividades não
sofram qualquer tipo
de dificuldade na
A distribuição das quotas bimensais será feita por item de insumo execução.
alocado a cada atividade e projeto, ou seja, despesas com pessoal,
material de consumo, serviços de terceiros e outros do gênero, com a adoção de
critérios previamente delineados, ou, se assim o desejar, dividir a dotação anual
por seis bimestres.

Exemplo:

Função: 12 – Educação Subfunção: 364 – Educação Superior

Programa: 001 – Desenvolvimento Técnico-Cultural em Ensino a Distância


Atividade: 0021 – Manutenção e Funcionamento Ensino a Distância
Órgão: Faculdade de Ensino a Distância – Universidade XYZ.
Despesa Dotação 1º Bim 2º Bim 3º Bim 4º Bim

Despesas Correntes

Despesas de Capital

Total

A Programação Financeira, no âmbito do Poder Executivo, deverá ser


aprovada por ato do Chefe deste Poder, no caso, por decreto, que
O objetivo da lei
estabelecerá critérios para os empenhos e para a movimentação dos é disciplinar, não
saldos bimensais. Estes poderão ser adicionados à parcela do bimestre apenas a execução
seguinte ou se acumular com a última parcela correspondente ao último da despesa, mas
também o fluxo
bimestre do exercício financeiro. de caixa, ou seja,
adequando as
despesas a serem
Observe que o objetivo da lei é disciplinar, não apenas a execução realizadas às
da despesa, mas também o fluxo de caixa, ou seja, adequando as realizações das
despesas a serem realizadas às realizações das receitas. receitas.

29
Administração Financeira e Matemática Financeira

A programação da despesa será feita por unidade administrativa ou


orçamentária, e se obedecerá a critérios que considerarão:

• As prioridades em termos de consecução de objetivos, mediante a execução


de projetos e de atividades. Evidentemente, devem ser consideradas
prioridades aquelas atividades já implantadas e implementadas pela
Administração.
• A obrigatoriedade das despesas.
• A efetiva realização das receitas, quando estas se destinarem ao atendimento
de determinados gastos.

g) Avaliação de desempenho governamental

A avaliação de A avaliação de desempenho governamental é efetuada tendo em


desempenho vista a sua atuação nos vários campos da sua atribuição, tais como
governamental é
efetuada tendo social, econômico, financeiro, urbanos e outros, com a aplicação de
em vista a sua indicadores específicos.
atuação nos vários
campos da sua
atribuição, tais como Dificilmente, na área pública, serão empregados os indicadores
social, econômico, que as empresas utilizam para avaliar o seu desempenho no seu campo
financeiro,
urbanos e outros, de atuação. Entretanto, é possível o emprego de certos indicadores
com a aplicação de natureza financeira, por exemplo, para avaliar o desempenho de
de indicadores unidade governamental encarregada da administração das receitas da
específicos.
instituição, assim como poderão ser empregadas certas técnicas para
avaliação do resultado obtido em determinadas operações financeiras ou não.
Tudo dependerá, evidentemente, do objetivo que se pretenda alcançar.

Costumeiramente são aplicados indicadores de controle físico-financeiro de


projetos para avaliação de desvios de execução, de economicidade de recursos,
de padrão de desempenho, de realização e outros, que permitam medidas de
correção das anormalidades detectadas.

No sistema de contabilidade orçamentária, por exemplo, comparações entre


as despesas orçadas e o volume de despesa empenhada permitem a adoção de
medidas tais como a abertura de créditos adicionais suplementares.

O sistema, entretanto, não permite identificar as causas que determinaram


um volume de gastos maior que o valor originariamente orçado. Logicamente, as
causas só poderão ser conhecidas mediante a adoção de sistemas de avaliação
que sejam voltados para esse tipo de preocupação, não importando se é um
projeto ou uma atividade.

30
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

Os sistemas de contabilidade pública atualmente estão dirigidos Os sistemas de


para os aspectos formais das operações realizadas pelo Poder contabilidade
pública atualmente
Público, não sendo utilizados, salvo raras exceções, como avaliação estão dirigidos para
de desempenho da instituição. As raras exceções, como afirmado, os aspectos formais
das operações
são algumas análises de receitas e despesas mediante a aplicação de realizadas pelo
certas relações, tais como: Poder Público,
não sendo
utilizados, salvo
Receita Tributária / Receita Corrente ou Receita Tributária / Receita raras exceções,
Total, ou ainda, Despesas de Custeio / Despesa Total, Despesas de como avaliação de
desempenho da
Custeio / Despesas Correntes, e outras relações entre os grupos de instituição.
receitas e despesas. Isto no sentido vertical, para avaliar a composição
de um ou de outro grupo.

No sentido horizontal, as avaliações são feitas para verificar o comportamento


de cada item de receita e/ou de despesa em relação ao ano anterior, considerando-
se aqui as taxas de inflação.

Essas análises, entretanto, são feitas isoladamente, isto é, cada uma das
esferas governamentais independentemente. As consolidações dos balanços
públicos são efetuadas sempre para avaliar volume de receitas obtidas ou de
gastos efetuados.

Entretanto, avaliações de eficiência e da eficácia administrativa podem ser


feitas tomando por base as informações geradas pelos sistemas de contabilidade
já mencionados, assim como da própria organização.

h) Auditoria

A Auditoria, como técnica de investigação, visa, sobretudo, no campo


contábil-financeiro:

• Orientar o conhecimento e fiscalizar o cumprimento das normas e da


legislação específica sobre a matéria;
• Prevenir e detectar irregularidade, erros ou falhas; verificar a consonância
entre a previsão e a realização;
• Objetivar a preservação do patrimônio municipal, a probidade e regularidade
das operações realizadas, a perfeita apresentação da prestação de contas
anual;
• E, finalmente, preparar e facilitar a ação dos controles ou auditorias externas.

Na execução dos trabalhos de Auditoria deverão ser obedecidas as


normas e procedimentos próprios, bem como os princípios de Contabilidade
tradicionalmente aceitos, dentre os quais destacamos:

31
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Auditoria é uma função administrativa que visa avaliar e medir a eficiência


e a eficácia dos controles existentes. Tem um campo de ação amplo e não
deve ser confundida com a função da Administração denominada controle.
Controlar é ação executiva. Envolve todas as atividades da organização,
desde o planejamento até a realização dos objetivos.
• Auditoria é orientação, prevenção e fiscalização. Não é policiamento. Deve
funcionar como uma assessoria da Administração como um todo e da
Administração Financeira, especificamente, com vistas à maior eficiência,
conveniência e qualidade dos trabalhos realizados.

Somente com Somente com o advento do Decreto-lei nº 200/67 é que se iniciou


o advento do
Decreto-lei nº efetivamente o ciclo da Auditoria no Serviço Público brasileiro, em seu
200/67 é que se sentido amplo. Primeiramente no campo financeiro, abrangendo o
iniciou efetivamente orçamento, a contabilidade e a tesouraria, e posteriormente se dirigindo
o ciclo da Auditoria
no Serviço Público aos poucos ao campo administrativo propriamente dito. Sempre,
brasileiro, em seu porém, com vistas a orientar, prevenir e fiscalizar e não somente
sentido amplo.
Primeiramente no fiscalizar a posteriori, como era feito anteriormente.
campo financeiro,
abrangendo o Dependendo do objetivo estabelecido, a Auditoria pode ser:
orçamento, a
contabilidade e
a tesouraria, e • Orçamentária: a que tem por fim examinar e verificar se a
posteriormente
se dirigindo aos execução orçamentária observou as regras estabelecidas na legislação
poucos ao campo pertinente quanto às Receitas e às Despesas. A auditoria orçamentária
administrativo se preocupará, outrossim, com as compatibilidades do orçamento com
propriamente dito.
as leis de diretrizes orçamentárias e Plano Plurianual, tanto na sua
elaboração, quanto na sua execução.

• Contábil: a que tem por fim examinar e verificar se o processo gerador da


informação contábil observa os princípios fundamentais de contabilidade
para a consecução do seu objetivo, a evidenciação contábil. Esse exame e
verificação tem como objetivo assegurar, além da utilidade e da qualidade, a
consistência da informação contábil, com base na qual são providenciadas
todas as decisões de natureza financeira e gerencial.

• Financeira: a que tem por fim verificar os tipos de gestão financeira adotados
pela Administração, se por unidade de tesouraria ou por fundos especiais,
bem como examinar e verificar os resultados obtidos pelas entidades nas
suas operações e sugerir medidas de correção, caso detectem desvios que
possam traduzir-se em prejuízo para o patrimônio da entidade.

• Patrimonial: a que tem por fim examinar e verificar se seus direitos


e obrigações foram devidamente incorporados ao Patrimônio e se a
contabilidade as evidencia, de tal forma que a administração da entidade

32
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

possa louvar-se na informação contábil sobre os seus efeitos naquele


Patrimônio. Também, preocupa-se a auditoria patrimonial, de constatar
se esses elementos patrimoniais se encontram resguardados de toda
e qualquer influência negativa, seja de natureza econômica ou não, e até
mesmo de sinistros, roubos, furtos ou assaltos. As demonstrações contábeis,
neste tipo de auditoria, assumem importância fundamental, pois é a partir
das informações nelas contidas que se checarão a existência física daqueles
elementos patrimoniais e as suas respectivas variações.

• Operacional: a que está mais preocupada com a parte substantiva das


atividades da entidade, ou seja, a concretização das políticas e dos
programas governamentais delineados para o período. Assim, os custos por
utilização dos insumos alocados aos programas, às metas, aos objetivos e
até mesmo às modificações na programação e seus efeitos são elementos
essenciais para o processo da auditoria operacional. Também, a estrutura
organizacional, o processo decisório, os gastos administrativos de apoio
para realização dos programas e consequentemente para a concretização
das metas e objetivos, são objetos da auditoria operacional. A rentabilidade
das empresas governamentais, em comparação com os orçamentos e o
sistema de custo, será objeto de auditoria, bem como se preocupará com
programas de manutenção de reposição de peças e acessórios de veículos,
equipamentos, máquinas etc., e respectivos inventários.

Atividade de Estudos:

1) Sabendo da importância dos instrumentos de verificação


em relação às atividades governamentais, comente o papel
da Auditoria na concretização das políticas e programas
governamentais.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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33
Administração Financeira e Matemática Financeira

Algumas Considerações
O capítulo procurou trazer a lume a importância da Administração Financeira,
como uma das atividades principais da Administração Pública, tendo em vista a
sua fundamentação teórica e técnica.

A Administração Financeira, como vimos, utiliza-se de informações e de


instrumentos próprios que orientam as suas ações voltadas para o gerenciamento
e controle dos recursos financeiros obtidos e recebidos de várias fontes, bem
como dos direitos, das obrigações e dos pagamentos realizados e a realizar.

Assim, diante da situação socioeconômica em que vivemos atualmente, a


Administração Financeira se firma como aquela atividade que procura mostrar os
caminhos pelos quais a gestão governamental deve seguir, a fim de cumprir com
as suas obrigações com a sociedade.

Referências
BRASIL. Portaria MPOG nº 42/1999. Atualiza a discriminação da despesa por
funções de que tratam o inciso I do § 1º do art. 2º e § 2º do art. 8º, ambos da
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, estabelece os conceitos de função,
subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/
contabilidade/portaria 42 pdf>. Acesso em: 22 fev. 2017.

______. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988


(atualizada até a EC n° 95, de 15/12/2016 - DOU 16/12/2016). Disponível em:
<http://www.trtsp.jus.br/legislacao/ Constituição-federal- emendas>. Acesso em:
22 fev. 2017.

______. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/LCP/
Lcp101.htm>. Acesso em: 22 fev. 2017.

______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 22 fev. 2017.

34
Fundamentos da Administração Financeira
Capítulo 1 Governamental

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a
organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma
Administrativa e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm>. Acesso em: 22 fev. 2017.

MOTTA, Carlos Pinto Coelho et al. Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar


nº 101, de 04/05/2000. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 246-247.

REIS, Heraldo da Costa. Contabilidade e gestão governamental: estudos


especiais. Rio de Janeiro: IBAM, 1964. p. 87.

______. Planejamento governamental e controle. Indaial: Uniasselvi, 2012, p.


127.

35
Administração Financeira e Matemática Financeira

36
C APÍTULO 2
Receita e Despesa Governamentais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Entender o que é receita na sua verdadeira acepção técnica, bem como as


suas origens.

� Verificar a despesa como um elemento gerador de benefícios.

Heraldo da Costa Reis


Administração Financeira e Matemática Financeira

38
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

Contextualização
Para cumprir com as suas obrigações com a sociedade, o ente governamental
necessita, inicialmente, de recursos financeiros ou Receitas, as quais são
conseguidas por meio das suas atividades próprias ou mediante relações de
caráter jurídico e financeiro com outras entidades jurídicas governamentais ou
privadas com ou sem finalidades lucrativas.

Já os benefícios reclamados pela sociedade são gerados pelas Despesas,


cujas identificações são feitas por classificações próprias que indicam ações de
caráter social, econômico e ambiental, planejadas e programadas e previstas no
Orçamento anual, com metas e prazos de execução.

Conceito de Receita Pública As quantias


recebidas pelos
cofres públicos
As quantias recebidas pelos cofres públicos são genericamente são genericamente
designadas como entradas ou ingressos ou, ainda, receitas. Entretanto, designadas como
nem todos esses ingressos constituem receitas públicas, pois entradas ou
ingressos ou, ainda,
alguns deles não passam de movimentos de fundos, sem produzir receitas. Entretanto,
qualquer incremento no patrimônio governamental, desde que estão nem todos
esses ingressos
condicionados a restituição posterior ou representam mera recuperação constituem receitas
de valores emprestados ou cedidos pelo governo. públicas, pois alguns
deles não passam
de movimentos
A expressão movimentos de fundos, utilizada por alguns de fundos, sem
estudiosos e relacionada à receita, significa apenas o movimento de produzir qualquer
incremento
dinheiro entre caixa em bancos e em tesouraria, entre entidades da no patrimônio
mesma esfera de governo, ou entre as unidades políticas da mesma governamental,
esfera governamental, tais como liberações de recursos financeiros do desde que estão
condicionados a
Poder Executivo para o Poder Legislativo e para o Poder Judiciário, e restituição posterior
vice-versa. ou representam
mera recuperação
de valores
Esses valores constituir-se-ão sempre em passivos ou obrigações emprestados
do Ente Federativo, posto que eles são dotados de uma característica ou cedidos pelo
governo.
fundamental, qual seja, a da reivindicação de terceiros, que é própria de
qualquer passivo da organização.

Exemplificam esses movimentos de fundos as simples entradas


de caixa, destituídas de caráter de receitas – as cauções,
fianças e depósitos recolhidos ao Tesouro; os empréstimos
contraídos pelos Estados para suprirem os respectivos
caixas, ou as amortizações daqueles que o governo acaso
concedeu; enfim, as somas que se escrituram sob reserva

39
Administração Financeira e Matemática Financeira

a serem restituídas ao depositante ou pagas a terceiro, por


qualquer razão de direito, e as indenizações devidas por danos
causados às coisas públicas e liquidados segundo o Direito
Civil (BALEEIRO, 1978, p. 130).

Com esta lição do prof. Aliomar Baleeiro, tem-se, exatamente, uma ideia
do que sejam as simples entradas de caixa, destituídas do caráter de receitas, a
saber:

• Cauções, fianças e depósitos recebidos para garantias de execução de


contratos ou outros compromissos, pelos quais a entidade governamental
responde como fiel depositária.
• Empréstimos, financiamentos e amortizações, cujos valores foram tomados
sob contratos, para serem devolvidos no prazo estabelecido em lei ou em
contratos.
• Consignações retidas em folhas de pagamento por força de lei, mandamentos
judiciais e outros atos, sempre em favor de terceiros.

“Receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem


quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o
seu vulto, como elemento novo e positivo” (BALEEIRO, 1978, p. 130).

“Receita é conjunto Ainda segundo o autor, “Receita é conjunto de entradas amoedadas


de entradas em caixa sobre as quais não se identificam reivindicações de terceiros,
amoedadas em reservas ou correspondências no passivo, e que evidenciam valores de
caixa sobre as quais
não se identificam propriedade da entidade” (BALEEIRO, 1978, p. 130).
reivindicações de
terceiros, reservas
ou correspondências Assim, pode-se afirmar que receita é expressão de propriedade
no passivo, e que que se evidencia quando no valor respectivo não existe questionamento
evidenciam valores sobre a legitimidade da sua propriedade. Um exemplo é a demanda
de propriedade da
entidade”. movida por um contribuinte contra a Fazenda Pública na qual reclama
algum direito.

Quando não existe qualquer tipo de questionamento sobre o valor recebido,


o patrimônio público ou a situação líquida sofre um acréscimo do mesmo valor.

Fontes da Receita Pública


As receitas, como expressão de propriedade, têm as suas respectivas fontes
ou origens nas atividades desenvolvidas pelo ente federativo, como as que
seguem:

40
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

Atividades tributárias correspondem à atividade principal do Atividades tributárias


Estado, por intermédio das quais são obtidas as receitas tributárias, correspondem à
atividade principal
conforme a competência da esfera governamental arrecadadora. São do Estado, por
os seguintes os tributos que compõem a receita tributária: intermédio das
quais são obtidas
as receitas
• Imposto: o tributo que não está vinculado a qualquer atividade na tributárias, conforme
sua origem e nem na sua destinação. Esta é a sua característica a competência
da esfera
diferenciadora dos demais tributos. Entretanto, a Constituição governamental
da República estabelece exceção a esta regra quando, no arrecadadora.
âmbito da União, determina a distribuição de receitas de certos
impostos de sua competência entre os Estados membros da Federação e
entre os Municípios. O mesmo se dá com certos impostos da competência
do Estado, sejam distribuídos entre os Municípios localizados no seu
território, observadas as regras estabelecidas na legislação estadual que as
parametrizam.

• Taxas: cujas receitas estão vinculadas a atividades do Ente Federativo, seja


pelo exercício do poder de polícia de sua competência, seja pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição.

• Contribuição de Melhoria: em razão de execução de obras públicas, na


forma como dispõe o art. 145, III, da Constituição da República.

• Contribuições: tributos de caráter social e/ou econômico. Em realidade,


algumas dessas contribuições são de competência da União, como a
COFINS, o PASEP, a CIDE. Entretanto, a União, o Estado-membro da
Federação e o Município poderão lançar e cobrar dos seus respectivos
servidores a contribuição previdenciária que se destinará à manutenção e
funcionamento do sistema previdenciário próprio, na forma disposta na
Constituição da República. A característica diferenciadora destas receitas
com as receitas tributárias de impostos está em que aquelas têm destinação
específica, conquanto não estejam vinculadas a qualquer atividade na sua
origem, enquanto as de impostos não estão vinculadas na origem e na
destinação a qualquer atividade do Estado, com exceção as determinações
constitucionais, como mencionadas. Segundo a natureza das destinações,
as Contribuições podem ser classificadas em sociais e econômicas.

• Empréstimos compulsórios: de competência exclusiva da União, tomados


à população, em situações de emergência, como guerras, calamidade pública
e investimentos de caráter urgente, conforme dispõe o art. 146, incisos I e II e
seu Par. Único, da Constituição Federal.

41
Administração Financeira e Matemática Financeira

Trata-se aqui de atividades econômicas, das quais se pode obter receitas da


exploração de atividades de Agropecuária, de Indústria, de Comércio e Serviços,
e as de produção e entrega de produtos e serviços contratados. Essas atividades
podem ser realizadas por órgãos de administração central ou entidades da
administração descentralizada, ou seja, as autarquias, empresas públicas e
sociedades de economia mista. Classificam-se, pois, as seguintes receitas:

• Agropecuária é a resultante das atividades ou explorações agropecuárias,


envolvendo as produções vegetal e animal e seus derivados, bem como
atividades de beneficiamento ou transformações desses produtos, em
instalações existentes nos próprios estabelecimentos.
• Indústria é a proveniente de atividades industriais, definidas como tais pela
Fundação IBGE e exploradas diretamente pelo Estado ou outra entidade
governamental.
• Serviços é a derivada de prestação de serviços, de comércio, transportes,
comunicações, serviços hospitalares e outros do gênero.

Uma característica fundamental que deverá ser utilizada no reconhecimento


destas receitas é a vinculação às despesas ou custos de produção e/ou de
prestação de serviços, as quais lhes deram as respectivas origens.

Atividades de fruição
do patrimônio Atividades de fruição do patrimônio referem-se ao resultado
referem-se ao financeiro da fruição do patrimônio, seja decorrente de bens tangíveis,
resultado financeiro seja advinda de participação societária, seja oriunda de superávits
da fruição do
patrimônio, seja apurados nas alienações de bens patrimoniais. Classificam-se, pois,
decorrente de neste agrupamento, as seguintes receitas:
bens tangíveis,
seja advinda
de participação • Aluguéis, resultantes da execução de contratos desta natureza
societária, seja de prédios, equipamentos e de outros bens de propriedade do Estado.
oriunda de
superávits apurados • Arrendamento, de terrenos e terras, indústrias, de propriedade
nas alienações de do Estado.
bens patrimoniais.
• Participações Societárias, das quais podem resultar dividendos
de sociedades de economia mista.
• Lucros de empresas públicas.
• Superávit em alienações de bens tangíveis, ações, títulos da dívida pública,
e outros. Esclareça-se que este resultado deverá ser aplicado na aquisição
de bens de capital e, quando for o caso e determinado por lei, na extinção
de dívidas previdenciárias, como dispõe o art. 44 da Lei Complementar nº
101/2000.
• Aplicações financeiras temporárias, mediante a obtenção de juros.

42
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

Também, nas receitas acima especificadas, identifica-se a vinculação de


cada uma a despesas que lhes dão origens, classificando-se todas como Receita
Patrimonial.

• Transferências resultantes de participações em receitas de impostos de


outras esferas governamentais por força de mandamento da Constituição
da República; de convênios ou ainda de transferências voluntárias, ou de
Transferências Legais.
• Conversão ou cobranças de direitos tais como multas, juros de mora,
cobrança da dívida ativa tributária e não tributária, indenizações e restituições
e outras. Estas receitas são classificadas em Receitas Correntes/Outras
Receitas Correntes.
• Crédito, do qual são obtidos recursos financeiros mediante operações de
crédito do tipo empréstimos, financiamentos e emissão de títulos da dívida
pública. Os empréstimos e financiamentos são operações vinculadas a
projetos de execução em longo prazo de maturação, enquanto as emissões
de títulos da dívida pública estão vinculadas à política financeira e econômica,
podendo, dependendo da legislação, também se vincular a projetos de longa
maturação. Essas operações são autorizadas previamente por
As alienações
lei, havendo a necessidade de passarem pelos crivos do Senado devem ser sempre
da República e do Banco Central, além de estarem vinculadas ao precedidas de
cálculo da capacidade de pagamento e de endividamento, para avaliações ou
reavaliações
o que se calculam o Resultado Primário e o Resultado Nominal, conforme dispõe
respectivamente. a Lei Federal nº
8.666/93, bem como
• Alienações de bens, provenientes das vendas de bens patrimoniais de depreciações,
mediante autorizações específicas em leis, principalmente as que dependendo da
dizem respeito aos bens imóveis. As alienações devem ser sempre natureza do bem,
e as aplicações
precedidas de avaliações ou reavaliações conforme dispõe a Lei do produto
Federal nº 8.666/93, bem como de depreciações, dependendo das alienações
deverão observar
da natureza do bem, e as aplicações do produto das alienações o que dispõe o
deverão observar o que dispõe o art. 44 da Lei de Responsabilidade art. 44 da Lei de
Fiscal. Responsabilidade
Fiscal.

Classificação da Receita
Legalmente, as receitas classificam-se nas seguintes categorias econômicas:

a) Receitas Correntes, as que provêm das atividades próprias da entidade,


no caso o Estado, ou de suas relações jurídicas com outras entidades, seja por
força de mandamento constitucional, como as oriundas de partilhamento de
receitas tributárias, seja as oriundas de convênios, e das chamadas transferências
voluntárias. Estas receitas são as seguintes:

43
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Receita Tributária, neste item classificam-se os tributos Impostos, Taxas e


Contribuição de Melhoria de competência do ente federado.
• Receita de Contribuições, são as contribuições previdenciárias e outras
espécies de contribuições obrigatórias.
• Receita Patrimonial, que se origina da exploração econômica do patrimonial,
como já vimos no item anterior.
• Receita Agropecuária, que se origina de atividade econômica na área de
agropecuária.
• Receita Industrial, que se origina de atividades industriais do ente federado.
• Receita de Serviços, que se origina de serviços prestados ao usuário do
serviço.
• Transferências Correntes, que se origina de mandamentos constitucionais,
de leis específicas e/ou de convênios.
• Outras Receitas Correntes, que se originam da conversão em espécie da
cobrança de direitos inscritos na Dívida Ativa, e da cobrança de multas, juros
de mora e outras operações.

b) Receitas de Capital, que provêm de empréstimos e financiamentos


contratados, empréstimos sob a forma de emissão de títulos da dívida pública, da
alienação de bens patrimoniais, mediante a recuperação do custo atual do bem,
de transferências de capital quando se destinem a atender a Despesas de Capital
e de outras fontes não classificáveis nas anteriores. São as seguintes:

• Operações de Crédito, provenientes de contratações de empréstimos ou


financiamentos, ou ainda da emissão de títulos da Dívida Pública. Essas
operações só podem ser efetuadas mediante as respectivas autorizações
em leis específicas, devendo, ainda, submeterem-se aos crivos do Senado
da República e do Banco Central. São realizadas sempre com base no
Resultado Nominal.
• Alienação de Bens, proveniente da venda de bens patrimoniais mediante
autorizações específicas em leis, principalmente as que dizem respeito aos
bens imóveis. As alienações devem ser sempre precedidas de avaliações ou
reavaliações, bem como de depreciações, dependendo da natureza do bem.
• Amortização de Empréstimos, proveniente da recuperação de valores
referentes a empréstimos e/ou financiamentos concedidos.
• Transferências de Capital, provenientes de receitas destinadas a atender
Despesas de Capital.
• Outras Receitas de Capital, para classificar receitas que não se classificam
nos subagrupamentos anteriores.

