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EMPREENDEDORISMO

Nº 21 | JULHO/AGOSTO | 2018

Natural
e artesanal
NATURAL E ARTESANAL EMPREENDER GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
• Casa Brava P. 3 • O que impulsiona • Decidir bem, sempre, pode não
• Ervas do Casal P. 5 o Espírito ser o melhor para si... P. 23
• Design e artesanato, um empreendedor • Trate seus liderados de
encontro no Algarve P. 7 P. 10 forma desigual P. 24
ABERTURA

Índice
NATURAL E ARTESANAL
• Casa Brava P. 3
Editorial
• Ervas do Casal P. 5
• Design e artesanato, um encontro no Algarve P. 7 Mónica Monteiro
monicamonteiro@startandgo.pt
EMPREENDER
• O que impulsiona o Espírito empreendedor P. 10

N
um mundo cada vez mais complexo e
ECONOMIA SOCIAL
• Um olhar sobre a economia social P. 12 de rápida mudança voltar às origens,
assume-se como uma necessidade. A
ESTRATÉGIA adesão ao Natural e Artesanal é uma tendência
• Explore os recursos subutilizados para crescer P. 14 crescente na sociedade e por isso novas
• Integrar para conquistar P. 15 oportunidades surgem para empreendedores
e empresas. Apresentamos nesta edição vários
MARKETING projetos que são verdadeiros exemplos de Slow
• Publicidade programática: o que é
e como funciona? P. 17 Movement.
Empreender no setor social pode ser uma
VENDAS oportunidade conforme nos diz a Ana Isabel
• 10 características comportamentais de um Lucas no seu artigo desta edição. Contudo, não
vendedor TOP PERFORMER! P. 19 chega ter uma ideia, é fundamental juntar-lhe
um plano estruturado, mas ao mesmo tempo
EMPRESAS FAMILIARES
flexível. Assim, sugerimos que leia as dicas do
• Consumidor disponível para pagar mais por
produto de empresas familiares P. 21 Hugo Gonçalves, que podem ajuda-lo a ser bem-
sucedido no seu projeto.
GESTÃO DE QUALIDADE Sabe o que é a Publicidade programática e como
• Escolhas e responsabilidade … nada funciona? Miguel Soares explica-nos esta nova
mais simples! P. 22 tendência, que veio para ficar.
Procure uma gestão personalizada e
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
• Decidir bem, sempre, pode não ser individualizada dos seus colaboradores pois
o melhor para si... P. 23 são quem o vão ajudar a fazer a diferença. Este
• Trate seus liderados de forma desigual P. 24 será também um dos seus maiores desafios. Os
nossos autores Manuela Ribeiro e Paulo Marcelo
GESTÃO ajudam-no a ser bem-sucedido na gestão de
• O taxista à boleia dos seus sonhos! P. 25 recursos humanos.
Como nos diz Pedro Barbosa, e seja qual for o
FORA DA CAIXA
• 11 após escrever no Facebook, escrevo seu caso, empreenda e pinte a sua vida de várias
sobre o Facebook P. 26 cores.
Da nossa parte só podemos desejar boas ferias e
TI não se esqueça,
• O tipo de site ideal Start & Go!!!!
para a sua empresa P. 27
• Porque são as mulheres essenciais para
a Inteligência Artificial? P. 28

DICAS
• A liderança autêntica funciona?
Verdade a mais? P. 30
• Fica com o sentimento de tempo perdido?
REVISTA EM FORMATO DIGITAL | Nº 21 – julho/agosto 2018
Parecem mais workshops que reuniões? P. 30 COORDENADORA Mónica Monteiro (monicamonteiro@startandgo.pt)
COORDENADORA-ADJUNTA Patrícia Flores (patriciaflores@vidaeconomica.pt)
CONVERSAS DE EMPREENDEDOR PAGINAÇÃO Flávia Leitão (flavialeitao@vidaeconomica.pt)
PARTICIPAM NESTE NÚMERO Ana Isabel Lucas, António Costa, Gonçalo Gil Mata,
• A Receita da Felicidade P. 31 High Play Institute, Hugo Gonçalves, José Carlos Pereira, Luis Lobão, Luis Marques,
Manuela Ribeiro, Miguel Soares, Mónica Monteiro, Paulo Marcelo, Pedro Barbosa,
PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL Rui Pedro Oliveira, Vitor Rodrigues
• E tu, como pintas a tua vida? P. 32 PUBLICIDADE PORTO Rua Gonçalo Cristóvão, 14, 4000-263 Porto
Tel: 223 399 400 • Fax: 222 058 098
LISBOA Campo Pequeno, 50 - 4º Esq. 1000-081 Lisboa • Tel: 210 129 550
E-mail: Geral@startandgo.pt

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NATURAL E ARTESANAL

Casa Brava
J
ulie e Marco tinham o sonho de ad-
quirir uma pequena casa no Algar-
ve. Em 2014, quando ainda viviam e
trabalhavam em Paris, começaram a sentir
que as suas vidas não estavam no caminho
certo. Encontraram uma pequena quinta
abandonada em Loulé e, após uma restau-
ração com materiais locais e ecológicos, o
nome de Casa Brava foi óbvio. De facto,
a quinta estava isolada, no meio de uma
natureza selvagem, longe da agitação das
grandes cidades. Destinada inicialmente
para férias, rapidamente o contacto com
a natureza algarvia despertou a vontade
de viver de maneira mais saudável e com
respeito pelo meio envolvente.
A ideia do projeto começa a ganhar for-
ma nas suas mentes. “Ao aproximarmo-
-nos da natureza e aproveitarmos o
tempo para observar e compreender os
elementos que nos cercam, percebemos
rapidamente que o projeto deveria ser
um projeto global: uma abordagem di-
ferente de como consumimos, viajamos a frio, em Paris e em Bruxelas, e apos-
e vivemos simplesmente”, contam estes taram na utilização de matérias-primas Para o futuro
empreendedores. Com o objetivo de ser portuguesas biológicas de alta qualidade, próximo está ainda
um verdadeiro vetor de vida saudável, o como o azeite, para a produção de produ-
projeto “Casa Brava” aposta em diferen- tos cosméticos. Para o futuro próximo está
o desenvolvimento
tes valências. ainda o desenvolvimento de uma gama de de uma gama de
Aprenderam o processo de saponificação acessórios para o banho e produtos de acessórios para o
banho e produtos
de bem-estar,
sempre numa
abordagem
ecológica

bem-estar, sempre numa abordagem eco-


lógica.
Potenciar o espaço natural para a promo-
ção de eventos e a casa num conceito Eco
Bed & Breakfast tem sido também uma
aposta complementar. Sendo certo que
grande parte do mercado está fora de Por-
tugal, a procura por parte dos clientes por-
tugueses tem sido bastante interessante.
Falamos na sua maioria de um cliente
entre os 25 e 40 anos, preocupado com
assuntos ecológicos e sensível ao design
simples.
O maior desafio foi mesmo a criação
de uma rede de parceiros ao nível local:

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NATURAL E ARTESANAL

“Queríamos desde o início criar um pro-


jeto que pudesse integrar parceiros ao
nível local. Achamos que trabalhar junto
com os nossos vizinhos pode ser benéfico
para todos. Uma ideia de crescer juntos!”,
dizem-nos.
Hoje, os produtos “Casa Brava” encon-
tram-se em lojas de produtos naturais
e “eco-friendly” por todo o país, conse-
quência da aceitação dos valores da marca
por parte de uma vasta rede de parceiros.
Os resultados têm sido bastante positivos
“Não contávamos com uma adesão tão
rápida para o nosso conceito!”, afirmam
Julie e Marco.
Os projetos para o futuro são muitos…
“Produzir em modo permacultura bio o
máximo de matérias-primas de que preci-
samos para a nossa cosmética, mas tam-
bém os frutos e legumes para consumo”
é um deles.
Da nossa parte só nos resta desejar um fu-
turo risonho e sustentável.

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Ervas do Casal
Patrícia Carvalho e Mário
Valente são o casal das
Ervas do Casal. Estivemos
à conversa com eles para
conhecer melhor o seu
projeto.
Como surgiu a ideia de criar a
Ervas do Casal?
 O gosto pela terra, pelos cheiros da natu-
reza, pelas cores deve ter nascido quando
acompanhava os meus avós nos trabalhos
do campo e passava horas com os pés nas
valas de rega do milho, subia às árvores,
comia os cachos de uvas na altura da vin-
dima e fazia palhinhas com os caules de
abóboras. Depois conheci as plantas aro-
máticas e medicinais e apaixonei-me. Os
meus avós eram agricultores e a certa
altura foi necessário decidir o que fazer
com os terrenos. Foi aí que colocamos a sos próprios equipamentos (máquina de
hipótese de cultivarmos plantas aromáti- Neste momento corte de plantas, plantadores, sachos de
cas e medicinais. Estudámos o assunto e as Ervas do Casal roda, etc). Estes funcionaram tão bem
decidimos avançar com o projeto. Recupe- produzem plantas que acabámos por criar uma marca, a
rámos os terrenos de cultivo e os antigos MAAB – Máquinas de Apoio à Agricultura
edifícios de apoio e começámos a produzir
aromáticas e Biológica, que desenvolve e comercializa
as plantas. Pelo meio, verificámos que os medicinais secas, equipamentos para uma agricultura sus-
equipamentos que existiam no mercado óleos essenciais e tentável.
eram pouco adequados e demasiado ca- hortícolas Neste momento, as Ervas do Casal produ-
ros e começámos a desenvolver os nos- zem plantas aromáticas e medicinais se-
cas, óleos essenciais e hortícolas.

Porquê a aposta na produção


em modo biológico?
Porque, por princípio, não poderia ser
de outra forma. Fazer agricultura com
produtos químicos de síntese que se vão
acumular no solo, nas plantas e acabam
por ser ingeridos pelas pessoas não esta-
va nos nossos planos. Pretendíamos fazer
uma agricultura em que o respeito pelo
solo, pelo meio envolvente, pelos ciclos
da natureza e pelas pessoas fosse tido em
conta. Por outro lado, todo o mercado das
plantas aromáticas e medicinais está ba-
seado na produção em modo biológico,
com uma mais-valia de valor.
O setor  da agricultura biológica está a
crescer na Europa e em Portugal. Cada
vez mais o consumidor está consciente
das vantagens de consumir produtos bio-
lógicos; no entanto, ainda há um enorme

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trabalho de divulgação e informação a fa- flor de sabugueiro, calêndulas, mentas, cessidades e melhores formas de produ-
zer nesta área. poejo, hortelã vulgar, louro, manjericão ção dentro do espírito do modo de  pro-
roxo e muitas outras. Fazemos a venda di- dução biológico. O facto de este setor ser
Qual é a vossa gama de reta ao consumidor e venda a granel para relativamente recente e ainda não estar
produtos/serviços? Como revendedores. bem organizado como fileira e ter ainda
adquirir os vossos produtos? Os nossos óleos essenciais são produzidos uma pequena dimensão cria algumas di-
Os nossos produtos são plantas aromáti- por nós com as nossas plantas. Temos os ficuldades em termos de escoamento dos
cas e medicinais secas e frescas, hortícolas seguintes óleos: hortelã-pimenta, salva, produtos.
e óleos essenciais. Podem ser adquiridos tomilho vulgar, tomilho bela-luz, segure-
pelo facebook, em lojas locais e feiras e lha e alfazema. Que projetos para o futuro?
mercados. Organizamos visitas à explora- Para o futuro pretendemos evoluir na pro-
ção e oficinas ligadas às plantas, agricultu- É fácil empreender no setor dução dos óleos essenciais, desenvolver
ra biológica, natureza e bem-estar. agrícola? alguns produtos com valor acrescentado,
As Ervas do Casal têm uma enorme gama No sector agrícola, para além de ter de ha- criar uma plataforma de venda de produ-
de plantas secas e frescas que vai variando ver uma ideia clara do que se pretende fa- tos “on line” e criar um Parque dos Aro-
ao longo do ano. Algumas das plantas são: zer, há que ter em conta a todos os fatores mas na Exploração. Paralelamente, pre-
stévia, limonete, tomilho vulgar, laranja, da Natureza. Para além de ter uma ideia tendemos continuar a desenvolver equi-
limão e bela-luz, segurelha, manjerona, para uma produção agrícola, um produto pamentos agrícolas  na MAAB, de forma
salva, perpétua roxa, perpétua morango, ou um serviço e de se fazerem analises de a colmatar uma série de necessidades de
mercado e plano de negócio, há que co- operações que existem, desde a colheita
nhecer bem as condições de produção da ao corte de caules, limpeza de ervas, etc.
cultura e o mercado onde se pretende es-
As Ervas do Casal tar presente. E há sempre muitos impon- Que conselhos darias a quem
deráveis: o clima, as pragas, as doenças, se quer empreender?
têm uma enorme
chove ou se a temperatura é demasiado Ter um sonho! Na área agrícola é mesmo
gama de plantas elevada, etc. preciso gostar-se muito do que se faz, pois
secas e frescas as exigências em tempo, disponibilidade e
que vai variando Quais os maiores desafios resiliência são enormes. E depois fazer um
ao longo do ano enfrentados até ao momento? bom plano de negócios e estudar muito
O maior desafio é a produção em si e o bem o mercado em que se pretende en-
tempo! Conhecer as culturas, as suas ne- trar.

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NATURAL E ARTESANAL

Design e artesanato,
um encontro no Algarve
O Projeto Tasa pretende
trazer a inovação estratégica
à atividade artesanal,
afirmando-a como uma
profissão de futuro.
1. Como surgiu a ideia do
projeto Tasa?
O Projeto TASA surgiu em 2010, pela ini-
ciativa da CCDR Algarve, com a intenção
de introduzir inovação estratégica na ati-
vidade artesanal do Algarve, afirmando-a
como uma profissão de futuro. A CCDR
contratou uma equipa de designers que
executou as ações previstas na primeira
fase, nomeadamente a criação de 27 pro-
dutos, em colaboração com 11 artesãos.
Passado esse ano de projeto, o desafio
foi o de dar continuidade ao projeto sem
depender do financiamento público. Em
2012 foi celebrado um protocolo da CCDR
Algarve com a Proactivetur – empresa de
Turismo Responsável – para a gestão do
projeto, sem custos para a entidade pro-
motora, situação que vigora até à data.

