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2011
Marcial Torres Costa
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB
( ) Aprovado ( ) Reprovado
_______________________________________________________
Prof. Dr. Valdemiro Conceição Junior (DFZ / UESB)
(Orientador)
_____________________________________________________
Prof. Dr.ª Maria Zilda Dantas (DFCH / UESB)
(Examinadora)
_______________________________________________________
Prof. Dr. Moizeis Silva Nery (DTRA / UESB)
(Examinador)
_______________________________________________________
Prof. Dr.ª Sandra Elizabeth de Souza (DFZ / UESB)
(Suplente)
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, pela minha vida e por toda força renovada nos momentos
de fraqueza.
Ao meu orientador, Prof. Valdemiro Conceição Júnior pela confiança e pelas
valiosas sugestões para o desenvolvimento do trabalho.
A professora, Sandra Elizabeth de Souza pela atenção e ajuda.
A UESB, que através do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Cadeia
Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade, proporcionou a realização deste
trabalho.
Ao meu amigo Marinaldo Carvalho pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho
nas comunidades quilombolas.
Aos companheiros quilombolas: Lucio Fortunato, Ivandro Custodio, João Borges e
Osvaldo Fortunato, lideres da comunidade Velame e Baixa Seca, comunidades onde foram
realizados os estudos e pesquisas.
As representantes e colegas da SEPROMI: Vanda Barreto, George Pedreira, Josafá
Araújo, Genny Ayres e a secretária Luiza Helena Bairros, pelo apoio e interesse no
desenvolvimento social das comunidades quilombolas da Bahia.
Agradeço profundamente a minha família: meus pais, irmã e irmãos pelo apoio e
incentivo.
A Jaqueline Fagundes Pereira por seu estimulo, confiança e dedicação durante a
execução deste trabalho.
Enfim, agradeço a todos que colaboraram de alguma forma para a execução deste
trabalho, ao mesmo tempo em que me desculpo pelas eventuais omissões.
Dedico este estudo ao meu pai, Vilibaldo (in
memoriam).
RESUMO
ABSTRACT
The Quilombo Communities are organizations of small farmers and rural blacks,
inserted in groups that participate in programs such as familiar agriculture. Vitoria da
Conquista is the municipality with the largest number of Quilombo communities of
Southwest Bahia. Due to climate and ground of the region, it becomes favorable for the
cultivation of coffee. This study aimed diagnoses the familiar agriculture and promote
improvements in coffee cultivation within communities of Velame and Baixa Seca. For
this research, we used the practice of participatory methodology, through interviews and
questionnaires. According to the data, 73.3% of farms have up to 10 ha, which is
characterized as smallholdings. The strata of usable agricultural area show a considerable
concentration of the area up to two hectares, the community's Baixa Seca (60%) and 2.5 to
4.5 ha in Velame (46.7%). The main crops grown by these communities; cassava, coffee,
beans, corn and animal husbandry. Since the community is the Velame the main cassava,
and the community of Baixa Seca, coffee. Produce coffee with a view to benefit the
product to market can emerge as a new alternative source of income, since it is grown by
most farmers. However, require intervention by bodies of research, extension and city hall
in order to seek improved quality, productivity and encourage the organization of
production.
11
Segundo o historiador Pedreira (2001), os livros didáticos que tratam da história da
Bahia fazem pouca ou nenhuma referência à existência de quilombos. Na Bahia os maiores
agrupamentos de quilombolas estão concentrados no Recôncavo baiano, nos municípios de
Cachoeira, Maragogipe, Santo Amaro entre outros. Porém, existe um número considerável
por quase todas as regiões do estado.
De acordo com a Fundação Cultural Palmares 367 comunidades remanescentes de
Quilombos estão localizadas em solo baiano.
Destas 367 comunidades, 348 estão certificadas. Estas certificações valorizam a
história e cultura das comunidades. As certificações são o primeiro passo para a
demarcação e titulação de terras pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
- INCRA (SEPROMI, 2010).
