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UESB

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR:


PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DA
CAFEICULTURA EM COMUNIDADES REMANESCENTES
DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA
CONQUISTA - BA.

Marcial Torres Costa

2011
Marcial Torres Costa

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR: PERSPECTIVA


PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAFEICULTURA EM
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO
TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA.

Monografia apresentada à Universidade


Estadual do Sudoeste da Bahia, como parte das
exigências do programa de Pós-Graduação Latu sensu
em Gestão da Cadeia Produtiva
do Café com Ênfase em Sustentabilidade, para
obtenção do título de “especialista”

Orientador: Prof. Dr. Valdemiro Conceição Júnior

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB

Aluno: Marcial Torres Costa

Monografia: Diagnóstico da Agricultura Familiar: Perspectivas para o Desenvolvimento


da Cafeicultura em Comunidades Remanescentes de Quilombos do Território de Vitória
da Conquista – BA.

A comissão examinadora da monografia considerou o candidato:

( ) Aprovado ( ) Reprovado

_______________________________________________________
Prof. Dr. Valdemiro Conceição Junior (DFZ / UESB)
(Orientador)

_____________________________________________________
Prof. Dr.ª Maria Zilda Dantas (DFCH / UESB)
(Examinadora)

_______________________________________________________
Prof. Dr. Moizeis Silva Nery (DTRA / UESB)
(Examinador)

_______________________________________________________
Prof. Dr.ª Sandra Elizabeth de Souza (DFZ / UESB)
(Suplente)
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, pela minha vida e por toda força renovada nos momentos
de fraqueza.
Ao meu orientador, Prof. Valdemiro Conceição Júnior pela confiança e pelas
valiosas sugestões para o desenvolvimento do trabalho.
A professora, Sandra Elizabeth de Souza pela atenção e ajuda.
A UESB, que através do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Cadeia
Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade, proporcionou a realização deste
trabalho.
Ao meu amigo Marinaldo Carvalho pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho
nas comunidades quilombolas.
Aos companheiros quilombolas: Lucio Fortunato, Ivandro Custodio, João Borges e
Osvaldo Fortunato, lideres da comunidade Velame e Baixa Seca, comunidades onde foram
realizados os estudos e pesquisas.
As representantes e colegas da SEPROMI: Vanda Barreto, George Pedreira, Josafá
Araújo, Genny Ayres e a secretária Luiza Helena Bairros, pelo apoio e interesse no
desenvolvimento social das comunidades quilombolas da Bahia.
Agradeço profundamente a minha família: meus pais, irmã e irmãos pelo apoio e
incentivo.
A Jaqueline Fagundes Pereira por seu estimulo, confiança e dedicação durante a
execução deste trabalho.

Enfim, agradeço a todos que colaboraram de alguma forma para a execução deste
trabalho, ao mesmo tempo em que me desculpo pelas eventuais omissões.
Dedico este estudo ao meu pai, Vilibaldo (in
memoriam).
RESUMO

As Comunidades Remanescentes de Quilombos são organizações de pequenos


agricultores rurais negros, inseridos em grupos que participam de programas como o de
agricultura familiar. Vitória da Conquista é o município com o maior número de
comunidades quilombolas do Sudoeste da Bahia. Devido ao clima e solo da região, esta se
torna propícia para o cultivo do café. Este trabalho teve como objetivo diagnosticar a
agricultura familiar e promover melhorias no cultivo do café dentro das comunidades de
Velame e Baixa Seca. Para a realização desta pesquisa, foi utilizada a prática de
metodologia participativa, com realização de entrevistas e questionários. De acordo com os
dados obtidos, 73,3% dos estabelecimentos rurais têm até 10 ha, o que se caracteriza como
minifúndios. Os estratos de superfície agrícola útil mostram uma concentração
considerável da área de até dois ha, na comunidade de Baixa Seca (60%) e de 2,5 a 4,5 ha
na comunidade do Velame (46,7%). Os principais produtos cultivados por essas
comunidades são; mandioca, café, feijão, milho e criação de animais. Sendo que na
comunidade do Velame o principal é a mandioca, e na comunidade de Baixa Seca o café.
Produzir café na perspectiva de beneficiar esse produto para a comercialização pode surgir
como nova alternativa de renda, uma vez que é cultivada por boa parte dos agricultores.
Porém, necessitaria de intervenção por parte de órgãos de pesquisa, extensão e prefeitura,
no intuito de se buscar a melhoria da qualidade, produtividade e incentivar a organização
da produção.