2. Quais são os valores na base


de todo o projeto?
A missão do Projecto TASA é a de afirmar
a atividade artesanal, nomeadamente as
artes tradicionais algarvias, como uma
profissão de futuro. É necessário, então,
que estes saberes ancestrais ligados a um
contexto cultural e económico específico
(marcadamente rural) da região conti-
nuem a ser considerados úteis, pertinen-
tes e apetecíveis nos tempos de hoje. Es-
tamos a falar, por exemplo, de dar novos A missão do Projecto
usos à técnica da empreita (entrelaçados TASA é a de afirmar
com a folha da palma), da cestaria em a atividade artesanal, continuidade às artes tradicionais se se
cana, da olaria, da latoaria, da tecelagem nomeadamente as trabalhar numa lógica de sustentabilida-
em linho ou da cortiça, com uma aborda- artes tradicionais de em que interajam os valores da eco-
gem mais contemporânea que respon- logia, da ética, da viabilidade económica
da às necessidades atuais. Com isto, irá
algarvias, como uma e da diversidade cultural. Ou seja, utilizar
estimular-se a procura e, a par, aliciar-se profissão de futuro materiais naturais, tratados de forma sus-
novas gerações de artesãos que garantam tentável e desenhados para durar. Atribuir
a continuidade de um importante e distin- o valor justo ao trabalho artesanal tendo
tivo património imaterial. em conta o tempo que requer, no sentido
Mas acreditamos que só é possível dar de contribuir para uma sociedade justa e

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equilibrada, favorecendo também a cria- Com muita satisfação nossa, verificamos soas que valorizam muito a cultura, o de-
ção de economia nos territórios de baixa que estamos gradualmente a juntar um sign sustentável, as matérias-primas na-
densidade populacional. Promover a cons- conjunto consistente e promissor de par- turais, o lado humano e diferenciador da
ciencialização para o consumo responsá- cerias. Os artesãos com quem continua- peça. Temos imenso prazer em contactar
vel, preocupado com as alterações climá- mos a colaborar, ou que temos vindo a com os nossos clientes.
ticas e interventivo na construção de um juntar à rede, são verdadeiros embaixa- Colaboramos também com instituições
futuro viável para as gerações vindouras. dores do TASA. Há um respeito mútuo e públicas, sobretudo municípios, no senti-
E, por fim, contribuir para a preservação um diálogo muito próximo que cria um do de intervir para a valorização das artes
da cultura, mantendo ativos os saberes espaço fundamental de confiança. Os ar- e ofícios dos seus territórios (caso de Al-
ancestrais ligados aos ofícios manuais. Es- tesãos não são meros fornecedores, são coutim, Silves e Loulé). Outras instituições,
tes são os valores com que nos pautamos um agente fundamental de alteração do como a CCDR Algarve, a Direção Regional
e que nos levam a crer na possibilidade de velho paradigma da desvalorização das de Cultura, o IEFP, a Universidade do Al-
futuro para ofícios que atualmente estão artes manuais ligadas à ruralidade. Os garve, têm-se disponibilizado para partici-
ameaçados de extinção. nossos parceiros comerciais representam par em debates inerentes à preparação de
marcas, instituições, projetos, empresas propostas de ação. Sentimos que, à nossa
3. Qual é o fator crítico de que conhecem a missão do TASA, os seus medida, temos dado um contributo para
sucesso do mesmo? valores, e fazem questão de pertencer a tomada de consciência de entidades (e
Os artesãos. A existência de detentores de a um movimento pelo resgate das artes também do público em geral) para a rea-
saberes dos ofícios artesanais em sintonia tradicionais que, além de mais, permite lidade das artes e ofícios de cariz tradicio-
com esta visão e dispostos a colaborar valorizar e diferenciar os seus espaços e a nal da região.
com a missão do Projecto TASA. Sem esta experiências dos seus clientes.
condição de base não é possível avançar O cliente do TASA constata, em grande 5. Qual tem sido a reação do
muito. medida, a tendência crescente de um tipo mercado ao projeto?
de consumo mais responsável, interessa-
4. Qual tem sido a reação do no produto que compra, em perceber Tem sido cada vez melhor. Estamos numa
e a gestão de todos os de que é feito, como é feito, que história altura ideal em que o mercado desperta
“stakeholders” do projeto? conta e que valores representa. São pes- para a produção artesanal de alto valor
cultural, diferenciadora e inserida numa
lógica de economia circular. Há uma cons-
ciência maior sobre o impacto que as
nossas escolhas como consumidores têm
para o desaceleramento das alterações cli-
máticas e também para a diminuição das
desigualdades sociais. Com consumido-
res mais conscientes e exigentes abre-se
espaço para formas alternativas de pro-
dução, concretamente, para a produção
artesanal. Temos verificado uma maior
procura de produtos do nosso catálogo, e
também por parte de gabinetes de interio-
res e arquitetura, para desenvolvimento
de produtos personalizados, destinados a
espaços de hotelaria, escritórios e restau-

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NATURAL E ARTESANAL

ração. Além dos produtos, também tem


vindo a aumentar a procura de workshops
e experiências criativas relacionadas com
as artes tradicionais.

6. Quais as principais
dificuldades sentidas até à
data?
Por causa do aumento na procura, tem-se
verificado uma maior dificuldade na res-
posta. Ou seja, acentua-se o aspeto crítico
de que falávamos antes, que é o número
reduzido e a idade avançada dos artesãos.
A média de idades dos artesãos que cola-
boram com o TASA nalguns dos ofícios as-
cende aos 70 anos. Daí que a Proactivetur,
na qualidade de gestora da marca Projec-
to TASA, tenha decidido investir num pro-
grama de capacitação de novos artesãos
(Programa “Artesãos do Século XXI), sem ciencialização do consumidor e atração de ciados à pobreza e à falta de “cultura”
ficar à espera da iniciativa de entidades novos artesãos. do povo. Mas também somos contem-
públicas. porâneos de uma época onde se estão a
Outra dificuldade prende-se com a cultura 7. Qual o balanço do mudar paradigmas de consumo, sociais e
de desvalorização instalada na sociedade. trabalho desenvolvido até ao ambientais, muito favoráveis a práticas de
A grande maioria dos artesãos das artes momento? sustentabilidade e a marcas como o TASA.
tradicionais algarvias é reformada, exerce Nestes seis anos de gestão do TASA pas- Temos conseguido passar por tudo isto e
esta atividade de forma complementar, e sámos por muitas fases e aprendemos manter um projeto na sua fase pós-finan-
vê nela, acima de tudo, uma legítima fun- muito (aliás, ainda estamos a aprender). ciamento, o que nos indica, por si só, que
ção social, de ocupação dos tempos livres Atuamos numa área complexa e em mu- o balanço é positivo.
e realização pessoal. Comercializam os dança. Vamos contra a corrente de uma
produtos nos mercados locais, sem fazer mentalidade de desvalorização destes sa- 8. Ideias para o futuro?
depender disso a sua economia. O facto beres que são asso- É continuar a rumar (a favor da corren-
de não refletirem no preço o devido valor te!) no sentido de perseguir a nossa
da sua produção inibe o processo de cons- missão e alcançar os objetivos que
permitam garantir o bom curso
na direção da sustentabilida-
de das artes tradicionais. E
estar na base da construção
e implementação de mais
programas de capacitação
e apoio à instalação de
novos artesãos.

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EMPREENDER

O que impulsiona o Espírito


empreendedor

A
cesso ao financiamento é o maior mente, atingiu valores de 43% e, a nível eu- Gestão do Instituto Superior Técnico, afir-
entrave dos portugueses para a ropeu, de 37%. ma que “o crescimento que este ano se
criação de um negócio próprio. Estas percentagens registadas pelos portu- verificou nas intenções empreendedoras
• A confiança dos portugueses nas temá- gueses resultam de uma pontuação única dos portugueses e na sua confiança, com-
ticas de empreendedorismo está em obtida através do Índice do Espírito Em- parativamente a outros países da Europa,
alta, com valores superiores à média preendedor Amway (AESI), uma métrica é particularmente notável tendo em conta
europeia e global. desenvolvida pela empresa, pelo terceiro que ainda no ano passado os mesmos va-
• 84% dos inquiridos assumem dificul- ano consecutivo, e que este ano demonstra lores estavam significativamente abaixo da
dades nas questões relacionadas com as alterações positivas no comportamento média europeia. Os resultados do relatório
impostos e regulamentação, acabando e espírito dos portugueses. AGER 2018 refletem, mais do que uma me-
por condicionar a decisão de empreen- A métrica AESI baseia-se na “Teoria do lhoria da situação económico-financeira,
der. Comportamento Planeado” de Icek Azien, um maior otimismo dos portugueses quan-
• Existe vontade para a criação de negó- e mede três variáveis que influenciam a to ao horizonte socioeconómico de médio
cios, mas apenas 35% dos portugueses intenção de uma pessoa para iniciar um prazo e às suas próprias capacidades para
estão dispostos a correr o risco de o negócio: Desejo (pela realização das pró- empreender. As três variáveis da métri-
fazer. prias ideias), Viabilidade (relacionada com ca AESI tiveram uma pontuação mais alta
A Amway, empresa líder mundial no setor formação e competências necessárias para que a média global e europeia, e é notório
de venda direta, acaba de revelar os resul- iniciar um negócio) e Estabilidade (pressão que os portugueses de ambos os sexos se
tados do 8º estudo AGER (“Amway Global social, da família e/ou amigos). A média sentem mais motivados para empreender
Entrepreunership Report”), um relatório e criar projetos que contribuam para o de-
anual realizado em colaboração com a Es- senvolvimento económico do país”.
cola de Negócios da Universidade Técnica
de Munique e a empresa de estudos de O resultado mais O meio envolvente empresarial
mercado Gfk, que foca as principais ten- surpreendente do impulsiona a criação
dências empreendedoras a nível global e relatório é a atitude de negócio?
em detalhe, os resultados obtidos em Por- dos portugueses Em análise no estudo deste ano esteve o
tugal. facto de o meio envolvente impulsionar ou
Este ano, sob o tema “O que Impulsiona o
perante o não a criação de negócio. E a maioria dos
Espírito Empreendedor”, os fatores exter- empreendedorismo, portugueses deu destaque a duas situa-
nos e internos que podem ser benéficos o desejo de ções relacionadas com a disponibilidade
ou prejudiciais na criação de um negócio empreender – com de informação e ferramentas: 52% consi-
próprio estiveram em análise por mais de 56% a demonstrarem deram que existem meios tecnológicos que
48 mil pessoas que participaram no estudo. essa vontade, mais proporcionam iniciativas de empreendedo-
O resultado mais surpreendente do relató- rismo com maior facilidade e ainda que o
rio é a atitude dos portugueses perante o
11% que o registado sistema educacional já fornece ferramentas
empreendedorismo, o desejo de empreen- no último relatório necessárias para o fazerem, com um regis-
der – com 56% a demonstrarem essa von- to de 43%. No que respeita a regulamentos
tade, mais 11% que o registado no último e legislação, apenas 26% assumem que o
relatório. A confiança para empreender que está em prática é de fácil compreensão
teve também um significativo aumento de que Portugal obteve no AESI foi de 53 pon- para quem pretende empreender, registan-
dez pontos percentuais, registando 49% tos em 100 (mais sete pontos que no ano do-se esta opção na terceira posição.
este ano. Além disso, 53% dos portugueses transato) um valor superior face à média Comparativamente com os resultados ob-
assumem também que não permitem que global (47 pontos) e europeia (42 pontos). tidos a nível mundial e europeu, o ranking
as suas relações sociais os demovam dos Esta análise é efetuada pela média de res- não é muito diferente nas duas primeiras
objetivos empreendedores. postas em cada um dos pilares – Desejo, opções de resposta por parte dos inquiridos,
Quando comparados com a média mundial Viabilidade, Estabilidade – e numa escala apenas ligeiras diferenças percentuais fo-
e até europeia, os valores obtidos em Por- de 0 a 100. ram observadas; a disponibilidade tecnoló-
tugal são bastante significativos. A média Rui Baptista, orientador científico do “Am- gica registou globalmente 48% e, na Europa,
mundial em relação ao desejo para em- way Global Entrepreneurship Report” em uma percentagem de 44%. Quanto ao siste-
preender foi de 49% e a europeia de 41%, Portugal e professor catedrático respon- ma educacional disponível, a média mundial
enquanto a confiança para o fazer, global- sável pelo Departamento de Engenharia e é de 40% e a europeia de 36%. Já as percen-