Em Vitória da Conquista, são 40 comunidades quilombolas, sendo que 27 delas já
foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. É o município com o maior número
de comunidades quilombolas do Sudoeste da Bahia. Na tabela 1, há uma relação das
comunidades certificadas.
01 BOQUEIRÃO 08/06/2005
02 VELAME 19/04/2005
03 ALTO DA CABACEIRA 28/07/2006
04 FURADINHO 28/07/2006
05 LAGOA DE VITORINO 13/12/2006
06 LAGOA DO MELQUÍEDES E BAIXA SECA 28/07/2006
07 LAGOA DOS PATOS 28/07/2006
LAGOA MARIA CLEMÊNCIA, COMPOSTA PELOS POVOADOS
(POÇO DE ANINHA, CALDEIRÃO, OITEIRO, MANUEL
08 13/12/2006
ANTÔNIO, RIACHO DE TEÓFILO, BAIXÃO, TÁBUA, MURITIBA
E LAGOA DE MARIA CLEMÊNCIA)
09 QUATIS DOS FERNANDES 28/07/2006
10 RIBEIRÃO DO PANELEIRO, BATALHA E LAGOA DO ARROZ 28/07/2006
11 SÃO JOAQUIM DE PAULO 28/07/2006
12 CORTA LOTE 28/07/2006
13 SINZOCA 02/03/2007
14 LAGOINHA 28/04/2010
15 MANDACARU 11/07/2006
16 MUMBUCA E SAMBAMBAIA 04/11/2010
12
Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista Data da Certificação
17 CONTENDAS 19/06/2006
18 GUARIBAS 19/06/2006
19 LAGINHA 19/06/2006
20 RANCHO DE CASCA 19/06/2006
21 CINZENTO 06/07/2005
22 THIAGOS 26/11/2007
23 QUENTA SOL 13/11/2006
24 BATALHA 11/07/2006
25 LAGOA DO ARROZ 11/07/2006
26 CACHOEIRA DO RIO PRADO 13/11/2006
Fonte: Adaptado (Sepromi - Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia -
http://www.sepromi.ba.gov.br).
13
PIB nacional abriga 40% da população economicamente ativa, mantém empregados
milhões de pessoas e conserva a paisagem rural ocupada e produtiva (INCRA/FAO, 1994).
O PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é a
primeira política federal voltada exclusivamente a esse setor. Trata-se de um programa de
apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento rural, tendo como base o fortalecimento da
agricultura familiar (PRONAF, 2010).
A grande maioria das comunidades quilombolas vive da agricultura de subsistência.
Vitória da Conquista é o município com o maior número de comunidades quilombolas do
Sudoeste da Bahia. Existe em torno de 40 comunidades nesta cidade. Em destaque, estão
às comunidades de Baixa Seca e Velame, objetos deste estudo. Essas comunidades vivem
da agricultura de subsistência, a Comunidade do Velame tem como principal atividade
econômica à cultura da mandioca. A comunidade de Baixa Seca se mantém
economicamente através do plantio da cultura do café, urucum, mandioca, cana de açúcar e
hortaliças.
O diagnóstico realizado nas comunidades de Velame e Baixa Seca pela SEPROMI
revelaram estruturas de produção bastante rudimentares, carecendo de introdução de novas
tecnologias orientadas por uma concepção de desenvolvimento que tenha por base a
sustentabilidade ambiental e os princípios da economia solidária. Além do cultivo de
mandioca, outra atividade que está crescendo é o plantio do café (LIMA, 2005). Devido ao
clima propício da região, o cultivo do café se torna uma boa alternativa para o plantio e
diversificação dos produtos cultivados.
14
proprietários, como também por parceiros, arrendatários e assalariados rurais. Quando há
espaço, é comum que filhos casados continuem trabalhando na mesma terra.