PALAVRAS-CHAVE: Agricultura familiar, Remanescentes de Quilombos, minifúndios e


café.
DIAGNOSTIC OF THE FAMILIAR AGRICULTURE: PROSPECT FOR THE
DEVELOPMENT OF COFFEE AT QUILOMBOLAS COMMUNITIES OF THE
TERRITORY OF VITORIA DA CONQUISTA - BA

ABSTRACT

The Quilombo Communities are organizations of small farmers and rural blacks,
inserted in groups that participate in programs such as familiar agriculture. Vitoria da
Conquista is the municipality with the largest number of Quilombo communities of
Southwest Bahia. Due to climate and ground of the region, it becomes favorable for the
cultivation of coffee. This study aimed diagnoses the familiar agriculture and promote
improvements in coffee cultivation within communities of Velame and Baixa Seca. For
this research, we used the practice of participatory methodology, through interviews and
questionnaires. According to the data, 73.3% of farms have up to 10 ha, which is
characterized as smallholdings. The strata of usable agricultural area show a considerable
concentration of the area up to two hectares, the community's Baixa Seca (60%) and 2.5 to
4.5 ha in Velame (46.7%). The main crops grown by these communities; cassava, coffee,
beans, corn and animal husbandry. Since the community is the Velame the main cassava,
and the community of Baixa Seca, coffee. Produce coffee with a view to benefit the
product to market can emerge as a new alternative source of income, since it is grown by
most farmers. However, require intervention by bodies of research, extension and city hall
in order to seek improved quality, productivity and encourage the organization of
production.

KEYWORDS: Familiar agriculture, Quilombo, smallholdings and coffee.


SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... 9


LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ 10
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
1.1 REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA
CONQUISTA .................................................................................................................. 11
Tabela 1 - Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista que já
estão certificadas.......................................................................................................... 12
1.2 AGRICULTURA FAMILIAR EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS .............. 13
2 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 16
2.1 DIAGNÓSTICO DAS COMUNIDADES EM ESTUDO ........................................ 16
2.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ................................................................ 17
Foi implantada uma pequena lavoura experimental com 200 mudas de café na
comunidade do Velame. 150 mudas foram da variedade Catucai amarelo e foram
adquiridas na região de Inhobim, em um viveiro do povoado de Abelhas. As mudas
estavam em boas condições nutricionais e aptas para o plantio. As outras 50 mudas
foram da variedade Acauã, adquiridas do viveiro da Prefeitura de Vitoria da Conquista. 18
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 19
3.1 DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR - EM ESPECIAL O CAFÉ
NAS COMUNIDADES VELAME E BAIXA SECA. ................................................... 19
3.2 PLANTIO DO CAFÉ – UNIDADE DEMONSTRATIVA ..................................... 27
4 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 30
ANEXO I.............................................................................................................................32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista que já


estão certificadas. ............................................................................................................... 12
Tabela 2 – Classificação das Áreas das propriedades (%). ........................................... 19
Tabela 3 - Estratos de Superfície Agrícola Útil (SAU) (%) das comunidades
quilombolas. ...................................................................................................................... 20
Tabela 4 - Faixa etária (em %) dos moradores das comunidades em estudo. ............. 20
Tabela 5 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na
comunidade de Baixa Seca. ............................................................................................... 24
Tabela 6 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na
comunidade Velame. ......................................................................................................... 24
Tabela 7: Resultados das análises de solos da lavoura de café das propriedades de
Velame e Baixa Seca. ......................................................................................................... 28
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização geográfica das comunidades Remanescentes de Quilombos


Velame e Baixa Seca. Fonte: Adaptado de SEI-BA, 2003 (Organizado por: Altemar
Amaral Rocha – UESB, 2008). ......................................................................................... 16
Figura 2: Principais produtos cultivados pelas comunidades de Velame e Baixa Seca
(% área plantada). ............................................................................................................ 21
Figura 3: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores
familiares do Velame. ....................................................................................................... 22
Figura 4: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores
familiares de Baixa Seca. ................................................................................................. 23
Figura 5: Comunidade Baixa seca e Velame: Plantação de feijão, café, mandioca,
mutirão da colheita do milho e hortaliças. ...................................................................... 25
Figura 6: Principais práticas de conservação do solo praticadas pelas comunidades
(Valores em %). ................................................................................................................ 26
Figura 7: Construção do viveiro e preparo do substrato para o plantio da lavoura
experimental na Comunidade do Velame. .................................. 27
1 INTRODUÇÃO