44
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

Atividades de Estudos:

1) Escreva o que é receita na sua verdadeira acepção técnica:


_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

2) Com base no que você estudou neste capítulo, qual a função


da receita na Administração Pública?
_____________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

3) Quais as classificações da receita pública?
_______________________________________________
______________________________________________
_______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

Conceito de Despesa
A despesa em qualquer organização resulta do conhecimento prévio, mediante
diagnóstico interno e externo, das necessidades coletivas e administrativas. A
despesa, no entanto, em toda e qualquer organização, é tratada como saída de
valores do patrimônio da entidade com objetivos determinados. Diz-se também
que é o esforço despendido para alcançar um objetivo predeterminado.

45
Administração Financeira e Matemática Financeira

A despesa
em qualquer Em realidade, diferentemente da receita, a despesa é seguida
organização resulta de vários entendimentos conceituais, tais como o emprego das
do conhecimento
prévio, mediante expressões gastos, despesas e investimentos. Pode-se, portanto,
diagnóstico interno adotar o seguinte entendimento, já que as expressões são também
e externo, das empregadas na Administração Pública:
necessidades
coletivas e
administrativas. • Gasto é toda aplicação de caixa para aquisição de bens e
A despesa, no
entanto, em serviços.
toda e qualquer • Despesa é o consumo efetivo de bens e serviços nas atividades
organização, é da organização, que geram benefícios a curto prazo.
tratada como
saída de valores • Investimento é toda e qualquer aplicação de bens e serviços no
do patrimônio sentido de se alcançar um benefício a longo prazo.
da entidade
com objetivos
determinados. A saída de caixa, além de se destinar às aquisições de bens e
Diz-se também serviços de consumo em curto e longo prazos, também se destina aos
que é o esforço
despendido para pagamentos de obrigações financeiras como amortizações e juros de
alcançar um objetivo empréstimos e financiamentos tomados.
predeterminado.
Essas aplicações são feitas efetivamente nas chamadas áreas de
responsabilidades em que o Estado cumpre com as suas obrigações para com
a sociedade, tais como Saúde, Educação, Cultura, Defesa Nacional, Segurança
Pública e outras, inclusive nas atividades-meio.

As aplicações, de acordo com a natureza do objetivo, podem ser classificadas


como de caráter:

• Social, cujo objetivo é dar condições de crescimento e desenvolvimento


social, e que se processam nas áreas da Assistência Social, Cultura,
Educação, Saúde e outras do gênero.
• Econômico, cujo objetivo é promover o desenvolvimento e crescimento
econômico, os quais se processam nas áreas dos setores da agricultura,
serviços, comércio e indústria.
• Administrativo, cujo objetivo é dar condições de funcionamento às atividades
administrativas dos setores da Administração governamental.

Despesa é o Do que se entendeu, despesa é o consumo efetivo de bens e


consumo efetivo serviços com objetivo de dar condições de funcionamento às atividades-
de bens e serviços
com objetivo de meio e fim e, assim, concretizar os resultados predeterminados.
dar condições de
funcionamento
às atividades- A locução consumo de bens e serviços ativados significa que bens
meio e fim e, tangíveis, como equipamentos, máquinas e outros meios materiais,
assim, concretizar bem como serviços das mais variadas naturezas, foram utilizados
os resultados
predeterminados.

46
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

em várias atividades-meio e fim, com o propósito de concretizar os objetivos da


organização.

É com esta ótica que devemos examinar as despesas, para então verificarmos
se houve ou não desperdício de recursos. Aqui, sim, é que se identificam a
nocividade das aplicações malfeitas, das aplicações ilegítimas, que geram danos
ao patrimônio público.

Destinações das Despesas


As aplicações dos recursos são classificadas de várias formas, segundo a
natureza dos objetivos, como segue:

• Áreas de responsabilidades, também conhecidas como Funções de Governo,


tais como Saúde, Educação, Segurança Pública e outras. Nessas áreas
de responsabilidades é que se identificam os propósitos ou as intenções
governamentais.

• Programas de trabalho, ou seja, conjunto de ações permanentes ou


temporárias, com metas ou cargas de trabalho a executar em um
determinado tempo/prazo. Essas ações se classificam como atividades
(ações permanentes) ou projetos (ações temporárias). Os programas de
trabalho são classificados nas áreas de trabalho com as quais se identificam
ou são congruentes.

• Órgãos, também conhecida como classificação institucional, mediante a qual


se procura conhecer as responsabilidades da organização, ou de cada setor
da administração, bem como, daqueles que decidem sobre o que fazer, como
fazer, com o que fazer, quando fazer, por que fazer e onde fazer. Os órgãos
podem ser classificados como unidades orçamentárias, ou seja, aqueles aos
quais se destinam recursos para a execução das suas atividades-meio e fim.
Também se classificam como Administração Central os que compreendem
a estrutura do ente federado. Exemplo: no Governo Federal, o Ministério da
Educação. No âmbito do Governo do Estado: a Secretaria Estadual da Saúde.
No âmbito do Município: Secretaria Municipal de Governo. Entidades da
Administração descentralizada, aqueles que possuem personalidade jurídica
de direito público interno, como as autarquias, e de direito privado, como as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações.

• Insumos, ou recursos classificados nas categorias econômicas mais


conhecidas por Despesas Correntes e Despesas de Capital. Em realidade,

47
Administração Financeira e Matemática Financeira

estas classificações permitem conhecer as despesas que possibilitaram a


execução dos programas de trabalho e, consequentemente, a concretização
do objetivo da organização.

Classificação da Despesa
É de real importância tomar conhecimento de que a Portaria Interministerial
nº 163/2001, com as modificações posteriores, introduziu alguns conceitos que,
de acordo com o seu art. 3º, são os seguintes:

• Despesas Correntes e Despesas de Capital medem as contribuições do


Estado para o desenvolvimento e crescimento da sua economia e das suas
atividades. Assim, a natureza da despesa se identificará com o tipo de
aplicação e com o objetivo pretendido.

• Grupos de natureza de despesa é conceituado como a agregação de


elementos de despesas que apresentam as mesmas características quanto
ao objeto de gasto.

• Modalidade de aplicação - tem por finalidade indicar se os recursos são


aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera
de governo ou por outro ente da federação e suas respectivas entidades, e
objetiva possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos
ou descentralizados.

• O elemento de despesa é conceituado como aquele que tem por objetivo


identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas,
juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob
qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e
material permanente, auxílios, amortização e outros de que a administração
pública se serve para a consecução dos seus fins.

Para fins Para fins orçamentários, as despesas, de acordo com a concepção


orçamentários, as
despesas, de acordo qualitativa, estão classificadas como funções de governo, conforme a
com a concepção Portaria nº 42/1999:
qualitativa, estão
classificadas como
funções de governo, 01 – Legislativa: nesta função classificam-se as subfunções
conforme a Portaria típicas e atípicas, cujos programas sejam congruentes com o objetivo
nº 42/1999.
geral a ser delineado para esta área de atuação do governo.

02 – Judiciária: nesta função classificam-se as subfunções típicas e aquelas

48
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

que, por necessidade do planejamento, lhes sejam incorporadas, nas quais se


incluirão os programas voltados para o objetivo da área.

03 – Essencial à Justiça: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e aquelas que lhes serão incorporadas com os programas necessários aos
propósitos governamentais.

04 – Administração: nesta função classificam-se as subfunções típicas e


as atípicas que lhes sejam incorporadas, com os respectivos programas cujas
ações estejam relacionadas com as chamadas atividades-meio e fim. Exemplos:
Atividades do Gabinete do Secretário de Educação e do Gabinete do Secretário
de Saúde.

05 – Defesa Nacional: nesta função classificam-se as subfunções típicas e


atípicas, com os respectivos programas voltados para a consecução dos objetivos
que lhes são determinados.

06 – Segurança Pública: nesta função classificam-se as funções típicas e


aquelas que poderão lhes ser incorporadas, com os respectivos programas de
trabalho que sejam congruentes com o objetivo previamente delineado para a
área.

07 – Relações Exteriores: nesta função classificam-se as subfunções


típicas e, possivelmente, as atípicas, cujos programas guardam congruência com
o objetivo delineado para a área.

08 – Assistência Social: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

09 – Previdência Social: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

10 – Saúde: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas que


porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência com
o objetivo delineado para a área.

11 – Trabalho: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

12 – Educação: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas

49
Administração Financeira e Matemática Financeira

que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência


com o objetivo delineado para a área.

13 – Cultura: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

14 – Direitos da Cidadania: nesta função classificam-se as subfunções


típicas e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas
guardam congruência com o objetivo delineado para a área.

15 – Urbanismo: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

16 – Habitação: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

17 – Saneamento: nesta função classificam-se as subfunções típicas e


atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

18 – Gestão Ambiental: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

19 – Ciência e Tecnologia: nesta função classificam-se as subfunções


típicas e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas
guardam congruência com o objetivo delineado para a área.

20 – Agricultura: nesta função classificam-se as subfunções típicas e


atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

21 – Organização Agrária: nesta função classificam-se as subfunções


típicas e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas
guardam congruência com o objetivo delineado para a área.

22 – Indústria: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

50
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

23 – Comércio e Serviços: nesta função classificam-se as subfunções


típicas e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas
guardam congruência com o objetivo delineado para a área.

24 – Comunicações: nesta função classificam-se as subfunções típicas e


atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

25 – Energia: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

26 – Transporte: nesta função classificam-se as subfunções típicas e atípicas


que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam congruência
com o objetivo delineado para a área.

27 – Desporto e Lazer: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

28 – Encargos Especiais: nesta função classificam-se as subfunções típicas


e atípicas que porventura lhes sejam incorporadas, cujos programas guardam
congruência com o objetivo delineado para a área.

Para concluir este assunto, é relevante informar que em cada função estão
classificadas subfunções que com ela guardam tipicidade, o que, entretanto,
não significa que uma subfunção de uma função não possa ser utilizada em
outra função, desde que o seu produto final seja congruente com os
propósitos estabelecidos na função, conforme se explica em cada uma Aos programas
de trabalho
delas. Neste caso, utiliza-se do conceito da atipicidade. são alocados
os insumos
ou recursos,
Além disso, aos programas de trabalho são alocados os insumos classificados
ou recursos, classificados nas categorias econômicas Despesas nas categorias
Correntes e Despesas de Capital, necessários à execução das ações econômicas
Despesas Correntes
que os compõem, objetivando, assim, alcançar as metas que lhes foram e Despesas de
determinadas (conforme a Portaria Interministerial nº 163/2001). Capital, necessários
à execução
das ações que
Outra informação importante é que cada esfera governamental os compõem,
pode organizar os seus próprios programas de trabalho e classificá-los objetivando, assim,
alcançar as metas
na função e subfunção que melhor atender às suas intenções. que lhes foram
determinadas
(conforme a Portaria
Interministerial nº
163/2001).

51
Administração Financeira e Matemática Financeira

Atividades de Estudos:

1) Qual a função da despesa pública?


___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
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___________________________________________________
__________________________________________________

2) Como se classificam as despesas públicas?


___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________

Algumas Considerações
Vimos, ao longo da exposição deste capítulo, os conceitos de receitas e
despesas, como resultados das operações realizadas pelo ente federado. Observe
que as receitas têm fontes diferentes, quais sejam: 1– as próprias atividades;
2– mandamentos constitucionais e 3– relações jurídicas com outras entidades
privadas com ou sem fins lucrativos e com outras entidades governamentais.

As despesas, entendemos, portanto, que são aplicações que visam identificar


como o ente federado contribui para o desenvolvimento socioeconômico do país,
possibilitando a geração de dois tipos de retorno: 1- em favor da própria entidade
e 2- em benefício da população.

As classificações das receitas e das despesas são feitas, como


apresentadas, apenas para facilitar controles, análises e avaliações das atividades
governamentais.

52
Capítulo 2 Receita e Despesa Governamentais

Referências
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 12. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1978. p. 130.

BRASIL. Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e


Gestão (MF/MPOG). Portaria Interministerial N. 163/2001. Dispõe sobre normas
gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, e dá outras providências. Disponível em: <http://
www3.tesouro.fazenda.gov.br/legislacao/download/ contabilidade/Portaria_
Interm163_2001_Atualizada_2011_23DEZ2011.pdf>. Acesso em: 29 fev. 2017.

BRASIL. Portaria MPOG N. 42/1999. Atualiza a discriminação da despesa por


funções de que tratam o inciso I do § 1º do art. 2º e § 2º do art. 8º, ambos da
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estabelece os conceitos de função,
subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/
contabilidade/ portaria42. pdf>. Acesso em: 29 fev. 2017.

BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988 (atualizada até a EC n° 95, de 15/12/2016 - DOU 16/12/2016). Disponível
em: <http://www.trtsp.jus.br/legislacao/constituicao-federal-emendas>. Acesso
em: 29 fev. 2017.

BRASIL. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/
Lcp101.htm>. Acesso em: 29 fev. 2017.

53
Administração Financeira e Matemática Financeira

54
C APÍTULO 3
Gestão Orçamentária e Financeira

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender a diferença entre a gestão orçamentária e a gestão financeira.

� Entender os significados das operações financeiras orçamentárias e não


orçamentárias e seus reflexos no fluxo de caixa.

� Entender o significado e o porquê da aplicação do regime de competência.

� Diferenciar a gestão por caixa única, por fundos especiais e depósitos de


diversas origens.

Heraldo da Costa Reis


Administração Financeira e Matemática Financeira

56
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

A gestão
Contextualização orçamentária tem
por fim executar
as normas
A gestão orçamentária tem por fim executar as normas estabelecidas nos
arts. 2 a 33 da Lei
estabelecidas nos arts. 2 a 33 da Lei nº 4.320/1964, que regulam o nº 4.320/1964, que
conteúdo da lei de orçamento, a elaboração da proposta orçamentária e regulam o conteúdo
a elaboração da Lei Orçamentária. da lei de orçamento,
a elaboração
da proposta
Já a gestão financeira, que tem as suas diretrizes estabelecidas orçamentária e a
elaboração da Lei
nos art. 34 a 73 da já referida Lei 4.320/1964, refere-se às operações Orçamentária.
de origens orçamentárias ou não, realizadas no período denominado
exercício financeiro, que coincide com o ano civil, com início no dia 1º de janeiro e
término no dia 31 de dezembro de cada ano.

As demonstrações e os relatórios sobre a gestão orçamentária e financeira


devem incluir a utilização do regime de competência no reconhecimento das
receitas e das despesas, a fim de que a situação líquida do Patrimônio Financeiro e
a Situação Líquida Patrimonial reflitam valores reais ou, pelo menos, aproximados
da realidade.

Demonstrações Orçamentárias
O exercício financeiro se inicia com a execução do orçamento geral, aprovado
por lei específica, inclusive com a reabertura no limite dos respectivos
saldos deixados no encerramento do exercício financeiro anterior dos A gestão financeira
da execução
créditos especiais e extraordinários autorizados e abertos em um dos orçamentária se
últimos quatro meses desse exercício. processa a partir
do conhecimento
da estrutura do
A gestão financeira da execução orçamentária se processa a orçamento geral,
partir do conhecimento da estrutura do orçamento geral, conforme as conforme as
demonstrações
demonstrações recebidas da Contabilidade, tais como se apresentam recebidas da
a seguir: Contabilidade.

Quadro 1 – Estrutura Orçamentária


Movimentos
Receitas Correntes Previsão Lançto. Arrecad. A Receber Saldo Prev.
Tributária 1.500.000 1.000.000 950.000 50.000 500.000
Contrib. 500.000 350.000 250.000 100.000 150.000
Agro-Pec. 800.000 550.000 500.000 50.000 250.000
Serviços 700.000 300.000 250.000 50.000 400.000
Industrial 300.000 150.000 100.000 50.000 150.000
Patrimonial 450.000 350.000 300.000 50.000 100.000

57
Administração Financeira e Matemática Financeira

Transfs. 2.000.000 1.300.000 1.300.000 0 700.000


Diversas 800.000 650.000 550.000 100.000 150.000
Capital
Transfrs. 1.000.000 850.000 850.000 0 150.000
Soma 8.050.000 5.500.000 5.050.000 450.000 2.550.000

Movimentos
Despesas Corren-
Prov. Empen Proc. A Proc. Sdo.Dot
tes
Pess. e Encs.
4.000.000 2.300.000 1.800.000 500.000 1.700.000
Sociais
Juros e Encs. Dív. 150.000 100.000 100.000 0 50.000
Outras Desp. Ctes. 650.000 550.000 500.000 50.000 100.000
Capital
Investimentos 2.500.000 1.800.000 1.600.000 200.000 700.000
Inversões Fin. 350.000 250.000 200.000 50.000 100.000
Amort. da Dívida 400.000 300.000 250.000 50.000 100.000
Soma 8.050.000 5.300.000 4.450.000 850.000 2.750.000
Fonte: O autor.
As demonstrações
indicam as várias
situações com
as quais o gestor As demonstrações indicam as várias situações com as quais o
financeiro se gestor financeiro se defrontará durante a execução orçamentária, a
defrontará durante
a execução partir do entendimento do conteúdo das colunas que dizem respeito
orçamentária. aos movimentos da Receita e da Despesa orçamentárias, como segue:

a) Receita

• Previsão: indica a que está inscrita na Lei Orçamentária. O valor previsto


para cada fonte de receita foi calculado com base na metodologia descrita na
Lei de Diretrizes Orçamentárias.

• Lançamentos: indica o ato administrativo da autoridade competente de


reconhecer um direito sobre um valor recebível que pode ter origem em
um contrato, em um tributo ou de um mandamento constitucional. Neste
caso, ainda que se possa desconhecer o valor em si, o direito pode ser
reconhecido, ajustando-se, posteriormente, à medida que o orçamento
vai sendo executado. Esta coluna indica que as receitas têm o tratamento
do regime de competência no reconhecimento dos direitos sobre valores
recebíveis.

• Arrecadação: indica os direitos convertidos em receita efetiva.

58
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

• Direitos a Receber: indica a diferença entre o lançamento e a arrecadação.


Indica também valores de propriedade do ente federativo em mãos dos
devedores.

• Saldo da Previsão: indica o que deixou de ser lançado e cobrado.


Essa diferença pode sinalizar que a metodologia de previsão deve ser
aperfeiçoada.

b) Despesa

• Provisão: indica o quanto será possível gastar para obter um bem ou um


serviço. Indica também a despesa prevista ou, ainda, fixada como limite
no orçamento geral. São valores projetados de acordo com a metodologia
estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

• Empenhos: indica o volume de empenhos sobre as dotações previstas ou


fixadas no orçamento geral, feitos no período a que se refere a demonstração.
Refletem também operações de aquisições de bens e serviços para as
atividades desenvolvidas pela Administração, bem como de cumprimento de
obrigações financeiras de longo prazo, mediante contratos ou mandamentos
em leis específicas.

• Processamento (Proc.): indica o volume de despesas que passaram


pelo processo de verificação do cumprimento do objeto do contrato ou do
mandamento legal ou constitucional. Dessa verificação, uma vez confirmado
o cumprimento do contrato ou da lei, resulta a obrigação de pagar, que, por
sua vez, obedecerá à programação de pagamentos no período.

• A Processar: indica despesas cujos contratos ou leis ainda estão em franca


execução, os quais serão transferidos para o período seguinte.

• Saldo da dotação: é a diferença entre a dotação prevista e o volume de


empenhos procedidos.

É a partir do conhecimento do conteúdo de cada coluna que o gestor


financeiro inicia a avaliação das operações realizadas no período a que se refere
a demonstração.

59
Administração Financeira e Matemática Financeira

Gestão Financeira
A gestão financeira Como se observa até o presente instante, a gestão financeira
compreende uma
série de atividades compreende uma série de atividades que têm por objetivo auxiliar a
que têm por Administração a alcançar os seus objetivos, cumprir com as suas
objetivo auxiliar obrigações e assegurar a realização dos seus direitos.
a Administração
a alcançar os
seus objetivos, Essas atividades, desenvolvidas pela gestão financeira, podem
cumprir com as
suas obrigações refletir:
e assegurar a
realização dos seus • Na obtenção definitiva das suas receitas.
direitos.
• Na realização concreta dos direitos da entidade, mediante a
cobrança de débitos de contribuintes ou de usuários de serviços prestados e
inscritos na dívida ativa.
• Na realização das receitas garantidas pela Constituição da República para os
Estados e Municípios, via os Fundos Especiais de Participação dos Estados
e dos Municípios.
• Na realização de recursos financeiros, ainda que eventuais e temporários,
mediante empréstimos e financiamentos, e alienações de bens patrimoniais
que integram o patrimônio do ente federativo.
• Na extinção de obrigações de caráter financeiro mediante pagamentos via
rede bancária ou as opções garantidas pela lei, via negociações, como
compensação tributária, dação em pagamento e permutas, dentre outras.
• Na negociação com contribuintes para incentivar pagamentos de tributos em
atraso, renúncias de receitas, doações feitas e recebimentos de bens em
doações.
• Nas aquisições de bens e serviços e de outros recursos, que serão
empregados nas ações planejadas e programadas pelo ente federativo, com
vistas à produção de bens e serviços para a sociedade via institucionalização,
expansão ou aperfeiçoamento das atividades governamentais.
• Nos recebimentos e devoluções de valores pertencentes a terceiros, sobre os
quais a entidade governamental, como fiel depositária, tem responsabilidade
pela guarda e custódia.
• Na guarda, custódia e controle de valores pertencentes à entidade
governamental, tais como ações representativas de participações em
empresas e valores entregues a entidades com ou sem fins lucrativos a título
de subvenções econômicas e sociais, contribuições e auxílios.

A gestão financeira das operações governamentais se processa da seguinte


forma: a) Caixa Única, b) Caixa Fundos Especiais e c) Caixa Depósitos de
Diversas Origens.

60
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

a) Caixa Única

A gestão por Caixa Única decorre do que dispõe o art. 56, da Lei nº 4.320,
de 17 de março de 1964, a seguir transcrito: “Art. 56 - O recolhimento de todas as
receitas far-se-á em estreita observância ao princípio de unidade de tesouraria,
vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas especiais” (BRASIL,
1964).

Do entendimento do caput do artigo, fica claro que a Lei estabelece a gestão


por Caixa Única ou Unidade de Tesouraria para todas as receitas obtidas pelo
ente federativo por meio das suas atividades próprias, desde que não tenham
destinação específica.

Ressalte-se, entretanto, que, no que respeita aos impostos dos entes


federativos, principalmente os de competência da União e do Estado membro
da federação, há exceções, porquanto a Constituição da República permite
que parcelas de certos impostos de competência dessas unidades federativas,
tais como o Imposto de Renda, Imposto de Produtos Industrializados, estejam
vinculadas aos Fundos de Participação do Estado e dos municípios, de
responsabilidade da União, e ICMS e IPVA ao Fundo constituído no âmbito
do Estado, de responsabilidade do Estado, para serem distribuídas entre os
municípios localizados no seu território.
A Lei não se
preocupa com
Observe que a Lei não se preocupa com a organização a organização
administrativa da gestão financeira, mas, apenas, com a centralização administrativa da
gestão financeira,
das receitas em uma só caixa, no sentido de evitar o aparecimento mas, apenas, com
de feudos, muito comum na Administração Pública. A organização a centralização
das receitas em
administrativa, que envolve a Tesouraria, é da responsabilidade direta uma só caixa, no
da Administração do ente federativo, que a desenvolve de acordo com o sentido de evitar
volume das suas atividades. o aparecimento
de feudos,
muito comum na
A Tesouraria Geral, por exemplo, ficará com a obrigação de Administração
Pública.
elaborar e controlar a Programação de Caixa, cujos pagamentos e
recebimentos poderão se efetivar por intermédio da rede bancária, ou, até mesmo,
manter unidades descentralizadas, com materiais e pessoal próprios. Neste caso,
porém, o ente federativo terá de arcar com custos elevados com a manutenção e
operacionalização dessas unidades.