O município de Vitória da Conquista está localizado no sudoeste do Estado da
Bahia. Parte do seu território possui altitude acima de 800 metros e clima e solos propícios
para o cultivo do café arábica. A região produtora de café do município possui clima
quente e úmido no verão e clima frio e úmido no inverno, com temperatura média anual de
19ºC. A cultura do café é uma importante atividade de inclusão social, geradora de renda e
ocupações para esta região.
Dentre os fatores que contribuíram para este incremento merecem destaque, a
organização dos agricultores familiares, as parcerias com o Banco do Nordeste e Banco do
Brasil S.A. (responsável pelos financiamentos para implantação da cultura), e a
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB (que tem desenvolvido trabalhos de
pesquisa, extensão e capacitação voltados para cafeicultura da região). Com o empenho
destas instituições e dos atores locais, os agricultores familiares têm obtido lucros com a
cafeicultura.
O desenvolvimento da cafeicultura na agricultura familiar é fundamental para a
geração de emprego, renda, melhoria das condições de vida dos agricultores e fixação do
homem a terra. O café é um dos poucos produtos agrícolas que recebe valor comercial não
somente pela especulação do mercado, mas também pela qualidade da bebida produzida
(PEREIRA et al., 2000).
Para se obter um café de boa qualidade é necessário que os cuidados comecem
desde o plantio até a pós-colheita. A colheita é uma das operações mais importantes para
melhorar a qualidade da bebida e representa de 25% a 30% dos custos diretos da produção
de café. Os cuidados na fase de colheita e preparo do café encerram todas as atividades
realizadas anteriormente no ciclo produtivo da cultura (CHALFOUN & CARVALHO,
1999).
Cafés cultivados adequadamente, mas manuseados de forma indevida, durante as
fases de colheita e preparação terão inevitavelmente baixos padrões qualitativos
(CHALFOUN & CARVALHO, 1999). Isto porque, fatores como variedades de cultivo,
tratos culturais (adubação, capinas e controle de pragas e doenças), condições climáticas e
principalmente cuidados nas operações agrícolas e pós-colheita (secagem, armazenamento,
torração, moagem e preparo da infusão) interferem, em muito, na qualidade final da bebida
do café.
15
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 1: Localização geográfica das comunidades Remanescentes de Quilombos Velame e Baixa Seca.
Fonte: Adaptado de SEI-BA, 2003 (Organizado por: Altemar Amaral Rocha – UESB, 2008).
16
A comunidade do Velame é composta de 36 famílias (126 pessoas) e vive da
agricultura de subsistência, tendo como sua principal economia à cultura da mandioca
(LIMA, 2005).
O Quilombo de Baixa Seca, também localizado no Distrito de Inhobim 50 km,
sentido Vitória da Conquista a Minas Gerais, à esquerda da BR 116, após o Povoado de
Veredinha próximo da Torre. Baixa Seca é um Quilombo, com aproximadamente, 40
famílias. Essas famílias se mantêm economicamente pelo sistema de produção de café,
urucum, mandioca, cana de açúcar e horta.
Foi implantada uma pequena lavoura experimental com 200 mudas de café na
comunidade do Velame. 150 mudas foram da variedade Catucai amarelo e foram
adquiridas na região de Inhobim, em um viveiro do povoado de Abelhas. As mudas
17
estavam em boas condições nutricionais e aptas para o plantio. As outras 50 mudas foram
da variedade Acauã, adquiridas do viveiro da Prefeitura de Vitoria da Conquista.
A introdução desta lavoura serviu para demonstração de técnicas de plantio, como
espaçamento, profundidade e largura das covas. As lavouras foram implantadas em maio
de 2010. Várias palestras técnicas foram realizadas nesta comunidade, a fim de demonstrar
os procedimentos utilizados para o cultivo do café, visando à melhoria na produção.