O trabalho escravo foi impulsionado no Brasil na primeira metade do século XVI


quando a principal atividade aqui desenvolvida era a produção da cana de açúcar.
Chegando aqui os escravos eram submetidos a condições desumanas de exploração e
transformados em verdadeiras máquinas de ganhar dinheiro. A insatisfação dos negros
contra esse sistema era manifestada de varias formas, dentre elas a fuga e a formação de
quilombos.
Atualmente, o conceito mais utilizado para definir o que são os antigos
remanescentes de quilombos é da Associação Brasileira de Antropologia (ABA): "Toda
comunidade negra rural que agrupe descendentes de escravos vivendo da agricultura de
subsistência e onde as manifestações culturais têm forte vinculo com o passado" (ABA,
2010).
Para Abreu (2010), comunidade quilombola é na verdade um núcleo encarregado
de cobrar a dívida histórica do Estado brasileiro com os descendentes dos escravos que
fizeram o progresso desse país nos três séculos de escravidão. Sendo, portanto uma
organização fruto de uma resistência de vários séculos, que começa com o quilombo dos
palmares no final do século XVII e se espalha par todo o território brasileiro, cristalizando-
se após a abolição como importantes núcleos de resistência.
Uma das características principais dessas comunidades está relacionada à prática da
agricultura familiar, baseada no cultivo de gêneros alimentícios como mandioca, feijão
milho, hortaliças e café.
Logo, a pesquisa realizada teve como objetivo diagnosticar a agricultura familiar
dentro das comunidades quilombolas de Velame e Baixa Seca mostrando alternativas de
geração renda através do cultivo do café.

1.1 REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA


CONQUISTA

A autonomia dos grupos de quilombos existentes no país e a conquista pela


ocupação de terras desenvolvendo-se a agricultura familiar foram ocasionadas pela crise
das plantações de algodão, cana-de-açúcar e café, o que acabou enfraquecendo o poder dos
grandes proprietários de terras da época (SUNDFELD, 2002).

11
Segundo o historiador Pedreira (2001), os livros didáticos que tratam da história da
Bahia fazem pouca ou nenhuma referência à existência de quilombos. Na Bahia os maiores
agrupamentos de quilombolas estão concentrados no Recôncavo baiano, nos municípios de
Cachoeira, Maragogipe, Santo Amaro entre outros. Porém, existe um número considerável
por quase todas as regiões do estado.
De acordo com a Fundação Cultural Palmares 367 comunidades remanescentes de
Quilombos estão localizadas em solo baiano.
Destas 367 comunidades, 348 estão certificadas. Estas certificações valorizam a
história e cultura das comunidades. As certificações são o primeiro passo para a
demarcação e titulação de terras pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
- INCRA (SEPROMI, 2010).
Em Vitória da Conquista, são 40 comunidades quilombolas, sendo que 27 delas já
foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. É o município com o maior número
de comunidades quilombolas do Sudoeste da Bahia. Na tabela 1, há uma relação das
comunidades certificadas.

Tabela 1 - Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista que já estão certificadas.

Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista Data da Certificação

01 BOQUEIRÃO 08/06/2005
02 VELAME 19/04/2005
03 ALTO DA CABACEIRA 28/07/2006
04 FURADINHO 28/07/2006
05 LAGOA DE VITORINO 13/12/2006
06 LAGOA DO MELQUÍEDES E BAIXA SECA 28/07/2006
07 LAGOA DOS PATOS 28/07/2006
LAGOA MARIA CLEMÊNCIA, COMPOSTA PELOS POVOADOS
(POÇO DE ANINHA, CALDEIRÃO, OITEIRO, MANUEL
08 13/12/2006
ANTÔNIO, RIACHO DE TEÓFILO, BAIXÃO, TÁBUA, MURITIBA
E LAGOA DE MARIA CLEMÊNCIA)
09 QUATIS DOS FERNANDES 28/07/2006
10 RIBEIRÃO DO PANELEIRO, BATALHA E LAGOA DO ARROZ 28/07/2006
11 SÃO JOAQUIM DE PAULO 28/07/2006
12 CORTA LOTE 28/07/2006
13 SINZOCA 02/03/2007
14 LAGOINHA 28/04/2010
15 MANDACARU 11/07/2006
16 MUMBUCA E SAMBAMBAIA 04/11/2010