Há que se chamar a atenção para o fato de que com as mudanças


introduzidas pela Constituição Federal, de 1988, as receitas poderão ser lançadas
e arrecadadas pelos demais Poderes, como é o caso do Poder Judiciário, no
âmbito da União e do Estado. Mas a responsabilidade pela gestão do caixa único
poderá caber ao Poder Executivo e, neste caso, essas receitas deverão ser-lhe

61
Administração Financeira e Matemática Financeira

entregues pelo Judiciário, para o cumprimento do que determina o art. 56 da Lei


nº 4.320/64.

Por fim, as disponibilidades do Caixa Único destinam-se a atender a


pagamentos de obrigações das mais variadas naturezas, independentemente das
áreas de atuação do Poder Público.

b) Fundos Especiais

Uma das formas mais comuns de gestão financeira na Administração


Pública é a que se denomina de Fundo Especial, ou seja, um volume de recursos
financeiros formado por receitas especificadas destinadas a financiar um programa
de trabalho, uma ação específica, ou mesmo ações de entidade jurídica de direito
público personalizada, como uma autarquia, conforme se depreende do caput do
art. 71 da Lei nº 4.320, de 17 de 1964, a seguir transcrito: “Art. 71 – Constitui
fundo especial o produto de receitas especificadas que, por lei, se vinculam à
realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas
peculiares de aplicação” (BRASIL, 1964).

Pode-se destacar como Fundo Especial os seguintes:

I. Receitas ou parcelas de receitas especificadas que se vinculam a um


programa de trabalho.
II. Empréstimos ou financiamento, cujo produto se destina a financiar aquisições
de bens e serviços.
III. Convênios.
IV. Autarquia ou empresa pública. Neste caso, os fundos especiais tomam a
forma de entidades jurídicas, com autonomia de gestão.

• Objetivo

Pode-se afirmar A ideia da institucionalização de um Fundo Especial, portanto,


que o Fundo
Especial tem por está associada à identificação de ações tidas como prioritárias no
fim assegurar contexto da Administração, diante da incerteza financeira que pode
recursos financeiros comprometer a execução de tais prioridades. Tendo em vista esta
suficientes para
a viabilização situação, certas receitas ou parcelas dessas receitas são vinculadas
de programas, a programas de trabalho com a finalidade de garantir a aquisição de
que, desta forma,
constituem o seu bens e serviços e, consequentemente, a concretização dos respectivos
objetivo específico. objetivos específicos.

Assim, pode-se afirmar que o Fundo Especial tem por fim assegurar recursos
financeiros suficientes para a viabilização de programas, que, desta forma,
constituem o seu objetivo específico.

62
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

• Fundo Especial como forma de gestão versus Fundo Contábil

O Fundo Especial como forma de gestão de receitas possui características


peculiares que o diferenciam de Fundos Contábeis. Por exemplo, o Fundo como
forma de gestão de receitas implica descentralizações do processo decisório e
de receitas especificadas, que deverão estar expressas na lei criadora.
Observe que esta forma de gestão, por ser exceção à regra contida O Fundo Especial
como forma de
no art. 56 da Lei n° 4.320/64, exige plano de aplicação e contabilidade gestão implica
próprios. O Fundo Contábil, como a própria denominação indica, é a existência de
uma contabilidade
uma opção da administração de adotar um sistema de informações própria, mediante
contábeis de caráter gerencial e financeiro para o controle e avaliação a segregação de
de desempenho em cada uma das várias áreas em que atua. contas específicas
que produzirão
informações sobre
O Fundo Especial como forma de gestão implica a existência a gestão dos
recursos financeiros
de uma contabilidade própria, mediante a segregação de contas que o constituem,
específicas que produzirão informações sobre a gestão dos recursos ainda que a gestão
financeiros que o constituem, ainda que a gestão financeira seja a Caixa financeira seja a
Caixa Única, o que
Única, o que não ocorre com o Fundo Contábil, por ser um sistema de não ocorre com o
informações optativo. Fundo Contábil,
por ser um sistema
de informações
• Características de um Fundo Especial optativo.

São características fundamentais de um Fundo Especial, constantes da lei


que o cria, as seguintes:

− Objetivo claramente definido, ou seja, a formação de um lastro financeiro


ou disponibilidades que assegurarão o pagamento das obrigações assumidas e
oriundas de aquisições de bens e serviços a serem empregados nas atividades
ligadas ao objeto da organização por intermédio do programa de trabalho.

− Receitas especificadas com clareza. Aquelas que integram o elenco


de receitas do ente federativo, com exclusão dos impostos que não podem
ter vinculações específicas, ressalvadas as permitidas pela Constituição da
República.

− Despesas relacionadas com o objetivo. Em realidade, são obrigações


assumidas a serem pagas com os recursos financeiros que formam as
disponibilidades asseguradas pelas receitas especificadas na lei.

− Órgão ao qual o fundo se vincula, ou ao qual o caixa especial vai se


vincular. Isto a lei vai determinar.

− Designação do gestor do fundo ou do caixa especial. Pode ser o gestor

63
Administração Financeira e Matemática Financeira

do órgão ao qual este caixa se vinculará, ou poderá continuar com o responsável


pela gestão de finanças do ente federativo. Neste caso, não é a lei criadora do
fundo que o determinará, mas o Chefe do Poder Executivo, mediante decreto. Em
realidade, o que se está mencionando aqui é simplesmente a descentralização
administrativa de caráter interno.

− Ativos ou bens adquiridos com os recursos financeiros do fundo. Estes


integrarão sempre o patrimônio do ente federativo, mas serão sempre utilizados
como meios materiais do programa.

− Passivos ou obrigações com terceiros assumidas em razão de


assunção de encargos sociais ou financeiros ou, ainda, de aquisições de bens e
serviços que serão empregados na execução dos programas de trabalho a cargo
do órgão, os quais serão pagos com os recursos financeiros constituintes do
Fundo.

− Contabilidade própria. Conforme mencionado, a Contabilidade do Fundo


Especial é organizada mediante a segregação de contas específicas, integrantes
do sistema de informações contábeis do ente federativo.

− Prestação de contas da gestão do fundo. O agente que for designado


pelo Chefe de Poder do ente federativo para gerir o caixa deverá preparar a
demonstração da movimentação financeira do caixa especial. Em
A lei realidade, essa demonstração servirá de base para confronto com o
institucionalizadora
do fundo especial plano de aplicação do fundo.
deverá dispor se o
saldo desta conta
deverá integrar o − Destinação do saldo apurado em Balanço do exercício.
saldo do caixa geral
ou se continuará A lei institucionalizadora do fundo especial deverá dispor se o saldo
vinculado ao
objetivo para o qual desta conta deverá integrar o saldo do caixa geral ou se continuará
fora instituído. vinculado ao objetivo para o qual fora instituído.

• Posição do Fundo Especial no orçamento e na contabilidade

Desde que a lei não estabeleça o contrário, o Fundo Especial não é entidade
jurídica, órgão ou unidade orçamentária, mas tão somente um conjunto de recursos
financeiros destinados à formação das disponibilidades de caixa especial e aos
pagamentos de obrigações resultantes da execução de programas de trabalho do
órgão ao qual se vincula para a concretização do objetivo preestabelecido.

Assim, neste caso, a sua inclusão no orçamento se dá apenas com a


elaboração dos adendos II e III da Lei 4.320, em que se demonstrarão a vinculação
das receitas que se destinam à formação das disponibilidades e as despesas

64
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

do órgão que gerenciará os programas relacionados com o objetivo pretendido,


das quais, possivelmente, surgirão as obrigações que serão pagas com esses
recursos financeiros. Evidentemente, é necessária a preparação do Plano de
Aplicação, onde serão previstas as receitas e as aplicações respectivas no sentido
de atender ao mandamento contido no art. 2º, § 2°, I, da Lei n° 4.320/64.

Sob a ótica da Contabilidade, o Fundo Especial terá contas Sob a ótica da


específicas, segregadas das contas gerais para os registros das Contabilidade, o
Fundo Especial terá
operações que lhes digam respeito. A gestão financeira se processará contas específicas,
normalmente, ou seja, os empenhos serão feitos sobre as dotações segregadas das
contas gerais para
fixadas para as despesas do órgão, observando, entretanto, o os registros das
seguinte: as alterações orçamentárias, mediante abertura dos créditos operações que lhes
adicionais suplementares e especiais, bem como os remanejamentos, digam respeito.
transposições ou transferências de recursos de uma categoria de programação
para outra, serão feitos com os recursos do próprio órgão ao qual se vincula o
fundo.

Duas observações importantes:

− O saldo do Fundo, apurado no encerramento do exercício, passará para


o exercício seguinte a crédito do próprio fundo, desde que a lei institucionalizadora
desse fundo não disponha em contrário, ou seja, determine a sua integração ao
Caixa Geral ou Central, e que o Fundo poderá relacionar-se com outros fundos,
desde que previsto na lei criadora. Ao encerrar-se o exercício, a Contabilidade
providenciará as demonstrações contábeis e orçamentárias exigidas pela
Lei n° 4.320/64, já mencionada, passando a integrar o Balanço Geral e,
consequentemente, a prestação de contas geral do ente federativo.

− Sob a ótica do orçamento e da sua execução, a gestão financeira


por fundos especiais, em razão das suas peculiaridades, observa o seguinte: os
créditos adicionais suplementares e especiais serão autorizados em lei e abertos
por decreto do Poder Executivo. Os recursos para a abertura de tais créditos
sairão do orçamento do próprio órgão ao qual o Fundo (de natureza financeira)
está vinculado.

No caso de utilizar-se:

− Anulação parcial ou total de dotações. Os recursos sairão das próprias


despesas do órgão.
− Excesso de Arrecadação. Este não é calculado tomando-se as receitas
que se destinam a formar o Fundo.
− O Superávit Financeiro. Este deve ser calculado no próprio Balanço
Financeiro do Fundo Especial.

65
Administração Financeira e Matemática Financeira

Os remanejamentos, as transposições e as transferências de recursos de


uma categoria de programação para outra serão feitos por repriorizações de
programas de trabalho e serão autorizados por lei específica.

No caso do órgão, cujas despesas ou obrigações serão pagas com os


recursos financeiros do Fundo, não há porque se pensar em remanejamentos,
já que estes destinam-se a refletir movimentos de recursos orçamentários entre
órgãos e, assim mesmo, por ocasião de reforma administrativa autorizada em lei.

Para a evidenciação dos recursos financeiros que o constituirão, ou seja,


as receitas determinadas para a formação das disponibilidades de caixa que se
vincularão ao órgão, é importante que os Adendos II e III sejam preparados na
elaboração do orçamento da entidade governamental, no caso, do município.
Assim, o Fundo, por não ser órgão, unidade orçamentária ou entidade jurídica,
não terá orçamento, mas apenas um plano de aplicação em que se demonstrarão
as receitas e os pagamentos de obrigações que resultarem da execução dos
programas de trabalho do órgão ao qual se vincula, nos termos do art. 71, da Lei
n° 4.320/64.

No caso dos movimentos orçamentários, o Plano de Aplicação


Como o Fundo não sofrerá alterações, a não ser as de natureza financeira, as quais
é uma forma de
gestão de receitas e serão indicadas nesse instrumento de gerência financeira (e não
de pagamentos, não orçamentária).
há porque pensar-
se em estrutura
administrativa Como o Fundo é uma forma de gestão de receitas e de
para a sua pagamentos, não há porque pensar-se em estrutura administrativa
operacionalização,
qualquer que seja para a sua operacionalização, qualquer que seja o seu objetivo. Sua
o seu objetivo. contabilidade, por exemplo, é feita mediante segregações de contas
Sua contabilidade, específicas das quais serão geradas as informações para controle e
por exemplo, é
feita mediante avaliação da sua gestão. Apesar disso, não há impedimento para a
segregações de descentralização contábil, ou seja, organizar a Contabilidade junto ao
contas específicas
das quais serão órgão ao qual se vincula o Fundo. Neste caso, a Contabilidade Central
geradas as funcionará à base de relatórios que lhe serão remetidos pela unidade
informações para descentralizada.
controle e avaliação
da sua gestão.
No caso de se corrigir o orçamento elaborado com base em
disposições legais equivocadamente conceituadas, nas quais tratam o Fundo
como órgão e, consequentemente, unidade orçamentária, a administração
da entidade governamental solicitará ao Poder Legislativo local a necessária
autorização para os remanejamentos, transposições e transferências dos recursos
dos programas de trabalho para o órgão ao qual o Fundo se vincula.

66
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

c) Caixa - Depósitos de Diversas Origens

Os depósitos de diversas origens resultam de operações financeiras não


orçamentárias. São valores em moeda, recebidos de devedores da Fazenda
Pública como garantia de execução de contratos, de andamento de processo
judicial de natureza tributária, de contribuições previdenciárias e outras operações,
os quais ficam sob a guarda e custódia da Fazenda Pública, que age nesses casos
como fiel depositária de valores que não lhe pertencem, e são contabilizados em
conta apropriada de Ativo Circulante.

O fato desses valores serem contabilizados no Ativo Circulante não significa


que podem ou devem ser aplicados nas atividades financeiras do ente federado
ou da entidade jurídica governamental descentralizada. Existe a possibilidade de
certos valores serem empregados nessas atividades, mas como empréstimos e
desde que haja lei autorizando.

Esses valores têm as suas respectivas contrapartidas inscritas no Passivo


Circulante, cujas devoluções são programadas para após o término do processo
de que participam.

Atividades de Estudos:

1) Explique a diferença entre a gestão orçamentária e a gestão


financeira.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

2) Escreva sobre a importância e sobre a diferença entre gestão


por caixa única, por fundos especiais e depósitos de diversas
origens.
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

67
Administração Financeira e Matemática Financeira

Operações Orçamentárias e Não


Orçamentárias e Seus Efeitos no
Fluxo de Caixa

Algumas operações Algumas operações orçamentárias, das quais possam resultar
orçamentárias,
das quais possam entradas de recursos financeiros, nem sempre refletem receitas
resultar entradas de efetivas. Por exemplo:
recursos financeiros,
nem sempre
refletem receitas • Um empréstimo obtido, cujo produto será empregado na compra
efetivas. de um trator, ou na entrada de um valor conveniado, ou ainda um
empréstimo por antecipação de receita orçamentária.
• Um contribuinte, que entra com uma demanda contra a Fazenda Pública,
deposita o valor correspondente conforme pode determinar a Lei.
• Retenções em folhas de pagamentos de contribuições previdenciárias de
servidores e de valores consignados em favor de terceiros.

Estas operações refletirão sempre relações jurídicas do ente federativo


receptor com terceiros.

Uma situação que não é levada em consideração na gestão do fluxo de caixa


é o reconhecimento de direitos sobre recebíveis mediante os lançamentos de
valores tributários e de valores a receber por contratos, com alegação de que
a administração financeira só operacionaliza à base do regime de caixa. Em
realidade, é um conceito equivocado, pois deixa de considerar expectativas em
torno dos créditos a receber e dos seus reflexos no fluxo de caixa (REIS, 2004).

Por outro lado, o empenhamento de uma despesa contratada não reflete, de


imediato, uma obrigação de pagamento, mas apenas uma condição exigida no
art. 58 da Lei 4.320/64 para que se possa executar um contrato ou o mandamento
de uma lei. A obrigação de pagamento surge após a verificação, no processo de
liquidação, do cumprimento do implemento de condição ou do mandamento da
lei, conforme o estabelecido nos arts. 62 e 63, ambos da Lei 4.320/64. Conquanto
não se tenha processado ou liquidado, o contrato empenhado e em execução
produzirá sempre uma expectativa de reflexo no fluxo de caixa e, evidentemente,
no Patrimônio Financeiro.

a) Dívida Ativa do Ente Federado

Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária e não tributária, de


acordo com o art. 39 e seus parágrafos, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964,
combinado com os arts. 201 a 204 da Lei Federal nº 5.172/1966, que aprova o

68
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

Código Tributário Nacional, CTN, serão inscritos na forma da legislação própria,


como Dívida Ativa, após apurada a sua liquidez e certeza.

A gestão da Dívida Ativa, para o seu efetivo controle, exige da Administração


governamental a manutenção de um eficiente sistema de cobrança e de baixa, o
que, por certo, evitará problemas de cobranças e baixas indevidas, que podem
gerar desgastes administrativos e, até mesmo, demandas judiciais.
O recebimento
de Dívida Ativa
Desta forma, o recebimento de Dívida Ativa tem a sua origem em tem a sua origem
em ações de
ações de cobrança, seja ela administrativa ou judicial, as quais, de cobrança, seja ela
acordo com a lei, podem ser de duas formas: recebimentos em espécie administrativa ou
ou na forma de bens, tanto pela adjudicação, quanto pela dação em judicial, as quais,
de acordo com
pagamento. a lei, podem ser
de duas formas:
recebimentos em
O abatimento ou a anistia dos créditos inscritos na Dívida Ativa espécie ou na forma
depende de autorização legal, devendo ser observado o disposto no de bens, tanto pela
artigo 14, §1º, da LRF, que pode servir como instrumento de incentivo adjudicação, quanto
pela dação em
em programas de recuperação de créditos ou como fomento à cultura pagamento.
voltada para a espera de anistias futuras, levando à inadimplência e à
desvalorização do tesouro e dos tributos de competência dos entes federativos.
O cancelamento decorre de determinação de autoridade competente no sentido
de baixar o crédito inscrito em Dívida Ativa, tanto em nível administrativo quanto
judicial.

b) Da Dívida Passiva e do Endividamento

O Ente Federativo, ou seja, a União, o Estado e o Município, tal O Ente Federativo,


qual as entidades de direito privado, busca nos capitais de terceiros ou seja, a União,
o Estado e o
a complementação dos seus recursos financeiros quando as receitas Município, tal qual
que se originam das suas atividades próprias não são suficientes para as entidades de
direito privado,
atender às necessidades de expansão e/ou aperfeiçoamento dessas busca nos capitais
mesmas atividades. de terceiros a
complementação
dos seus recursos
A utilização dos capitais de terceiros se apresenta de diversas financeiros quando
maneiras, tais como: as receitas que se
originam das suas
atividades próprias
• Compras de bens e serviços a prazo, geralmente para serem não são suficientes
pagos no exercício financeiro em que a operação foi realizada. para atender às
necessidades de
• Empréstimos e/ou financiamentos vinculados a objetos específicos, expansão e/ou
mediante contratos, tomados a entidades financeiras internas e/ou aperfeiçoamento
dessas mesmas
externas, geralmente com prazos de pagamentos superiores a 12 atividades.
meses.

69
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Convênios com outras entidades governamentais ou privadas, das quais


recebem recursos financeiros destinados ao objeto do convênio.
• Empréstimos tomados à população, mediante a emissão de títulos, com
prazos de pagamentos também superiores a 12 meses.
• Confissões de dívidas, geralmente de natureza previdenciária, com prazos
superiores a 12 meses.
• Valores recebidos em doação com ônus para o donatário.
• Concessão de garantia.
• Refinanciamento da dívida mobiliária.

De acordo com a legislação, a dívida pública, acima explicitada, se classifica


como segue:

• Flutuante: oriunda de compromissos financeiros a serem cumpridos no


próprio exercício financeiro de origem.
• Consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, de
obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis,
contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito,
para amortização em prazo superior a 12 meses.
• Mobiliária: representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do
Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.

Para a mesma legislação, como operações de crédito são considerados


os compromissos financeiros assumidos em razão de mútuo, abertura de
crédito, emissão e aceite de títulos, aquisição financiada de bens, recebimentos
antecipados de valores provenientes de vendas a termo de bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive
A realização de com usos de derivativos financeiros.
operação de
crédito vinculada
a objetivo e objeto A realização de operação de crédito vinculada a objetivo e objeto
específico depende específico depende da observância dos limites estabelecidos pelo art.
da observância dos
limites estabelecidos 30, §§ e incisos respectivos da LC nº 101/2000, combinados com as
pelo art. 30, §§ e disposições da Resolução do Senado Federal nº 43/2001, com as
incisos respectivos
da LC nº 101/2000, modificações que lhe foram introduzidas.
combinados com
as disposições Em relação à garantia para realizar uma operação de crédito de
da Resolução do
Senado Federal natureza financeira, há que se observar as determinações contidas
nº 43/2001, com no art. 40, §§ e incisos respectivos da Lei Complementar nº 101/2000,
as modificações
que lhe foram bem como ao que dispõe a Constituição da República, que permite
introduzidas. a vinculação de impostos de competência da unidade da Federação,
conforme se verifica no seu art. 167, inciso IV.

70
Capítulo 3 Gestão Orçamentária e Financeira

A entidade pode receber também valores como garantias de execução de


contratos e de gestão, convênios, e outros tipos de operações, inclusive aquelas
autorizadas por servidores, pelos quais se responsabiliza pela guarda e custódia,
o que caracteriza a sua responsabilidade como fiel depositária de valores que não
lhe pertencem.

Atividades de Estudos:

1) Fale sobre as diferenças entre as operações financeiras


orçamentárias e não orçamentárias e seus reflexos no fluxo de
caixa.
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

2) Identifique o significado e o porquê da aplicação do regime de


competência.
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

3) Considerando o que dispõe a legislação pertinente, fale sobre


a Dívida Ativa e sobre a Dívida Passiva e o endividamento do
ente federado.
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________

71
Administração Financeira e Matemática Financeira

Algumas Considerações
Vimos, ao longo da exposição deste capítulo, tratamentos diferenciados
dispensados às operações financeiras de origem ou não na execução do
orçamento, tendo como base a natureza dos valores integrantes dessas
operações.

Vimos também como o reconhecimento das receitas e despesas no regime


de competência reflete direitos e obrigações de pagamento e, como tais,,,
produzem efeitos no chamado fluxo de caixa.

Estas observações nos levam a concluir que a atuação do gestor financeiro,


como uma espécie de controlador das finanças do ente federado, guarda alta
dose de responsabilidade, daí a necessidade de planejar e controlar as atividades
financeiras do Estado com certo rigor.

Referências
BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 (atualizada até a EC n° 95, de 15/12/2016 - DOU 16/12/2016). Disponível
em: <http://www.trtsp.jus.br/legislacao/constituicao-federal-emendas>. Acesso
em: 12 abr. 2017.

______. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/
Lcp101.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964.  Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

REIS, Heraldo da Costa. Contabilidade e gesto governamental: estudos


especiais. Rio de Janeiro: IBAM, 2004.

72
C APÍTULO 4
O Patrimônio Financeiro

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Entender o significado do setor do Balanço Patrimonial denominado Patrimônio


Financeiro.

� Compreender o porquê da adoção do regime de competência nas operações


que afetam o Patrimônio Financeiro.

� Saber os significados da elaboração do Balanço Financeiro e da Demonstração


do Fluxo de Caixa nos regimes misto e de Competência.

� Entender os significados da prestação de contas e das funções dos Tribunais


de Contas.

Heraldo da Costa Reis


Administração Financeira e Matemática Financeira

74
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Contextualização
O Patrimônio Financeiro é uma das partes mais importantes do Balanço
Patrimonial de uma entidade governamental. Nele são identificados vários
elementos informativos, dentre os quais o Superávit Financeiro como fonte de
recursos para abertura de créditos adicionais suplementares e especiais.

É estudando e avaliando as informações sobre o Patrimônio Financeiro que


se tem uma visão geral da situação financeira do ente federado.

Funções dos Balanços Patrimonial e


Financeiro, e do Fluxo de Caixa por
Atividades
Dentre as demonstrações contábeis e financeiras que integram a prestação
de contas elaborada para um ente federativo por ocasião do encerramento do
exercício financeiro, destacam-se o Balanço Patrimonial, o Balanço Financeiro e o
Fluxo de Caixa por Atividades.

O Balanço Patrimonial (ver quadro a seguir) demonstra, de um lado, as


disponibilidades em moeda de movimentação livre e vinculada, os depósitos de
diversas origens, direitos, os bens tangíveis e intangíveis, e do outro lado, as
obrigações assumidas com terceiros por aquisições de bens e serviços a prazo
e valores de terceiros, consignações, empréstimos a curto e longo prazos, bem
como a dívida mobiliária. Esta demonstração classifica o seu conteúdo em grupos
e subgrupos de contas a fim de facilitar o entendimento da informação por quem
a utilizar. Exemplos:

• Grupos: Ativo, em que se classificam os bens e direitos, e Passivo, em que


se classificam as obrigações a pagar.
• Subgrupos: Ativo Circulante e Não Circulante e Passivo Circulante e Não
Circulante.

Nestes subgrupos se classificam as contas que refletem o movimento


financeiro do período. Assim, no Ativo Circulante classificam-se as contas
representativas de Caixa, de movimentação livre e vinculada, os Depósitos de
Diversas Origens e os Direitos sobre valores recebíveis no exercício; e no Passivo
Circulante, as obrigações a pagar vencíveis no exercício financeiro demonstrado,
os Valores de Terceiros (contrapartida dos Depósitos de Diversas Origens) e as
Consignações.

75
Administração Financeira e Matemática Financeira

Quadro 2 – Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Não Circulante Não Circulante
Passivo Real a Descoberto Ativo Real Líquido

Fonte: O autor.