O terreno onde foi realizado o plantio é plano e possui 11% de inclinação, indicado
para uso de máquinas, mas maioria dos serviços foi feito manualmente (abertura de covas,
adubação e plantio) o preparo e limpeza do terreno foram feitos com trator cedido pela
prefeitura. Foram feitas covas com tamanho de 40X40X40 cm e com espaçamento de 2,5 x
1,2 m. Foi utilizada cobertura morta ao redor das plantas. Também foi indicado manter as
ruas de plantio do café cobertas com cobertura morta (folhagens das plantas daninhas que
foram roçadas).
Foi realizada a análise de solo, para mostrar aos produtores os procedimentos de
como se tira a amostra do solo e para mostrar a composição química da terra e a
importância dos minerais para as plantas. A analise do solo foi realizada em 12
propriedades, sendo seis na comunidade do Velame e seis em Baixa Seca.
Para obter bons resultados com a análise é muito importante retirar as amostras
corretamente. Por isso foram realizadas as seguintes etapas:
- A propriedade foi divida em glebas, de cada gleba foram retiradas diversas subamostras
com profundidade de até 20 cm, para se obter uma média da área amostrada. A área foi
percorrida em ziguezague;
- Foram evitados pontos próximos a casa, formigueiros, currais, estradas, depósito de
adubo e manchas no solo;
- As amostras foram sendo transferidas para um recipiente limpo;
- Essas amostras foram misturadas, os torrões de terra foram quebrados, as pedras, gravetos
e outras impurezas foram retirados. Essas subamostras são chamadas de amostra composta.
- Foi retirado aproximadamente 500g de terra do balde e transferido para um saco plástico
limpo. Estas amostras foram identificadas com o nome do produtor, propriedade, data e
local onde foi retirado, sendo enviadas para o laboratório para analise.
18
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na maioria das vezes, o pequeno produtor rural enfrenta muitos problemas, devido
à falta de recursos, baixa produtividade etc. Porém, para famílias remanescentes de
escravos que vivem no meio rural, essa situação é ainda mais difícil. Isto por que, ao longo
da sua história, vivenciam um processo intenso de exclusão social e enfrentam sérios
problemas como baixa renda, infra-estrutura precária, pequena capacidade de investimento
na produção, dificuldade de acesso ao crédito e baixa escolaridade.
Vítimas da grilagem praticada por grandes fazendeiros, estes agricultores ficaram
com pequenos lotes de terra que, na maioria dos casos, são insuficientes para obter uma
produção capaz de garantir o sustento da família. A Tabela 2 mostra que 73,3 % dos
estabelecimentos rurais têm até 10 ha, o que se caracteriza como minifúndios. Nesse caso,
o ideal seria que tais estabelecimentos fossem intensivamente utilizados com atividades
agrícolas diversificadas, para que pudessem buscar a auto sustentabilidade.
19
Tabela 3 - Estratos de Superfície Agrícola Útil (SAU) (%) das comunidades quilombolas.
20
estratégico, pois se trata de produtos ao mesmo tempo facilmente comercializáveis e
cruciais na alimentação da família.
Porém, os cultivos de mais destaque para essas comunidades é a mandioca, o café,
o feijão e o milho. Na figura 2, podemos observar que a comunidade do Velame tem a
mandioca (46% da área cultivada) como principal produto cultivado seguido pelo café
(25,3% da área cultivada), feijão (18,4% da área cultivada) e por último o milho (10,3%).
Na comunidade de Baixa Seca a situação é contrária, o produto mais cultivado é o café
(49,2% da área cultivada), em seguida mandioca (26,2% da área cultivada), feijão (18,1%
da área cultivada) e milho (6,5% da área cultivada).
60
50
40
Velame
30
Baixa Seca
20
10
0
café feijão mandioca milho
Figura 2: Principais produtos cultivados pelas comunidades de Velame e Baixa Seca (% área plantada).
21
Com isso podemos notar a predominância dessa cultura nos diversos níveis de área
cultivada das propriedades. Este fato está aliado às tradições do cultivo dessa cultura na
comunidade, e seu autoconsumo após o beneficiamento, transformando-a em farinha
(alimento muito utilizado na dieta dos agricultores familiares e, em muitos casos há venda
do excedente do produto final, para complementação da renda familiar).