12
Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista Data da Certificação

17 CONTENDAS 19/06/2006
18 GUARIBAS 19/06/2006
19 LAGINHA 19/06/2006
20 RANCHO DE CASCA 19/06/2006
21 CINZENTO 06/07/2005
22 THIAGOS 26/11/2007
23 QUENTA SOL 13/11/2006
24 BATALHA 11/07/2006
25 LAGOA DO ARROZ 11/07/2006
26 CACHOEIRA DO RIO PRADO 13/11/2006
Fonte: Adaptado (Sepromi - Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia -
http://www.sepromi.ba.gov.br).

Uma maior organização da Comunidade Negra foi o que possibilitou que as


diversas comunidades espalhadas pelo país pudessem obter o direito de lutar pelo
reconhecimento de propriedade da terra, direitos que foram garantidos pela Constituição
Federal desde 1988, sendo necessário o mapeamento e comprovação da existência de
comunidades de antigos quilombos (SUNDFELD, 2002).

1.2 AGRICULTURA FAMILIAR EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS

As Comunidades Remanescentes de Quilombos são organizações de pequenos


agricultores rurais negros, inseridos em grupos que participam de programas como o de
agricultura familiar. Entende-se como agricultura familiar o cultivo da terra realizado por
pequenos proprietários rurais, tendo como mão-de-obra essencialmente o núcleo familiar.
O conceito de agricultura familiar vem a unificar as diversas caracterizações da agricultura
de pequeno porte, tais como, agricultura de subsistência, camponesa, ou de baixa renda, em
contraposição à agricultura comercial ou empresarial.
Para o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, órgão
responsável pelo registro dos estabelecimentos rurais, a agricultura familiar atende as
seguintes condições: a direção dos trabalhos nos estabelecimentos é atendida pelo produtor
e o trabalho familiar é superior ao trabalho contratado (INCRA, 2010).
A agricultura familiar é responsável por mais de 70% da produção de alimentos do
país, constitui a base econômica de cerca de 90% dos municípios, responde por 35% do

13
PIB nacional abriga 40% da população economicamente ativa, mantém empregados
milhões de pessoas e conserva a paisagem rural ocupada e produtiva (INCRA/FAO, 1994).
O PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é a
primeira política federal voltada exclusivamente a esse setor. Trata-se de um programa de
apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento rural, tendo como base o fortalecimento da
agricultura familiar (PRONAF, 2010).
A grande maioria das comunidades quilombolas vive da agricultura de subsistência.
Vitória da Conquista é o município com o maior número de comunidades quilombolas do
Sudoeste da Bahia. Existe em torno de 40 comunidades nesta cidade. Em destaque, estão
às comunidades de Baixa Seca e Velame, objetos deste estudo. Essas comunidades vivem
da agricultura de subsistência, a Comunidade do Velame tem como principal atividade
econômica à cultura da mandioca. A comunidade de Baixa Seca se mantém
economicamente através do plantio da cultura do café, urucum, mandioca, cana de açúcar e
hortaliças.
O diagnóstico realizado nas comunidades de Velame e Baixa Seca pela SEPROMI
revelaram estruturas de produção bastante rudimentares, carecendo de introdução de novas
tecnologias orientadas por uma concepção de desenvolvimento que tenha por base a
sustentabilidade ambiental e os princípios da economia solidária. Além do cultivo de
mandioca, outra atividade que está crescendo é o plantio do café (LIMA, 2005). Devido ao
clima propício da região, o cultivo do café se torna uma boa alternativa para o plantio e
diversificação dos produtos cultivados.

1.3 – O CAFÉ NA AGRICULTURA FAMILIAR

O café é responsável por 3% do total das receitas de exportações brasileiras. O


Brasil se distingue dos demais países produtores por ser também um grande consumidor - o
segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (CONAB, 2010).
A cadeia produtiva do café movimenta em torno de US$ 1,6 bilhão por ano (4,5%
do PIB agropecuário) e é responsável por cerca de oito milhões de postos de trabalho
diretos e indiretos. Verifica-se, portanto, a relevância social do café como gerador de
emprego e renda (CONAB, 2010).
De acordo com pesquisa do INCRA/FAO (1994), a agricultura familiar produz 25%
do café brasileiro. Essas pequenas unidades de produção são cultivadas não só pelos