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EMPREENDER

Em que áreas os portugueses necessitam


de mais apoio para desenvolver um negó-
cio?
A resposta que maior destaque obteve em
relação às áreas de apoio foi com 34% dos
portugueses a assumirem que é no finan-
ciamento que mais carecem de auxílio. A
nível mundial, esta necessidade não foi tão
notória, apenas 23% da população mundial
e europeia assumiram essa carência. Na
segunda posição está a implementação da
ideia, ou seja, como se deve desenvolver
um negócio. Portugal registou 18% de res-
postas, enquanto a média mundial e euro-
peia é inferior e exatamente a mesma, de
13%.
tagens obtidas na terceira posição diferem tas a nível global e 62% a nível europeu. De As questões relacionadas com marketing,
bastante, o mundo e a Europa consideram seguida, compromisso e sacrifício registou identificação de target e estratégia de co-
que a situação económica local é atualmen- 57% global e 53% na Europa. Já em rela- municação seguem identificadas como a
te benéfica, com 36% e 29% dos inquiridos ção aos dados registados sobre o facto de terceira necessidade para os portugueses,
a escolher esta opção, mas em Portugal esta se correrem riscos ao empreender e ao com 17% das respostas, seguida das neces-
escolha recai para 5º lugar, com apenas 15% desenvolvimento de ideias de negócio, as sidades administrativas (apoio nas áreas de
dos participantes a valorizar este tópico no respostas a nível global e europeu foram finanças e impostos) e das carências que se
inquérito. Na 4ª posição, os portugueses as- diferentes. Curiosamente, 52% (média glo- poderão verificar nos recursos humanos,
sumem que uma das maiores dificuldades bal) e 47% (média europeia) dos inquiridos ambas com 12%.
que sentem na criação de um negócio está assumem ter capacidade para desenvolver Quanto aos participantes a nível global,
ligada a questões relacionadas com impos- ideias de negócio, mas Portugal obteve foi destacado em segundo lugar a neces-
tos e regulamentação, com uma significativa apenas 44%. Já em relação ao risco, tam- sidade de apoio nas áreas administrativas
percentagem de 84% a assumir que é uma bém têm menos receio de falhar que os (20%) e do marketing (18%). Já na Europa,
situação de difícil gestão. portugueses, visto que, no mundo, 47% e, a maior carência de apoio prende-se ao
na Europa, 41% assumem que estão dis- nível administrativo, com 24%, já as ne-
O apoio social é relevante para postos a arriscar, números bastante supe- cessidades de marketing registaram 15%
quem procura empreender? riores aos 35% nacionais. das respostas.
A maioria dos inquiridos reconhece que
tem o apoio da família e amigos ao mani-
festar interesse em criar o seu próprio ne- SOBRE O RELATÓRIO GLOBAL DE EMPREENDEDORISMO
gócio e esta foi a resposta mais registada, DA AMWAY
com 60% a assumirem essa importância.
Edição VIII
Compromisso e sacrifício, colocando de
lado o tempo livre para se dedicarem ao Escola de Negócios da Universidade Técnica de Munique,
Parceiro
negócio, registou também um significativo Alemanha
número de respostas, com 54%. Quando Período Abril – Maio 2017
questionados sobre o facto de se imagi- 48.998 homens e mulheres de idades comprendidas entre os
Universo
narem a empreender, 44% assumem que 14 e os 99 anos
têm capacidade para desenvolver ideias 44
de negócio e apenas 35% estão dispostos a Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, China,
correr o risco de falhar. Além destes dados, Colômbia, Coreia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia,
uma das mais relevantes conclusões deste Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia,
Países
ponto de análise é o acesso a financiamen- Hungria, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Letônia, Lituânia,
to, apenas 33% dos inquiridos sabem como Malásia, México, Noruega, Holanda, Polónia, Portugal, Reino
adquirir incentivos para ajudar a desenvol- Unido, República Checa, Roménia, Rússia, África do Sul,
ver o seu negócio. Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Vietname.
Comparando com a média global e eu- Metodologia Entrevistas presenciais e telefónicas
ropeia registada no relatório, o ranking Empresa de estudos de mercado, Gfk Alemanha
mantém-se, mas com ligeiras diferenças: Realizado por
em primeiro é também apontada a impor-
tância do apoio social, com 64% de respos-

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ECONOMIA SOCIAL

Um olhar sobre a economia social


Ana Isabel Lucas
Comunicação Organizacional da boa vontade das pessoas e instituições que devem pairar como uma auréola em
e Relações Públicas que doam. São normalmente prestadoras torno da sua identidade.
annalukkas@hotmail.com
de serviços, o que implica desafios asso- Os princípios orientadores das atividades
ciados à gestão desses serviços, acresci- destas organizações estão definidos na Lei
dos da complexidade das problemáticas de Bases da Economia Social, com desta-
específicas com que muitas vezes se de- que para:

A
economia social, também desig- param. • A primazia das pessoas e dos objetivos
nada como terceiro setor, surge Como existe uma dependência de subsí- sociais
com maior intensidade devido dios estatais e de apoios da União Euro- • A adesão e participação voluntária
ao aparecimento de novos problemas e peia, é importante manter um relaciona- • A gestão autónoma e democrática
ao acentuar de alguns já existentes, tais mento de confiança e transparência na • Os lucros estarem afetos à continuida-
como o abrandamento do crescimento prestação de contas. Para isso, é igualmen- de dos seus fins
económico, o aumento da exclusão social, te importante, e necessária, a profissiona- • A conciliação do interesse dos mem-
o desemprego de longa duração e meno-
res níveis de poupança da população, col-
matando, assim, uma lacuna quer da par-
te do Estado, quer da parte do mercado.
Em Portugal, o setor da Economia Social
envolve 61.268 organizações, que empre-
gam 260.000 pessoas, correspondendo
a 6% do emprego total remunerado. São
utilizados por estas organizações 14.308
milhões de euros em recursos financeiros,

A profissionalização
da gestão não incide
somente na gestão
administrativa
mas também na
gestão financeira, lização da gestão destas organizações, de bros, beneficiários/utilizadores e o
nos processos, nos forma a garantirem o melhor serviço aos interesse geral
recursos humanos, seus beneficiários. • A sua conduta, que deve pautar-se
na comunicação e A profissionalização da gestão não incide por valores como a solidariedade, a
na responsabilidade somente na gestão administrativa mas igualdade, não discriminação, coesão
também na gestão financeira, nos pro- social, justiça e equidade, transparên-
social cessos, nos recursos humanos, na comu- cia, responsabilidade social e subsi-
nicação e na responsabilidade social. Esta diariedade.
última ainda é negligenciada pela maioria Estes princípios e valores devem ser ope-
que valem quase 3% da produção nacional das organizações sociais, apesar de serem racionalizados na sua realidade quotidia-
de todos os sectores. elas próprias as beneficiárias das ações de na, através das suas formas de gestão e
Integram a economia social as instituições responsabilidade social das empresas. dos seus procedimentos.
particulares de solidariedade social (IPSS), Ter competências nestas áreas pressupõe Quando se fala de responsabilidade social,
as associações mutualistas, as instituições um investimento contínuo e com elevados fala-se no comportamento que as organi-
de desenvolvimento local, as misericór- custos, que nem todas as organizações so- zações adotam voluntariamente e que se
dias, as cooperativas, as associações, as ciais estão dispostas a investir. estende para além das prescrições legais,
fundações e as organizações sem fins lu- A base destas organizações não é o lucro uma vez que é do seu interesse a longo
crativos. ou o poder mas a possibilidade de solucio- prazo. Não deverá ser um acréscimo às
As organizações sociais dependem da boa nar problemas globais, o que lhe confere atividades nucleares da organização, mas
vontade das pessoas que se voluntariam e determinadas características intrínsecas, sim à forma da sua gestão.

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ECONOMIA SOCIAL

A responsabilidade social está também


associada ao conceito de desenvolvimen-
to sustentável, que é definido como “o
No contexto do mundo globalizado, as pessoas
desenvolvimento que dá resposta às ne- são o capital mais importante na organização
cessidades do presente sem comprometer das atividades, no desenvolvimento dos
a capacidade das gerações futuras encon- mercados, na conceção de estratégias, na
trarem resposta para as suas necessida- definição de políticas e no estabelecimento das
des”. Este conceito está interligado com redes de interação
três dimensões, a económica, a social e
a ambiental, que formam a tão aclamada
sustentabilidade. Não devem as organiza-
ções sociais atingir o objetivo da susten- Os recursos – avaliar a sua posição de vimento dos mercados, na conceção de
tabilidade? maior ou menor dependência de financia- estratégias, na definição de políticas e no
dores externos. Conhecer bem as conse- estabelecimento das redes de interação.
Desafios do setor quências que esta situação de dependên- São as pessoas que dão vantagem com-
Nos últimos dez anos, como é comum em cia podem trazer e procurar conhecer e petitiva às organizações através da dina-
épocas de crise, os donativos para as or- explorar alternativas a estes financiamen- mização do conhecimento e permitem à
ganizações sociais aumentaram mas a sua tos. organização perceber o que sabe, como
capacidade organizacional e a sua visibili- As relações externas – as tecnologias po- usa que sabe e a rapidez com que aprende
dade não acompanharam este aumento. derão ter um papel importante no apoio e algo novo.
Existe hoje um maior reconhecimento da fomento de parcerias com a comunidade Qualquer organização é um sistema aber-
importância das organizações sociais, mas com benefícios para ambas as partes. to, está sujeita a mudanças e em constan-
se a consciência do público aumentou, A postura de aprendizagem com os resul- te interação com o ambiente que a rodeia,
urge ultrapassar outros desafios deste se- tados – a avaliação dos resultados deve é o meio ambiente que lhe proporciona

tor, tal como melhorar as relações Estado- ser uma prioridade como forma de garan- os recursos necessários para a sua sobre-
-organizações sociais. O Estado confunde tir a aprendizagem. vivência. Como qualquer sistema aber-
e prejudica as organizações sociais, fazen- É importante que a organização saiba para to, as organizações têm que se reajustar
do com que estas assumam despesas e quem existe e conheça quais as suas ex- continuamente para acompanhar o ritmo
funções que são do próprio Estado. pectativas e quais as medidas de satisfa- de desenvolvimento tecnológico, as mu-
Outro desafio a ser ultrapassado é a cria- ção que os seus stakeholders valorizam. danças sociais, culturais e politicas. É este
ção de capacidade organizacional, que Muitas vezes perde-se a clareza na defini- processo de interação que permite ao sis-
é definida como a “aptidão da organiza- ção para quem existem. Em vez de se fo- tema sobreviver.
ção em satisfazer ou influenciar os seus carem nos utilizadores dos seus serviços, Enquanto sistema aberto, qualquer orga-
stakeholders”. focam-se no interior da organização e nos nização deverá ter em conta a dimensão
Quais são os fatores determinantes para interesses dos gestores, ou na tarefa de social, económica e ambiental, salvaguar-
a capacidade organizacional? garantir a viabilidade financeira por mais dando os aspetos internos e externos e
As competências humanas – aposta na algum tempo. pautar-se por uma postura ética e respon-
formação em gestão e governação das pes- No contexto do mundo globalizado, as sável que lhe permita sobreviver em pe-
soas que as lideram, formação em geral pessoas são o capital mais importante na renidade, sem descurar o objetivo primor-
para os seus trabalhadores e voluntários. organização das atividades, no desenvol- dial, a sua missão.

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ESTRATÉGIA

Explore os recursos
subutilizados para crescer
Luís Lobão
diretor da HSM Educação
Executiva, com
vasta experiência
executiva no desenvolvimento
e implantação de modelos de
gestão e académica.

T
rês desses recursos constituem a
oportunidade mais próxima e me-
nos custosa para as organizações
aumentarem sua receita
Você só tem visto diminuir a hipótese de
crescer? Fica dividido entre iniciar um
novo negócio e manter o foco no core bu-
siness? Percebe a necessidade de redefinir
um modelo de negócio até agora bem-su-
cedido por conta de mudanças setoriais?
Sejam quais forem suas respostas, sai-
ba que essas perguntas não são só suas,
mas da maioria dos gestores – crescer não
anda nada fácil. No entanto, posso fazer
duas afirmações com segurança: (1) o
abandono prematuro do core business em
busca de mercados mais promissores é

você possui, mas cujo valor potencial ple- cia, atendimento personalizado ou mes-
no ainda não percebeu. Quanto mais com- mo um sistema de informação exclusivo);
O abandono plexa, maior ou mais bem estabelecida (3) produtos órfãos (linhas ou famílias de
prematuro do core uma organização, maior a probabilidade produtos esquecidas no portfólio, sufoca-
business em busca de possuir vários recursos subutilizados. das pelos produtos mais populares).
de mercados mais Chamo a atenção para os três tipos princi- As competências são o terceiro, e mais
promissores é pais de recursos subutilizados. O primeiro escondido, dos recursos subutilizados; ex-
é a base de clientes existentes. Redefinir plorá-las é essencial para a renovação es-
um dos principais o relacionamento com seus clientes pode tratégica de muitos negócios. Competên-
motivos para o ser uma das maiores fontes de obtenção cia é a habilidade de realizar uma tarefa
fracasso do projeto de vantagem competitiva e de crescimen- altamente especializada. Identifique quais
de crescimento e o to. As empresas conhecem os seus clien- são as competências ultradiferenciadas
caminho mais fácil tes cada vez menos, em tempos de conta- e essenciais à criação de valor para seu
e menos custoso tos virtuais. Como a capacidade de captar cliente e combine-as com a aquisição de
novas oportunidades com eles diminui, novas habilidades; assim, você pode mu-
elas lhes oferecem novas soluções prontas dar o que entrega a seus clientes e como
que talvez não lhes interessem. faz a entrega.
um dos principais motivos para o fracasso O segundo recurso inexplorado deve ser Sim, muitas empresas têm a maioria das
do projeto de crescimento e (2) o caminho procurado nas plataformas de negócios, cartas vencedoras nas mãos e não sabem
mais fácil e menos custoso para uma orga- em três elementos-chave: (1) adjacências disso. Ou priorizam aumento da rentabi-
nização, qualquer que seja o seu projeto (novas geografias, novos canais de distri- lidade em vez do da receita, esquecendo
de crescimento, é identificar e explorar ao buição, novos segmentos) que haviam que esta é o principal motor do desempe-
máximo os recursos subutilizados. sido utilizadas no passado, mas ficaram nho corporativo no longo prazo, além de
O que é um recurso subutilizado? É algo adormecidas; (2) serviços e atividades de ser um indicador dificilmente manipulá-
invisível, negligenciado, esquecido que suporte para o core business (conveniên- vel.