Do encontro das contas componentes dos subgrupos Ativo Circulante e


Passivo Circulante, quando aquele é maior que este, surge uma diferença positiva
à qual se denomina Patrimônio Financeiro, que se equivale ao Capital Circulante
ou de Giro próprio das empresas.

O Patrimônio O Patrimônio Líquido, ou Ativo Real Líquido, compreende a


Líquido, ou Ativo
Real Líquido, diferença entre os totais do Ativo e do Passivo, em que o total do Ativo
compreende a é superior ao total do Passivo.
diferença entre os
totais do Ativo e do
Passivo, em que O Balanço Financeiro (ver quadro a seguir) demonstra o
o total do Ativo é movimento de caixa durante o exercício financeiro a que se referir,
superior ao total do
Passivo. podendo-se elaborá-lo com base no regime misto, conforme dispõe o
art. 35 da Lei 4.320/64, e no regime de competência (ver Quadro 4),
conforme os novos procedimentos contábeis que se vêm adotando ultimamente.

Quadro 3 – Balanço Patrimonial – Regime Misto


BALANÇO FINANCEIRO (Regime Misto – Art. 35, I e II-Lei 4.320/64)
RECEITAS DESPESAS
Orçamentárias Orçamentárias
(Arrecadadas) (Empenhadas)
Extraorçamentárias Extraorçamentárias
Restos a Pagar (Pagamentos obgs.
ants)
Depósitos Diversos Depósitos Diversos
Devol. Cx. Outros Liber. Recursos Outros
Poderes Pod.
Outras Outros

Saldos Exercs. Ante- Saldos p/Exercs. Se-


riores guintes
Soma Total Soma Total
Fonte: O autor.

76
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Quadro 4 – Balanço Patrimonial – Regime de Competência


BALANÇO FINANCEIRO (Competência – Lei 4.320/64)
RECEITAS DESPESAS
Orçamentárias Orçamentárias
Créditos a Receber (Processadas)
Capital
Extraorçamentárias Extraorçamentárias
Restos a Pagar (Proces- (Pagtos. Obgs. Ants.)
sados)
Depósitos Diversos Depósitos Diversos
Devol. Cx. Outros Pode- Liber. Recursos Outros
res Pod.
------- Saldo de Créditos a
Receber
Outras Outros

Saldos de Exercs. Ants. Saldos p/Exerc. Se-


guinte
Soma Total Soma Total
Fonte: O autor.

O Fluxo de Caixa
por atividades
O Fluxo de Caixa por atividades é a mais nova demonstração é a mais nova
do movimento de caixa exigida às organizações governamentais. demonstração
do movimento
A ideia veio da Contabilidade empresarial e tem por objetivo revelar de caixa exigida
o movimento de caixa por grupos de atividades denominadas de às organizações
governamentais.
Operacionais, Investimentos e Financiamentos.

Quadro 5 – Fluxo de Caixa por Atividade


FLUXO DE CAIXA POR ATIVIDADE
1 – ATIVIDADES OPERACIONAIS
Despesas que não utilizam o Caixa
Mais
Resultado Financeiro
Origens de Caixa
Créditos a Receber
Outras Receitas
Soma
Menos
Aplicações de Caixa
Pagamentos
Saldo de Créditos a Receber
Fluxo de Caixa – Atividades Operacionais

77
Administração Financeira e Matemática Financeira

2 – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
Origens de Caixa
Aplicações de Caixa
Fluxo de Caixa – Investimentos
3 – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
Origens de Caixa
Aplicações de Caixa
Fluxo de Caixa - Financiamentos
Fonte: Ao autor.

Estes são os relatórios em que serão demonstradas operações que


produziram efeitos no fluxo de caixa.

Obs.: As demonstrações Balanço Financeiro e Fluxo de Caixa por Atividades


são diferentes dos modelos apresentados na Lei 4.320/64, posto que estes não se
prestam para os objetivos deste trabalho.

Princípio da Competência na
Administração Financeira
Conforme já afirmado, a alegação de que a Administração Financeira opera
apenas no regime de caixa, em que, de um lado, as receitas se fazem efetivas,
e do outro os pagamentos ou saídas de caixa, não faz sentido. Com este
procedimento, deixa de considerar a expectativa dos recebimentos das receitas
que se sujeitam a lançamentos prévios, mediante o reconhecimento de direitos
sobre valores recebíveis, como os créditos tributários dos quais surge a receita
efetiva tributária e as que se originam de contratos, e do outro, os efeitos dos
créditos pendentes de recebimentos no fluxo de caixa no término do período a
que se refere a demonstração.

Com esta observação, o que se pretende é mostrar que os créditos a receber


devem ser indicados nas demonstrações financeiras Balanço Financeiro e Fluxo
de Caixa por Atividades. Desta forma, preconiza-se a adoção do princípio de
competência na Administração Financeira ou na gestão do fluxo de caixa na
Administração pública.

De qualquer maneira, os procedimentos de Administração Financeira


resultantes da aplicação deste princípio, sem dúvida alguma, serão analisados
com muita atenção, em razão da série de consequências que refletem decisões
que poderão mudar os rumos da vida econômica e financeira do ente federativo.

78
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Em realidade, o que nos impele a adotar o princípio da competência O que nos impele a
para as operações de caráter financeiro que envolvem receitas e adotar o princípio da
despesas governamentais são as determinações contidas nos arts. 39, competência para
as operações de
52, 53, 58 e 60, respectivos parágrafos e incisos, em conjunto com o caráter financeiro
art. 35, I e II, todos da Lei 4.320/64, combinados com as disposições que envolvem
receitas e despesas
contidas no Código Tributário Nacional, na Lei de Licitações e Contratos governamentais são
(Lei n° 8.666/93), no Código Civil e no Código Penal. as determinações
contidas nos arts.
39, 52, 53, 58 e
O reconhecimento das receitas e das despesas governamentais 60, respectivos
com aplicação do princípio da competência se processa conforme se parágrafos e incisos,
em conjunto com o
explicita a seguir: art. 35, I e II, todos
da Lei 4.320/64,
a) Receitas combinados com
as disposições
contidas no Código
De tributos: a Administração Financeira deverá verificar se admitem Tributário Nacional,
na Lei de Licitações
lançamentos diretos de ofício, por homologação ou por declaração e Contratos (Lei
(Conforme o Código Tributário Nacional). n° 8.666/93), no
Código Civil e no
Código Penal.
Os tributos de lançamento direto, por homologação ou por
declaração, podem ter as suas respectivas receitas reconhecidas após o ato
administrativo de constituição do crédito tributário, posto que o direito à percepção
de ditas receitas já está concretizado pela lei que aprova o Código Tributário do
ente federativo.

De contratos: os lançamentos diretos deverão ser feitos a partir das datas


estabelecidas para entregas de serviços e bens diversos contratados.

De transferências constitucionais, a Administração Financeira as considerará


a partir da publicação no Diário Oficial correspondente, identificando de um
lado os créditos líquidos a receber, e do outro, a receita propriamente dita. As
transferências conveniadas e as voluntárias, cujos valores antecipados ou
adiantados somente serão reconhecidos quando a parceira ou a entidade
receptora cumprir a sua parte estabelecida no convênio.

A Dívida Ativa em cobrança judicial do exercício passa a ser registrada no


Ativo Circulante. Receberá a carga dos devedores da Fazenda Pública, inscritos
em créditos líquidos a receber para a cobrança administrativa, quando forem
judicialmente inscritos para aquele tipo de cobrança.

As demais receitas do ente federativo serão reconhecidas na arrecadação ou


segundo a respectiva natureza.

79
Administração Financeira e Matemática Financeira

Para o setor da O setor encarregado do lançamento administrativo direto, por


Administração homologação e/ou por declaração do tributo, informará à Contabilidade
Financeira funcionar
com eficiência é e à Administração Financeira sobre o valor lançado, cujo registro
necessário que se poderá ser feito em uma conta intitulada Créditos Líquidos a Receber/
organize e integre
as suas atividades Devedores Tributários/Impostos, Taxas ou Contribuição de Melhoria/
às do setor de Fulano de Tal.
gestão e controle
das Receitas e às
da Contabilidade, Para o setor da Administração Financeira funcionar com eficiência
a fim de que as é necessário que se organize e integre as suas atividades às do setor
informações sobre
o lançamento de gestão e controle das Receitas e às da Contabilidade, a fim de que
do tributo e do as informações sobre o lançamento do tributo e do reconhecimento
reconhecimento da da receita, por via de consequência, não sejam prejudicadas na
receita, por via de
consequência, não elaboração das demonstrações Balanço Financeiro e Fluxo de Caixa
sejam prejudicadas por Atividades.
na elaboração das
demonstrações
Balanço Financeiro b) Despesa
e Fluxo de Caixa por
Atividades.
A Lei 4.320/64 proíbe a aquisição de Ativos (bens e serviços)
sem o empenho prévio e, consequentemente, o reconhecimento da obrigação
no período não se processa. A despesa, na sua verdadeira acepção técnica,
independentemente de empenho, será reconhecida no período pelo seu fato
gerador, ou seja, pelo consumo efetivo desses ativos (bens e serviços).

No que respeita às subvenções sociais e econômicas, ou ainda às


contribuições e aos auxílios, as despesas somente devem ser reconhecidas
a partir da realização dos respectivos objetos identificada na prestação de
contas obrigatória, a ser apresentada pela entidade beneficiada e/ou
Os adiantamentos receptora.
ou suprimentos
de fundos (caixa)
feitos aos agentes Os adiantamentos ou suprimentos de fundos (caixa) feitos aos
administrativos ou
políticos só devem agentes administrativos ou políticos só devem ser reconhecidos como
ser reconhecidos despesas efetivas após as respectivas comprovações de aplicações
como despesas em prestação de contas na forma da legislação vigente.
efetivas após
as respectivas
comprovações Assim, nos casos precedentes, a Contabilidade da entidade
de aplicações
em prestação de governamental deverá contabilizar os valores dos convênios e
contas na forma da transferências voluntárias recebidos por antecipação como Passivo
legislação vigente. Circulante, e os adiantamentos como Ativo Circulante.

80
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

O Resultado Orçamentário
O Orçamento se estrutura em dois grandes conjuntos: Receita e Despesa, ou
seja, de um lado há uma expectativa de entradas de recursos, que possibilitarão
a formação de lastro financeiro, e do outro, empenhamentos que garantirão
aquisições de bens e serviços a serem utilizados nos vários programas de
trabalho planejados.

O confronto entre esses dois conjuntos pode produzir uma diferença


denominada Resultado Orçamentário previsto, cujo valor não produz qualquer
efeito financeiro, uma vez que o orçamento não está sendo executado. Na
sua execução, entretanto, o confronto entre a Receita Lançada e a Despesa
Empenhada produz uma diferença que se denomina Resultado Orçamentário
Efetivo, que pode interferir no Resultado Financeiro e, portanto, no Patrimônio
Financeiro, bem como nas informações que serão retratadas no Balanço
Financeiro e na Demonstração do Fluxo de Caixa por Atividades.

Tomem-se como exemplo os seguintes totais:

Quadro 6 – Orçamento; Previsão x Realizado


Previsão
Receita 8.050.000
Despesa 8.050.000
Resultado Orçamentário Previsto 0
Resultado Orçamentário Realizado
Receita Lançada 5.500.000
Despesa Empenhada 5.300.000
Resultado Orçamentário do Exercício 200.000
Fonte: O autor.

O Resultado Financeiro
O Resultado Financeiro é consequência da confrontação entre os totais
das receitas lançadas, das receitas efetivas e das despesas empenhadas
processadas e não processadas, quando, então, pode surgir o superávit ou déficit
financeiro. É apurado no subsistema de contabilidade financeira organizado para
gerar informações sobre operações que transitaram pelo Patrimônio Financeiro,
resultantes ou não da execução do orçamento. Ele mede, pois, o impacto dessas
operações no fluxo de caixa e na estrutura daquele patrimônio.

Vejamos os exemplos a seguir, tomando-se os totais:

81
Administração Financeira e Matemática Financeira

Receita Lançada R$ 5.500.000


Despesa Empenhada Processada R$ 4.450.000
Resultado Financeiro Esperado R$ 1.050.000

Receita Arrecadada R$ 5.050.000


Despesa Processada R$ 4.450.000
Resultado Financeiro Efetivo R$ 600.000

Confrontando-se os Resultados Financeiros, Esperado e Efetivo,


encontraremos a diferença de R$ 450.000 que corresponde aos Créditos Líquidos
a Receber. Observe que ainda temos o valor de R$ 850.000 correspondente
às Despesas em Processamento que, possivelmente, exigirá mais recursos
financeiros do Caixa, dependendo, evidentemente, do saldo desta conta com que
o exercício financeiro foi iniciado.

Assim, confrontando-se o saldo de Créditos Líquidos a Receber (R$ 450.000)


com o saldo de Despesas em Processamento (R$ 850.000), que passou para o
período seguinte, fica demonstrada a necessidade de Caixa para cobrir a diferença
desses dois saldos, que demonstra existir um déficit financeiro de R$ 400.000,
desde que, evidentemente, os créditos líquidos a receber sejam cobrados e
recebidos.

Operações que Influenciam o


Resultado Financeiro
Adotado um ou
outro regime e no Adotado um ou outro regime e no sentido de preservar o
sentido de preservar patrimônio, o resultado e o equilíbrio financeiro, algumas regras
o patrimônio, o estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal serão observadas:
resultado e o
equilíbrio financeiro,
algumas regras a) Limitações de Empenhos
estabelecidas
pela Lei de
Responsabilidade O art. 9º da Lei Complementar nº 101/2000 (LRF) dispõe que,
Fiscal serão se verificado ao final de um bimestre que a realização da receita
observadas.
poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário
ou nominal estabelecido no anexo de metas fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 30 dias
subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os
critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.

O dispositivo trata de medidas que devem ser providenciadas por todos os


Poderes constituídos das esferas governamentais, ou seja, a União, o Estado

82
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

membro da federação e o Município, no sentido de proteger as finanças da


entidade, quando se verificar que as metas fiscais estabelecidas nas Diretrizes
Orçamentárias correm o risco de serem prejudicadas nas suas respectivas
realizações. São as seguintes:

• Combate à evasão e à sonegação de tributos e de outras fontes de receitas


de competência do ente federativo;
• Quantidade e valores de ações ajuizadas para a cobrança da dívida ativa;
• Verificação da evolução do montante dos créditos tributários e não tributários
(ver art. 39 da Lei 4.320/64), passíveis de cobrança administrativa.

b) Renúncia de Receita
De acordo com
o art. 14 da Lei
De acordo com o art. 14 da Lei Complementar nº 101/2000, a Complementar
nº 101/2000, a
concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária concessão ou
da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de ampliação de
estimativa do impacto orçamentário e financeiro no exercício em que incentivo ou
benefício de
deva iniciar sua vigência, e, nos dois seguintes, atender ao disposto natureza tributária
na Lei de Diretrizes Orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes da qual decorra
renúncia de receita
condições: deverá estar
acompanhada
• Demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada de estimativa
do impacto
na estimativa da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não orçamentário
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio e financeiro no
exercício em que
da Lei de Diretrizes Orçamentárias. deva iniciar sua
• Estar acompanhada de medidas de compensação, no período vigência, e, nos
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente dois seguintes,
atender ao disposto
da elevação de alíquota, ampliação da base de cálculo, majoração na Lei de Diretrizes
ou criação de tributo ou contribuição. Orçamentárias.

A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,


concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação
de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições,
e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

c) Extinção do Crédito Tributário

De acordo com o art. 156 da Lei Federal nº 5.172/1966, que dispõe sobre
normas gerais de Direito Tributário, extinguem o crédito tributário:

• O pagamento;
• A compensação;
• A transação;

83
Administração Financeira e Matemática Financeira

• A remissão;
• A prescrição e a decadência;
• A conversão de depósito em renda;
• O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do
disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
• A consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
• A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
• A decisão judicial passada em julgado;
• A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas
em lei.

Indicadores Financeiros
Os indicadores financeiros prestam-se às análises e avaliações das
demonstrações contábeis, financeiras e orçamentárias, cujas informações dizem
respeito ao desempenho operacional de uma entidade ou dos gestores públicos,
e são considerados básicos na avaliação da gestão por parte dos órgãos de
controle público.

a) Resultado Primário

O Resultado O Resultado Primário é parâmetro para medir a capacidade


Primário é
parâmetro para da entidade de pagar as suas obrigações de curto e longo prazos,
medir a capacidade assumidas com o fim de financiar as suas atividades. Este resultado é
da entidade de apurado no subsistema financeiro.
pagar as suas
obrigações de
curto e longo Ele é calculado tomando-se, primeiramente, as chamadas receitas
prazos, assumidas
com o fim de oriundas das atividades próprias, as quais podemos denominar de
financiar as suas Receitas Operacionais, tais como: Receita Tributária + Receitas de
atividades. Este Serviços + Receitas Industriais + Receitas de Contribuições + Receita
resultado é apurado
no subsistema Patrimonial + Receitas de Transferências + Receitas Diversas. Entre as
financeiro. Receitas de Transferências incluem-se as Receitas de Transferências
de Capital.

Da Receita de Contribuições exclui-se a Receita de Previdência, e da Receita


Patrimonial excluem-se as receitas oriundas de juros de aplicações financeiras e
de alienações de bens. Tem-se, então, Receita Operacional Total.

Em seguida, tomam-se as Despesas Correntes, das quais excluem-se


aquelas referentes aos juros pagos em que se encontram as Despesas Correntes
Líquidas.

84
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Por fim, o Resultado Primário é formado pela subtração do total da Receita


Operacional Total o total das Despesas Correntes Líquidas, ou seja: Resultado
Primário = Receita Operacional menos Total Despesas Correntes Líquidas (REIS,
2012, p. 47).

1 - Receitas Operacionais Líquidas


Receita Tributária
Receitas de Serviços
Receitas Industriais
Receitas de Contribuições
Receita Patrimonial
Receitas de Transferências
Receitas Diversas
Soma

Menos
2 - Despesas Operacionais Líquidas
Despesas Correntes
- Despesas de Custeio
- menos Juros
- Transferências Correntes
Soma
Diferença (1 – 2)

Esclareça-se que as despesas que se consideram no cálculo do


As despesas que
Resultado Primário são as chamadas despesas processadas ou prontas se consideram no
para pagamento. cálculo do Resultado
Primário são as
chamadas despesas
b) Receita Corrente Líquida processadas
ou prontas para
pagamento.
A Receita Corrente Líquida é apurada de acordo com o disposto
no art. 2º, IV, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000). Toma-se o
somatório das receitas classificáveis como Receitas Correntes, subtraindo-se
deste total os valores estabelecidos em a, b e c, do inciso mencionado,
O Resultado
observando-se, contudo, as disposições contidas nos parágrafos 1º, 2º Nominal é uma
e 3º do artigo acima mencionado. medida da
capacidade de
assumir novas
c) Resultado Nominal obrigações a longo
prazo, geralmente
classificadas
O Resultado Nominal é uma medida da capacidade de assumir no Passivo Não
novas obrigações a longo prazo, geralmente classificadas no Passivo Circulante, como
Não Circulante, como Dívida Fundada, Dívida Consolidada ou Dívida Dívida Fundada,
Dívida Consolidada
Mobiliária. ou Dívida Mobiliária.

85
Administração Financeira e Matemática Financeira

É calculado a partir da seguinte fórmula:

• Ativo Circulante

Caixa Geral + (Caixas Vinculados - Caixa Depósito de Diversas Origens) =


Caixa Líquido

(Caixa Líquido + Receites de Privatizações) menos (Restos a Pagar +


Serviços da Dívida a Pagar + ARO) = Ativo Circulante Líquido

• Passivo Não Circulante

Dívida Consolidada = Soma de todas as dívidas assumidas e inscritas no


Passivo Não Circulante.

• Resultado Nominal = Ativo Circulante Líquido menos Dívida Consolidada

Se, porventura, a Dívida Consolidada é maior que o Ativo Circulante Líquido,


evidentemente o Resultado Nominal é negativo e, neste caso, fica demonstrada a
incapacidade da entidade de assumir novas dívidas a longo prazo.

Esclareça-se que o Restos a Pagar é composto apenas das despesas


efetivamente empenhadas e processadas. Este resultado é apurado no
subsistema patrimonial, conjugado com o subsistema financeiro (REIS, 2012, p.
48).

Análises Vertical e Horizontal das


Receitas e Despesas Governamentais
Receitas e Receitas e Despesas Governamentais podem ser analisadas nas
Despesas
Governamentais formas vertical e horizontal, cujo sentido é de verificar e interpretar o
podem ser desempenho ou o comportamento da administração na gestão desses
analisadas nas valores.
formas vertical e
horizontal, cujo
sentido é de verificar a) Receitas
e interpretar o
desempenho ou
o comportamento No sentido vertical, a análise verifica e interpreta a relação de uma
da administração espécie da receita e da despesa em relação ao total ou ao conjunto de
na gestão desses
valores. um ou mais períodos determinados.

86
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Quadro 7 – Análise Vertical


Exercícios X0 X1
Receitas $ % $ %
Receita Tributária 101.000 20,20 50.000 20,27
Receita de Contribuições 800 0,16 3.000 0,41
Receita de Agropecuária 1.200 2,24 15.000 2,03
Receita de Serviços 8.000 1,60 12.000 1,62
Receita Industrial 10.000 2,00 25.000 3,38
Receita Patrimonial 4.000 0,80 10.000 1,35
Receitas de Transferências 350.000 70,00 500.000 67,57
Receitas Diversas 15.000 3,00 25.000 3,38
Soma 500.000 100,00 740.000 100,00
Fonte: O autor.

No sentido horizontal podemos ter vários períodos e, destes, escolher o


primeiro e fixá-lo para apurar as variações em torno deste período, a fim de se
avaliar a evolução desses valores no tempo.

Existem outras modalidades de análises, mediante as quais procura-se


interpretar os efeitos das decisões sob os enfoques econômico, financeiro, social,
patrimonial etc.

Atividades de Estudos:

1) De acordo com os estudos feitos neste capítulo, expresse o


seu entendimento sobre o Patrimônio Financeiro e sobre as
demonstrações financeiras Balanço Financeiro e Fluxo de Caixa
por Atividades.
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________

87
Administração Financeira e Matemática Financeira

2) Como se processa a utilização do princípio da competência pela


Administração Financeira?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________

b) Despesa

A despesa também poderá ser analisada nos sentidos vertical e horizontal


com os mesmos objetivos, tendo como base uma série histórica, tal qual se
exemplificou com as receitas.

c) Outras formas

Uma forma de se avaliar a eficiência da administração, e também quanto aos


resultados, é agrupar as atividades da organização, tal como se indica:

• Atividades geradoras de receitas sem vínculos com despesas, tais como os


impostos e as transferências constitucionais.
• Atividades que geram somente despesas, que se correlacionam com os
respectivos produtos, tais como a segurança pública, cujas atividades são
geradoras apenas de despesas, mas que se correlacionam com os produtos
esperados.
• Atividades que geram receitas, despesas e produtos, em que se espera
um certo correlacionamento entre esses valores. Em realidade, as receitas
são consideradas variáveis dependentes, as despesas e os produtos como
variáveis independentes.

Estas formas de avaliar a eficiência do desempenho da organização são


difíceis de desenvolver, pois há que se estudar de forma aprofundada as atividades
da organização e identificar as possíveis correlações da receita com a despesa.

88
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Prestação de Contas A prestação de


contas é um ato
praticado por
pessoa física, e
A prestação de contas é um ato praticado por pessoa física, por pessoa jurídica
e por pessoa jurídica pública ou privada com ou sem fins lucrativos, pública ou privada
que tenha sob a sua responsabilidade valores de qualquer espécie, com ou sem fins
lucrativos, que
representados por bens e/ou dinheiros, de propriedade de entidade tenha sob a sua
governamental, os quais são empregados nas suas atividades, tendo responsabilidade
valores de
em vista a concretização de um objetivo. qualquer espécie,
representados por
A Constituição da República, no seu art. 70, assim dispõe (BRASIL, bens e/ou dinheiros,
de propriedade
1988): de entidade
governamental,
Art. 70 – A fiscalização contábil, financeira, os quais são
orçamentária, operacional e patrimonial da União empregados nas
e das entidades da administração direta e indireta, suas atividades,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, tendo em vista a
concretização de um
aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
objetivo.
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.
Parágrafo Único – Prestará contas qualquer pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

Evidentemente, o simples fato de apresentar a sua prestação de O simples fato de


contas não significa que a pessoa estará isenta da fiscalização do ente apresentar a sua
prestação de contas
governamental, cujo objetivo é o de verificar e constatar o cumprimento não significa que a
daquilo que foi a razão da entrega e do recebimento do valor pelo qual pessoa estará isenta
da fiscalização do
se responsabilizou. ente governamental,
cujo objetivo é o de
Daí a necessidade de a pessoa, física ou jurídica, receptora de verificar e constatar
o cumprimento
valores do ente federativo ou de entidade pública descentralizada daquilo que foi a
para serem aplicados nas suas atividades para cumprir com objetivos razão da entrega e
do recebimento do
previamente delineados, observar a regra do artigo 83 da Lei 4.320/64, valor pelo qual se
bem como o artigo 74 e incisos da Constituição Federal. responsabilizou.

a) Fiscalização

A submissão à fiscalização decorre de mandamento da própria Constituição


Federal, conforme se constata no seu artigo 74, II, que dispõe que compete
ao sistema de controle interno, mantido pelo Poder concedente, comprovar
a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e eficiência da gestão

89
Administração Financeira e Matemática Financeira

orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração,


bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado
(REIS, 2012).