14
proprietários, como também por parceiros, arrendatários e assalariados rurais. Quando há
espaço, é comum que filhos casados continuem trabalhando na mesma terra.
O município de Vitória da Conquista está localizado no sudoeste do Estado da
Bahia. Parte do seu território possui altitude acima de 800 metros e clima e solos propícios
para o cultivo do café arábica. A região produtora de café do município possui clima
quente e úmido no verão e clima frio e úmido no inverno, com temperatura média anual de
19ºC. A cultura do café é uma importante atividade de inclusão social, geradora de renda e
ocupações para esta região.
Dentre os fatores que contribuíram para este incremento merecem destaque, a
organização dos agricultores familiares, as parcerias com o Banco do Nordeste e Banco do
Brasil S.A. (responsável pelos financiamentos para implantação da cultura), e a
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB (que tem desenvolvido trabalhos de
pesquisa, extensão e capacitação voltados para cafeicultura da região). Com o empenho
destas instituições e dos atores locais, os agricultores familiares têm obtido lucros com a
cafeicultura.
O desenvolvimento da cafeicultura na agricultura familiar é fundamental para a
geração de emprego, renda, melhoria das condições de vida dos agricultores e fixação do
homem a terra. O café é um dos poucos produtos agrícolas que recebe valor comercial não
somente pela especulação do mercado, mas também pela qualidade da bebida produzida
(PEREIRA et al., 2000).
Para se obter um café de boa qualidade é necessário que os cuidados comecem
desde o plantio até a pós-colheita. A colheita é uma das operações mais importantes para
melhorar a qualidade da bebida e representa de 25% a 30% dos custos diretos da produção
de café. Os cuidados na fase de colheita e preparo do café encerram todas as atividades
realizadas anteriormente no ciclo produtivo da cultura (CHALFOUN & CARVALHO,
1999).
Cafés cultivados adequadamente, mas manuseados de forma indevida, durante as
fases de colheita e preparação terão inevitavelmente baixos padrões qualitativos
(CHALFOUN & CARVALHO, 1999). Isto porque, fatores como variedades de cultivo,
tratos culturais (adubação, capinas e controle de pragas e doenças), condições climáticas e
principalmente cuidados nas operações agrícolas e pós-colheita (secagem, armazenamento,
torração, moagem e preparo da infusão) interferem, em muito, na qualidade final da bebida
do café.

15
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 DIAGNÓSTICO DAS COMUNIDADES EM ESTUDO

A cidade de Vitória da Conquista - BA, está situada no sudoeste da Bahia, localizada


à 14º 50'19" Latitude Sul e 44º 50'19" de longitude W. GR., a uma altitude de 921 metros
em relação ao nível do mar, distando, em linha reta, 313 km e a 512 km por rodovia, da
cidade de Salvador, capital do estado. O município limita-se ao norte com os municípios de
Anagé e Planalto; ao leste, com Barra do Choça, Itambé e Ribeirão do Largo; ao sul, com
Encruzilhada e Cândido Sales; e a oeste, com Cândido Sales, Belo Campo e Anagé
(PASSOS, 1995).
Possui uma população de 306.374 habitantes: 89,7% na zona urbana e 10,3% na zona
rural (IBGE, 2010). Considerada a terceira cidade em extensão e desenvolvimento da
Bahia, a história da terra registra os conflitos da luta com os indígenas Mongóis e Imbores,
no final do século XVIII.
O distrito de Inhobim dista 50 km de Vitória da Conquista e está a 12 km à esquerda
da BR 116, sentido Salvador - Rio de Janeiro. Ali se localiza as Comunidades Quilombola
Velame e Baixa Seca (Figura 1), já com laudo de reconhecimento da Fundação
Palmares/MinC e aguardando o processo de titulação do INCRA.

Quilombo Baixa Seca


Quilombo Velame

Figura 1: Localização geográfica das comunidades Remanescentes de Quilombos Velame e Baixa Seca.
Fonte: Adaptado de SEI-BA, 2003 (Organizado por: Altemar Amaral Rocha – UESB, 2008).

16
A comunidade do Velame é composta de 36 famílias (126 pessoas) e vive da
agricultura de subsistência, tendo como sua principal economia à cultura da mandioca
(LIMA, 2005).
O Quilombo de Baixa Seca, também localizado no Distrito de Inhobim 50 km,
sentido Vitória da Conquista a Minas Gerais, à esquerda da BR 116, após o Povoado de
Veredinha próximo da Torre. Baixa Seca é um Quilombo, com aproximadamente, 40
famílias. Essas famílias se mantêm economicamente pelo sistema de produção de café,
urucum, mandioca, cana de açúcar e horta.