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ESTRATÉGIA

Integrar para conquistar


Hugo Gonçalves
Executive Coach | Senior
Organizational Engineer | Blogger @
www.knowmad.pt

N
o coração de cada negócio exis-
tem 2 elementos essenciais –
uma Ideia e um Plano!
Uma ideia sem um plano é apenas um so-
nho. Um plano sem uma ideia é apenas
uma lista.
Para que o Negócio cresça, evolua e esteja
sempre alinhado com o ritmo das mudan-
ças, temos que ter ambos [ideia + plano]
a existirem a e a funcionarem de forma
simbiótica.
Nesse sentido, as empresas devem viver
simultaneamente duas realidades distin-
tas: a realidade da busca e a realidade da
execução:
• Na realidade da Busca, a organização
reflete sobre o seu propósito e de
que forma este está alinhado com o
que a sociedade espera e deseja dela
(resolver problemas, proporcionar ex- petências no sentido de materializar o tão a ser vistas como uma panaceia onde
periências, fazer poupar tempo, etc.). fit atrás referido. Avalia qual a melhor a sua simples formação em conteúdos e
forma de o fazer, com menos riscos. aplicação automática resolve os proble-
mas ou proporciona produtos e serviços
Este ecossistema requer metodologias e inovadores.
Uma ideia sem um profissionais multidisciplinares. Mas a grande verdade é que explorar
plano é apenas um Por exemplo, os profissionais “π shaped” um problema/oportunidade, construir as
possuem uma base técnica e emocional coisas corretas e ser eficaz e eficiente na
sonho. Um plano bem consolidada. Isto implica que sejam sua implementação são processos de me-
sem uma ideia é ambidextros a nível mental – lógicos + tamorfose e iteração – leia-se orgânicos,
apenas uma lista criativos, objetivos + relacionais. São pro- ágeis e voláteis – e são registos onde uma
fissionais que possuem uma forte especia- organização se sente bastante desconfor-
lização não em um mas em dois ou mais tável – líderes, os processos, os indicado-
domínios – técnicos, lógicos, criativos e res, etc.
Nessa busca, precisa de perceber o até mesmo emocionais. As Pessoas têm uma necessidade real de
que ela é e o que esperam dela. E se Relativamente às metodologias, a integra- experienciar a mudança. Mas ficam “enca-
existir um desalinhamento, quais as ção e customização são os fatores críticos lhadas” nesse processo quando não exis-
consequências atuais ou futuras. Nes- de sucesso. A sofisticação e sustentabili- te um propósito, um sentido de urgência,
ta fase da Busca, as pessoas abraçam dade serão alcançadas através da criação uma reflexão aberta.
o risco, flexibilizam as regras, valori- do “princípio ativo” próprio de cada orga- O Design Thinking trabalha a nossa habili-
zam o percurso de criar e melhorar do nização. dade em compreender o contexto de for-
que os próprios objetivos e existe um Tento sempre integrar nas minhas ativida- ma “human-centric” e a partir daí apren-
caos. des profissionais algo parecido com a ima- der o que se passa à nossa volta e como
• Quando existe o “fit” entre a organi- gem em cima. isso afeta o nosso desafio, colocar as ques-
zação e os seus clientes, utilizadores Parece perfeito, não é? ☺ tões certas e utilizar todas as nossas inte-
e beneficiários, a organização avança Acontece que a utilização integrada e ligências múltiplas para encontrarmos as
para a realidade da Execução. Pensa transversal destas abordagens não está a melhores soluções. Mindsets, como lidar
como pode otimizar recursos e com- criar os resultados esperados porque es- com a ambiguidade, a empatia, imersão

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ESTRATÉGIA

em contextos, geração de ideias, expe-


rimentação e escolha e implementação,
fazem parte dela. Todos nós somos desig-
ners. Se estamos a resolver um problema,
certamente estamos a desenhar uma so-
lução.
O Lean Thinking fez o seu percurso como
sendo uma resposta às rígidas práticas
científicas de gestão em ambientes in-
dustriais. As organizações procuravam efi-
ciência de processos através de procedi-
mentos, regras ou seja através do contro-
lo estático, sem levar em conta alterações,
mudanças ou a melhoria contínua. Nos
dias de hoje, controlar operações desta
forma é altamente tóxico e contraprodu-
cente para uma organização. Tudo está
muito complexo, imprevisível e dinâmico.
O Lean oferece um mindset diferente para
a gestão de todos os tipos de sistemas de aprendidas e saber o que de melhor reti-
atividade e trabalho. Entre outras, poten- Quais os ingredientes rar delas levam quase sempre a melhores
cia a tomada de decisão através de experi- intangíveis desta minha decisões. Quando não olhamos para as
mentação e lições aprendidas, identifican- proposta? nossas experiências – que são na realida-
do valor e desperdício e dando autonomia de factos, podemos ter a tendência de nos
às pessoas dos processos em questão para Propósito, Alinhamento e Autonomia apaixonarmos pelas ideias –, independen-
que elas decidam qual a melhor forma de “Seja teimoso na sua visão, mas flexível temente se terão verdadeiro impacto ou
se atingirem os resultados pretendidos. nos detalhes da mesma” – Jeff Bezos não, as nossas opiniões irão levar a me-
O Agile teve as suas origens no Lean e Desenvolver e entregar um produto ou lhor sobre a nossa capacidade de estra-
está com ele diretamente relacionado. serviço é como executar uma missão mili- mos atentos e despertos para novas pos-
Em condições de incerteza, o Agile (aqui tar – uma equipa de profissionais com in- sibilidades. Não precisamos de ser cientis-
numa vertente mais de gestão de projetos teligências e competências múltiplas ope- tas da NASA para podermos aprender as
a atividades e nem tanto de desenvolvi- ram em condições de grande incerteza, coisas certas e realmente importantes.
mento de software) permite gerir o foco existe uma definição clara da missão com Podemos, por exemplo:
das atividades de forma dinâmica e adap- princípios orientadores e as pessoas são 1. Definir as nossas opiniões e assun-
tável à mudança. Não tem apenas a ver treinadas para escolherem e executarem a ções – para que possam ser testadas
com iterações. Passa por aceitar basica- melhor opção, tendo em conta o contexto e validadas;
mente uma “fatalidade” – que as soluções – respondendo à nova informação que vai 2. Definir as coisas mais importantes a
de hoje irão ser diferentes das soluções de chegando. Isto requer disciplina e prática. aprender e confirmar;
amanhã. O nosso foco é realizar as ativida- 3. Desenhar as experiências/protótipos
des mais importantes de uma forma que Medir apenas o que Interessa que nos vão proporcionar aprendiza-
não crie restrições à nossa capacidade de Estruturar as nossas métricas naquilo que gem.
mudar se assim o contexto o exigir. são os resultados que pretendemos obter
no futuro é uma boa decisão. Para além Não existe uma forma única de implemen-
A minha proposta? Isto ☺ ! dos procedimentos, o “tableau d’ board” tar esta visão que partilho. A forma ade-
de KPI’s é uma das coisas mais estáticas quada será diferente para cada equipa,

1
. Colocar as Pessoas a serem Pessoas, que já vi nas organizações. desafio, organização contexto. Cada uma
interagirem, conversarem, explorarem destas possibilidades irá criar diferentes
e partilharem pontos de vista, a usa- Decisões baseadas na tipos de sabedoria na organização. E como
rem a criatividade, as emoções e o tra- Aprendizagem e Inteligências defino Sabedoria?
balho de equipa para se definir de forma Múltiplas E como se define a sabedoria nos dias de
alinhada como podem as organizações Antes de procurar os factos e as melhores hoje?
atingir um lucro com propósito; respostas, vamos antes procurar e criar as • Reconhecer que o mundo é um fluxo
melhores questões. São estas e a energia e que o futuro será sempre diferente

2
. Deixar aos computadores, siste- de exploração, colocar em causa que gera, do presente;
mas de informação e robôs a auto- que irão permitir ter acesso aos melhores • Aceitar que existem limites sobre aqui-
matização da realização do que for insights para o desafio que desejamos. lo que podemos conhecer e absorver;
definido. Num contexto organizacional, as lições • Promover uma orientação pró-social

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MARKETING

Publicidade programática:
o que é e como funciona?

Miguel Soares
CEO da Partteam O que é a publicidade gerados em tempo real tornando o pro-
programática ? cesso de compra mais rápido e eficaz.
A publicidade programática é um termo
que abrange diferentes tecnologias que Como a publicidade
automatizam a compra, o posicionamento programática alterou a forma
e a otimização da publicidade, realizada como os consumidores

A
publicidade programática é uma em tempo real ou quase real, com diferen- veem a publicidade ?
tendência que veio para ficar. Ao tes níveis de controlo e automação. A publicidade programática transformou-
longo da última década, o mundo O principal objetivo consiste na substitui- -se no novo padrão e representa parte da
da publicidade tem permitido às marcas e ção de atividades humanas na negociação publicidade de “display digital” que é com-
empresas uma precisão sem precedentes no de espaços de publicidade. prada e vendida nos diferentes mercados,
alcance e ativação dos seus públicos-alvo. Isto oferece aos anunciantes a capacidade como no Reino Unido e nos EUA.
A publicidade padronizada para todos os de saber exatamente em que meio estar, A tecnologia programática permite dados
públicos já não funciona! Os clientes e uti- qual o anúncio certo a exibir, em determi- online e offline altamente detalhados para
lizadores das novas tecnologias querem e nada hora para a audiência certa. exibir anúncios. Esta situação acaba por
esperam experiências mais personaliza- A revolução já começou, a publicidade beneficiar não apenas o anunciante, mas
das, com mais frequência. programática veio mudar a forma como também o consumidor, que recebe uma
A expansão dos meios de comunicação e os anunciantes compram espaço publici- experiência totalmente relevante, porque
dos dados que agora existem dos clientes tário com novos standards, numa indús- assiste e vê o que realmente lhe interessa.
tornam a compra e venda de anúncios um tria cada vez mais tecnológica, dos quais Entender as relações humanas é um pro-
processo mais complicado. a velocidade, personalização e dados são cesso contínuo, não existe uma fórmula

17 | START&GO | julho/agosto 2018


MARKETING

que dite a maneira mais eficaz de criar im- ● Não Reservado – Inventário dentro tes meios criativos, peças, canais, técnicas,
pacto no consumidor. da Ad Exchange (Rede de Anúncios), estratégias de targeting e analisar. Isto per-
Experiências impressionantes quase sem- qualquer pessoa com acesso a uma mite a otimização de campanhas e, assim,
pre são positivas para o cliente. Criar ex- DSP consegue comprar. perceber o que poderá funcionar melhor.
periências positivas vai garantir que o pú- Resumindo, as maiores vantagens da pu-
blico-alvo queira sempre revivê-las. Vantagens da publicidade blicidade programática são: campanhas
programática personalizadas de acordo com perfil de
Como funciona a publicidade Tempo: O processo de compra da publici- navegação, idade, género, intenção de
programática ? dade era totalmente manual e consumia compra, localização, etc. ; anunciantes de-
Resumidamente e de uma forma simples, muito tempo. Para anunciar agora além cidem quanto desejam pagar por impres-
a publicidade programática funciona atra- de ser um processo mais fácil, também sões; evitar a dispersão de anúncios em
vés da automatização de processos de é muito mais simples, através do leilão locais de desinteresse e sites aleatórios;
compra e venda, que consiste em: em tempo real (RTB) removendo assim análise de dados reais e específicos.
1. Escolher um público-alvo; a complexidade que antes existia. O RTB
2. Definir o investimento para causar permite a automatização de funções de A publicidade programática
impacto; compra, uma vez que propicia a habilida- no offline através dos mupis
3. Pesquisar sites e locais onde o públi- de de comprar inventário com base em digitais
co-alvo está presente; impressões e usuários. Engana-se quem pensa que a publicida-
4. Comprar de forma inteligente e estu- Redução de custos: A publicidade progra- de programática está limitada apenas ao
dada os espaços de publicidade, exac- mática está cada vez mais a ser utilizada, online. Atualmente, ela pode e chegou
tamente na hora em que o público- também pela otimização do investimento, também ao mercado offline, por exemplo,
-alvo está online. diminuindo assim, a dispersão da verba pu- através dos mupis digitais (DOOH).
A publicidade programática permite, as- blicitária. Tudo isto, devido também à au- A publicidade programática DOOH tem as
sim, a compra de diferentes espaços / tomatização dos processos, direcionando o seguintes vantagens:
inventários como displays, vídeos, social, anunciante para o público-alvo relevante. ● Oferece maior eficiência no gastos
mobile, etc. Segmentação: Além de eficiente em cus- para as marcas porque é possível seg-
Além de conduzir a outras formas de ne- tos, a publicidade programática permite mentar o micropúblico;
gociação em dois modelos distintos: o alcance da audiência em vários locais, ● Facilita o fluxo de trabalho;
● Reservado – negociação através de numa única compra. Desta forma, é pos- ● Dá aos profissionais da publicidade
uma DSP (Demand Side Platform) que sível identificar as características mais re- OOH (Out Of Home) o direito de pro-
usam dados concedidos pelo DMP levantes do público-alvo e usar esses insi- gramar no digital e potencialmente
(Data Management Platform) para en- ghts para atingir de forma personalizada o aproveitar orçamentos digitais.
contrar o público-alvo mais adequado consumidor. Cada vez mais existem diferentes ferramen-
ao anunciante (Private Deal ou Private Resultados: Agora é possível através desta tas disponíveis que ajudam a identificar
Ad Exchange); ferramenta trocar e experimentar diferen- quem está a visualizar os displays digitais.