A fiscalização, de que trata o dispositivo constitucional, é de várias naturezas


e significados, quais sejam:

• Contábil: de verificar os registros das operações realizadas de acordo com


as normas da legislação pertinente, o que inclui a observância aos princípios
de contabilidade.
• Financeira: de verificar os efeitos das transações sobre o fluxo de caixa da
entidade receptora dos valores pertencentes ao ente federativo.
• Orçamentária: de verificar se a operação realizada tinha adequação
orçamentária, e tenha observado as regras impostas pela legislação para a
execução, tanto da receita, quanto da despesa.
• Patrimonial: de verificar os efeitos da operação realizada na estrutura
econômico-financeira do patrimônio da entidade governamental e das
entidades receptoras dos valores que lhes foram entregues pelo ente
federativo ou pela entidade pública descentralizada.
• Operacional: de verificar a concretização das metas e do objetivo
previamente determinados, tendo em vista a execução das ações planejadas
e programadas.

É importante assinalar que a fiscalização, independentemente da


É importante
assinalar que sua natureza e significado, levará em conta os aspectos da legalidade
a fiscalização, e da legitimidade, bem como os conceitos de caráter gerencial, tais
independentemente
da sua natureza como a economicidade, a eficiência e a eficácia.
e significado,
levará em conta Em relação ao controle externo, cabe ao Poder Legislativo, com
os aspectos da
legalidade e da o auxílio do Tribunal de Contas, julgar as contas dos administradores
legitimidade, bem e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
como os conceitos
de caráter gerencial, administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
tais como a instituídas e mantidas pelo Poder Público, e as contas daqueles que
economicidade, derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
a eficiência e a
eficácia. prejuízo ao erário público, conforme explicitado no art. 71, II, da
Constituição da República.

b) Conceito de Prestação de Contas

Preliminarmente se destaca o conceito de prestação de contas nestes


fundamentos, tal como se descreve a seguir.

90
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

Prestação de Contas deve ser entendida como um ato voluntário do Prestação de


agente da administração, responsável por bens e valores pertencentes Contas deve ser
entendida como
ou confiados à Fazenda Pública. Segundo Piscitelli et al. (1995, p. 321): um ato voluntário
do agente da
Entende-se como agente responsável toda pessoa administração,
física que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou responsável por
administre dinheiros, bens e valores públicos da bens e valores
pertencentes ou
União e das entidades da administração indireta
confiados à Fazenda
ou pelos quais estas respondam, ou que, em nome Pública.
destas, assuma obrigação de natureza pecuniária e,
ainda, o gestor de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, Distrito Federal, a Município, a entidades
públicas ou organizações particulares.

Não é outra a determinação da Constituição da República, que se verifica por


intermédio do parágrafo único do seu art. 70, já exposto.

Sobressai-se aqui, pois, o conceito de Contas de Gestão, que reflete a


responsabilidade individualizada do agente da administração pública, político ou
administrativo.

Para a geração de informações úteis e confiáveis sobre a gestão de recursos


do Patrimônio da Entidade Governamental, qualquer que ela seja, e que estão
sob a responsabilidade de agentes da Administração Pública, a administração
organizará o seu sistema de contabilidade de tal forma que as responsabilidades
dos gestores sejam evidenciadas, conforme determinado no art. 83, da Lei
nº 4.320/64, a seguir transcrito: “Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a
Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem
receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou
confiados” (BRASIL, 1964).

Mais adiante, a lei dispõe sobre outra forma de gestão de recursos financeiros
que são colocados à disposição de um agente público, que pode ser administrativo,
para o fim especial de efetuar pagamentos em nome da administração pública, tal
como se verifica pelo art. 68, da já referida Lei nº 4.320/64, como se transcreve
a seguir: “Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas
expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor,
sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar despesas
que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação” (BRASIL, 1964).

Observe que são várias as formas de gestão administrativa e financeira


de recursos públicos utilizadas pela administração, as quais têm à frente o
gestor designado por ato governamental para assumir a responsabilidade.
Essa responsabilidade é assumida por delegação de competência, quando for

91
Administração Financeira e Matemática Financeira

Cada agente, de interesse do gestor principal. Quer dizer, cada agente, político
político ou ou administrativo, pode assumir obrigações em nome da entidade
administrativo,
pode assumir governamental, desde que legalmente habilitado, conforme já
obrigações em mencionado. Podemos citar como exemplo os seguintes:
nome da entidade
governamental,
desde que • O almoxarife, que gerencia o setor denominado almoxarifado;
legalmente • O tesoureiro, que tem sob a sua responsabilidade a gestão da
habilitado, conforme
já mencionado. tesouraria;
• O agente administrativo designado para ser portador de um
adiantamento ou suprimento de fundo;
• O agente designado para ser o gestor de um fundo especial.

Cada um desses agentes deverá apresentar a sua prestação de contas


acompanhada do respectivo relatório de gestão.

Entretanto, esclareça-se que essa descentralização não é obrigatória. Ela


ocorre naturalmente, ou seja, à medida que as necessidades da administração se
apresentem em decorrência do aumento das demandas, é feita aquela delegação
de competência, habilitando legalmente cada um dos auxiliares designados para
assumir, no âmbito da organização, obrigações com terceiros, a partir do momento
em que inicia a execução dos programas de trabalho do órgão. Este é o sentido
do art. 58, da Lei nº 4.320/64, que assim dispõe: “Art. 58. Empenho de despesa
é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de
pagamento pendente ou não do implemento de condição” (BRASIL, 1964).

Assim, autoridade competente é o agente investido legalmente da


competência para assumir em nome da Entidade governamental direitos ou
obrigações. Ora, só pode ser autoridade competente, inicialmente, por exemplo,
no âmbito da administração municipal, o prefeito que, por investidura, mediante
eleição, detém o poder de decidir e, posteriormente, aquele a quem ele delega
competência. O mesmo acontece com o Presidente do Poder Legislativo Municipal
ou do Poder Legislativo de outra esfera governamental.

A esse respeito, uma das regras estabelecidas pela Lei nº 4.320/64 para o
reconhecimento das obrigações no exercício assim dispõe: “Art. 35. Pertencem
ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; e II - as despesas nele
legalmente empenhadas”.

Observe que o dispositivo impõe uma restrição para o reconhecimento


da obrigação no período: que ela seja legalmente empenhada. E o que esta
expressão quer dizer? Dentre outras coisas, que toda e qualquer obrigação só
pode ser reconhecida como tal se assumida por agente legalmente habilitado. E
já sabemos o que significa agente legalmente habilitado.

92
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

A Lei nº 4.320/64, já mencionada, não obriga a descentralização administrativa


ou financeira pelo simples fato de determinar a elaboração do orçamento e a
programação da despesa pelos órgãos que constituem a estrutura administrativa
da entidade. Ela o faz apenas no sentido de informar o volume de recursos que o
órgão possui e utilizará na execução dos programas de trabalho a seu cargo, e,
desta maneira, permitir a apuração dos custos respectivos.

Por outro lado, a Constituição da República inovou, principalmente no que


respeita à função controle, conforme se verifica no seu art. 74, incisos e parágrafos
respectivos. Neste dispositivo, a função Controle Interno, que antes estava sob a
responsabilidade exclusiva do Poder Executivo, como determinado no A Constituição da
art. 76, da Lei nº 4.320/64, foi repartida pelos Poderes que constituem os República inovou,
principalmente
governos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no que respeita à
quando então nasce o conceito de Contas de Governo. função controle,
conforme se verifica
no seu art. 74,
A Constituição da República deu, pois, ênfase ao controle interno incisos e parágrafos
nas entidades governamentais, determinando-lhes a sua organização, respectivos. Neste
dispositivo, a
no âmbito de cada Poder, a fim de preservar a integridade das função Controle
respectivas parcelas patrimoniais sob a responsabilidade desse mesmo Interno, que antes
estava sob a
Poder. responsabilidade
exclusiva do Poder
Por aquele dispositivo constitucional, cada Poder fica obrigado Executivo, como
determinado no
a organizar e manter o seu próprio sistema de controle interno, em art. 76, da Lei
razão de responsabilidade mantida na gestão da parcela patrimonial nº 4.320/64, foi
repartida pelos
que lhe cabe. Desta forma, cada Poder (no âmbito do Município, Poderes que
Poder Executivo e Poder Legislativo) deverá elaborar as suas próprias constituem os
demonstrações contábeis e financeiras e relatório de gestão, a fim de governos da União,
dos Estados, do
revelar como foi gerida a parcela patrimonial que lhe cabe (REIS, 1992). Distrito Federal e
dos Municípios,
quando então
Muitas dúvidas têm surgido com relação à linguagem adotada no nasce o conceito de
art. 74 mencionado, principalmente no que se refere à expressão "[...] Contas de Governo.
de forma integrada, sistema de controle interno [...]" (REIS, 1992, p.
20), posto que, em realidade, a maioria das entidades governamentais não tem
cumprido a determinação constitucional.

A obrigatoriedade de se manter um sistema de controle interno não é mais


somente do Poder Executivo. A Constituição de 1988 a estende também aos
Poderes Legislativo e Judiciário, conforme o disposto no artigo 74.

Além do seu próprio sistema de controle interno, os Poderes manterão de


forma integrada um outro sistema de controle interno, o que resultará na existência
de três níveis de controle: o externo executado pelo Poder Legislativo com o
auxílio do Tribunal de Contas; o interno no âmbito de cada Poder, e o interno

93
Administração Financeira e Matemática Financeira

Além do seu integrado, mantido em conjunto pelos Poderes.


próprio sistema de
controle interno, os
Poderes manterão Como se vê, o sistema de informação contábil (orçamentária,
de forma integrada financeira, patrimonial e gerencial) deverá ser estruturado de tal
um outro sistema
de controle interno, maneira que possibilite a visualização das contas de cada Poder,
o que resultará na melhor dizendo, cada Poder terá o seu próprio sistema de informação
existência de três contábil, mediante o qual serão elaborados demonstrações contábeis
níveis de controle: o
externo executado e relatórios específicos, que possibilitarão a visualização da gestão
pelo Poder daquelas parcelas patrimoniais, e, consequentemente, nas respectivas
Legislativo com o
auxílio do Tribunal prestações de contas.
de Contas; o interno
no âmbito de cada Cabe aqui, entretanto, o alerta de que, antes da elaboração das
Poder, e o interno
integrado, mantido demonstrações contábeis finais de cada Poder, é necessário o preparo
em conjunto pelos das demonstrações contábeis das gestões individualizadas e as
Poderes.
respectivas combinações com o restante da Contabilidade do Poder,
para o levantamento do balanço e relatório finais.

A prestação de contas não é responsabilidade exclusiva dos agentes


gestores responsáveis pela custódia de bens e valores pertencentes ou confiados
à Fazenda Pública e às unidades políticas integrantes das esferas
A prestação de de governo, tais como os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
contas não é mas se estende às unidades da Federação, ou seja, a União, os
responsabilidade
exclusiva dos Estados, os Municípios, o Distrito Federal e aos respectivos órgãos
agentes gestores da administração descentralizada, as autarquias, as fundações, as
responsáveis empresas públicas e as sociedades de economia mista.
pela custódia de
bens e valores
pertencentes ou A administração da entidade central, desde que as necessidades
confiados à Fazenda
Pública e às coletivas exijam a sua presença mais próxima à população,
unidades políticas descentraliza certos programas de trabalho, no sentido de agilizar a
integrantes das execução respectiva, entregando-os à responsabilidade de órgãos
esferas de governo,
tais como os tais como autarquias, fundações, sociedades de economia mista
Poderes Executivo, e empresas públicas, denominadas de órgãos da administração
Legislativo e
Judiciário, mas se descentralizada. Observe que cada uma destas entidades possui
estende às unidades personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira.
da Federação,
ou seja, a União,
os Estados, os Cada uma dessas entidades, a central e as descentralizadas,
Municípios, o Distrito está obrigada pela lei a levantar os seus balanços respectivos,
Federal e aos
respectivos órgãos acompanhados dos relatórios de gestão.
da administração Assim, pode-se afirmar que as contas da entidade classificam-se
descentralizada, em:
as autarquias,
as fundações, as
empresas públicas • Contas da entidade central;
e as sociedades de
economia mista. • Contas das entidades descentralizadas;

94
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

• Contas de entidade econômica, que se identificam através do balanço geral


consolidado.

Aqui chega-se a dois conceitos, o das contas da entidade (da entidade central
e de cada entidade descentralizada), ou seja, da entidade jurídica, conforme
preceituam os arts. 1º, 83 a 106, 109 e 110, incisos e parágrafos respectivos,
todos da Lei nº 4.320/64, e o das contas da entidade econômica.

Assim, contas da entidade são as que, observando as regras que lhes


pertinem e os princípios de contabilidade, dentre os quais o da entidade, refletem,
individualmente, a totalidade do seu patrimônio, ativos e passivos assumidos,
indicando ou revelando como o mesmo foi gerido no período a que se Contas da
refere o resultado apurado. Enquanto as contas da entidade econômica entidade são as
que, observando
se refletem pela consolidação dos balanços da entidade central com as regras que
os das entidades descentralizadas, e assim elabora-se o balanço lhes pertinem e
os princípios de
geral consolidado. Este balanço consolidado decorre das disposições contabilidade,
contidas no parágrafo único do art. 110 e no art. 111, todos da Lei nº dentre os quais o da
4.320/64. entidade, refletem,
individualmente, a
totalidade do seu
Para chegar-se às contas definitivas da entidade há que se patrimônio, ativos e
passivos assumidos,
transpor algumas fases, tais como: indicando ou
revelando como o
• No âmbito de cada Poder, a unificação das contas de gestão dos mesmo foi gerido
no período a que se
Fundos Especiais com os restantes das contas que evidenciam a refere o resultado
gestão pela Unidade de Tesouraria; apurado.
• Integração das contas dos Poderes, para levantar-se o balanço
geral da entidade central. Neste ponto chegamos ao conceito de controle
interno integrado, conforme disposto no já mencionado art. 74, parágrafos e
incisos da Constituição da República.

c) Periodicidade da prestação de contas

Como já exposto, a prestação de contas é feita e apresentada pelos agentes


da Administração, conforme determinado no parágrafo único do art. 70 da
Constituição da República.
A prestação de
contas é feita
Conforme a sua periodicidade, a prestação de contas é elaborada: e apresentada
pelos agentes da
Administração,
• Por encerramento de gestão, que pode ser em qualquer momento conforme
do exercício, em razão de substituições; a prestação de contas determinado no
parágrafo único
é adstrita à movimentação de valores ou à realização de ações do art. 70 da
pertinentes ao setor gerido. Por exemplo, o Almoxarifado. Constituição da
República.

95
Administração Financeira e Matemática Financeira

• Por encerramento do exercício - como decorrência da aplicação da regra


contida no art. 34 da Lei 4.320, de 17 de março de 1964, a prestação de
contas é feita apenas para dar uma satisfação sobre os resultados obtidos
no exercício, que coincide com o ano civil, que vai de 1º de janeiro a 31
de dezembro. Geralmente é feito pelo gestor principal da Administração da
entidade, no caso o Município, ou seja, pelo Chefe do Poder Executivo, o
Prefeito, e pelo Chefe do Poder Legislativo. De uma forma global, a prestação
de contas é elaborada pela entidade governamental tal como o Município,
a autarquia, a Fundação, a Empresa Pública e a Sociedade de Economia
Mista.

• Por encerramento de mandato - a prestação de contas tem o significado


de apresentar ao sucessor a real situação econômica, financeira, social,
administrativa e jurídica da entidade, a fim de que este possa iniciar a sua
gestão a partir de medidas que devem ser providenciadas para solucionar
questões demandadas pela população e por aqueles com os quais a entidade
tem relações de caráter jurídico, econômico e financeiro.

Dentre as questões que poderão estar presentes na prestação de contas


de encerramento de mandato, destaca-se a que se relaciona à compatibilização
do volume de obrigações assumidas e transferidas para o sucessor com as
disponibilidades de caixa do Município, conforme se verifica da interpretação do
art. 42 e seu parágrafo único da Lei Complementar nº 101/2000 – LRF, para a
qual buscará medidas de solução adequadas à situação encontrada.

d) A composição da prestação de contas

• Relatório de gestão

A prestação de contas, independentemente do motivo, pode ser assim


composta:

I - Relatório de gestão, cujo significado é o de apresentar de forma descritiva


as ações desenvolvidas e os resultados obtidos, bem como as medidas que se
fizeram necessárias para solucionar problemas que se apresentaram durante o
período de gestão.

Quando por fim de mandato, o relatório de gestão é elaborado por área de


atuação do Governo. Exemplos:
• Educação, descrever as ações desenvolvidas para a obtenção dos resultados
nesta área, em relação às metas e ao objetivo pretendido.
• Saúde, descrever as ações desenvolvidas para a obtenção dos resultados
nesta área, em relação às metas e ao objetivo pretendido. E, assim,

96
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

sucessivamente.

II – Relatórios contábeis e financeiros

É o conjunto de demonstrações contábeis exigidas pela legislação pertinente,


as quais devem ser preparadas pelo setor da contabilidade, quais sejam:

• Balanço Patrimonial.
• Demonstração das Variações Patrimoniais.
• Balanço Financeiro.
• Demonstração dos Fluxos de Caixa.
• Balanço Orçamentário.
• Relatório Resumido da Execução Orçamentária.
• Relatório de Gestão Fiscal.

III – Demonstrações Contábeis e Financeiras das entidades


descentralizadas

• Autarquias.
• Fundações.
• Empresas Públicas.
• Sociedades de Economia Mista.

IV – Demonstração de Balanço Consolidado

• Demonstrações da entidade central com as das autarquias e fundações.


• Demonstrações de empresas públicas.
• Demonstrações de sociedades de economia mista.

A prestação de contas é encaminhada ao Tribunal de Contas do


Estado ou do Município para verificações e emissão do parecer que De acordo com
será submetido ao Poder Legislativo, de acordo com determinações as normas
constitucionais, o
contidas na Constituição Federal. controle externo é
função do Poder
Legislativo, que
e) O papel do Tribunal de Contas o exerce com o
auxílio do Tribunal
De acordo com as normas constitucionais, o controle externo é de Contas tanto
da União, quanto
função do Poder Legislativo, que o exerce com o auxílio do Tribunal os dos Estados,
de Contas tanto da União, quanto os dos Estados, cujas atividades cujas atividades
são delineadas
são delineadas na Constituição da República e nas Constituições dos na Constituição
Estados, respectivamente. da República e
nas Constituições
dos Estados,
O Poder Legislativo municipal, por exemplo, é auxiliado pelo respectivamente.

97
Administração Financeira e Matemática Financeira

Tribunal de Contas do Estado em que se localiza o Município. Esse Tribunal


de Contas organiza o setor que se destina a examinar as contas municipais e
as do Estado. Neste caso, são exceções os Municípios de São Paulo e do Rio
de Janeiro, que, em razão das respectivas populações, possuem o seu próprio
Tribunal de Contas.

Aos Tribunais de Contas cabem, dentre outras, as seguintes atribuições:

• Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos das unidades dos Poderes públicos constituídos, e
bem assim, das entidades da administração indireta, incluídas as fundações
e empresas, instituídas, organizadas e mantidas pelos respectivos Poderes,
os fundos e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte dano ao erário.
• Exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial das unidades dos Poderes do ente federado, e das demais
entidades referidas anteriormente.
• Apreciar as contas anuais do Chefe do Executivo e exarar o respectivo
Parecer para ser apresentado e discutido no âmbito do Poder Legislativo.

Atividades de Estudos:

1) Atendendo à legislação vigente, de que forma deve ser feita a


prestação de contas de uma entidade jurídica de direito público
interno?
___________________________________________________
___________________________________________________
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__________________________________________________
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___________________________________________________
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98
Capítulo 4 O Patrimônio Financeiro

2) Informe a importância da avaliação da despesa governamental


por atividades.
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___________________________________________________
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__________________________________________________
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__________________________________________________

Algumas Considerações
Como vimos, o Patrimônio Financeiro é a parte do Balanço Patrimonial
que nos oferece uma visão da situação financeira de curto prazo de qualquer
ente federado, pois dele obtemos informações sobre o movimento de caixa,
constantes do Balanço Financeiro e também da Demonstração do Fluxo de Caixa
por atividades, além de oferecer informações sobre a existência de superávit
financeiro para a abertura de créditos adicionais, conforme as disposições do art.
43, §§ da Lei nº 4.320/64.

Referências
BRASIL. Lei Federal nº 5.172/66. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>.
Acesso em: 12 abr. 2017.

______. Lei Federal nº 8.666/93. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da


Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil 03/leis/ 2002/L10406.htm>.
Acesso em: 12 abr. 2017.

99
Administração Financeira e Matemática Financeira

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código
Penal. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

______. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988


(atualizada até a EC n° 95, de 15/12/2016 - DOU 16/12/2016). Disponível em:
<http://www.trtsp.jus.br/legislacao/constituicao-federal-emendas>. Acesso em: 12
abr. 2017.

______. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/
Lcp101.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017.

PISCITELLI, Roberto Bocaccio et al. Contabilidade pública. 4. ed. São Paulo:


Atlas, 1995. p. 321.

REIS, Heraldo da Costa. Áreas e centros de responsabilidade no controle interno


das entidades governamentais. In: Revista de Administração Municipal, Rio de
Janeiro: IBAM, v. 39, n. 205, p. 19-35, out./dez. 1992.

REIS, Heraldo da Costa. Planejamento governamental e controle. Indaial:


Uniasselvi, 2012. p. 47.

100
C APÍTULO 5
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Simples e Juros Compostos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

Compreender que o valor do dinheiro no tempo obedece a dois regimes distintos



de cálculo. O primeiro é chamado “regime de juros simples” e o segundo é
chamado “regime de juros compostos”.

Elaborar cálculos relativos às operações que envolvem o conhecimento do



valor do dinheiro no tempo.

Nelson Chalfun Homsy


Administração Financeira e Matemática Financeira

102
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Contextualização
Você há de concordar que R$ 100,00 a serem recebidos depois de um
ano valem menos do que os mesmos R$ 100,00 hoje. Uma razão é que o
dinheiro devido no futuro ou depositado em um prazo fixo não pode ser gasto
imediatamente. Espera-se, portanto, ser compensado pelo adiamento do
consumo.

Uma outra razão é que, além disso, os preços podem aumentar e os R$


100,00 não terão o mesmo poder aquisitivo que teriam hoje.

Finalmente, há sempre um risco, mesmo insignificante, de que o dinheiro


nunca será recebido.

Assim, a maneira pela qual o dinheiro muda seu valor no tempo é uma
questão de importância fundamental nas finanças. Com isso, devemos nos
preocupar principalmente com duas questões:

- Qual é o valor futuro de uma quantia investida ou emprestada hoje?


- Qual o valor presente de uma quantia a ser paga ou recebida em certo
momento no futuro?

As respostas dependem de vários fatores, que serão discutidos no presente


capítulo. Este tópico é muitas vezes referido como o valor do dinheiro no tempo. E
o valor do dinheiro no tempo pode ser calculado de acordo com dois regimes de
cálculo: o regime de juros simples e o regime de juros compostos.

Regime de Juros Simples


No regime de juros simples, o valor do juro é calculado a cada período sobre
o valor aplicado, é considerado como recebido (sacado).

Observe a seguinte situação na prática:

João fez uma aplicação de $ 1.000,00 pelo prazo de cinco anos, à taxa de
juro de 10% a.a., no regime de juros simples.

Observe a descrição do processo que ocorre quanto ao cálculo de juro e ao


valor do resgate final.

103
Administração Financeira e Matemática Financeira

Ao final de cada ano, João receberá os juros calculados sobre a quantia


aplicada ($ 1.000,00). Ao final desse prazo, João resgatará a quantia aplicada ($
1.000,00).

Vejamos o que ocorre durante cada um dos cinco períodos e ao final do


prazo de cinco anos.

1. Obtém $ 100,00 de juros (10% de $ 1.000) ao final do primeiro ano. João


recebe os $ 100,00.
2. Os $ 1.000,00 são reaplicados, obtendo novamente $ 100,00 de juros ao final
do segundo ano. Recebe os $ 100,00.
3. Os $ 1.000,00 são reaplicados, obtendo novamente $ 100,00 de juros ao final
do terceiro ano. Recebe os $ 100,00.
4. Idem para o quarto ano.
5. Os $ 1.000,00 são reaplicados, obtendo novamente $ 100,00 de juros ao
final do quinto e último ano. Recebe os $ 100,00 e resgata os $ 1.000,00
originalmente aplicados.