2.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

- População: Tomou-se como foco para o estudo as Comunidades Remanescentes de


Quilombo Velame e Baixa Seca, no município de Vitória da Conquista - BA.
- Metodologia: Para a realização desta pesquisa, foi utilizada a prática de metodologia
participativa, com a realização de palestras técnicas, entrevistas e questionários (Anexo I).
- Coleta de Dados: Foram realizadas 30 entrevistas por meio de questionários com os
moradores e com os Presidentes das Associações. Estes questionários foram aplicados com
a intenção de avaliar sua forma de organização, bem como os produtos cultivados pela
comunidade. Avaliaram também aspectos como; (1) a composição familiar, (2) área
produtiva das propriedades e (3) práticas agrícolas de conservação do solo.
As entrevistas foram realizadas com as famílias das comunidades que já cultivavam
o café. No total foram 30 famílias, sendo 15 de Baixa Seca e 15 do Velame. Essas
entrevistas ocorreram no período de agosto a outubro de 2010.
A tabulação dos dados foi feita através de planilhas eletrônicas do sistema
Microsoft Excel 2003, e estes foram posteriormente analisados quantitativa e
qualitativamente.

2.3 PLANTIO DO CAFÉ – UNIDADE DEMONSTRATIVA

Foi implantada uma pequena lavoura experimental com 200 mudas de café na
comunidade do Velame. 150 mudas foram da variedade Catucai amarelo e foram
adquiridas na região de Inhobim, em um viveiro do povoado de Abelhas. As mudas

17
estavam em boas condições nutricionais e aptas para o plantio. As outras 50 mudas foram
da variedade Acauã, adquiridas do viveiro da Prefeitura de Vitoria da Conquista.
A introdução desta lavoura serviu para demonstração de técnicas de plantio, como
espaçamento, profundidade e largura das covas. As lavouras foram implantadas em maio
de 2010. Várias palestras técnicas foram realizadas nesta comunidade, a fim de demonstrar
os procedimentos utilizados para o cultivo do café, visando à melhoria na produção.
O terreno onde foi realizado o plantio é plano e possui 11% de inclinação, indicado
para uso de máquinas, mas maioria dos serviços foi feito manualmente (abertura de covas,
adubação e plantio) o preparo e limpeza do terreno foram feitos com trator cedido pela
prefeitura. Foram feitas covas com tamanho de 40X40X40 cm e com espaçamento de 2,5 x
1,2 m. Foi utilizada cobertura morta ao redor das plantas. Também foi indicado manter as
ruas de plantio do café cobertas com cobertura morta (folhagens das plantas daninhas que
foram roçadas).
Foi realizada a análise de solo, para mostrar aos produtores os procedimentos de
como se tira a amostra do solo e para mostrar a composição química da terra e a
importância dos minerais para as plantas. A analise do solo foi realizada em 12
propriedades, sendo seis na comunidade do Velame e seis em Baixa Seca.
Para obter bons resultados com a análise é muito importante retirar as amostras
corretamente. Por isso foram realizadas as seguintes etapas:

- A propriedade foi divida em glebas, de cada gleba foram retiradas diversas subamostras
com profundidade de até 20 cm, para se obter uma média da área amostrada. A área foi
percorrida em ziguezague;
- Foram evitados pontos próximos a casa, formigueiros, currais, estradas, depósito de
adubo e manchas no solo;
- As amostras foram sendo transferidas para um recipiente limpo;
- Essas amostras foram misturadas, os torrões de terra foram quebrados, as pedras, gravetos
e outras impurezas foram retirados. Essas subamostras são chamadas de amostra composta.
- Foi retirado aproximadamente 500g de terra do balde e transferido para um saco plástico
limpo. Estas amostras foram identificadas com o nome do produtor, propriedade, data e
local onde foi retirado, sendo enviadas para o laboratório para analise.

18
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR - EM ESPECIAL O CAFÉ NAS


COMUNIDADES VELAME E BAIXA SECA.