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SENDO DONO DE UMA EMPRESA
“Neste livro pretendo demonstrar que é possível e acessível a uma
pessoa comum tornar-se livre, através da criação e desenvolvimento
de um negócio, percorrendo vários passos até atingir o estado de
dono do negócio que criou.” (o autor)

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18 | START&GO | julho/agosto 2018


VENDAS

10 características comportamentais
de um vendedor TOP PERFORMER!
José Carlos F. Pereira
MBA pela ESADE*
Business Expert & Developer

D
entro de uma colaboração de 2
anos com a Start&Go, que tanto
me orgulha, no pensar do tema
das vendas e fruto de 20 anos “de estra-
da a vender”, o desafio foi abordar os
“top perfomers”, fazendo notar que em
nenhum momento se pretende que este
artigo tenha verdades absolutas.
É a minha experiência – do que vi, do que
experimentei e do que aprendi, em várias
geografias e com equipas multiculturais,
com as quais já tive (e tenho) felizmente o
privilégio de trabalhar e de partilhar. Só por
isso sou grato pelo que tenho e por tudo o
que também já recebi. E quando aprende-
mos mais é quando ensinamos e partilha- e está muito relacionado com atitudes e sim de aprendizagem, diagnosticando o
mos, mais até do que quando fazemos. bons juízos de valor repetidos diariamen- porquê da perda. Ajudar genuinamente
Não é uma receita do tipo “se for assim, te. o comprador a decidir não chega; há que
O modelo que mais gosto de usar é por es- ter um desafio associado, uma espécie
tratégias simples e tipo “copos” telegráfi- de competição intrínseca, e é isso que
“Gerir o sucesso é cos para que as ideias fiquem arrumadas. também os faz mover quando querem
bem mais difícil que E é este formato que tento manter neste atingir resultados extraordinários. No li-
gerir o insucesso”; artigo para ser coerente numa linha de mite, competir connosco e com melhores
pensamento o mais estruturada possível. resultados do que ontem. Um top perfor-
parece um contra- Logo, para estar no grupo dos melhores, mer gosta de ver o seu nome reconhecido
-senso, mas não é sugiro ter em atenção as 10 característi- numa listagem dos melhores vendedores
cas que apresento de seguida. do mês (do semestre, do ano,...) – tem de
gostar e tem de celebrar o reconhecimen-
conseguirá os resultados X”. Longe disso,
apenas e só tentar estruturar algumas
boas características e práticas. Acredito
#1 Criam facilmente uma ligação com
os clientes – são empáticos e ge-
nuínos por natureza. Preocupam-se em
to. Se possível, aumentar o número de ve-
zes e quantidade que vende por interação
com o cliente num determinado período
que seja este um hipotético perfil a ter em conhecer bem a “viagem de quem com- de tempo – vendas repetidas e recomen-
conta se desejarmos atingir resultados ex- pra” e todas as potenciais “buyers perso- dação como foco.
cepcionais. E reconheço que mais pontos nas” do ecossistema do seu negócio – os
poderiam ser acrescentados. seus problemas/desafios, as suas prio- “gerir o sucesso é bem mais
Entrar na “cabeça” de um comercial de ridades e responsabilidades diárias, etc. difícil que gerir o insucesso”;
excelência não é fácil, e decifrar a mesma Quem compra são pessoas, quem vende parece um contrassenso, mas
ainda mais. Embora todos tenham um es- são pessoas; quem dominar a “gestão da não é.
tilo próprio – uma estratégia, uma táctica, relação” cria ligações fortes, de confiança
uma abordagem e um processo –, o seu
“mindset” é surpreendentemente próxi-
e respeito mútuo.
#3 Acreditam no produto/serviço –
genuinamente têm de acreditar
mo e similar. Daí que, no limite, podería-
mos mesmo afirmar que 90% do sucesso
nas vendas é mental, é comportamental
#2 Querem sempre ganhar – faço
notar que saber perder também
é válido, numa ótica, não de perda, mas
no valor do seu produto/serviço. E isto
reconhece-se quando falam do mesmo
com o seu mercado potencial, contribuin-

19 | START&GO | julho/agosto 2018


VENDAS

do para quebrar a resistência de compra


e as dúvidas de quem tem de tomar uma
decisão. Outra das vantagens é que, se
conhecem o valor do produto, sabem o
preço daquilo que entregam, logo evitam
descontos absurdos que por vezes são
praticados sem fazer contas.

#4 São naturalmente esforçados e


fazem mais do que lhes é pedi-
do – o talento é muito importante nos top
perfomers, mas isso é uma pequena parte;
a maior fatia está no “suor” e no trabalho
duro – “quanto mais trabalho mais sorte
tenho”; adoro utilizar esta frase! A inspira-
ção e boa performance existem, mas têm
de nos encontrar a trabalhar. Logo, estar
no topo da lista pode até parecer simples,
mas não é fácil e é só para alguns. #7 Têm “o seu quê” de alguma para-
nóia no fecho – um top performer
não considera um acordo comercial, ou
Eficácia (fazer o que tem de ser feito – re-
sultados). E nunca esquecer de perguntar
sempre: “isto precisa ser feito?”. Se for

#5 Grande capacidade de resiliên-


cia perante adversidades – a per-
formance nem sempre está em cima. E já
intenção de compra, como um negócio fe-
chado. O negócio só fica fechado quando o
cliente paga, efetivamente paga. Transfor-
possível automatizar algumas tarefas ro-
tineiras, fazem-no. Tudo aquilo que não é
produtivo e não aponta para resultados re-
o digo há muito – “gerir o sucesso é bem ma uma intenção, vontade ou discrimina- jeitam, sejam formulários, “cafezinhos”, ou
mais difícil que gerir o insucesso”; parece ção de quem compra em dinheiro – cheque reuniões sem sentido e sem uma ordem de
um contrassenso, mas não é. A diferença ou transferência bancária. Ajuda o compra- trabalhos. Colocam a si mesmo as seguin-
é que vendedores que não conhecem os dor na sua viagem de decisão com uma pa- tes questões: O que é que eu quero?; Onde
ciclos facilmente vão abaixo e não têm ranóia entre oportunidade e fecho. E só aí, é que estou relativamente ao que quero?;
capacidade de recuperar dos maus resul- no pagamento, é que dá a venda como en- Como chego lá?
tados emocionalmente, provocando ainda cerrada. Quando a encerra, já só pensa em
piores performances. Sem confiança não
há venda. Os melhores, numa situação de
ciclo mais baixo, ficam calmos, compreen-
como repetir, em como “engordar” uma fu-
tura venda e como pode ser recomendado
(referenciado) a outros potenciais clientes
#10 Focam-se em “variáveis” (fato-
res) que podem controlar – a
performance não depende só de fatores
dem o jogo e as regras do jogo. No limite, do círculo do seu interlocutor. que controlamos. Há fatores não contro-
redefinem objetivos (alterando datas de A energia de um “craque” em vendas está láveis que influenciam uma decisão, e não
realização), gradualmente, até voltarem concentrada naquilo que controla, que de- podemos de todo controlar. Saber isso já
de novo a grandes números. As vendas pende dele e que pode influenciar (contro- é uma vantagem competitiva de um “top
também obedecem a ciclos, a altos e bai- lar) performer”. Perder tempo num orçamen-
xos… o segredo está em ser consistente e to que foi condicionado para metade (pela
tentar estar quase sempre “em cima”, pois
sempre é utópico. #8 São focados em resultados – sa-
bem exactamente o que querem,
como querem e de quem querem. O foco
administração e não pelo decisor), num
cliente que está a passar por uma má fase,
na empresa que não proporciona todos os

#6 São apaixonados pelo que fazem


– para termos sucesso, temos de
gostar daquilo que fazemos, num desafio
aumenta o domínio do processo de venda
e de quais são realmente os drivers do ne-
gócio. Não se distraem com enquadramen-
recursos hipoteticamente necessários para
vender, num governo que não cria condi-
ções para uma concorrência leal, e por aí
estimulante. Esse desafio é a energia para tos menos favoráveis ou com tomadas de fora, não leva a resultados. A energia de um
a ação, para não desistir perante adver- decisão mais demoradas. E não esquecer “craque” em vendas está concentrada na-
sidades e para ser paciente a qualificar, a consistência no processo, assim como quilo que controla, que depende dele e que
desqualificar e negociar. Bons vendedores medir aquilo que estão a fazer, aquilo que pode influenciar (controlar). Esta caracte-
adoram aquilo que fazem; top performers resulta e o que não resulta. rística comportamental, atitude, mantém a
amam aquilo que fazem e têm um por- sua paixão e entusiasmo “em cima” e as-
quê (propósito) que os alimenta. Desco-
brir o porquê do que nos move pode ser
o segredo para resultados anormalmente
#9 São eficientes e eficazes – organi-
zação do tempo e das prioridades
é uma obrigação. Entram aqui, muitas ve-
segura que toda a energia da venda esteja
a ser canalizada para produtividade, e não
para desculpas.
grandes (para refletir, pois por vezes esse zes, conceitos “baralhados” de desempe- Espero que a leitura tenha merecido o tem-
propósito é mais forte do que o que faze- nho que justifica clarificar de forma simples po investido - sempre focados em que “o
mos ou como o fazemos). - Eficiência (fazer bem feito - processos) e nosso maior desafio somos nós próprios!!”

20 | START&GO | julho/agosto 2018


EMPRESAS FAMILIARES

Consumidor disponível para pagar mais


por produto de empresas familiares
António Nogueira da Costa estudo, podemos intuir alguns elementos
Consultor Empresas Familiares que podem suportar resposta às mesmas.
antonio.costa@efconsulting.pt
Num consumo ou oferta especial valori-
zamos caraterísticas únicas ou de rarida-
de e, preferentemente, com uma história
envolvente interessante: um vinho com

O
preço de um produto ou de um origem numa quinta do Douro detido pe-
serviço tem tanto de sensível los herdeiros da emblemática D. Antónia
quanto de relevância: para o
Ferreira, em comparação com um vinho
consumidor, quanto mais baixo, mais ape- A diferença entre estes dois tipos de clien- de uma adega cooperativa da mesma re-
tecível e, para a empresa, quanto mais tes, que valorizam a caraterística familiar gião.
alto, mais rentável. da empresa oferente, é mesmo relevante: Por outro lado, nem todas as empresas
O mercado funciona no sentido de encon- 45 pontos percentuais. são familiares, nem todas as empresas
trar um equilíbrio entre a procura e a ofer- Este dado pode levantar duas questões conhecem esta diferenciação do mercado
ta, tendo presente as quantidades dispo- complementares relevantes: e para que tipo de produtos se verifica e
níveis e procuradas e os preços limite que 1. O que levará um tão significativo nú- nem todas as empresas possuem ou sa-
o cliente está disponível para aceitar e a mero de clientes a valorizar os produ- bem contar histórias cativantes.
empresa para vender. tos com origem nas empresas familia- Este último aspeto é deveras relevante,
O estudo de 2017 da Edelman “Trust Ba- res? em especial quando se reconhece que
rometer. Special Reporte Family Business” 2. Se os clientes estão disponíveis a pa- muitas das aquisições são emotivas ou
obteve um resultado curioso: os clientes gar um prémio por este tipo de pro- suportadas numa racionalidade que tam-
que sabem que um produto tem origem dutos, porque é que não existem mais bém valoriza fatores imateriais e distinti-
numa empresa familiar estão disponíveis empresas familiares a comunicar esta vos.
para pagar mais do que os que não têm caraterística diferenciadora? Se somos empresa familiar, do que esta-
essa informação da proveniência. Não tendo estas questões feito parte do mos à espera para sermos diferentes?

Do passatempo do avô de comunicação consistente com a di- plicam o que é ser uma empresa B Corp
à empresa das primas ferenciação e o valor acrescentado: um (movimento global de empreendedores
Nas suas longas caminhadas, Ana e Car- site com um design apelativo e funcional cujos negócios não são apenas para ge-
la, duas primas que estavam desempre- onde contam a sua história, disponibili- rar lucros para os seus acionistas, mas
gadas, foram germinando uma ideia su- zam uma loja online e receitas com mel, também valor para todas as partes inte-
portada em recordações do avô e do seu apresentam produtos inovadores ou ex- ressadas das suas empresas).
passatempo ligado à produção de mel e
sua mistura com ervas aromáticas.
Testaram e amadurecerem a ideia de
negócio em diversos concursos de em-
preendedorismo até que, em 2015, lan-
çam a Beesweet.
Méis naturalmente aromatizados ou
com produção de abelhas que frequen-
tam flores em plantações raras, como é o
caso da do mirtilo, vendidos em embala-
gens que poderiam ser de perfumes, per-
mitiram alcançar preços na ordem dos
€80/Kg (5 a 7 vezes mais do mel comum)
e a internacionalização.
Sabendo que da posse à venda dos pro-
dutos vai uma distância significativa, de-
finiram e implementaram uma política

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GESTÃO DE QUALIDADE

Escolhas e responsabilidade
… nada mais simples!
Manuela Ribeiro nível interior a partir do qual atua, está apaixonadamente que o futuro é sobre
Consultora e criadora da
metodologia THE CHOICE disponível para manifestar o seu melhor e trabalho com um sentido e propósito.
– service awareness se percebe como um elo de uma cadeia Como o ritmo da mudança é tão rápido, as
maior que ele mesmo; que é um contínuo pessoas tendem a ser sobrecarregadas e
fornecedor e cliente; que cada uma das ameaçadas. Uma das coisas que lhes pode
suas escolhas impacta o todo, seja na for- lhes dar âncora é um senso de significado