Conclusão: João aplicou $ 1.000,00, recebeu de juros $ 100,00 (10%


x 1.000,00) ao final de cada ano. Ao longo desses cinco anos João obteve de
rendimento $ 500,00 (5 x $ 100,00). No final da aplicação João resgatou os $
1.000,00. Conclusão: o valor final da sua aplicação foi de $ 1.500,00 ($ 500, isto é,
os juros + $ 1.000,00, isto é, o resgate da aplicação original).

Portanto, para calcular o valor dos juros de uma aplicação no regime de juros
simples multiplica-se o valor da aplicação original pela taxa de juros e pelo número
de vezes de incidência da taxa de juros. O valor final é obtido somando-se o valor
originalmente aplicado com o valor total dos juros recebidos.

A representação do cálculo das variáveis no processo de juros simples por


meio de fórmulas é a seguinte:

Dados:

• VF (Valor Futuro ou Montante).


• VP é o Valor Presente ou Principal.
• i é a taxa de juro expressa em percentagem.
• n é o prazo da aplicação.
• p é o número de períodos de cálculo de juros.
• i/p é a taxa proporcional. Se a expressão da taxa (a.a., a.m. etc.) coincide
com o período de cálculo de juros (a.a., a.m. etc.) o valor de “p” é igual a 1.

104
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Então:

Montante ou Valor Futuro de uma soma


VF = VP x (1 + i x n/p)

Valor Presente, ou Valor Atual ou Valor Descontado de uma quantia


VP = VF/ (1 + i x n/p), onde:

Valor do Juro
J = VF - VP

Valor da Taxa de juro


Taxa de juro = (VF/ VP) -1

Valor do Prazo
Prazo = N = ((VF/VP)-1)/i

Atividades de Estudos:

1) Em quantos meses um capital aplicado à taxa nominal de juros


de 4% a.m., no regime de juros simples, triplica de valor?
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2) Uma loja quer anunciar que está cobrando juros de 2% a.m.,


quando na realidade cobra 6% a.m. Para parecer que está
cobrando 2% a.m., pretende aumentar o preço de venda à vista.
Se vender em 12 prestações mensais, com a primeira de entrada,
em que percentual precisa aumentar seu preço à vista?
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105
Administração Financeira e Matemática Financeira

Regime de Juros Compostos


No regime de juros compostos os juros vão sendo incorporados ao saldo
da aplicação existente em cada período. No regime de juros compostos não há
o recebimento (saques) dos juros que são calculados sobre o valor originalmente
aplicado, como acontece no regime de juros simples.

Observe a seguinte situação na prática:

João fez uma aplicação de $ 1.000,00 pelo prazo de cinco anos, à taxa de
juro de 10% a.a. sob o regime de juros compostos.

Observe a descrição do processo que ocorre quanto ao cálculo de juros e ao


valor do resgate final.

Ao final de cada ano, João não receberá os juros calculados sobre a quantia
aplicada. Ao final do prazo de cinco anos, João resgatará a quantia aplicada,
acrescida dos juros calculados sobre os saldos existentes ao final de cada período.

Vejamos o que ocorre durante esses cinco anos, período em que João não
irá sacar (receber) os juros. Os juros serão incorporados ao saldo da aplicação
existente em cada período.

1. O saldo aplicado ao início do primeiro ano é de $ 1.000,00. Ao final do


primeiro ano, João incorpora $ 100,00 (10% de $ 1.000) ao valor inicial da
aplicação de $ 1.000,00, passando o seu saldo aplicado para $ 1.000,00 + $
100,00 = $ 1.100,00, pois os juros não foram sacados, foram incorporados ao
saldo inicial, que era de $ 1.000,00.

2. O saldo aplicado ao início do segundo ano é $ 1.100,00, valor que veio


transferido do final do primeiro ano. Ao final do segundo ano, João passa a
ter $ 1.100,00 + $ 110,00 = $ 1.210,00, pois os juros de $ 110,00 (10% de $
1.100,00) foram incorporados ao saldo inicial do segundo período (ano).

3. O saldo aplicado ao início do terceiro ano é $ 1.210,00, valor que veio


transferido do final do segundo ano. Ao final do terceiro ano, João passa a
ter $ 1.210,00 + $ 121,00 = $ 1.331,00, pois os juros de $ 121,00 (10% de $
1.210,00) foram incorporados ao saldo inicial do terceiro período (ano).

4. O saldo aplicado ao início do quarto ano é $ 1.331,00, valor que veio


transferido do final do segundo ano. Ao final do quarto ano, João passa a
ter $ 1.331,00 + $ 133,10 = $ 1.464,10, pois os juros de $ 133,10 (10% de $
1.331,00) foram incorporados ao saldo inicial do quarto período (ano).
106
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

5. O saldo aplicado ao início do quinto e último ano é $ 1.464,10, valor que


veio transferido do final do quarto ano. Ao final do quinto e último ano, João
passa a ter $ 1.464,10 + $ 146,41 = $ 1.610,51, pois os juros de $ 146,41
(10% de $ 1.464,10) foram incorporados ao saldo inicial do terceiro período
(ano).

Conclusão: João aplicou $ 1.000,00, reaplicou (incorporou) os juros


calculados ao final de cada ano e resgatou $ 1.610,51, resultado da soma do valor
inicialmente aplicado ($ 1.000,00) mais o valor total dos juros ($ 610,51).

Quadro 7 - Comparação entre os regimes de juros simples e compostos

Fonte: O autor.

Observe que, enquanto que no regime de juros simples o valor do capital


originalmente aplicado não se altera ($ 1.000,00), no regime de juros compostos
o capital original vai aumentando continuamente a cada período, até o prazo final
da sua aplicação, passando de um valor inicial de $ 1.000,00 para um valor final
de $ 1.610,51.

Faça uma reflexão sobre o material já apresentado sobre os


processos de evolução do valor no tempo, no regime de juros simples
e no regime de juros compostos, e observe como os resultados
decorrentes da aplicação de cada um dos regimes de cálculo diferem.
Observe que o Quadro 1 apresenta a comparação do resultado da
aplicação de $ 1.000,00 nos regimes de juros simples e de juros
compostos. Pode ser observado que o capital aplicado no regime de
juros simples não se altera durante o prazo de aplicação, pois os

107
Administração Financeira e Matemática Financeira

juros vão sendo recebidos (sacados) pelo investidor. Para efeito de


cálculo do VF, a soma dos juros é adicionada ao valor originalmente
aplicado. Já no regime de juros compostos a taxa de juros incide
sobre o valor acumulado do capital, ou seja, o capital original mais os
juros que a ele se incorporam.

Atividades de Estudos:

1) Em quantos meses um capital aplicado à taxa nominal de juros


de 4% a.m., no regime de juros compostos, triplica de valor?
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2) Em quantos meses um capital aplicado a 4% a.a., no regime


de juros compostos, triplica de valor?
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3) Você aplica $ 10.000 à taxa nominal de juros de 2 % a/m, com


capitalização composta, mais atualização monetária de 0,7 %
a/m, durante 6 meses. Quanto receberá no final?
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Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Juros Compostos e Fator de


Capitalização
O Quadro 8 a seguir repete os valores do Quadro 7 que representa o
Regime de Juros Compostos, acima apresentado, mas inclui uma nova coluna
denominada “Fator de Capitalização”.

Vemos que, no regime de juros compostos, o capital original vai aumentando


continuamente a cada período, até o prazo final da sua aplicação, passando
de $ 1.000,00 para $ 1.100,00; de $ 1.100,00 para $ 1.210,00 etc., até atingir $
1.610,51, numa razão constante, equivalente à soma de (1+ i/100), “um mais a
taxa de juro”, razão esta que está apresentada em cada linha da coluna “Fator de
Capitalização”.

O Fator de Capitalização, no valor de “1,1”, que aparece em todas as linhas


da última coluna, representa a soma (1+0,1) ou (1+10%), isto é, “um mais a taxa
de juros da aplicação a cada período de cálculo de juro”.

Quadro 8 – Fator de capitalização

Fonte: O autor.

Podemos representar o Fator de Capitalização a cada Período de Cálculo de


Juros utilizando a expressão genérica obtida a partir do cálculo abaixo:

109
Administração Financeira e Matemática Financeira

Figura 1 – Representação Genérica do Fator de Capitalização a cada Período de


Cálculo de Juros

Fonte: O autor.

Figura 2 – Representação do Fator de Capitalização a cada Período de Cálculo


de Juros

Fonte: O autor.

Outra maneira de se apresentar o Fator de Capitalização a cada Período de


Cálculo de Juros é através do resultado da divisão de cada valor da coluna Saldo
(Fim) pelo seu correspondente da coluna Saldo (Início). Observe novamente o
Quadro 2.

Primeiramente, divide-se o valor $ 1.100,00 por $ 1.000,00. O resultado é 1,1.

Em seguida, divide-se $ 1.210,00 por $ 1.100,00. Novamente, o resultado é 1,1.

E assim, sucessivamente, até dividirmos $ 1.610,51 por $ 1.464,10,


encontrando-se 1,1.

110
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Portanto, se quisermos achar o valor capitalizado de uma aplicação ao final


de um prazo (múltiplo de períodos), basta multiplicar-se o valor da aplicação no
início do período pelo fator de capitalização (1+i/100)n “1 mais a taxa de juro”,
elevado ao expoente n, igual ao número de períodos de cálculo de juros.

Na tabela contendo a aplicação de $ 1.000,00, à taxa de juro de 10% a.a. no


regime de juros compostos, aplicamos o fator 1,1 em cada um dos cinco períodos.
Para os cinco períodos tomados em conjunto, isto é, o prazo total da aplicação,
temos:

Repare que o VF de um período passa a ser o (novo) VP do período seguinte.

Exemplo: o VF0 passa a ser o VP1; o VF1 passa a ser o VP2, e assim
sucessivamente.

Pode-se dizer, então, que VP0 x (1,1 x 1,1 x 1,1 x 1,1 x 1,1) = VF5 , que é o
VF “final”.

ou que

VP0 x 1,15 = VF5 => VP0 x 1,61051 = VF5

Utilizando os dados do Quadro 2, podemos partir do valor inicial (C0)


= $ 1.000,00 e chegar ao valor final (C5) = $ 1.610,51, “cortando o caminho” e
efetuando o seguinte cálculo:

VP0 x 1,15 = VF5 => 1.000,00 x 1,15 = 1.000,00 x 1,61051 = 1.610,51

O valor do expoente “5” corresponde ao prazo total da aplicação, isto é,


à soma do número de períodos de cálculo de juros.

111
Administração Financeira e Matemática Financeira

Resumindo:

Aplica-se o Fator de Capitalização por um período de cálculo de juros


multiplicando-se o VP por (1+i/100).

Aplica-se o Fator de Capitalização para vários períodos de cálculo de juros


multiplicando-se o VP por (1+i/100)n.

Atividade de Estudos:

1) Com base nos conceitos de Juros Compostos e Fator de


Capitalização, calcule o VF resultante da aplicação de $ 2.000,00,
durante cinco anos, à taxa de juro de 11% a.a. no regime de juros
compostos.
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2) João pretende viajar em 30 de outubro e estima gastos de $


20.000. Seu saldo na aplicação em 1º de janeiro era de $ 4.000.
Entretanto, irá receber uma gratificação, paga a metade em de 30
de maio e a outra metade em 30 de julho. De quanto deverá ser
essa gratificação, de modo a poder viajar? A aplicação rende 0,7
% ao mês. Considerar capitalização composta e mês comercial.
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3) Uma geladeira pode ser comprada com uma entrada e mais 2


prestações sem juros, ou à vista com 10% de desconto. Qual a
taxa de juro do financiamento?
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Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

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4) Uma empresa está preparando um levantamento de


debêntures à taxa de juro de 6% ao semestre, prazo de 5 anos
e resgate ao final. Entretanto, você só conseguirá colocar seus
papéis no mercado a 8% ao semestre. Qual será o desconto que
deve ser dado nas debêntures para atingir a taxa de mercado?
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Descapitalização ou Desconto
De forma análoga ao cálculo do valor do juro e do valor final de uma aplicação,
podemos também calcular o Desconto ou o Valor Presente ou Valor Atual ou Valor
Descontado de uma determinada soma.

O regime de juros da operação financeira (simples ou composto) influi no


cálculo do desconto de maneira semelhante à que ocorre quando calculamos
juros que são incorporados ao valor original.

a) O Cálculo do Desconto no Regime de Juros Simples - Desconto


Simples ou “Por Fora”

O desconto simples é também chamado “desconto bancário” ou “desconto


comercial” ou “desconto por fora” ou “desconto a uma taxa de desconto”.

O desconto simples (d) é equivalente ao juro cobrado adiantado sobre


o valor final do título (VF) a uma taxa de desconto (i), durante o prazo (n) que
decorre desde a transação até o vencimento do título.

113
Administração Financeira e Matemática Financeira

Obs.: o desconto simples é, muitas vezes, erroneamente confundido com a


descapitalização de um valor futuro. A descapitalização é um processo que ocorre
no regime de juros compostos (ver adiante).

Observe o seguinte exemplo prático:

Suponha que você queira antecipar o pagamento de uma dívida de $ 1.500


que vence daqui a nove meses e que a taxa de desconto é de 6% a.a. Qual o
valor do desconto? Quanto deverá pagar, após o desconto?

Observe a descrição do processo que ocorre quanto ao cálculo do desconto


de juros e do valor do pagamento final.

Valor da dívida: (M ou VF) = 1.500,00


Vencimento (prazo): n = 9 meses
Taxa de desconto: i = 6,00% a.a. ou 0,06 ao ano
Taxa Proporcional: i/p = 0,06 x 9 meses/12 meses = 0,06 x 0,75 = 0,045
Valor do desconto: d = VF x i/p = 1.500 x 0,045 = 67,50
Valor Atual: VP = VF – d = 1.500 – 67,50 = 1.432,50

Respostas: O valor do desconto é $ 67,50. Deverá pagar após o desconto $


1.432,50.

b) O Cálculo do Desconto no Regime de Juros Compostos - Desconto


Verdadeiro ou "Por Dentro"

O desconto verdadeiro é também chamado “desconto por dentro” ou


“desconto racional” ou “desconto a uma taxa de juro”.

O desconto verdadeiro ou “por dentro” é aquele em que o valor do desconto


é obtido pela diferença entre o valor da dívida original (Valor Futuro ou VF) e o
valor da dívida descontada (Valor Presente ou VP).

O valor da dívida descontada (Valor Presente ou VP) é obtido dividindo-se o


valor original (VF) pelo fator de desconto f = (1+i/100) (ver adiante).

Observe o seguinte exemplo prático:

Suponha que você queira antecipar o pagamento de uma dívida de $ 1.500


que vence daqui a nove meses e que a taxa de juro é de 6% a.a. Quanto deverá
pagar, após o desconto? Qual o valor do desconto?

114
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Observe a descrição do processo que ocorre quanto ao cálculo do desconto


e juros e do valor do pagamento final.

Valor da dívida: (M ou VF) = 1.500,00 


Vencimento (prazo): n = 9 meses
Taxa de juro: i = 6,00% a.a. ou 0,06 ao ano
Taxa Proporcional: i/p = 0,06 x 9/12 = 0,045
Fator de desconto: f = (1+ i/p) = 1,045
Valor Atual: VP = VF/f = 1500/1,045 = 1.435,41
Valor do Desconto: d = VF – VP = 1.500,00 – 1.435,41 = 64,59

Respostas: Deverá pagar após o desconto $ 1.435,41. O valor do desconto


é $ 64,59.

Qual a razão de este tipo de desconto se chamar “verdadeiro”?

É que no desconto verdadeiro, se realizarmos a operação inversa, isto é,


se multiplicarmos o Valor Atual (VP) pela taxa utilizada para efetuar o desconto,
encontraremos o valor original VF, o que não ocorre no desconto simples ou “por
fora”. Observe a recomposição dos valores originais nos descontos Simples e
Verdadeiro:

Desconto Verdadeiro:
1.435,41 x 0,045 = 64,59 > 1.435,41+ 64,59 = 1.500,00 (valor original!)

Desconto Simples:
1.432,50 x 0,045 = 64,46 > 1432,50 + 64,46 = 1.496,96 (diferente do valor
original!)

Fator de Desconto ou de Valor


Atual ou de Valor Presente ou de
Descapitalização
Acabamos de ver que o valor atual ou valor presente (VP) de uma soma
futura (VF) é obtido descapitalizando-se essa soma futura, de acordo com uma
taxa de juro, pelos períodos de tempo compreendidos entre a data final e uma
data anterior.

A data final é a data de vencimento do pagamento ou recebimento expresso


no contrato. A data anterior pode ser qualquer data que anteceda a data de

115
Administração Financeira e Matemática Financeira

vencimento, inclusive uma data pretérita à atual. Admitindo-se que estejamos


no dia 12 de março de 2025 (considerada como data atual) e uma obrigação de
pagamento vença em 12 de março de 2030 (data futura), podemos calcular o
valor atual dessa obrigação tendo como referência o dia 12 de março de 1999
(data anterior – pretérita à data atual), dependendo da necessidade. Nesse caso
o Valor Presente que se quer calcular não está referido à data de 12 de março de
2025, mas à data de 12 de março de 1999.

O Fator de Desconto ou de Valor Atual ou de Valor Presente ou de


Descapitalização é a expressão genérica do processo de desacumulação ou
descapitalização dos juros sobre um determinado valor, dados o Valor Futuro
(VF), a taxa de juro (i), o prazo (n) e o período de (des)capitalização.

O esquema a seguir apresenta a descapitalização da quantia de $ 106,00,


que se converte em $ 100,00.

Figura 3 – Descapitalização da quantia de $ 106,00, que se converte em $ 100,00

Fonte: O autor.

O Fator de Desconto é o inverso do Fator de Capitalização. Portanto, se a


representação genérica do Fator de Capitalização é (1+i/100)n, a representação
genérica do Fator de Desconto no Regime de Juros Compostos é [1/(1+i/100)n].

Quando desejamos calcular o Valor Futuro de uma soma (VF), sendo


conhecido o seu Valor Presente (VP), devemos multiplicar o VP pelo fator de
capitalização (1+ i/100)n, sendo o expoente n igual ao número de períodos de
cálculo de juros.

Se desejamos calcular o Valor Presente ou Valor Descontado ou Valor Atual


(VP) de uma soma, sendo conhecido o seu Valor Futuro (VF), devemos multiplicar
o VF pelo fator de desconto [1/(1+ i/100)n], elevado ao expoente n igual ao número
de períodos de cálculo de juros. De maneira equivalente, podemos dividir o VF
pelo fator de desconto (1+ i/100)n, elevado ao expoente n igual ao número de
períodos de cálculo de juros. Observe que o expoente do fator de capitalização
“1,1” é “1”. Embora não seja “elegante” escrever o expoente “1”, ele aparece a fim
de representar um período de descapitalização.

116
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

O esquema a seguir apresenta de maneira esquemática o cálculo do


Valor Futuro e do Valor Presente, utilizando-se, respectivamente, o Fator de
Capitalização e o Fator de Desconto.

Comparação entre o Emprego do Fator de Capitalização e


do Fator de Desconto

Fator de Capitalização, ou de Valor Futuro, ou de Valor Final ou


Montante:

VF = VP x (1+ i/100) n

Fator de Desconto, ou de Valor Atual, ou de Valor Presente ou


de Descapitalização:

VP = VF / (1+i/100) n

No Quadro 9 são apresentados de forma comparativa os processos de


capitalização de uma soma inicial (VP = $ 1.000,00) e de descapitalização de uma
soma futura (VF = $ 1.610,51), com o objetivo de explicitar como funcionam os
fatores de capitalização e de desconto.

Quadro 9 – Processos de Capitalização de uma soma inicial (VP) e de


Descapitalização de uma soma futura (VF)

117
Administração Financeira e Matemática Financeira

Fonte: O autor.

No ramo esquerdo do Quadro 9 repete-se o Quadro 8, com a evolução da


capitalização da quantia de $ 1.000,00, por cinco períodos (cinco anos), à taxa de
juro de 10% ao ano.

O ramo direito do Quadro 9 apresenta o processo de descapitalização da


quantia de $ 1.610,51, por cinco períodos (cinco anos), à taxa de juro de 10%
ao ano. No processo de descapitalização o fator de desconto “1,1”, divide, no
primeiro período, a quantia inicial de $ 1.610,51, sendo encontrada a quantia de $
1.464,10. Diminuindo-se $ 1.464,10 de $ 1.610,51, encontramos $ 146,41, o valor
do desconto. Repete-se esse cálculo mais quatro vezes, perfazendo n =5 vezes,
até encontrarmos a quantia de $ 1.000,00.

No Quadro 9, em cada um dos cinco períodos aplicamos o fator 1,1. Para os


cinco períodos tomados em conjunto temos:

VF5 / 1,1 = VP4; VF4 /1,1 = VP3; VF3 / 1,1 = VP2; VF2 / 1,1 = VP1 ; VF1 x 1,1 =
VP0

Podemos dizer, então, que VF5 / (1,1 x 1,1 x 1,1 x 1,1 x 1,1) = VP0

Representação esquemática do processo de capitalização do valor no tempo

ou que

VF5 / 1,15 = VP0 => VF5 / 1,61051 = C0

Utilizando os dados do Quadro 9 podemos “voltar” do Valor Futuro (VF5) =


1.610,51 e chegar ao Valor Presente (VP0) = $ 1.000,00, efetuando o seguinte
cálculo:

118
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

VF5 / 1,15 = VP0 => 1.610,51 / 1,15 = 1.610,51 / 1,61051 = 1.000,00

Capitalização e Desconto de um
Valor e de uma Série de Valores no
Tempo
Constituir um fundo (acumular) é o oposto de pagar um financiamento
(amortizar). No primeiro caso se está aumentando, por meio de depósitos e de
juros, quantias inicialmente denominadas Valor Inicial ou Valor Presente, isto é,
capitalizando.

No segundo caso, se está reduzindo a dívida contraída, por meio de


pagamentos previamente determinados (carnê de prestações fixas, por exemplo)
ou pagamentos esporádicos (de valores e em datas não determinadas). Amortizar
significa amortecer. Não significa quitar a dívida. Quando amortizamos uma
parcela da dívida, amortecemos o peso dos juros que são calculados sobre o
saldo existente. Significa que estamos devolvendo ao credor (a quem se deve)
parte do dinheiro que foi emprestado.

Amortizar significa também sacar de um fundo que rende juros quantias


previamente determinadas (recebimento de aposentadoria e pensões) ou
recebimentos esporádicos (prêmio de sorteio em fundos de capitalização).

Capitalização de um Valor e de Uma


Série de Valores no Tempo
O Valor Futuro ou Valor Capitalizado ou Montante ou Valor Final pode ser
resultado da realização de (por exemplo):

1. Um único depósito (Valor Presente - VP) de $ 1.000,00 aplicado por um


período (1 ano), à taxa de juro nominal de 10% a.a., com capitalização ao ano,
que produz um Valor Futuro (VF) de $ 1.100,00.

119
Administração Financeira e Matemática Financeira

2. Um único depósito (Valor Presente – VP) de $ 1.000,00 aplicado por


vários períodos (5 anos), à taxa de juro nominal de 10% a.a., com capitalização
ao ano, que produz um Valor Futuro (VF) de 1.610,51.

3. Uma série de depósitos (Valor Presente – VP) de valores diferentes, em


datas esporádicas, que poderão ser resgatados em uma data específica. Cada
depósito pode ser considerado isolado ou tomado em seu conjunto.

Observe que os expoentes dos fatores de capitalização são diferentes,


pois os prazos de aplicação são diferentes. As taxas de juro também podem ser
diferentes, dependendo das condições que tenham sido contratadas. Conforme
pode ser visto em cada linha do exemplo, os três depósitos têm a sua capitalização
feita de forma isolada, mas como são resgatados em uma mesma data, somamos
os seus VF.

4. Uma série de depósitos (Valor Presente – VP) de valores iguais e em


datas periódicas, isto é, que são efetuados em intervalo de tempo igual, e que
serão resgatados em uma data específica.

Observe que os expoentes dos fatores de capitalização são diferentes,


pois os prazos de aplicação são diferentes. As taxas de juro também podem ser
diferentes, dependendo das condições que tenham sido contratadas.

Este tipo de série “bem comportada”, na qual os termos são uniformes e o


intervalo entre seus termos são constantes, é denominado Anuidade. Para a

120
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

anuidade há teclas e funções específicas na HP 12C e na planilha eletrônica para


o cálculo do seu Valor Futuro.

Quando este tipo de série é “infinita”, ou apresenta um número “muito grande


de termos”, diz-se que ela é uma “Perpetuidade”.

Descapitalização de um Valor e de
uma Série de Valores no Tempo
A solução de problemas financeiros envolve também a amortização de
financiamentos parcial ou total, a realização de saques ou retiradas em fundos
já constituídos ou em constituição, a análise da viabilidade de operações
comerciais, de investimento etc. Essas operações exigem que tomemos decisões
no presente, mas que são baseadas em fatos que ocorrerão no futuro, sobre os
quais só possuímos expectativas.