Ainda de acordo com a figura 3, 93,3% das famílias que cultivam café e feijão
utilizam área de até um hectare e 6,7% que cultivam café utilizam área entre um e dois
hectares. O milho é a cultura menos cultivada, sendo que 60% das famílias que o cultivam
utilizam área de até um hectare.
100
90
80
70
% até 1 ha
60
% entre 1 e 2 ha
50
% acima de 2 ha
40
não cultivam
30
20
10
0
Feijão Café Mandioca Milho
Figura 3: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores familiares do Velame.
22
Com relação à cultura do feijão, apesar de ser cultivada por 93,3% dos
entrevistados no Velame e 60% em Baixa Seca, as áreas cultivadas não ultrapassam 0,5
hectare. Isto pode revelar que mesmo com a área pequena a produção é suficiente para a
subsistência das famílias. Outro fator, que pode ser observado na figura 3 e 4 é que, a
cultura de milho, tem pouca expressão nos cultivos nessas propriedades para o
consumo humano, mas de grande importância para a alimentação das pequenas criações.
80
70
60
50 % até 1 ha
% entre 1 e 2 ha
40
% acima de 2 ha
30 não cultivam
20
10
0
Feijão Café Mandioca Milho
Figura 4: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores familiares de Baixa Seca.
Com base nos dados apresentados até aqui se pode perceber que a cultura do café
tem importância nas duas comunidades. Sendo que na comunidade de Baixa Seca, está é a
principal cultura. Devido ao clima propício da região o cultivo do café se mostra como
uma boa opção para diversificar os produtos cultivados.
A tabela 5 mostra a relação da produção total de café com o valor obtido pelas
famílias entrevistadas na comunidade de Baixa Seca. Através destes dados podemos notar
que áreas cultivadas de mesmo tamanho têm uma produção ou valor obtidos diferenciados.
Podemos observar que todas as áreas correspondentes a 0,5 ha tiveram uma produção total
de seis sacas, obtendo valores de R$ 1.680,00, com exceção de uma, que apesar de ter a
mesma área cultivada, produziu quatro sacas e obteve um lucro de R$ 1.120,00.
Ainda na tabela 5, destaca-se três áreas cultivadas, duas de 1,5 ha e outra de 3 ha,
ambas tiveram uma produção total de 20 sacas e o valor obtido foi de R$ 5.600,00.
Tabela 5 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na comunidade de Baixa Seca.
23
1,5 20 5.600,00
3,0 20 5.600,00
1,0 13 3.640,00
0,5 04 1.120,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
1,0 13 3.640,00
1,5 20 5.600,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
Total: 14,5 166 46.480,00
A tabela 6 também mostra a relação da produção total de café com o valor, obtido
nas famílias entrevistadas na comunidade Velame. E assim como acontece em Baixa Seca,
áreas cultivadas de mesmo tamanho têm uma produção ou valores obtidos diferenciados.
Todas as áreas cultivadas de 0,5 ha apresentam uma produção de seis sacas e valor
correspondente a R$ 1.680, 00, com exceção de três áreas; uma área de 0,5 ha teve
produção de oito sacas e valor de R$ 2.240,00; uma área de 0,5 com produção de seis sacas
e valor de R$ 1.200,00 e uma área de 0,5 há com produção de oito sacas e valor de R$
1.600,00. Podemos observar diferenças na produção também em relação a uma área de 1,5
ha que teve a mesma produção das outras áreas de 1 ha.
Tabela 6 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na comunidade Velame.
24
cultivos apropriadas. O que significa que todo o resultado é renda para a família. Na figura
5 podemos observar algumas áreas na Comunidade do Velame onde é cultivado o café.