P
assamos cada momento das nos- ma como embala um produto no armazém e de propósito no seu papel. Essa é uma
sas vidas a fazer escolhas, seja a ní- de expedição ou na forma como assina parte fundamental da nossa estratégia de
vel pessoal seja profissional. Esco- um contrato de venda para fornecimento talentos, o ajudar as pessoas a descobri-
lhemos a que horas levantamos, o que co- rem o seu próprio propósito e, portanto,
memos, o que vestimos, o que gastamos, envolvê-las em funções em que podem
o que poupamos, o que fazemos quando viver esse seu propósito.
algo nas nossas vidas sai do seu estado Consegue imaginar A implementação dessa filosofia tem evi-
standard, o que respondemos ao chefe, denciado resultados significativos na em-
o tipo de email que enviamos, o simples
uma organização presa em termos de envolvimento, moti-
dizer ou não bom dia ao colega do lado. em que cada vação e diminuição do atrito entre os fun-
Na minha experiência profissional como colaborador está cionários. E eu acredito apaixonadamente
economista, primeiro como trabalhadora consciente do nível que as empresas com propósito duram, as
por conta de outrem e mais tarde como interior a partir marcas com propósito crescem e as pes-
consultora e formadora, fui obrigada a do qual atua, está soas com propósito prosperam em tem-
parar e refletir num padrão que era trans- pos incertos.”
versal às organizações que conheci, desde
disponível para Num outro lado do mundo, no Dubai,
empresas de variados setores e dimen- manifestar o seu Alain Bejani – CEO do grupo Majid Al Fut-
sões até organizações de cariz mais ins- melhor e se percebe taim, um dos principais construtores de
titucional, nacionais e internacionais, e a como um elo de uma shoppings do Oriente Médio, proprietário
“queixa” estava presente em todas. cadeia maior que ele da maior cadeia de cinemas da região; e
O “não fomos nós”, o “a culpa é de”, o mesmo a franquia Carrefour em 38 países, parti-
“ninguém nos entende” e o “são muito lhava:
complicados” eram algumas das “queixas” “Liderança não é apenas liderar os outros.
que estavam sempre por perto. Os anos Uma das tarefas mais difíceis e assustado-
passavam, as empresas mudavam, mas ras é liderar a si mesmo.
este padrão estava lá, sempre à espreita e de produtos durante um ano. Como tudo Olhamos sempre para a liderança através
na primeira oportunidade manifestava-se. pode ser bem mais simples! das lentes de liderar equipas, liderar ou-
Num tempo como hoje, em que a urgên- Chegar a este ponto implica dar o primeiro tros, liderar empresas e liderar mudanças.
cia é a palavra de ordem, este padrão evi- passo na direção interna do próprio Ser. O Mas a tarefa mais difícil, para os mais ju-
dencia-se ainda mais porque o ritmo as- que move cada pessoa a manifestar o seu niores e os mais seniores entre nós, é lide-
sim o exige – a encomenda para entregar melhor? A fazer as escolhas alinhadas com rar a nós mesmos. É um dever que temos,
amanhã não tem contemplações perante o seu sentido de vida? primeiro, em relação a nós mesmos, e de-
um potencial atraso de um setor – e neste Otto Scharmer, professor do MIT, coloca pois em direção aos nossos negócios e em
cenário o “encontrar um culpado” é a for- 2 questões muito simples no seu trabalho relação às nossas pessoas, para apoiá-los
ma mais simples de libertar tensões. com a Teoria U, e são elas – “Who is my- na sua jornada de liderança e desenvolvi-
As organizações repensam processos e self?” e “What is my work?”. A Resposta mento.”
novas formas de motivar os colaborado- a estas 2 perguntas tão simples pode fazer Acredito que é possível substituir críticas
res mas parece que há espaços intranspo- a diferença na vida profissional de cada por reflexões e “queixas” por hipóteses de
níveis, no entanto, na essência de todas pessoa que se permite questionar e talvez solução, e para isso cada colaborador pre-
estas questões, a resposta está bem mais escolher de novo. cisa apenas de estar disponível para olhar
perto do que pensamos, está no interior No passado mês de março duas entrevis- para si mesmo, tomar consciência do seu
de cada pessoa que faz uma escolha que tas para a Mckinsey & Company retrata- nível de serviço e escolher manifestar o
por sua vez cria um efeito. ram esta abordagem: seu melhor.
Consegue imaginar uma organização em - Leena Nair, primeira mulher e mais jo- Assim simples, apenas à distância de uma
que cada colaborador está consciente do vem CHRO da Unilever, dizia: “Eu acredito escolha!

22 | START&GO | julho/agosto 2018


GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Decidir bem, sempre, pode


não ser o melhor para si...
Gonçalo Gil Mata Evite o processo de ruminação esse intenso momento de eficiência local:
Managing Partner at MIND4TIME
mental a cada decisão “Agora espera! Estou a escolher o melhor
lugar de estacionamento... Quanto mais
Quase automaticamente, podemos cair na perto, mais tempo vou poupar. Tudo so-
tentação de escolher, sempre, e a toda a mado, ao final do dia, sobrará então al-
hora, as melhores alternativas para todos gum para ti... se ainda te apetecer falar.”

T
odos sabemos: a disciplina é um os detalhes da vida, neles investindo ener-
reservatório finito. Gasta-se de gia e esforço: o melhor lugar de estacio- Decida mais, arrependa-se
cada vez que adiamos gratificação namento, o melhor lugar da esplanada, a menos
imediata em prol de um bem maior. Tal- melhor refeição do menu, o melhor lugar
vez surpreendente para alguns é que essa no cinema, a melhor fila do supermerca- Poder decidir não ter que decidir bem,
mesma reserva é consumida ao processar- do, o melhor papel higiénico... E se mais à quase deixando que o mundo decida por
mos decisões! frente passamos por um lugar de estacio- nós, expande a experiência de cada mo-
Uma decisão exige avaliar alternativas. Con- namento ainda mais perto, sentimos uma mento. Permite dar espaço a um mundo
sequentemente, depois do facto consuma- ligeira mordidela de pena e ruminamos se de sensações que desejamos, e que estão
do, pontuamos a própria decisão para no deveríamos ter feito melhor.. É, a carreira aí mesmo, à mão de saborear. O caricato e
futuro repetir (se foi bem) ou fazer diferen- de otimizador profissional cansa! paradoxal é que são as mesmas sensações
te (se nos arrependemos). Prolongando-se Creio que não há dúvida: o melhor lugar que tanto nos esforçamos por garantir
este processo, falamos de “ruminação”. de estacionamento é... melhor! De facto, durante os elaborados processos de deci-
Estamos a ruminar por exemplo ao re- cada processo de escolha é totalmente são, sem ver que eles próprios nos podem
vermos repetidamente uma certa discus- justificado dentro do seu mundo, dos seus afastar do que queremos.
são, analisando tudo o que devíamos ou critérios próprios. Mas, no meio de tanta Hoje lanço-lhe o desafio de, apenas por
não ter dito. Cansa tanto ou mais que a otimização “local”, corremos o risco de uns dias, escolher com menos afinco as
decisão em si, e embora parta de uma “desotimizar” aspetos mais globais. Por pequenas coisas do dia a dia. Quanto
intenção positiva de melhoria contínua. exemplo, a tranquilidade, a liberdade de ao espaço mental que daí sobrar, não o
Ruminar pode, no entanto, tornar-se não ter que decidir bem, a liberdade de preencha: deixe-o meramente aberto à
uma armadilha inconsciente e roubar de- não pensar mais no assunto, a qualidade possibilidade de coisas boas o ocuparem...
masiado espaço a um simples bem-estar. da atenção a um filho, suspenso durante Boas práticas!

Através do percurso profissional de Ana S. podemos perceber que, hoje, as


empresas têm que dar cada vez mais atenção às pessoas que acrescentam valor
à sua estratégia de negócio se as querem reter.

Era Uma Vez Um Talento está escrito na visão de uma consultora de gestão de
talentos e direccionado para as empresas terem consciência - sobretudo - do
que devem fazer para atrair e reter talento e também do que não devem fazer.
Mais do que um manual, que não é, percebe-se para além dos conceitos teóri-
cos o que é que no quotidiano faz com que as empresas consigam fixar talento.
O livro é também um guia para as próprias pessoas que se defrontam com estas
situações ao longo da sua carreira.

Autora Dalila Pinto de Almeida


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23 | START&GO | julho/agosto 2018


GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Trate seus liderados


de forma desigual
Paulo Marcelo autonomia e preferem apresentar e entre- se consegue desenhar o perfil da pessoa
Sócio - Unipartners Participações S/A
gar o resultado do trabalho. apenas conversando com ela. Portanto,
Eu entendi, então, que tinha de motivar o olhar apurado faz toda a diferença. E
meus liderados individualmente e a partir essa iniciativa não é pontual, como uma
desse momento passei a respeitar as di- fotografia. É como um filme, porque as
ferentes necessidades dos colaboradores. pessoas mudam, amadurecem e a organi-

S
im, isso mesmo. Você não leu er- Agora, eu adoto essa estratégia na minha zação e o líder também. O mundo gira e
rado o título deste artigo. Num rotina. Como líder, desenvolvi esse olhar, giramos com ele.
mundo em que todos falam que é essa análise. Caso contrário, poderia pri- Assim, também lido com os clientes des-
preciso tratar todos iguais, a verdade é o meiro ferir o estilo de trabalho de cada ta forma. Cada cliente pede um tipo de
oposto. um, e, segundo, correr o risco de não ex- atendimento. Alguns estão em estágio
“Não existe nada mais desigual do que trair o melhor de cada um deles. mais avançado de inovação e querem um
tratar os desiguais de forma igual.” A frase parceiro para fortalecer suas iniciativas.
aponta que devemos liderar pessoas de “Eu entendi, então, que Outros precisam de uma contribuição
forma diferente, individual e personaliza- tinha de motivar meus mais intensa antes, durante e após os
da. Cada um tem sua particularidade, for- liderados individualmente projetos.
ças e fraquezas. e a partir desse momento Considero inovador esse estilo de gestão,
Quem é mãe ou pai entende muito bem passei a respeitar as pois beneficia a todos: ao líder, ao liderado
essa máxima. Eu comecei a compreender diferentes necessidades dos e à empresa. Você já ouviu dizer que um
e a acreditar nessa premissa quando pas- colaboradores” profissional não pede demissão da em-
sei a comandar grandes equipas. Numa presa e, sim, do seu chefe? Um líder que
equipa multidisciplinar, diversa, percebi Liderar dessa forma exige uma análise consegue entender o perfil de cada talen-
que alguns talentos precisavam ser mais atenta. E essa análise não acontece da to e extrai seu máximo, respeitando suas
incentivados do que outros. Para esses, noite para o dia, precisa de tempo, de con- particularidades, consegue reduzir atritos,
uma palavra de motivação ou um elogio versa com cada um dos liderados. Além rotatividade e ainda dá espaço para que
valiam sobremaneira. Outros já têm mais disso, uma forte observação. Afinal, não eles cresçam e atinjam a excelência.

CULTURA & NEGÓCIOS


Fluxos criativos entre culturas, investigação &
empresas
Este livro liga a investigação científica produzida no ensino superior ao mundo
empresarial, em sintonia com a realidade do contexto socioeconómico
contemporâneo. Este livro oferece novas abordagens multidisciplinares
às competências de comunicação intercultural e viabiliza o intercâmbio
e a reflexão crítica e colaborativa entre os conhecimentos académicos e
empresariais, de modo a desenvolver novas metodologias de trabalho que
constituam exemplos de boas práticas.

Coordenação Clara Sarmento e Sandra Ribeiro


Páginas 280
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24 | START&GO | julho/agosto 2018


GESTÃO

O taxista à boleia dos seus sonhos!


Luís Marques
Luis.marques@ileancoach.com

O
termo coaching foi usado pela
primeira vez por volta de 1830,
na Universidade de Oxford, como
gíria de “tutor particular”, aquele que “car-
rega”, “conduz” e “prepara” os estudantes
para seus exames. Coaching refere-se ao
processo em si, o Coach àquele que con-
duz, e o Coachee é a pessoa conduzida na
direção do objetivo que deseja alcançar.
Hoje, numa viagem de táxi lembrei-me da
palavra. Durante a viagem fui tendo uma
conversa com o condutor. Veio-me à cabe-
ça que afinal não era só ele que me condu- sionalmente na hotelaria, casou com uma Por um lado, tinha o gosto pela hotelaria
zia a mim numa viagem, mas eu também colega de trabalho, que se mantém na ho- e restauração, pois nasceu nessa área e a
o conduzia numa viagem a ele próprio, e telaria, como subchefe de cozinha. Ele era sua mulher continuava nessa atividade. Por
sobre ele próprio. Começámos a conversa barman. Gostava do que fazia, mas, como outro lado, aprendeu a gostar de ser taxista
como normalmente se começam as con- ganhava pouco, não tinha perspetivas de e não queria perder a liberdade que este
versas nos táxis, falando-se do tempo, do crescimento profissional (pois os seus che- trabalho lhe dava, dizia ele.
local, de futebol, da política, etc, e conti- fes eram ainda muito novos e este grupo Foi engraçado apreciar o fogo de artifício
nuando por ali abaixo a grande velocidade hoteleiro era pequeno), ele que começou a das ideias que foram explodindo na mente
até começar a crítica, apenas pela crítica, a fazer um part-time no serviço de táxi. E foi dele, não lhe dando, sequer, tempo para as
tudo e todos. uma questão de tempo até largar a hotela- tornar conscientes ou expressar tudo o que
Confesso que às vezes desligo completa- ria e passar a ser condutor de táxi a tempo lhe vinha à cabeça.
mente e deixo a outra pessoa falar, passan- inteiro, enquanto empregado por conta de Estávamos quase a chegar ao meu destino
do essa pessoa a funcionar apenas como se outrem, até porque, nas palavras dele, “a quando, depois de várias frases incomple-
fosse o som do rádio que, embora esteja família aumentou e há que trabalhar para tas, ele diz:
ligado, não ouço, ou seja, o ruído de fundo dar uma boa educação a um filho de cinco - Já sei! O que eu quero mesmo é ter um
característico do ambiente em que estou. anos”. bar com serviço de snacks, construindo um
Mas, desta vez, pesou-me a consciência e Gosta do que faz, e diz que, agora, ganha negócio de família, para mim e para a mi-
deu-me vontade de não deixar a conversa mais, tem mais responsabilidade e mais au- nha mulher, e mantenho também este ser-
descambar. Aceitei o desafio de participar tonomia, e anda mais satisfeito. viço de táxi em part-time, trabalhando por
na conversa, tornando o tempo de viagem Entre outras perguntas, perguntei-lhe o minha conta.
mais útil para ambos. Para mim, porque in- que é que ele se via a fazer no futuro e o No fim de ter dito isto, olhou para mim com
teriormente me sentia melhor comigo pró- que é que o filho diz sobre a profissão dele. ar verdadeiramente emocionado e satisfei-
prio prestando atenção ao outro, pois, afi- É impressionante a transformação das pes- to, e chegámos ao meu destino. Paguei, saí
nal, é uma pessoa, e queria falar. Para ele, soas quando se muda a conversa, passando do táxi, e ele entregou-me a mala e disse-
porque eu não o iria deixar entrar na típica a desafiá-las para falarem sobre elas pró- -me: – Muito obrigado pela ajuda e boa
conversa da treta negativa, arrastando-o prias, sua família e seus projetos. viagem!
também a um estado e comportamento Depois de ter demonstrado alguma sur- Cumprimentei-o e fui à minha vida com
negativo. presa às perguntas que eu ia fazendo, pois, esta última frase dele a ruminar na minha
Assim, após as ditas conversas de circuns- segundo ele, não esperava que um desco- cabeça por uns momentos…
tância, comecei a fazer-lhe perguntas sobre nhecido lhe fizesse este tipo de perguntas, O homem tem 42 anos, um trabalho e uma
a experiência de trabalho dele, sobre a fa- o homem, depois de dizer que ainda não família. A partir daquele momento ficou
mília, filhos, passatempos e hobbies, etc. tinha pensado muito sobre isso, permitiu- também com um objetivo para concretizar!
Estava perante um homem que, apesar -se sonhar, e começar a ver o que gostaria Ah, e o tempo estava ótimo, céu limpo, sol
de ser taxista há três anos, nasceu profis- que acontecesse. aberto e boa temperatura!
(1) - https://en.wikipedia.org/wiki/Coaching