Na maioria das vezes, o pequeno produtor rural enfrenta muitos problemas, devido
à falta de recursos, baixa produtividade etc. Porém, para famílias remanescentes de
escravos que vivem no meio rural, essa situação é ainda mais difícil. Isto por que, ao longo
da sua história, vivenciam um processo intenso de exclusão social e enfrentam sérios
problemas como baixa renda, infra-estrutura precária, pequena capacidade de investimento
na produção, dificuldade de acesso ao crédito e baixa escolaridade.
Vítimas da grilagem praticada por grandes fazendeiros, estes agricultores ficaram
com pequenos lotes de terra que, na maioria dos casos, são insuficientes para obter uma
produção capaz de garantir o sustento da família. A Tabela 2 mostra que 73,3 % dos
estabelecimentos rurais têm até 10 ha, o que se caracteriza como minifúndios. Nesse caso,
o ideal seria que tais estabelecimentos fossem intensivamente utilizados com atividades
agrícolas diversificadas, para que pudessem buscar a auto sustentabilidade.

Tabela 2 – Classificação das Áreas das propriedades (%).

Estratos de Área em hectares Total VELAME BAIXA SECA


0a5 43,3 53,3 33,3
5,01 a 10 30,0 20,0 40,0
10,01 a 15 3,3 6,7 0,0
15,01 a 20 16,7 13,3 20,0
20,01 a 30 3,3 0,0 6,7
30,01 a 50 3,3 6,7 0,0
Total 100 100 100

O uso da área representa muitas vezes uma demonstração de como os agricultores


familiares exploram suas atividades e realizam as combinações se ajustando diante da
estrutura existente e dos recursos disponíveis (NUNES, 2009). No entanto, isso mostra a
necessidade da utilização do conhecimento nas práticas diárias, seja através de técnicas
tradicionais, modernas, ou ambas.
Como podemos ver na Tabela 3, os estratos de superfície agrícola útil mostram uma
concentração considerável da área de até dois ha, na comunidade de Baixa Seca (60%) e de
2,5 a 4,5 ha na comunidade do Velame (46,7%).

19
Tabela 3 - Estratos de Superfície Agrícola Útil (SAU) (%) das comunidades quilombolas.

Estratos de SAU em hectares Total VELAME BAIXA SECA


0a2 50,0 40,0 60,0
2,5 a 4,5 43,3 46,7 40,0
5,0 a 7,5 6,7 13,3 0,0
8,0 a 10 0,0 0,0 0,0
Total 100 100 100

As comunidades do Velame e Baixa Seca possuem mais da metade da população


que se encontra nas faixas mais produtivas, entre 18 e 59 anos, as quais somadas
representam 68,4% no Velame e 56,9% em Baixa Seca (Tabela 4). Porém, a produção
econômica das comunidades é muito pequena e não lhes dá margem de lucratividade o
suficiente para a sua sobrevivência. E isto fez com que muitos moradores migrassem para
as cidades a procura de trabalho para ajudarem no sustento de suas famílias.
Segundo dados obtidos nas comunidades, 53,6% da população nas faixas mais
produtivas do Velame desenvolvem atividades não-agrícolas, ou trabalham em fazendas da
região para aumentar suas rendas. Já em Baixa Seca 41,4% da população nas faixas mais
produtivas desenvolvem atividades não agrícolas. Conforme Silva (1999) são os filhos,
quando não os próprios pais, que buscam trabalho assalariado fora da unidade produtiva
como forma de complementar a renda familiar garantindo também a sua própria
reprodução e talvez alguma ascensão social através da educação.

Tabela 4 - Faixa etária (em %) dos moradores das comunidades em estudo.

ESTRATOS DE IDADE TOTAL VELAME BAIXA SECA


0 a 9 anos 9 8,3 9,8
10 a 17 anos 9 3,3 15,7
18 a 24 anos 17,1 21,7 11,8
25 a 39 anos 26,1 31,7 19,6
40 a 59 anos 19,8 15 25,5
Mais de 60 anos 19 20 17,6
Total 100 100 100
N(Total) = 111; N(Velame) =60; N(Baixa Seca) =51

Há uma diversidade de produtos originários das comunidades, como, milho,


mandioca, café, feijão, verduras (alface, couve-flor, couve), legumes (cenoura, beterraba,
pimentão, quiabo), frutas (manga, mamão, abacate, melancia) e criação animal, que são
nitidamente os produtos de cultivo mais generalizado. Essa escolha tem um valor

20
estratégico, pois se trata de produtos ao mesmo tempo facilmente comercializáveis e
cruciais na alimentação da família.
Porém, os cultivos de mais destaque para essas comunidades é a mandioca, o café,
o feijão e o milho. Na figura 2, podemos observar que a comunidade do Velame tem a
mandioca (46% da área cultivada) como principal produto cultivado seguido pelo café
(25,3% da área cultivada), feijão (18,4% da área cultivada) e por último o milho (10,3%).
Na comunidade de Baixa Seca a situação é contrária, o produto mais cultivado é o café
(49,2% da área cultivada), em seguida mandioca (26,2% da área cultivada), feijão (18,1%
da área cultivada) e milho (6,5% da área cultivada).

