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All content following this page was uploaded by Fúlvio Rieli Mendes on 04 April 2017.
Considerações iniciais
Este capítulo mostra as diferentes formas pelas quais uma droga pode ser
classificada e define alguns termos relacionados à área. Os conceitos e de-
finições aqui utilizados são apresentados com o propósito de permitir um
melhor entendimento do público geral, pois definições mais técnicas po-
dem ser obtidas em outras publicações.
Droga
Como visto anteriormente, o uso de drogas obtidas da natureza pelo ho-
mem para diversas finalidades é uma prática milenar. Desde a antiguida-
de, o ser humano utiliza-se de plantas, minerais, e até mesmo animais ou
partes destes, seja para tratar diversos males e problemas de saúde ou para
alterar sua mente e sua percepção da realidade, muitas vezes em rituais e
cerimônias religiosas.
Observamos por essa definição que uma droga pode tanto causar um
efeito benéfico como maléfico. No primeiro caso, isto é, quando a droga
pode ser utilizada com finalidade terapêutica, para tratar ou prevenir uma
doença, ela pode ser parte de um medicamento. Entende-se por medica-
mento o produto na sua forma final, incluindo os demais componentes
necessários para sua produção na forma de um comprimido, cápsula, xa-
rope ou qualquer outra formulação farmacêutica. Já o segundo caso, a
droga como substância que não tem um emprego terapêutico, refere-se às
substâncias que podem ser utilizadas de forma abusiva pelo ser humano,
por isso chamadas, muitas vezes, de drogas de abuso, como é o caso do
álcool, tabaco e maconha.
Vale lembrar que uma droga que possui emprego medicinal também pode
ser usada fora do contexto terapêutico, de forma abusiva, como observamos
para diversas drogas sedativas (barbitúricos), tranquilizantes ou ansiolíticos
(benzodiazepínicos), analgésicos/hipnóticos (morfina, meperidina) e esti-
mulantes (anfetaminas).
Tabela 1_Diferentes maneiras pelas quais uma substância pode ser classificada
Efeito
Ponto de Estrutura Mecanismo
Origem (relacionado ao
vista legal química de ação
uso clínico)
inibidores
metilxantinas, ansiolíticos,
enzimáticos,
barbitúricos, anoréticos,
agonistas ou
drogas lícitas e naturais, sintéticas aminas antidepressivos,
antagonistas
ilícitas e semissintéticas biogênicas, anticonvulsivantes,
de receptores,
antidepressivos anti-hipertensivos,
inibidores de
tricíclicos diuréticos
transportadores
Por fim, podemos ainda classificar uma substância quanto aos efeitos por
elas produzidos e sua indicação terapêutica (emprego clínico), quando
existente. Nesse caso, os efeitos considerados podem ser gerais (um tônico,
estimulante, calmante) ou específicos, como ocorre para diversos medica-
mentos com finalidade bem definida (diurético, anti-hipertensivo, antide-
pressivo, anorético, etc.).
ansiolíticos,
alguns
hipnóticos, antidepressivos,
medicamentos
Exemplos de neurolépticos, estimulantes,
anticolinérgicos
medicamentos narcóticos ou inibidores do
(em doses
opiáceos, apetite
elevadas)
anticonvulsivantes
Depressoras do SNC
Exemplos de medicamentos
Drogas de abuso
Estimulantes do SNC
Exemplos de medicamentos
Drogas de abuso
Perturbadoras do SNC
Exemplos de medicamentos
Drogas de abuso
Esteroides anabolizantes
Consistem em substitutos sintéticos da testosterona, hormônio masculino,
que, entre outros efeitos, induzem aumento da massa muscular. Por isso são
utilizados por fisiculturistas, mas também por muitos jovens na tentativa de
aumentar os músculos e definir o corpo.
O mesmo é possível ocorrer para uma droga que não possua uso médico
(mas nesse caso não há nome-fantasia, já que não há medicamento).
Considerações finais
Neste capítulo tratamos da definição e classificação das drogas, partindo da
origem da palavra e sua abrangência até aprofundarmos na nomenclatura
para drogas de abuso. Começamos por entender a diferença entre medica-
mento e droga de abuso. Vimos que há diferentes maneiras de se classificar
uma substância: do ponto de vista legal, quanto à origem, estrutura quími-
ca, mecanismo de ação e efeitos. Por fim, detalhamos como são classificadas
as drogas psicotrópicas, que compreendem a grande maioria das drogas de
abuso. Ao fim deste capítulo você deve ser capaz de descrever se uma droga
é depressora, estimulante ou perturbadora do Sistema Nervoso Central.
Reflita a respeito
Você já percebeu que entre as drogas de abuso há várias substâncias que
são obtidas da natureza? A cocaína e a morfina são extraídas das folhas
da coca e do látex da papoula, respectivamente. O álcool é produzido pela
fermentação de diferentes vegetais. Como será que o homem descobriu
como preparar essas substâncias e por que seu uso é tão frequente na
história da humanidade?
Referências
ALMEIDA, Reinaldo Nóbrega; BARBOSA FILHO, José M. Drogas
psicotrópicas. In: ALMEIDA, Reinaldo Nóbrega. Psicofarmacologia:
fundamentos práticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 3-24.
KSIR, Charles; HART, Carl L.; RAY, Oakley. Drugs, society, and human
behavior. 11a ed. Mc Graw Hill, 2006.
ROBSON, Philip. Forbidden drugs. 2a. ed. Nova York: Oxford University
Press, 1999. 301 p.
SEIBEL, Sergio Dario; TOSCANO Jr, Alfredo. Dependência de drogas. São Paulo: Editora
Atheneu, 2001.
STAFFORD, Peter. Psychedelics encyclopedia. 3a. ed. expandida. Berkeley: Ronin Publishing,
Inc., 1992. 420 p.
WHO. Lexicon of alcohol and drug terms. Genebra: World Health Organization, 1994.
Disponível em: <http://www.who.int/substance_abuse/terminology/en/>. Acesso em: 02 jul.
2014.
Sistema Nervoso Central: parte do sistema nervoso que fica dentro da caixa
craniana e inclui também a medula (alojada na coluna vertebral).