São essas expectativas que se transformam em valores monetários, ou


seja, naquilo que desejamos receber ou pagar e que podemos numericamente
“descontar”, pois precisamos saber quanto elas valem no presente a fim de que
possamos tomar a melhor decisão. Essas são operações típicas de cálculo de
Valor Atual ou Descontado.

O Valor Presente ou Valor Descapitalizado ou Valor Atual ou Valor Descontado


pode, portanto, ser resultado da antecipação de:

1. Uma única quantia futura (Valor Futuro - VF) de $ 1.100,00 descontada


por um período (ano), à taxa de juro nominal de 10% a.a., com descapitalização
ao ano.

2. Uma única quantia futura (Valor Futuro – VF) de $ 1.610,51 descontada,


tendo como referência uma data anterior, por vários períodos (anos), à taxa de
juro nominal de 10% a.a., com descapitalização ao ano.

121
Administração Financeira e Matemática Financeira

3. Uma série de quantias futuras (Valor Futuro – VF) de valores diferentes,


em datas esporádicas, descontadas, tendo como referência uma ou mais datas
anteriores. Cada quantia pode ser considerada isolada ou tomada em seu
conjunto.

Observe que os expoentes dos fatores de desconto são diferentes, pois os


prazos de descapitalização são diferentes. As taxas de juro também podem ser
diferentes, dependendo das condições que tenham sido contratadas.

4. Uma série de quantias futuras (Valor Futuro – VF) de valores iguais e em


datas periódicas, isto é, que são efetuados em intervalo de tempo igual, e que
serão descontadas, tendo como referência uma data específica.

Observe que os expoentes dos fatores de desconto são diferentes, pois os


prazos de descapitalização são diferentes. As taxas de juro também podem ser
diferentes, dependendo das condições que tenham sido contratadas.

Este tipo de série “bem comportada”, na qual os termos são uniformes e


o intervalo entre seus termos são constantes é denominado Anuidade. Para a
anuidade há teclas e funções específicas na HP 12C e na planilha eletrônica para
o cálculo do seu Valor Presente.

A representação do cálculo das variáveis no processo de juros compostos


por meio de fórmulas é a seguinte:

122
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Quando o cálculo envolve uma quantia única:

Dados:

• VF é o Valor Futuro ou Montante


• VP é o Valor Presente ou Principal
• i é a taxa de juro expressa em percentagem
• n é o prazo da aplicação
• p é o número de períodos de cálculo de juros. Se a expressão da taxa (a.a.,
a.m. etc.) coincide com o período de cálculo de juros (a.a., a.m. etc.) o valor
de “p” é igual a 1.

Então:

Montante ou Valor Futuro, dada uma Taxa Nominal de juro


VF = VP x (1 + i /p)n

Montante ou Valor Futuro, dada uma Taxa Efetiva de juro


VF = VP x (1 + i)n/p

Valor Presente, ou Valor Atual ou Valor Descontado, dada uma Taxa


Nominal de juro
VP = VF/ (1 + i /p)n

Valor Presente, ou Valor Atual ou Valor Descontado, dada uma Taxa


Efetiva de juro
VP = VF/ (1 + i)n/p

Valor do Juro
J = VF – VP

Valor da Taxa de juro


Taxa de juro = (VF/ VP)1/n – 1

Valor do Prazo, dada uma Taxa Nominal de juro


Prazo = n = log (VF/VP) / log (1+i/p)

Valor do Prazo, dada uma Taxa Efetiva de juro


Prazo = n = log (VF/VP) / log [(1+i)1/p ]

Quando o cálculo envolve uma série de quantias iguais e periódicas a


uma mesma taxa de juro - anuidade temporária, constante e periódica:

123
Administração Financeira e Matemática Financeira

Dados:

• VF é o Valor Futuro ou Montante


• VP é o Valor Presente ou Principal
• i é a taxa de juro expressa em percentagem
• n é o prazo da aplicação; o número de termos da série
• p é o número de períodos de cálculo de juros. Se a expressão da taxa (a.a.,
a.m. etc.) coincide com o período de cálculo de juros (a.a., a.m. etc.) o valor
de “p” é igual a 1.
• A é o termo da série de pagamento ou recebimento, podendo ser antecipado
(Aant efetuado ao início de cada período) ou postecipado (Apost efetuado ao
final de cada período).

Montante ou Valor Futuro


VFant = Aant x (1+i) x [(1+i)n – 1] / i

VFpost = Apost x [(1+i)n – 1] / i

Valor Presente, ou Valor Atual ou Valor Descontado

VPant = Aant x (1+i) x [1 - (1+i)-n ] / i

VPpost = Apost x [1 - (1+i)-n ] / i

Valor do Termo da Série

Amortização

Aant = VP x [ i / (1 + i) x (1 –(1+i)-n )]

Apost = VP x [ i / 1 - (1+i)-n )]

Capitalização

Aant = (1/(1+i)) x (VF x i)/(1+i)n -1

Apost = VF x [ i / (1+i)n -1)

124
Regimes de Cálculo de Juro: Juros
Capítulo 5 Simples e Juros Compostos

Valor do Prazo (Número de termos da série)

Amortização

nant = log [Aant / Aant – (i x VP) / (1+i) ] / log (1+i)

npost = log [Apost / (Apost – VP x i)] / log (1+i)

Capitalização

nant = log [(1+(VF x i)) / Aant x (1+i) ] / log (1+i)

npost = log [1 + (VF x i) / Apost ] / log (1+i)

Algumas Considerações
O cálculo financeiro é uma parte tão importante da vida moderna que
quase toda pessoa pode se beneficiar ao compreendê-lo melhor. E o que é mais
surpreendente é o fato de que não há muitas diferenças entre os problemas
financeiros enfrentados por um investidor médio, um pequeno empresário, uma
grande empresa ou uma família.

No nível mais básico, estes problemas são sobre como alocar o dinheiro.
As escolhas são muitas: o dinheiro pode ser gasto no consumo, oferecido por
empréstimo, pode ser poupado, tomado emprestado ou investido em projetos.

Projetos podem ser realizados com parceiros ou com o auxílio dos credores.
Projetos podem, entretanto, ser evitados quando não são considerados
vantajosos. E o cálculo financeiro oferece auxílio no processo de se decidir entre
as alternativas de investimento.

Há um tema principal que domina o campo das finanças. É o valor. E


a principal razão pela qual você precisa estimar o valor é que você vai querer
comprar objetos, cujos valores estejam acima dos seus custos e evitar aqueles
em que o seu custo é superior ao seu valor. Na prática, encontrar o valor de um
bem não é trivial.

Mas, conforme observado neste capítulo, há maneiras bastante conhecidas


e utilizadas que empregam apenas as cinco principais operações (adição,
subtração, multiplicação, divisão e a exponenciação).

125
Administração Financeira e Matemática Financeira

Referências
FUNENSEG. Diretoria de Ensino e Produtos. Fundamentos de Matemática
Financeira. Assessoria Técnica: Nelson Chalfun Homsy. 6. ed. Rio de janeiro:
FUNENSEG, 2007.

126
C APÍTULO 6
Tipos e Formas de Expressão de
Taxas de Juro

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

Distinguir entre as diversas formas de taxas de juro.


Acompanhar a elaboração de exercícios relativos às operações que envolvem



a aplicação das taxas de juro.

Nelson Chalfun Homsy


Administração Financeira e Matemática Financeira

128
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Contextualização
As taxas de juro recebem diversos nomes, dependendo do tipo de situação
em que elas são empregadas. A seguir são apresentados oito tipos de taxas mais
referidos nos problemas financeiros.

Taxa de Juro Nominal


A taxa de juro expressa sob a forma nominal é o “nome” da taxa. Ela não nos
diz muita coisa: apenas seu “nome”.

Imagine três pessoas chamadas Maria, com diferentes estaturas. Elas são
necessariamente iguais por terem o mesmo nome? Claro que não, pois a primeira
pode ser alta, a segunda baixa e a terceira apresentar estatura mediana. Além
disso, cada uma delas tem um sobrenome diferente, feições diferentes etc.

Imagine agora três situações em que devemos utilizar taxas de juro nominal
de 6% ao ano. Essas situações são necessariamente iguais em virtude do fato
da taxa de juro ter o mesmo nome? Como no caso das Marias, claro que não,
pois a primeira poderá estar sendo utilizada no cálculo de juros mensais de uma
caderneta de poupança, a segunda para calcular os juros semestrais de um título
do Tesouro, enquanto que a terceira será utilizada no cálculo dos juros anuais de
uma aplicação.

Ou seja, a unidade de tempo em que a taxa nominal é expressa (no nosso


caso, igual a 6% ao ano) nem sempre coincide com a unidade de tempo do período
em que os juros são calculados. No parágrafo anterior, os juros da caderneta são
calculados ao mês e os do título do Tesouro, ao semestre.

Mas, e se ela coincide? Imagine que estamos efetuando o cálculo de juros


anuais de uma aplicação, no qual a taxa nominal é igual a 6% ao ano e o período
de cálculo de juros é também de um ano. Aqui existe uma igualdade entre a
unidade de tempo em que a taxa de juro é expressa (6% a.a.) e o período em que
os juros são calculados (também ao ano).

129
Administração Financeira e Matemática Financeira

Atividades de Estudos:

1) Imagine uma aplicação de R$ 100,00 pelo prazo de um ano,


à taxa de juro de 6% ao ano, sendo os juros calculados ao se
completar o período de um ano. Qual será o valor final da
aplicação (um ano)?
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2) Calcular o montante de uma aplicação ÚNICA de R$ 1.000,00,


à taxa nominal de 6% a.a., capitalizados mensalmente, com
resgate em 30 de dezembro. Considerar as hipóteses de o
depósito ser efetuado: 1) em 1º de janeiro do mesmo ano e 2) em
30 de janeiro do mesmo ano. Considerar o mês comercial (mês
de 30 dias).

Métodos utilizados:

a. Elaborar uma planilha demonstrando a evolução dos montantes


ao início e ao final de cada período.

b. Efetuar os cálculos utilizando o fator de capitalização, a
calculadora HP 12C e a planilha Excel.
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3) Um investidor irá resgatar em 30 de dezembro a quantia de


R$ 16.000,00, como resultado de um depósito efetuado em 1º de
janeiro do mesmo ano. Calcular o valor deste depósito, sabendo-
se que a taxa nominal de juros da aplicação é de 6% a.a., com
capitalização mensal. Considerar o mês comercial (30 dias). Usar
a HP 12C, realizando o cálculo com e sem a utilização das teclas
financeiras.
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130
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

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4) Um título com data de resgate em 30/12/08 paga juros nominais
(cupom) de 5% a.s. Ele foi negociado em 01/07/03 com deságio
de 30%. Qual a rentabilidade ao ano do título na data de compra?
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Portanto, toda vez que você se deparar com uma taxa de juro, deve indagar
qual a periodicidade utilizada para calcular os juros. É como se toda a taxa de
juro tivesse “um nome” (6% ao ano, 3,45% ao mês etc.) e “um sobrenome” (“com
capitalização mensal” ou “com capitalização trimestral”, por exemplo).

No nosso dia a dia encontramos várias situações em que as taxas não são
expressas com essa transparência: “taxa com nome e sobrenome”. No caso de
um investimento que fazemos ou um dinheiro que pegamos emprestado, devemos
sempre perguntar, além do valor da taxa nominal, qual a periodicidade com que
os juros são calculados. Se a periodicidade do cálculo de juros coincide com o
prazo sob o qual a taxa nominal é expressa (6% a.a. nominal, com capitalização
anual; 1% a.m. nominal, com capitalização mensal etc.), o resultado efetivo (a
taxa efetiva) corresponde ao da taxa nominal. Se a periodicidade não coincidir,
teremos resultados diferentes.

Quando temos que resolver algum problema em uma prova, por exemplo,
essa transparência também deve existir. Há vários problemas que são propostos
de maneira errada, apresentando apenas a taxa de juro sem especificar se ela
está expressa sob a forma nominal.

Obs.: Vamos tratar da Taxa Efetiva mais adiante.

Taxa de Juro Proporcional


(Nominal)
É a taxa de juro calculada a partir de uma taxa nominal e é empregada nas
operações envolvendo juros simples. Duas taxas são consideradas proporcionais
quando seus valores expressam uma razão entre seus respectivos períodos de

131
Administração Financeira e Matemática Financeira

aplicação. Uma vez que a taxa proporcional representa uma fração ou um múltiplo
de uma taxa nominal, a taxa proporcional é também uma taxa nominal.

No quadro a seguir, a taxa de 2% associada ao período de 12 meses


representa uma fração (ou submúltiplo) da taxa de 24%, associada ao período de
um ano.

Já a taxa de 18% associada ao período de um ano representa um múltiplo da


taxa de 9% associada ao período de dois semestres.

Taxa Período Taxa Período


24% 1 ano 9% 2 semestres
2% 12 meses 18% 1 ano

O conceito de taxa proporcional é muito importante no cálculo financeiro, pois


a conversão “taxa nominal em taxa efetiva” é feita através da taxa proporcional. O
fator de capitalização “um mais a taxa de juro” é, na realidade, formado por “um
mais a taxa de juro proporcional”.

Atividade de Estudos:

1) Considere a seguinte situação:

João aplicou $ 100,00 pelo prazo de um ano, à taxa de juro


nominal de 12% ao ano, no regime de juros simples, sendo os
juros calculados mensalmente.

José aplicou a mesma quantia nas mesmas condições, com a


exceção de que os juros são calculados anualmente.

Qual a diferença entre o resultado das duas aplicações?


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132
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Taxa de Juro Efetiva


A taxa efetiva reflete efetivamente o que acontece com a atualização de uma
soma em dinheiro. Considere um capital aplicado à taxa nominal de i % (i/100) por
um prazo qualquer (n).

a) Havendo capitalização em múltiplos desse prazo, com a incorporação


cumulativa dos juros ao capital, a taxa efetiva (ou a transformação que
efetivamente ocorrerá com o valor do capital) será igual a:

[(1+ i/100)]n – 1]

Atividades de Estudos:

1) Uma quantia qualquer foi aplicada, à taxa de juro nominal


de 5% ao período, prazo (n) = 3 (períodos de capitalização) e
incorporação cumulativa dos juros ao capital. Achar a taxa efetiva
da operação.
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2) Calcule a taxa efetiva ao mês referente a uma aplicação de


R$ 100,00, à taxa de juro nominal de 6% a.a. com capitalização
mensal, no regime de juros compostos, por um ano.
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Administração Financeira e Matemática Financeira

3) Que taxa de juro efetiva ao ano transforma 36 prestações


mensais de $ 100,00 em 12 prestações trimestrais de $ 309,09
cada?
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4) Uma soma aplicada por quatro meses a uma determinada taxa


de juro produziu o montante de $ 850,85. Essa mesma soma, se
diminuída dos juros ganhos, reduz-se a $ 549,15. Determinar o
valor da soma aplicada e a taxa de juro mensal efetiva ganha na
aplicação.
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5) A rentabilidade efetiva de um investimento é de 10% a.a. Se os


juros ganhos forem de $ 27.473,00 sobre um capital investido de
$ 83.000,00, determinar o prazo da aplicação.
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b) Havendo capitalização em submúltiplos (p) desse período (n), a taxa


efetiva (ou a transformação que efetivamente ocorrerá com o valor do capital)
segue o processo apresentado no Quadro 5.

134
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Quadro 10 – Taxa efetiva por período


Taxa Nominal Período de Capitalização Taxa Proporcional Taxa Efetiva
Por período Submúltiplo Significado À nominal No período

6% ao ano Mensal 12 meses em 1 0,06/12 = 0,005 [(1+0,005)12]-1 =


ano a.m. 0,0617
5% ao sem. Trimestral 2 trim. em 1 sem. 0,05/2 = 0,025 a.t. [(1+0,025)2]-1 =
0,050625
Fonte: O autor.

O Quadro 10 apresenta duas taxas nominais (6% a.a. e 5% a.s.). A informação


importante, que completa o “nome” da taxa é o período de capitalização. Ele nos
diz que a taxa de 6% a.a será aplicada sobre uma determinada quantia a cada
período de mês, por 12 meses. Para que não capitalizemos a quantia por 12
meses à taxa de 6%, devemos fracionar a taxa de 6% por 12 (0,06/12) e criar o
fator de capitalização para 12 períodos mensais.

O mesmo raciocínio se aplica à taxa de 5% ao semestre.

Atividades de Estudos:

1) Depositei $ 100,00 em uma conta que rende juros de 6%


a.a. (nominal), o período de capitalização é anual e o prazo de
aplicação é um ano. Quanto terei ao final do ano? Qual a taxa
efetiva da operação?
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2) João aplicou $ 100,00 pelo prazo de um ano, à taxa de juro


nominal de 12% ao ano, no regime de juros compostos, sendo os
juros calculados mensalmente.

José aplicou a mesma quantia nas mesmas condições, com


a exceção de que os juros são calculados anualmente. Qual a

135
Administração Financeira e Matemática Financeira

diferença entre o resultado das duas aplicações?


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3) Depositei $ 100,00 em uma conta que rende juros de 6% a.a.


(nominal), o período de capitalização é trimestral, o prazo de
aplicação é um ano e os juros são cumulativamente incorporados
ao capital. Quanto terei ao final do ano?
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Taxas de Juro Equivalentes


A equivalência entre taxas de juro pode ocorrer entre:

a) Uma taxa nominal e sua correspondente proporcional:

taxa período taxa período

24% 1 ano 9% 2 semestres


2% 12 meses 18% 1 ano

b) Uma taxa nominal e sua correspondente efetiva:

- No caso de períodos múltiplos

Taxa Nominal i = 5% ou 5/100 (nominal) e n = 3 (capitalizações)

Taxa Efetiva: [(1+ 0,05)]3 – 1] = (1 + 0,157625) – 1 = 0,157625 ou 15,7625%

- No caso de períodos submúltiplos:

136
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Quadro 11 – Taxa nominal e efetiva

Taxa Nominal Período de Capitalização Taxa Proporcional Taxa Efetiva


Por período Submúltiplo Significado À nominal No período

12 meses em
6% a.a. Mensal 0,06/12 = 0,005 a.m. [(1+0,005)12]-1 = 0,0617
1 ano
2 trim. em 1
5% a.s. Trimestral 0,05/2 = 0,025 a.t. [(1+0,025)2]-1 = 0,050625
sem.
Fonte: O autor.

c) Uma taxa efetiva e sua correspondente efetiva

Duas ou mais taxas efetivas são equivalentes quando, sempre no regime


de juros compostos, elas produzem resultados que se equivalem (não são iguais
nem proporcionais) levando-se em conta os respectivos períodos em que estão
expressas.

Em todo problema que envolve cálculo financeiro deve haver a preocupação


em se saber se a taxa de juro apresentada é nominal ou efetiva, com exceção da
taxa de juro ao dia. Isto ocorre porque se uma taxa está referida ao período-dia,
ela é sempre uma “taxa-piso”, pois não há período menor do que o dia. Quando a
taxa de juro é uma “taxa-piso” ela é, ao mesmo tempo, nominal e efetiva.

No caso da taxa estar referida “ao trimestre” ou “ao quadrimestre”, por


exemplo, e se deseja saber taxa(s) efetiva(s) a ela equivalente(s), mas referidas
a períodos superiores (semestre e ano, por exemplo), ela será considerada “taxa-
piso”. No caso de desejarmos saber taxas a ela equivalentes, mas referidas a
períodos inferiores (mês ou dia, por exemplo), elas passarão a ser “taxa-teto”,
isto é, seu valor serve como o máximo a ser encontrado quando procedermos à
capitalização.

Assim, uma taxa efetiva de 9,54451% ao semestre equivale a uma taxa


efetiva de 20% ao ano. Isso ocorre porque, no regime de juros compostos, uma
quantia aplicada à taxa de juro de 9,54451% por dois períodos semestrais (isto é,
um ano) valorizará 20%.

Façamos os cálculos:

Taxa Efetiva ao semestre: 9,54451% a.s. ou 0,0954451 ao semestre.

Como o ano possui dois semestres, temos: (1+0,0954451)2 -1 = 0,20 ou 20% a.a.

137
Administração Financeira e Matemática Financeira

Importante: a taxa-piso ao semestre é nominal e efetiva, pois o que se


desejou foi saber a taxa efetiva a ela equivalente cujo período é um múltiplo (ano).

Atividades de Estudos:

1) Encontre a taxa efetiva ao trimestre, equivalente à taxa efetiva


de 30% a.a.
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Taxa de Juro Aparente (Nominal ou


Efetiva)
A “taxa aparente” corresponde à taxa de juro (nominal ou efetiva) acrescida
do valor da inflação que ocorreu (ou que ocorrerá) no período em que o capital
(des)valoriza.

O termo “aparente” é utilizado para evitar-se o uso do termo “nominal”,


empregado para expressar valores que trazem incorporada a inflação. O uso do
termo “nominal” pode gerar confusão com a taxa de juro sob a forma nominal.

Quando se diz que em um período de 12 meses a taxa aparente do


rendimento de uma aplicação foi igual a 16%, se está alertando para o fato de que
esta taxa traz embutida a inflação que ocorreu no mesmo período.

138
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Taxa de Juro Real (Nominal ou


Efetiva)
A taxa real é a taxa “pura”, sem a inflação observada durante o tempo em que
o capital valoriza ou desvaloriza. Quando se diz que em um ano a taxa aparente
foi igual à taxa nominal de 16% ao ano, e que a inflação no mesmo período foi de
6% ao ano, então a taxa real é:

Taxa Real, considerando uma Taxa Aparente de 16% a.a. e uma inflação de
6% a.a.

[(1 + 0,16) / (1 + 0,06)] – 1 = 0,09434 ou 9,434% ao ano

Podemos concluir, portanto, que em uma economia na qual a inflação é zero,


as taxas de juro aparente e real são iguais.

Atividade de Estudos:

1) Comprei um título por $ 100 e o vendi por $ 116 um ano depois.


Com inflação de 5,5% no período, o ganho real obtido foi:
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2) Uma ação que pagará dividendo de $ 0,80 daqui a um mês está


cotada hoje a $ 4,00. Se ela for vendida na data do pagamento do
dividendo pelo preço atual, inexistindo inflação, calcular o retorno
mensal esperado.
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Administração Financeira e Matemática Financeira

3) A assinatura anual de uma revista (12 exemplares) custa


$ 600. O preço atual de cada exemplar nas bancas é de $ 50,
subindo de acordo com a inflação. Fazendo a assinatura, há um
brinde de 5 números atrasados. Se o dinheiro pode ser aplicado a
1% a/m (aparente), por quanto está sendo vendido cada número
atrasado? Inflação prevista para 12 meses: 0,5 % a/m.
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4) Comprei uma ação em 01/01 por R$ 5,00. Recebi de dividendos
R$ 0,11 em 30/03 e R$ 0,18 em 30/06 e espero receber R$ 0,25
em 30/09 e R$ 0,33 em 30/12. Por quanto devo vender a ação
em 30/12 para obter uma rentabilidade de 14% ao ano (efetiva)?
Considerar mês comercial.
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5) Em uma empresa de vendas a varejo os preços de compra e


de venda (ambos à vista) de um produto são, respectivamente,
1350 e 1750. Os impostos totalizam 20% calculados sobre o
preço de venda e devem ser pagos 30 dias após. O prazo médio
de estocagem das mercadorias para venda é de 3 meses e a
taxa de juro (custo de oportunidade), ao mês, é de 3%. Com base
nessas informações, calcular o resultado líquido da operação.
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140
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

6) Comprei uma casa pagando 25 mil de entrada e prestações


trimestrais de 1.200, por 10 anos, a juros nominais de 6% a.a.,
com capitalização trimestral.

Qual o valor da casa à vista? Considerar os pagamentos como
efetuados ao início de cada período.
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7) Um lote de terra está à venda por $ 2.500, sendo $ 500 de


entrada e 4 parcelas mensais iguais e consecutivas também de
$ 500. Após algumas negociações, o vendedor reduziu o preço
(somente para o pagamento à vista) para $ 2.250. Qual a taxa de
juro que está sendo utilizada no financiamento?
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8) Comprei um imóvel, pagando $ 30 mil de entrada e financiando
o resto em 36 prestações de $ 2.657,14, sendo os pagamentos
realizados ao final de cada período. Após o pagamento da
10ª prestação, vendi o imóvel, aplicando o índice de inflação
observada no período, por R$ 115 mil. O comprador me pagou
parte à vista e assumiu o meu saldo devedor, devendo pagar
as 26 prestações restantes, de acordo com o cronograma do
contrato original.

Entretanto, como houve modificações nas condições financeiras


do mercado, a taxa nominal de juros cobrada do comprador
passou a ser de 1,5% a.m.