Figura 5: Comunidade Baixa seca e Velame: Plantação de feijão, café, mandioca, mutirão da colheita do
milho e hortaliças.
25
qualidade. Deve-se lembrar também que o café muito seco proporciona diminuição no
peso e possibilita quebra durante o beneficiamento.
O café é um dos poucos produtos cujo valor cresce muito com a melhoria da
qualidade. Um produto de qualidade inferior pode sofrer redução significativa no seu valor
de comercialização (PEREIRA et al., 2000). Daí a importância de apoiar e capacitar os
agricultores familiares, uma vez que, vários estudos apontam que as propriedades rurais de
perfil familiar, se devidamente apoiadas com crédito e tecnologia, têm muitas vantagens
em relação às grandes fazendas: são mais produtivas, economicamente viáveis e preservam
melhor o meio ambiente (PORTUGAL, 2004).
Nas comunidades estudadas, tanto no Velame como em Baixa Seca, os agricultores
se preocupam com o meio ambiente e adotam práticas para conservação do solo. Na
comunidade Velame todas as famílias entrevistadas (100%) fazem uso de técnicas como:
consorciamento de culturas, adubação orgânica com esterco e controle alternativo de
pragas e doenças com o uso de inseticidas naturais como (Calda de Fumo, Extrato de Nim,
Manipueira e Urina de Vaca) (Figura 6).
Ainda na figura 6, 100% das famílias entrevistadas da comunidade Baixa Seca
fazem consorciamento de culturas e adubação orgânica com esterco e 86,7% utilizam
controles alternativos de pragas e doenças.
105
100
Consorciamento de culturas
95
Adubação orgânica com esterco
90
Controle alternativos de pragas e doenças
85
80
Velame Baixa Seca
Figura 6: Principais práticas de conservação do solo praticadas pelas comunidades (Valores em %).
26
3.2 PLANTIO DO CAFÉ – UNIDADE DEMONSTRATIVA
O plantio experimental encontra-se com 10 meses. Este plantio serviu para mostrar
aos agricultores as técnicas corretas de implantação da cultura (Figura 7). O coveamento
foi feito manualmente separando-se a terra mais fértil retirada da cova para misturar com
adubo no momento do plantio das mudas. Foi utilizada cobertura morta em volta da muda
para reduzir a competição com ervas daninhas. Também foi indicado manter as ruas de
plantio do café cobertas com cobertura morta (folhagens das plantas daninhas que foram
roçadas) para manter umidade no solo.
27
Tabela 7: Resultados das análises de solos da lavoura de café das propriedades de Velame e Baixa Seca.
*
pH * cmolc/dm3 de solo %
Identificação mg/dm3
(H2O) P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ Na+ S.B. t T V m
Velame 4,8 1 0,10 1,4 0,6 1,9 7,7 - 2,1 4,0 11,7 18 48
Velame 4,8 2 0,15 0,6 0,5 0,7 5,5 - 1,3 2,0 7,5 17 36
Velame 4,7 1 0,07 0,4 0,4 1,0 4,2 - 0,9 1,9 6,1 15 53
Velame 4,2 1 0,06 1,0 0,4 1,8 5,0 - 1,4 3,2 8,2 17 55
Velame 4,6 1 0,10 0,5 0,4 0,9 5,8 - 1,0 1,9 7,7 13 47
Velame 4,5 1 0,05 0,4 0,3 1,1 5,8 - 0,8 1,9 7,7 10 59
Baixa Seca 5,8 3 0,32 2,1 1,0 0,1 3,0 - 3,4 3,5 6,5 52 3,0
Baixa Seca 5,5 2 0,21 1,6 0,7 0,2 3,4 - 2,5 2,7 6,1 41 7,0
Baixa Seca 5,2 1 0,18 1,4 0,7 0,2 3,8 - 2,3 2,5 6,3 36 8,0
Baixa Seca 5,3 1 0,21 1,4 0,7 0,3 4,2 - 2,3 2,6 6,8 34 11
Baixa Seca 5,1 1 0,19 1,2 0,7 0,5 4,7 - 2,1 2,6 7,3 29 19
Baixa Seca 5,2 2 0,21 1,4 0,9 0,3 4,2 - 2,5 2,8 7,0 36 11
28
4 CONCLUSÕES
29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, T (Org.). Quilombos em São Paulo: Tradições, direitos e lutas. São Paulo:
IMESP, 1997.