25 | START&GO | julho/agosto 2018


FORA DA CAIXA

11 após escrever no Facebook,


escrevo sobre o Facebook
Rui Pedro Oliveira Mas o Mark Zuckerberg alguma vez amea- quivam números de cartões de crédito?
Gestor
rpo@imaginew.pt
çou de forma física alguém para obrigar Obviamente que sim. Monitorizam as suas
a escrever o que está e onde está e com conversas privadas? Naturalmente que
quem a fazer não sei o quê? sim. Sabem onde estás exatamente? Sim
Nós somos o que partilhamos. e com uma precisão de 2 metros. E sim,
E isso tanto faz se é no Facebook, num ar- uma vez lá dentro, nunca mais de lá sais.

1
3 500 funcionários numa sede em tigo de opinião num jornal, ou numa carta Quantas vezes alguém vai a um site procu-
Menlo Park, Califórnia, numa localida- deixada na caixa de correio dos seus vizi- rar um voo de Anchorage para Vladivostok
de onde há restaurantes da maior va- nhos. O problema é que o Facebook é livre, (admito que nunca procurei) mas aposto
riedade, lojas de todos os géneros e natu- e um excesso a mais, uma emoção a mais, que se abrir uma rede social em segundos,
ralmente barbeiros e cabeleireiros, são os uma educação a menos dá no que se vê e vai aparecer algo a sugerir algo nessa cida-
zeladores da informação da maior comuni- se tira facilmente ilações por vezes. de do Alasca ou da Russia. A informação já
dade mundial reunida pelos utilizadores do Se me questionarem se já excluí alguém está comprada e em nanosegundos trans-
Whatsapp e Instagram na sede global do para entrar num projeto com base no que ferida.
Facebook. vi do perfil dele(a) no Facebook? Já, claro. Agora vão ser destruídos e não vai haver
Não obstante o acesso que têm às nossas Mas não era por falta de genuinidade. Lá mais back-ups das novas mensagens. Mas
mensagens de Whatsapp e Messenger,
às nossas fotografias e pensamentos, nas
localizações dadas pelo Instagram e Face-
book (Insta e Face para os mais à vontade
com os seus parceiros virtuais de amizade)
vão apostar numa concorrência direta ao
Tinder porque mais de 200 milhões de “Fa-
cebookianos” se assumem solteiros, dizem.
Isto é, só faltava mesmo dos seus utilizado-
res uma clara questão de orientação e ati-
vidade sexual. O B.I. fica lá todo. Provavel-
mente para a “Cambridge Analytica” dará
jeito para os próximos censos.
À exceção do uso do Tinder, conheço as ou-
tras redes. Admito que o Linkedin e depois
o Facebook ainda são as que mais me cati-
vam desde que aderi em 2007 por ter in- isso tinham, e de sobra... Mas já aconteceu alguém julga isso possível? Terabytes de
formação (muitas vezes interessante) que o contrário, já recrutei depois de analisar o informação arquivada de cada utilizador
vem ter comigo. Não vou comentar o que perfil de alguém. Óbvio. vale muito dinheiro até para proteção de
as minhas amigas e amigos expressam, mas Há estatísticas bem reais e assustadoras. um Estado, já para não entrar estritamente
asseguro que facilmente faço um desenho Um programa informático especializado no campo publicitário.
mental da pessoa em causa, naturalmente, para o efeito verificou que com 10 likes Não culpem o dono do Facebook e das
à luz dos meus olhos, e interpretação do “obtinha a personalidade” a um colega de outras redes que adquiriu por dezenas
meu cérebro. Como de mim possam fazer, trabalho, com 70 para um amigo, 150 para de milhares de milhões de dólares, sendo
naturalmente. um parente próximo e 300 likes descrevia neste momento um dos homens mais ricos
Eu no Instagram e no próprio Facebook na perfeição a personalidade de um parcei- do mundo pelos disparates que a maioria
tenho uma dúvida. É saber se as pessoas ro. Resumindo, citando David Kirkpatrick: escreve e mostra. Recato e juízo, tal como
vão lá mais vezes para ver realmente o que “É possível conhecer melhor alguém pelo na vida, já é o primeiro tónico para ter uma
os outros partilham ou se nos últimos 10 Facebook do que em 10 anos de amizade boa relação com uma rede social.
minutos tiveram mais um like ou um cora- com essa mesma pessoa.” Acho sinceramente que o Mark Zucker-
çãozinho. Outra questão é em relação aos dados. berg continua a ser o verdadeiro “CEO and
Tudo isto não é culpa do Mark Zuckerberg. O que fazem com todos os dados priva- founder” da rede do Facebook. Mas duvi-
Milhares revoltam-se e gritam: “Não tenho dos? do que seja o único “owner” de todos os
redes sociais porque não quero expor a mi- Essas redes sociais têm um sistema de conteúdos, e que alguns estarão em mãos
nha vida”. reconhecimento facial? Claro que sim. Ar- de intenção duvidosa.

26 | START&GO | julho/agosto 2018


TI

O tipo de site ideal


para a sua empresa
Vitor Rodrigues presa na utilização destas ferramentas de- ma. É para essa experiência que podemos
Team Leader termina quais as mais apropriadas, assim olhar.
como influencia a própria abordagem que
deve ser tida na comunicação online. Experiências passadas ajudam
a definir o futuro
Ter um site é comunicar
Outra questão muito importante é perce-

Q
ual a finalidade do site da minha Desenvolver um website é acima de tudo ber se a sua empresa já teve alguma ex-
empresa? Como o vou estrutu- um trabalho de comunicação e não tanto periência de presença online. O simples
rar? Que tipo de site a minha um trabalho técnico. Claro que há especi- facto de a sua empresa já ter tido um site
empresa precisa? ficidades técnicas que, consoante o tipo de anteriormente, independentemente se o
Ao colocar estas perguntas, assumimos site, podem ter mais ou menos impacto. retorno foi positivo ou não, já lhe permitiu
que identifica valor na criação de um site e perceber que o próprio processo de criar
que já tomou uma decisão inicial. Ou seja, Toda a técnica do mundo é um site é um pouco diferente do que tal-
já decidiu que quer ter um site, ao invés insuficiente se não soubermos vez estivesse a pensar (mais foco nos con-
de ter apenas presença nas redes sociais. comunicar corretamente. Por teúdos e menos na técnica).
isso é que a experiência nas Para além disso, os próprios colabora-
A resposta à dúvida entre diferentes áreas relacionadas dores dentro da empresa já aprenderam
criar um website ou uma com comunicação são tão a lidar com este novo canal de comuni-
página de Facebook cação. Por isso é que o processo de
depende da experiência criar uma Loja Online quando uma
que o utilizador tem na empresa que nunca teve nenhum
comunicação digital. tipo de presença online é possível,
mas será um processo longo e atri-
Diferentes empresas têm diferen- bulado. Provavelmente, com o mes-
tes necessidades e diferentes or- mo investimento poderia criar outra
çamentos também. Estes são cri- solução de comunicação digital mais
térios válidos mas, hoje em dia, as interessante e com uma maior possi-
PME portuguesas que querem ter bilidade de retorno.
uma presença web dão primazia à
experiência interna que a própria E então que tipo de site
empresa tem nesta área de comu- deve ter a minha empresa?
nicação digital.
Faz sentido fazer um balanço em con-
O mais importante junto com a empresa que o vai ajudar
é a experiência a criar esse site, para ajudar a fazer
o levantamento de necessidades de
Se é de acordo que não faz sentido com- importantes para perceber que cada empresa e análise da experiência
prarmos um Ferrari mal acabamos de tirar tipo de site faz sentido termos. nas respetivas áreas, de forma a encon-
a carta, então provavelmente também não O papel do comunicador trar as mais adequadas soluções do mer-
fará muito sentido criar uma Loja Online, cado.
com stocks automaticamente integrados Será sempre vantajoso as empresas apos- Cada site é um investimento… deve pagar-
com o software de gestão, se nunca tiver tarem em especialistas de marketing, de- -se a ele próprio, e isso quer dizer que,
existido uma presença online. sign, fotografia, entre outros, na medida saber se é um site institucional, portfolio,
Efetivamente, numa perspetiva técnica em que possuem uma visão profissionali- loja online simples, loja online, com stocks
não é impossível. No entanto, existem ou- zada da estratégia mais adequada ao ni- automaticamente integrados com o soft-
tros fatores a ter em conta para além desta cho de mercado que pretendem atingir. ware de gestão, ou outra opção é algo que
vertente, designadamente da experiência No entanto, mesmo que não tenha ne- fará sentido definir em conjunto com uma
do gestor de conteúdo (CMS), do domínio nhum profissional desta área, de certeza estratégia global de comunicação que po-
que será registado, entre outros. O nível que a sua empresa, se já está no mercado, tencie este novo canal que a sua empresa
de experiência que já existe dentro da em- já teve que comunicar de qualquer for- está a abrir ao mundo.

27 | START&GO | julho/agosto 2018


TI

Porque são as mulheres essenciais


para a Inteligência Artificial?

A
Sage e sua Vice-Presidente para
a Inteligência Artificial, Kriti Shar-
ma, listam as principais razões
pelas quais a Inteligência Artificial precisa
das mulheres.
No decorrer dos últimos anos, a Inteli-
gência Artificial (IA) tem sido reconhecida
como uma peça chave na resolução de
alguns dos problemas mais complexos do
mundo, desbloqueando um nível de cres-
cimento e inovação nunca antes visto. Go-
vernos de todo mundo estão já a elaborar
ativamente abordagens de investimento
e a discutir os atuais quadros reguladores
para ajudar os seus países a manterem um
lugar de destaque nesta indústria emer-
gente.
Por mais relevância que o tema da In-
teligência Artificial tenha, há também
alguns relatórios menos positivos sobre
o efeito que a IA pode ter sobre o atual
perfil demográfico da força de trabalho,
muito mais eminente que a narrativa de
Hollywood que refere “robôs a dominar o
mundo” – se isto fosse verdade, poderia
destruir a intensa luta das mulheres por para qualquer mulher se envolver, e aqui verdadeiro potencial da IA de forma com-
ocupar o devido lugar na ascensão pro- estão as cinco razões pelas quais a Sage preensível a todos.
fissional. Tudo isto é demonstrado numa considera que devem fazê-lo:
recente pesquisa da PwC, que indica que 2. Não precisa de um
os trabalhos realizados por mulheres po- 1. Sensibilizar e informar doutoramento em ciências
dem ser afetados pela automação durante a opinião e compreensão informáticas
a próxima década – com potencialmente pública A beleza da IA é o facto de ser desenvolvi-
23% dos trabalhos das mulheres em ris- Se alguma vez utilizou a pesquisa preditiva da para aumentar a inteligência humana
co, cerca de 7% mais do que os dos ho- do Google, perguntou à Siri sobre a me- nas mais variadas formas. A vida como a
mens. Num momento em que o mundo teorologia ou pediu que a Alexa tocasse conhecemos não foi construída em torno
se encontra a debater e a projetar o modo a sua música preferida, então já utilizou a de hardware e de tecnologia – somos ar-
como a IA irá alterar a forma como traba- IA. tistas, filósofos, prestadores de cuidados,
lhamos, o maior risco de deslocação sen- No entanto, uma pesquisa realizada pela inventores e muito mais. E, por isso, há
tido por alguns membros da sociedade Sage demonstra que a compreensão pú- uma grande quantidade de oportunida-
deve tornar-se mais visível e abordado em blica atual da IA é extremamente limitada, des fora dos empregos de ciência e de
conjunto com a grave escassez de compe- o que prejudica a perceção e o sentimento tecnologia quando se trata de construir
tências que verificamos entre as mulheres sobre esta tendência. Conclusões revelam IA útil. Precisamos de grupos compostos
no setor tecnológico. que 43% dos inquiridos nos Estados Uni- por homens e mulheres, por indivíduos
A Sage acredita que este é o momento dos e 46% no Reino Unido admitiram “não otimistas, dedicados às oportunidades
para investir no aumento do acesso às saber o que é a Inteligência Artificial”. que esta tecnologia lhes pode oferecer,
oportunidades na carreira, a competên- Dado que a maioria das pessoas estão a com conhecimento em resolução de pro-
cias e no incentivo a mulheres de todas as utilizar esta tecnologia todos os dias, é blemas, psicologia, linguagem, design,
áreas a avaliarem as portas que a IA pode essencial que a indústria se responsabili- storytelling, antropologia e direito, entre
abrir pelo seu futuro. Esta é a altura certa ze por dissipar os rumores e apresente o outros. A única forma de criar Inteligência

28 | START&GO | julho/agosto 2018


TI

Artificial verdadeiramente inteligente é se


esta for ensinada a trabalhar, a reagir e a
entender a linguagem tal como nós.