141
Administração Financeira e Matemática Financeira

Entre a data da minha aquisição e da venda ao comprador


a inflação média mensal foi de 0,4454634%. Qual o valor da
prestação paga pelo comprador que adquiriu o meu imóvel?
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9) Um equipamento que custa $ 15.000 será pago em oito


prestações mensais postecipadas, a saber: as três primeiras de
$ 2.000, as três seguintes de $ 800, a sétima de $ 3.000 e a
oitava de $ 5.000. Determinar a taxa de juro efetiva cobrada no
financiamento.
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10) Um empréstimo tomado hoje será reembolsado em 12


prestações mensais de $ 2.443,80 cada, a primeira para 30 dias.
Se os juros a serem pagos durante o período totalizam $ 5.000,
determinar a taxa de juro contratada.
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Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

Taxa de Juro Over (Nominal Mensal)


É a taxa nominal mensal equivalente a um fator diário, obtido descapitalizando-
se uma taxa efetiva pelo número de dias úteis (ou saques) compreendidos no
período a que ela se refere.

O cálculo é semelhante ao das taxas nominais, com a ressalva de que o


denominador é sempre igual a 30 (dias). Com isso obtemos uma taxa efetiva
diária de juro que se capitalizará somente em dias úteis.

Exemplo:

Para uma Taxa Over (nominal) de 2% a.m., teremos uma taxa diária (nominal)
de:

(0,02 / 30) = 0,000667 ou 0,0667% a.d.

Não há nenhuma taxa de juro cuja expressão seja inferior ao dia. Portanto,
essa taxa ao dia (0,0667%) é, ao mesmo tempo, uma taxa nominal e uma taxa
efetiva (ela é a taxa-piso).

Suponha que no período a que se refere a Taxa Over de 2% a.m. existam 23


dias úteis. Então a taxa efetiva obtida no período de 23 dias úteis será:

[(1 + 0,000667)23 ] - 1 = 0,015446 ou 1,5446 % a.m.

Atividades de Estudos:

1) Um investidor compra um título por R$ 100.000,00, com resgate


após 23 dias úteis. Quais serão os valores de resgate bruto e
líquido, admitindo-se que a taxa over estimada nos primeiros dez
dias úteis é de 2,20% a.m. e, nos restantes, é de 2,25% a.m.? A
alíquota do imposto que incide sobre o rendimento, após o seu
recebimento, é de 15%.
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143
Administração Financeira e Matemática Financeira

2) Para um período de 35 dias corridos (26 dias úteis), o mercado


está sinalizando HOJE uma taxa efetiva ao mês de 0,9684%.
Calcular a taxa over (TOV) mensal correspondente:
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3) Apliquei $ 100 mil por 31 dias corridos (23 dias úteis) e obtive o
resultado final de $ 101.830,33. Qual a TOV?
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4) Apliquei $ 1.000,00 e recebi $ 1.053,65, a uma TOV de


1,0052%. Qual o número de dias úteis dessa operação?
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Taxa Interna de Retorno (Efetiva) -


TIR
É a taxa de juro que anula um fluxo financeiro descontado ou é a taxa que
exprime a capacidade de um projeto econômico qualquer "se pagar".

No exemplo, a soma algébrica dos valores (positivos e negativos) da linha


Fluxo Nominal é igual a 10, isto é, (-100 + 20 + 20 + 30 + 40 = 10).

Já a soma algébrica da última linha (Fluxo Descontado) é igual a zero (-100 +


19,33 + 18,68 + 27,08 + 34,90).

Os valores da última linha são obtidos descontando-se cada um dos valores


da linha “Fluxo Nominal” à taxa de 3,4664% por período. Por exemplo, o valor

144
Tipos e Formas de Expressão de
Capítulo 6 Taxas de Juro

27,08 é obtido dividindo-se 30,00 por (1+0,034664)3, isto é, o fator de desconto


1,034664 elevado ao cubo. Já o valor 34,90 é obtido dividindo-se 40 por (1+
0,034664)4, isto é, o fator de desconto 1,034664 elevado à quarta potência.

Quadro 12 - TIR

Fonte: O autor.

Algumas Considerações
Neste capítulo vimos que o conceito de taxa de juros se refere à remuneração
paga pela utilização de uma determinada quantia por um determinado período de
tempo. Vimos, porém, que as taxas de juro recebem diversos nomes, dependendo
do tipo de situação em que elas são empregadas nas operações financeiras.

Referências
FUNENSEG. Diretoria de Ensino e Produtos. Fundamentos de Matemática
Financeira. Assessoria Técnica: Nelson Chalfun Homsy. 6. ed. Rio de janeiro:
FUNENSEG, 2007.

145
Administração Financeira e Matemática Financeira

146
C APÍTULO 7
Planos de Financiamento e Tabelas
de Amortização

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

Compreender o processo de recuperação de investimento, de acordo com o



critério de equivalência do valor no tempo.

Elaborar tabelas de amortização, explicitando os valores de saldo devedor



inicial, prestação, juro, amortização e saldo ao final de cada período.

Nelson Chalfun Homsy


Administração Financeira e Matemática Financeira

148
Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

Contextualização
Você acabou de comprar uma nova casa e o preço de uma habitação é
geralmente o maior valor que, individualmente, você irá despender. Entretanto,
a aquisição é financiada em prazos longos, tais como dez, 20 ou 30 anos. E em
geral, os empréstimos pessoais envolvem o pagamento de prestações mensais,
o que significa o pagamento de 120, 240 ou 360 prestações mensais, período no
qual o imóvel é dado como garantia do próprio empréstimo, a chamada hipoteca.

Os pagamentos mensais que você fizer incluem uma parcela, denominada


amortização (ou devolução do principal e uma parcela paga a título de juro sobre
o saldo que ainda resta a pagar). Como o saldo a pagar vai reduzindo ao longo do
tempo, a parcela correspondente ao juro é declinante.

O financiamento imobiliário é apenas um dos vários tipos de financiamento,


que envolvem a aquisição de automóveis, máquinas, equipamentos e indústrias.

Os Diversos Tipos de Planos de


Financiamento
Planos de financiamento, de pagamento ou amortização de empréstimos,
envolvem o pagamento de parcelas de juros sobre o saldo devedor e o pagamento
das parcelas de amortização, ou de devolução do principal ao emprestador. A
soma dessas duas parcelas é igual ao valor da prestação.

Prestação = Amortização + Juro

O plano de financiamento mais comum segue as regras do Sistema de


Prestações Constantes, ou Price, no qual o valor dos juros decresce, enquanto
o valor da amortização aumenta. O plano de amortização é calculado de maneira
a produzir pagamentos constantes em cada período (daí o nome Sistema de
Prestações Constantes). Este sistema é utilizado no financiamento a pessoas
físicas e jurídicas, para as operações de crédito de longo e curto prazo (capital de
giro, crédito direto ao consumidor etc.).

Utilizamos as tabelas de amortização para apresentar a evolução dos planos


de financiamento de empréstimos. As tabelas de amortização incluem os valores
do saldo devedor, das prestações, dos juros e das amortizações.

149
Administração Financeira e Matemática Financeira

A prestação (mensal, trimestral, semestral etc.) é considerada como um caso


típico de pagamento periódico e de valor constante no tempo.

O valor da prestação deve ser tal que, ao final do prazo de pagamento, o


saldo devedor seja igual a zero. Estamos, então, tratando de uma situação na qual
a soma dos valores das prestações descontadas equivale ao valor do empréstimo.
O valor do empréstimo concedido pelo emprestador é considerado como uma
saída de recursos (com o sinal negativo) e o pagamento das prestações como as
entradas (ou receitas), que recebem o sinal positivo.

É por essa razão que ao digitarmos o VP na HP 12C ou na função do Excel,


o fazemos com o sinal negativo. Caso contrário, devemos digitar o valor da
prestação com o sinal positivo.

Assim, para determinarmos o valor da prestação devemos calcular o valor


atual de um fluxo futuro de recebimentos iguais e periódicos que seja exatamente
igual ao valor do empréstimo efetuado.

A taxa de juro empregada na Tabela Price é a TIR do fluxo, pois é a taxa que
faz com que a soma algébrica do valor atual das parcelas seja igual a zero.

O exemplo a seguir ilustra o Plano de Financiamento ou de Amortização


de Empréstimo segundo o Sistema de Prestações Constantes, conhecido como
Tabela Price ou Crédito Direto ao Consumidor (CDC).

As condições do empréstimo são:

Utilizando a fórmula de cálculo da prestação, temos:

VPpost = Apost x [1 - (1+i)-n ] / i >> Apost = VPpost / [1 - (1+i)-n ] / i


Apost = 14000/((1-(1/(1,1)5))/0,1) = 3.693,16

Uma vez encontrado o valor da prestação, siga as seguintes etapas:

1. Complete as cinco linhas da coluna Prestação com o valor encontrado ($


3.693,16).
2. Lance o valor do empréstimo na primeira linha da coluna Saldo Devedor.
3. Multiplique o valor do saldo devedor pela taxa de juro (10%) e lance o valor
na primeira linha da coluna Juro.

150
Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

4. Subtraia do valor da prestação o valor do juro e lance-o na coluna


Amortização.
5. Subtraia do valor do Saldo Devedor o valor da Amortização e lance o novo
valor do Saldo Devedor na segunda linha (14.000,00 – 2.293,16 = 11.706,84).
6. Repita as operações efetuadas nas etapas 3, 4 e 5 até completar a tabela.

Observe que os valores do Saldo Devedor e de Amortização da quinta linha


são iguais a $ 3.357,42 (valores assinalados). Isto significa que o Saldo Devedor
será zerado quando do pagamento desta última Amortização.

Quadro 13 – Saldo devedor x Amortização

Fonte: O autor.

Observe, ainda, que a variação do valor da amortização entre dois


pagamentos consecutivos (última coluna) é igual ao fator referente à taxa de juro
por período (1+10% ou 1,10). Assim, sabendo-se o valor de qualquer parcela de
amortização, podemos calcular qualquer outro valor (anterior ou posterior) de
amortização deste financiamento.

Por exemplo, sabendo-se o valor da quarta parcela de amortização ($


3.052,20), podemos calcular o valor da segunda parcela de amortização (3.052,20
/ 1,102 = 2.522,48).

Atividades de Estudos:

1) Em um financiamento pelo sistema Price (Sistema de


Prestações Constantes), com prazo de 36 meses, os valores da
21ª e 22ª amortizações são 180,62 e 186,04, respectivamente.
Qual o valor do financiamento? (Obs.: desprezar os centavos na
resposta).
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151
Administração Financeira e Matemática Financeira

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2) Uma pessoa pode comprar à vista por $ 17.000,00 ou a prazo


pagando 20 prestações trimestrais postecipadas de $ 3.000,00
cada, pelo Sistema Price. Se a pessoa pode aplicar seus
recursos ganhando uma taxa efetiva de 6% a.m., qual é a melhor
alternativa: comprar à vista ou a prazo?
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3) Uma pessoa quer efetuar oito depósitos mensais numa conta


que paga juros de 1% a.m., para retirar 18 parcelas mensais de
$ 1.500,00, fazendo a primeira retirada um mês após o último
depósito. Quanto deverá depositar mensalmente, a fim de que
após o último resgate de $ 1.500,00 a conta apresente saldo
zero?
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4) Elaborar uma tabela de amortização de um financiamento


pelo Sistema de Prestações Constantes (Price), apresentando
as colunas com os valores de prestação, amortização e juros.
Considerar o empréstimo com as seguintes condições:

VP = 14.000,00, n =10 meses, prestações mensais postecipadas,


i = 9,6% a.a. nominal
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5) Elaborar uma tabela de amortização de um financiamento


pelo Sistema de Amortizações Constantes (SAC), apresentando
as colunas com os valores de prestação, amortização e juros.

152
Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

Considerar o empréstimo com as seguintes condições:

VP = 14.000,00, n =10 meses, prestações mensais postecipadas,


i = 9,6% a.a. nominal
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6) Elaborar a tabela de um financiamento de 100 mil reais, com


juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos, explicitando os
valores de juros, amortizações, prestações e evolução do saldo
devedor anuais. Considerar um período de carência de dois anos,
no qual o devedor paga somente os juros. Utilizar o Sistema de
Amortizações Constantes – SAC.
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7) No exercício anterior, a taxa de juro do financiamento é


de 1% a.a. Como podemos garantir que a taxa de 1% a.a. foi
realmente respeitada, tendo em vista a não observância do
número de prestações previamente estabelecido e a existência
do pagamento apenas dos juros durante a carência?
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8) Elaborar a tabela de um financiamento de 100 mil reais, com


juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos, explicitando os
valores de juros, amortizações, prestações e evolução do saldo
devedor anuais. Considerar um período de dois anos de carência
total (sem pagamento de amortizações e juros). Utilizar o Sistema
de Amortizações Constantes – SAC.
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153
Administração Financeira e Matemática Financeira

9) Elaborar a tabela de amortização de um financiamento de


100 mil reais, com juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos,
explicitando os valores de juros, amortizações, prestações e
evolução do saldo devedor anuais. Considerar um período de dois
anos de carência total (sem pagamento de amortizações e juros).
Após esse período, o devedor solicitará a reforma do empréstimo.
Utilizar o Sistema de Amortizações Constantes – SAC.
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10) Elaborar a tabela de um financiamento de 100 mil reais,


com juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos, explicitando os
valores de juros, amortizações, prestações e evolução do saldo
devedor anuais. Utilizar o Sistema de Prestações Constantes –
Price.
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11) Elaborar a tabela de um financiamento de 100 mil reais,


com juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos, explicitando os
valores de juros, amortizações, prestações e evolução do saldo
devedor anuais. Considerar um período de carência de dois anos,
no qual o devedor paga somente os juros. Utilizar o Sistema de
Prestações Constantes – Price.
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12) Elaborar a tabela de um financiamento de 100 mil reais, com


juros de 1% ao ano, e prazo de cinco anos, explicitando os valores
de juros, amortizações, prestações e evolução do saldo devedor
anuais. Considerar um período de dois anos de carência total
(sem pagamento de amortizações e juros). Após esse período, o
devedor solicita a reforma do empréstimo. Utilizar o Sistema de
Prestações Constantes – Price.

154
Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

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13) Uma financeira informou às lojas de eletrodomésticos que


os financiamentos pelo CDC (Sistema Price) não poderiam ter
prestações superiores a 30% do preço à vista. Se o custo real do
dinheiro para CDC é de 1% a/m, qual o maior prazo possível de
financiamento? A inflação prevista é de 0,5% a/m.
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O Plano de Financiamento e a Taxa


Interna de Retorno (TIR)
Vamos agora calcular a TIR do fluxo de prestações da tabela de financiamento
anterior utilizando a planilha eletrônica Excel. Observe que o valor da TIR é 10%,
isto é, a taxa que anula a série descontada de prestações.

155
Administração Financeira e Matemática Financeira

Figura 4 – Cálculo da TIR do fluxo de prestações de uma tabela de financiamento


utilizando a planilha eletrônica Excel

Fonte: O autor.

Obs.: Para o cálculo da TIR, utilize a opção TIR do menu “funções financeiras”
da planilha Excel. Marque os valores constantes da coluna C (C4:C9) e pressione
a tecla ENTER na célula C10.

Cálculo do Valor da Prestação


Conforme o Conceito de
Descapitalização de uma Série de
Valores no Tempo
Podemos também calcular o valor da prestação aplicando o conceito de
descapitalização de uma série de valores no tempo. Vimos que o valor da
prestação deve ser tal que, ao final do prazo de pagamento, o saldo devedor seja
igual a zero, isto é, seja totalmente amortizado.

Repetindo os dados do exercício:

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Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

Esquematicamente, temos:

14.000 = p1 / (1+0,10)1 + p2 / (1+0,10)2 + p3 / (1+0,10)3 + p4 / (1+0,10)4 + p5 / (1+0,10)5

Ou seja, a soma dos termos do lado direito da igualdade, divididos pelo fator
(“um” mais a taxa de juro) elevado ao respectivo expoente da série, deve ser igual
a 14.000.

Já que p1 = p2 = ... = p5, isto é, o valor da prestação é constante, podemos


colocar “p” em evidência e reescrever a equação acima da seguinte maneira:

14.000 = p x [1 / (1,10)1 + 1 / (1,10)2 + 1 / (1,10)3 + 1 / (1,10)4 + 1 / (1,10)5]

p (prestação) = 14.000 / [1 / (1,10)1 + 1 / (1,10)2 + 1 / (1,10)3 + 1 / (1,10)4 + 1 / (1,10)5]

Os valores entre colchetes caracterizam uma Progressão Geométrica de


razão 1 / 1,10, com cinco termos. Podemos então calcular a soma desta PG.

p (prestação) = 14.000 / 3,79079 = 3.693,16

Cálculo do Valor do Saldo Devedor


O saldo devedor inicial é igual ao valor do empréstimo. O saldo devedor
subsequente é obtido subtraindo-se do saldo devedor inicial o valor da primeira
parcela de amortização e, assim, sucessivamente.

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Administração Financeira e Matemática Financeira

Cálculo do Valor do Juro


O juro é calculado aplicando-se a taxa de juro sempre sobre o saldo devedor.

Conforme verificado, o valor do juro lançado na primeira linha é 1.400, igual


a 10% sobre o valor do primeiro saldo devedor (no caso, o valor do empréstimo =
14.000).

A segunda parcela de juro é igual a 10% aplicados sobre 11.706,84 e, assim,


sucessivamente.

Cálculo do Valor da Amortização


A amortização é obtida pela diferença entre o valor da prestação e o valor do
juro, pois:

Prestação = Amortização + Juro

Devemos nos lembrar de que apenas o valor da prestação é constante,


enquanto que a amortização e o juro variam. A amortização representa a parcela
do capital que está sendo devolvida ao emprestador (amortecida do capital,
usando um sentido figurado). Por essa razão ela é abatida do valor do saldo
devedor a cada período. O valor do juro é calculado pela aplicação da taxa de
juro sobre o saldo devedor (que vai diminuindo por força das deduções das
amortizações).

No nosso caso, temos:

- Prestação = 3.693,16
- Valor da primeira parcela de juro = 1.400,00.
- Valor da primeira parcela de amortização = 2.293,16 (3.693,16 – 1.400,00)

A determinação dos valores de amortização pode ser obtida a partir do valor


da primeira parcela, multiplicando-a por (1 + taxa)k-1, sendo k o número de ordem
da amortização que se deseja determinar. No nosso exemplo, o valor da parcela
de amortização referente à quinta prestação é igual a:

- Valor da primeira parcela de amortização: 2.293,16


- Valor da quinta parcela de amortização: 2.293,16 x (1,10)5-1 = 3.357,42

O valor da amortização é o valor da prestação descontada.

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Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

Quando um financiamento é realizado, o credor espera que o devedor pague


os juros sobre o VP que lhe é emprestado, de acordo com uma taxa de juro,
período de cálculo de juros, periodicidade dos pagamentos (diários, mensais,
trimestrais etc.) e prazo previamente combinados.

Se o contrato não estabelece uma periodicidade no pagamento dos valores


ao credor, o devedor pode pagar os juros e amortizar o financiamento conforme a
sua conveniência.

A maior parte dos financiamentos, entretanto, estabelece regras de


pagamento das prestações de forma periódica. Os financiamentos se enquadram
no conceito de Anuidade (ver item CAPITALIZAÇÃO DE UM VALOR E DE UMA
SÉRIE DE VALORES NO TEMPO, deste capítulo).

Figura 5 – Saldo devedor x Amortização

Fonte: O autor.

A tabela anterior recupera os dados da tabela de financiamento já


apresentada, na qual calculamos o valor das amortizações subtraindo os juros do
valor das prestações, pois Prestação = Amortização + Juros.

Nesta tabela estamos calculando o valor das mesmas amortizações de


maneira diferente. Estamos aplicando o esquema usado no item CAPITALIZAÇÃO
DE UM VALOR E DE UMA SÉRIE DE VALORES NO TEMPO nº 4. Estamos
dividindo cada uma das prestações (seus valores se repetem) pelo fator de
desconto (1,10), cada um deles com o expoente correspondente à “linha Período”.

Portanto, temos (assinalado na tabela):

3.693,16/1,101 = 3.357,42; 3.693,16/1,102 = 3.052,20; etc.

Esses valores são os mesmos da tabela anterior, mas estão na ordem


inversa. Na outra tabela os juros são maiores ao início e as amortizações são
menores. As diferenças estão na maneira de se contabilizar os valores. Os juros
são receita financeira e as amortizações são receitas de capital.

159
Administração Financeira e Matemática Financeira

Sob a perspectiva de um banqueiro, ele estaria recebendo uma receita


financeira maior no curto prazo e a recomposição do seu capital seria mais lenta.
Para um empresário a expectativa é a de que ele recupere o seu capital mais
rápido, para reinvestir.

Repare que a soma das amortizações é igual ao VP. Surge aqui outro
conceito importante no cálculo financeiro: o VPL, ou Valor Presente Líquido. Ele
significa que se somarmos o valor do financiamento (com o sinal negativo) e os
valores descontados das prestações, em termos líquidos, teremos ZERO!

Vejamos:

-14000+ 3.357,42 + 3.052,20 + 2.774,73 + 2.522,48 + 2.293,16 = ZERO

Revendo o item TAXA INTERNA DE RETORNO (EFETIVA) – TIR podemos


concluir que uma tabela de financiamento é semelhante ao esquema de
recuperação de um investimento, de acordo com o critério da TIR.

Atividades de Estudos:

1) Um inquilino resolve antecipar, de uma só vez, o pagamento


de dez aluguéis mensais de R$ 400,00, ao assinar o contrato.
Calcular o valor desse pagamento total, sabendo-se que a taxa de
juro é igual a 1% a.m. (um por cento ao mês) e que o pagamento
dos aluguéis iria ocorrer ao final de cada mês.
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2) Um funcionário, prevendo sua aposentadoria, resolve efetuar


nos próximos dois anos depósitos mensais iguais em um fundo
de pecúlio, sendo o primeiro depósito efetuado ao término do
primeiro mês. A totalidade do capital acumulado será resgatada
por meio de dez retiradas semestrais de $ 80.000, ocorrendo
a primeira dois anos após o último depósito. Considerando um

160
Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

rendimento efetivo do fundo de 4% a.m., determinar o valor dos


depósitos mensais $ 3.446,34.
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Operações de Leasing Ou
Arrendamento Mercantil
A operação de leasing é um caso particular da operação normal de
financiamento. A diferença é que em uma operação normal de financiamento não
há resíduo após o pagamento da última prestação. O tratamento financeiro que se
dá às operações de leasing é o de calcular o valor atual do resíduo (trazê-lo para
a data inicial) e subtraí-lo do valor do financiamento.

De maneira geral, uma operação de leasing ou arrendamento de natureza


mercantil (não financeira), congrega três agentes: 1) o fabricante do bem de
consumo ou de capital, 2) o usuário do bem e 3) a instituição financeira que
compra o bem do fabricante e o aluga ao usuário.

Do ponto de vista da análise financeira, as variáveis envolvidas em uma


operação de leasing estão registradas em contrato e compreendem: 1) o valor do
bem, 2) o valor residual do bem (que é a estimativa do valor futuro de mercado do
bem ao término do contrato de arrendamento), 3) o número de prestações que o
usuário se compromete a pagar ao banco, 4) o valor da prestação e 5) a taxa de
juro.

Exemplo:

Um empresário efetuou um leasing de uma laminadora por cinco meses. O


valor do equipamento é $ 100.000,00 e o valor residual é $ 1.000,00. Calcular o
valor da prestação mensal, sabendo-se que a taxa de juro da operação é de 2,5%
a.m. Resolver a questão desenvolvendo uma tabela que evidencie a amortização
do financiamento.

161
Administração Financeira e Matemática Financeira

Valor do equipamento 100.000,00


Valor residual 1.000,00
Taxa de juro (a.m.) 2,50%
Período (meses) 5

Solução:

Constrói-se a tabela de amortização como se o empréstimo fosse de $


100.000,00. Abate-se deste o Valor Presente do valor residual do equipamento e
tem-se o valor da prestação do leasing.

Cálculo do Valor Presente do valor residual do equipamento


1.000 x (1/(1+0.025) 5) = $ 883,85

Cálculo da Prestação

a) Determinação do Valor do Empréstimo, abatendo-se o Valor Presente do


valor residual do equipamento.

100.000,00 - 883,85 = 99.116,15

b) Cálculo da Prestação

n =5; a1 = q = 1 / (1.025); Empréstimo = 99.116,15

Prestação = 99.116,15 / 4,6458285 = 21.334,44

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Planos de Financiamento e Tabelas de
Capítulo 7 Amortização

Algumas Considerações
A concessão de empréstimos para o consumo e para o investimento é
instrumento importante para a geração do crescimento econômico e para o
atendimento das necessidades de cidadãos, empresas e governos. A flexibilidade
das operações de financiamento no que respeita ao pagamento dos empréstimos
em prazos e condições diferenciados facilita a possibilidade da realização de um
elevado número de operações de financiamento.

As tabelas de amortização de financiamentos em prestações constantes


e em amortizações constantes apresentam a desagregação do calendário de
pagamentos da primeira à última prestação. Elas detalham o valor das parcelas
de capital e dos juros pagos e do saldo devedor a cada período. A tabela de
amortização é um dos mais importantes instrumentos para o acompanhamento
dos contratos de financiamento.

Referências

FUNENSEG. Diretoria de Ensino e Produtos. Fundamentos de Matemática
Financeira. Assessoria Técnica: Nelson Chalfun Homsy. 6. ed. Rio de janeiro:
FUNENSEG, 2007.

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