30
PASSOS, S. A. Vitória da Conquista, cidade e região. Dissertação de Mestrado. p.58,
1995.
31
ANEXO
32
DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR: PERSPECTIVA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CAFEICULTURA EM COMUNIDADES REMANESCENTES
DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA.
QUESTIONÁRIO
Tempo: Inicio de entrevista: __________ Término:_________
Entrevistador:______________________________________ Data: ____/____/2010
FAMÍLIA E TRABALHO
A B C D
1- Resp/chefe 1- Tempo integral na UP (*) 1- Casado 1- analfabeto: nunca
estudou
2- Cônjuge 2 – Tempo parcial: trabalha fora e dentro 2- Solteiro 2- Apenas lê e escreve
da UP
3- Filho 3 – Tempo parcial na UP+trabalho 3- Viúvo 3- 1ª. A 4ª. Série completa
doméstico
4- Filha 4 – Tempo parcial na UP+estuda 4- Divorciado/ 4- 1ª. A 4ª. Série
Desquitado incompleta
5- Genro 5- Tempo integral fora da UP (*) 99- Outros 5- 5º. A 8ª. Série completa
6- Nora 6- Somente trabalhos domésticos 6- 5º. A 8ª. Série
incompleta
7- Netos 7- Somente estuda 7- 2º. Grau completo
8- Avô 8- Criança menor de 7 anos 8- 2º. Grau incompleto
9- Avó 9- Idoso: apenas tempo parcial na UP 9- nível técnico
10- Irmão 10- Desempregado 10- Superior completo
11- Irmã 11- Não trabalha porque é deficiente ou 11- Superior incompleto
inválido
99- outros (*) Considerar tempo integral de trabalho 12- sem idade escolar
igual a 300 dias/ano
2) Estrutura Fundiária
Área (há)
Área Total (ha) Em Parceria Arrendamento Outra forma
Própria
De terceiro Para terceiro De terceiro Para terceiro
33
3) Atividade de Produção vegetal – roça
Destino da Produção
Consumida pela Utilizada na
Comercializada
Área Área Unid. família propriedade
Especificação do Prod.
plant. colhida (Kg, Cons. Guarda
Produto total Valor Principal
(ha) (ha) T) Animal e como
Quant. total comprador Quant. Unid.
outro semente
obtido (A)
(quant.) (quant.)
(A) Principal 1- Venda direta (feiras livres e/ou mercados) 2- Venda institucional (escolas, etc.)
Comprador: 3- Intermediário 4- Cooperativa 5- Agroindústria/beneficiamento 99- outro
LEGUMES E VERDURAS
FRUTAS
6) Do que vende, para quem o senhor entrega a maior parte da produção vegetal? Assinalar apenas uma
alternativa.
( ) Venda direta p/ consumidores – nas casas ou feiras livres etc. ( ) Para poder público-municípios
( ) Para cooperativa ( ) Para o intermediário - atravessador
( ) Para agroindústria e/ou empresa privada ( ) Não vende
34
7) Benfeitorias e instalações
1- Alvenaria
2- Madeira Idade do bem ou Área construída
Especificação Quant.
3- Mista ano de construção em m².
4- Metal
Açude
Aviários
Curral
Cerca
Tem irrigação?
Cisterna
Pocilga/chiqueiros
Poços Artesianos
Outros ( especificar)
9) Assinale de quem recebeu assistência técnica (assinalar todos) Ano agrícola 2010.
10) Assinale em quais atividades de extensão rural e/ou informação técnica participa:
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