3. O preconceito é a maior
das ameaças e só irá diminuir
o progresso
Enquanto a criação de personas famosas
através de IA, como a Alexa e a Siri, é for-
temente baseada em estereótipos femini-
nos, o número de engenheiras mulheres
continua a ser muito baixo entre o grupo
de engenheiros que as criam nos dias de
hoje. Este é um problema sério que preci-
sa de ser corrigido se quisermos perceber
os grandes benefícios científicos e econó-
micos desta tecnologia – e isso começa
nas escolas e em casa. É necessário de-
monstrar às jovens desde novas que ne-
nhuma carreira está fora do seu alcance.
Além disso, a Inteligência Artificial precisa
de ser desenvolvida de forma a refletir a
diversidade dos seus utilizadores. Mulhe-
res e homens trabalham, vivem e pensam
de forma diferente – é necessário captar a indústria está pronta para isso. Univer- necessário alterar estas perceções prejudi-
o máximo de perspetivas diferentes para sidades e empresas já estão a apresentar ciais”, explica Kriti Sharma, Vice-Presiden-
produzir um produto de alta qualidade e desenvolvimentos positivos para ajudar a te de Inteligência Artificial do Grupo Sage.
com o máximo potencial. E isto não é ape- lidar com esta necessidade, tendo influen- Segundo a especialista, o maior obstáculo
nas uma questão de género, é necessário ciadores e acionistas dedicados a melho- da IA é o desenvolvimento de máquinas
pensar globalmente e garantir que as má- rar estes números. que não representam realmente todos os
quinas estão a aprender sobre diferentes seres humanos. Foi por isso que a Sage
etnias, raças, linguagens e idades – todas 5. Alguns dos investigadores criou um código de ética inovador, que ofe-
as características que nos tornam únicos. e “developers” mais rece às empresas cinco orientações chave
inovadores de IA são mulheres quando trabalham com a IA. Estas linhas
4. A indústria de tecnologia “Enquanto alguém que desenvolve aplica- orientadoras abrangem desde como no-
reconhece a necessidade ções de IA todos os dias, como a Pegg, tive mear os assistentes virtuais até ao desen-
de mudança imediata o privilégio de trabalhar com algumas das volvimento de diversos conjuntos de dados
Estatísticas da ONS (Instituto Nacional maiores mentes da indústria da IA – mui- que ajudam as empresas a contratar quan-
de Estatísticas do Reino Unido) demons- tas das quais mulheres. Temos uma gran- do o género é retirado da equação. “Se nos
tram que apenas 14% das funções STEM de riqueza no que toca a modelos a seguir, comprometermos com o objetivo comum
de incluir mais diversidade em todos as
etapas do design, da programação e da im-
plementação da Inteligência Artificial, acre-
Estatísticas da ONS demonstram que apenas dito que esta tecnologia tem o potencial de
14% das funções STEM no mercado de trabalho transformar para melhor a forma como se
do Reino Unido são ocupadas por mulheres fazem negócios e como vivemos as nossas
vidas, todos os dias. E todos merecem be-
neficiar disso”, acrescenta Kriti.
Kriti Sharma é a Vice-Presidente da área
no mercado de trabalho do Reino Unido mas infelizmente até ao momento a histó- de Inteligência Artificial da Sage. Foi res-
são ocupadas por mulheres. Este núme- ria tem sido fortemente dominada apenas ponsável pelo lançamento da Pegg, o pri-
ro representa uma ameaça grave para a por um género. Isto influencia o pressu- meiro assistente de IA do mundo que per-
futura competitividade global do setor posto de que há oportunidades limitadas mite aos utilizadores controlarem e regis-
da tecnologia do país. Nunca houve uma para as jovens que procuram uma carreia tarem as suas despesas, com utilizadores
necessidade tão grande para a mudança e nesta área, o que é totalmente falso. É em 135 países.

1. Science, Technology, Engineering and Mathematics

29 | START&GO | julho/agosto 2018


DICAS

A liderança autêntica funciona? Verdade a mais?


Excesso de confiança?


Sou aquilo que vês”. Esta é uma das
expressões típicas dos líderes que se
dizem autênticos. Aqueles que falam
a verdade num alinhamento com os seus
princípios morais. Mas a autenticidade
muitas vezes só serve o bem-estar pessoal
dos líderes. Alimenta-lhes ainda mais o seu A chave da uma
amor próprio. Sendo frequentemente um boa liderança
sinal de incapacidade relacional e social. hoje em dia é a
Isto é, segundo os estudos, existem líderes influência, e não a
com um nível elevado de autenticidade, autoridade.’
mas têm uma fraca orientação para a re- Kenneth Blanchard
lação com os outros, logo a autenticidade
percebida pelas pessoas que o rodeiam é
igualmente baixa.
A autenticidade é reconhecida pelos outros
quando está orientada para o bem comum.
Se a mesma revelar despreocupação com
as pessoas e alguma desumanização, faz
com que o líder pareça ser uma pessoa
distante, rude e pouco autêntica. Isso não ‘camaleão social’. O que muda constante- tem de cuidar da forma e dos impactos que
implica que um líder deva optar por ser um mente face aqueles que o rodeiam. Mas tem quando transmite a sua verdade.

Fica com o sentimento de tempo perdido?


Parecem mais workshops que reuniões?

A
lguns estudos estimam que um
colaborador, com responsabili-
dades a nível intermédio, gasta
em média 16 horas por semana em reu- ‘Para uma reunião ser útil
niões. Ou seja, 768 horas em reuniões por convide as pessoas certas
ano. Cerca de 96 dias de trabalho por ano. – e somente as pessoas certas
Como podemos otimizar estes momen- – para estarem na sala
tos para que não fique o sentimento de de reuniões.’
tempo perdido? Mantenha a novidade. Harvard Business School Press, 20 minu-
Saia da sala tradicional, procure novos tes Manager Series
espaços, retire a mesa de reuniões, traga
convidados ou vídeos. Quebre a rotina.
Faça algo de novo que estimule o debate
sobre os temas e a sua resolução. Quebre
logo o gelo, aumente a boa disposição das
pessoas antes de começar. Rir um pouco mo em que o ser humano consegue estar nião. Mais do que isso, talvez seja melhor
ajuda. com atenção total num contexto de reu- marcar um workshop de meio dia ou uma
Convide só aqueles que trazem algum va- nião. Na Amazon as pessoas investem 5 a sessão de acompanhamento do projeto.
lor acrescentado ou informação relevante 7 minutos iniciais para lerem informação Finalize com um resumo e com respon-
para a reunião. Faça contas! Quanto mais relevante antes de iniciar a reunião. As- sabilidades assumidas. Faça uma foto dos
pessoas convocar, mais caro fica aquele sim, garantem que todos estão na mesma apontamentos da reunião, ou um resumo.
tempo investido na reunião. Mantenha as ‘página do livro’. Defina, preferencialmen- Envie nos momentos seguintes. Isso ajuda
reuniões curtas e objetivas. Meia hora é te, 3 temas principais e objetivos que de- a responsabilizar e a dar utilidade ao tem-
apontado como o período de tempo máxi- vem ser alcançados no final daquela reu- po investido.

30 | START&GO | julho/agosto 2018


CONVERSA DE EMPREENDEDOR

E tu, como pintas a tua vida?

Pedro Barbosa dades do mundo (INSEAD e Oxford), criei cores, todos os dias, sem exceção. E sem
CEO at Play Growth
três empresas com outras tantas equipas, esta diversidade não há evolução, a layer
reuni com mais de 80 startups, fui orador de novidade permanente que coloco de-
por 22 vezes, dei aulas, escrevi dezenas licadamente por cima do foco no centro
de artigos, fiz mentoring, montei duas co- daquilo que é importante, para que os
munidades, mantive em alta e “pro bono” dias sejam diferentes, para que me sinta
a maior comunidade portuguesa que feliz a evoluir e contribua com evolução

F
az hoje exatamente um ano que fundei há cinco anos com dois amigos e de todos aqueles com que me relaciono,
saí do El Corte Inglés para me aprendi imenso em domínios totalmente de alguma forma. É dessas colisões positi-
estrear como empresário de ne- distintos do meu ecossistema, sem nunca vas, ora programadas, ora aleatórias, que
gócios e gestor da minha vida. Larguei me deixar de focar nos meus. sai a evolução das pessoas e das socieda-
o certo pelo incerto, troquei o esperado Nos meus clientes, nos meus projetos e des.
pelo inédito, evoluí do sempre assim para sobretudo nas minhas pessoas. Nas que Pintar a vida como eu quero é assim. Cla-
como nós queremos. me acompanham, me desafiam, me fa- ro que há muitos frescos por inventar,
O impensável de dar esse salto num vazio zem evoluir e sentir bem como sou e muitas paredes por cobrir, muitas ideias
que temos de preencher por nós é uma como quero ser, todos os dias e mais um. por imaginar. É por isso que cada dia tem
deliciosa adrenalina, como pegar numa No meio de uma vida ainda muito mais de ser vivido no máximo, mesmo que o
tela nova para construir outra ideia, intensa do que antes, consegui passar a máximo seja descansar.
pintar de novo, sem limites nem regras ser dono do meu tempo e pintar os dias Cada dia tem de ser vivido como o pri-
preestabelecidas. São caminhos onde não como quero. Como eu desejo. Como eu meiro, o último ou o anterior: a saborear.
há reuniões sem sentido nem políticas sonho. Com os meus mais próximos, mais A sentir o aroma do inesperado em cada
obrigatórias. Há mais, mas há sobretudo presentes, mais nossos. pequeno instante, sem nunca deixar de
melhor. E, embora continue a querer estar ainda escolher as cores com que pinto cada dia
Neste primeiro ano fiz mil projetos, viajei, mais com os meus, não deixo de conhecer e cada memória nova.
estudei em duas das melhores universi- novas pessoas, novos projetos e novas E tu, como pintas a tua vida?

31 | START&GO | julho/agosto 2018


PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL

A Receita da Felicidade

o nível de felicidade que sentimos. No espero relacionar-me muito bem com a


Pedro Amendoeira
Partner at Expense Reduction original são 60 frases, sendo que encon- maior parte das pessoas que encontrar.
Analysts trei uma versão reduzida no livro “Rip It 9. Hoje estou a sentir-me muito bem co-
Up”, de Richard Wiseman, de apenas 15 migo e com o mundo.
frases. O investimento promete elevado 10. Dada a disposição com que estou, sin-
retorno: vale a pena trocarem 1 minuto to-me especialmente inventivo e cheio
e 10 segundos do vosso tempo por um de recursos.

E
se existisse uma receita para a fe- incremento de felicidade, certo? 11. Estou bastante certo que a maioria dos
licidade? Nem que fosse melhorar O efeito é mais forte se lerem com entu- meus amigos apoiar-me-ão no futuro.
uns pontos na nossa escala diária siasmo, como se estivessem realmente a 12. Sinto que a vida está em larga medida
de felicidade já seria bom, certo? sentir o que estão a dizer. Prontos? sob o meu controlo.
Sendo certo que a felicidade se tornou Na minha humilde tradução, estas frases 13. Estou numa excelente disposição e
uma obsessão da nossa era, defini-la pa- são: quero que alguém toque uma música
rece bem mais difícil e o caminho para lá 1. Sinto-me surpreendentemente bem co- maravilhosa.
chegar já não será tão claro. A meditação, migo hoje. 14. Estou a desfrutar disto e realmente
o exercício ou uma alimentação saudável 2. Penso que posso transformar as coisas sinto-me bem acerca de mim mesmo.
são apontados vulgarmente como vias – e num sucesso. 15. Este é um daqueles dias em que estou
têm dados a suportá-lo. 3. Estou contente que a maior parte das cheio de força!
Encontrei recentemente uma “receita” pessoas seja muito amigável comigo. Valeu a pena? Sentiram o incremento?
alternativa com resultados comprovados 4. Sei que se determinar fazer algo, nor- Duas notas:
em múltiplas experiências posteriores (os malmente vai correr bem. • Ainda que a melhoria de estado se re-
links para os estudos estão no final). Vem 5. Sinto-me bastante entusiasmado agora giste em ambos os géneros, por alguma
do final dos anos 60 e, ao contrário do que mesmo. razão que ainda ninguém conseguiu ex-
possam imaginar, não inclui sexo nem dro- 6. É como se estivesse cheio de energia plicar, o efeito é mais pronunciado nas
gas. E é muito simples. Demasiado, talvez. neste momento e a desfrutar do que es- mulheres que nos homens.
Consiste em ler em voz alta algumas tou a fazer. • Também existe uma lista de frases para
frases que “enganam” o nosso cérebro, 7. Sinto-me especialmente eficiente hoje. ficar mais deprimido, mas essa imagino
melhorando o nosso estado anímico e 8. Estou muito optimista neste momento e que não queiram, pois não?

32 | START&GO | julho/agosto 2018


Novidade

This book focus on the European


economy. Not on its political aspects.
And it states facts, shying away from
judgments and opinions.
Why is the European GDP per capita only 34/ of
the USA’s?
And the productivity per hour 13% below?
And the productivity per person 22% below?
And the rate of unemployment almost the doub-
le of the USA’s?

Index:
I. Facts are our friends
II. The gap: EU15-USA difference in GDP per capita
III. The immediate causes
IV. The initial causes (and solutions)
V. Why the world needs a stronger European
economy

Título THE (NON) COMPETITIVENESS


OF THE EUROPEAN UNION - FACTS,
CAUSES AND SOLUTIONS

UMA EDIÇÃO Autor Jorge Vasconcellos e Sá


With the collaboration of Fátima Olão,
A NÃO PERDER! Magda Pereira and Cristina Fidalgo
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