60

50

40

Velame
30
Baixa Seca
20

10

0
café feijão mandioca milho

Figura 2: Principais produtos cultivados pelas comunidades de Velame e Baixa Seca (% área plantada).

Tanto na comunidade do Velame quanto de Baixa Seca, a área destinada ao cultivo


de produtos agrícolas não são extensas, caracterizando perfeitamente como minifúndios.
Grande parte das terras dessas comunidades está em posse de fazendeiros da região. No
entanto, os quilombolas aguardam a demarcação das terras pelo INCRA, com o intuito de
aumentarem as áreas de plantio.
A figura 3 procura identificar a produção agrícola dos principais produtos da
população do Velame de acordo com a área cultivada. A figura 3 mostra que a cultura da
mandioca, destaca-se por ser a cultura mais cultivada entre os entrevistados em diferentes
áreas, 46,7% em áreas de até um hectare, 20 % de áreas entre um e dois hectares e 20% em
áreas acima de dois hectares.

21
Com isso podemos notar a predominância dessa cultura nos diversos níveis de área
cultivada das propriedades. Este fato está aliado às tradições do cultivo dessa cultura na
comunidade, e seu autoconsumo após o beneficiamento, transformando-a em farinha
(alimento muito utilizado na dieta dos agricultores familiares e, em muitos casos há venda
do excedente do produto final, para complementação da renda familiar).
Ainda de acordo com a figura 3, 93,3% das famílias que cultivam café e feijão
utilizam área de até um hectare e 6,7% que cultivam café utilizam área entre um e dois
hectares. O milho é a cultura menos cultivada, sendo que 60% das famílias que o cultivam
utilizam área de até um hectare.

100
90
80
70
% até 1 ha
60
% entre 1 e 2 ha
50
% acima de 2 ha
40
não cultivam
30
20
10
0
Feijão Café Mandioca Milho

Figura 3: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores familiares do Velame.

Na figura 4, que se refere à comunidade de Baixa Seca, podemos observar o oposto


do que ocorre no Velame com relação ao café e mandioca. Podemos notar que a cultura do
café destaca-se por ser a mais cultivada entre os entrevistados, 93,3%, porém observa-se
que é cultivada em maior escala em áreas de até um hectare (73,3%), seguida de áreas
entre um e dois hectares (13,3%) e sendo cultivada em menor escala em áreas superiores a
dois hectares (6,7%). Demonstrando a predominância dessa cultura nos diversos níveis de
área cultivada das propriedades.
Em seguida temos a cultura de mandioca que é cultivado por 80% das famílias,
sendo 73,3% até um hectare e 6,7% entre um e dois hectares. O feijão é cultivado por 60%
das famílias e o milho 30%, em até um hectare.

22
Com relação à cultura do feijão, apesar de ser cultivada por 93,3% dos
entrevistados no Velame e 60% em Baixa Seca, as áreas cultivadas não ultrapassam 0,5
hectare. Isto pode revelar que mesmo com a área pequena a produção é suficiente para a
subsistência das famílias. Outro fator, que pode ser observado na figura 3 e 4 é que, a
cultura de milho, tem pouca expressão nos cultivos nessas propriedades para o
consumo humano, mas de grande importância para a alimentação das pequenas criações.

80

70

60

50 % até 1 ha
% entre 1 e 2 ha
40
% acima de 2 ha
30 não cultivam
20

10

0
Feijão Café Mandioca Milho

Figura 4: Área cultivada e as principais culturas plantadas pelos agricultores familiares de Baixa Seca.

Com base nos dados apresentados até aqui se pode perceber que a cultura do café
tem importância nas duas comunidades. Sendo que na comunidade de Baixa Seca, está é a
principal cultura. Devido ao clima propício da região o cultivo do café se mostra como
uma boa opção para diversificar os produtos cultivados.
A tabela 5 mostra a relação da produção total de café com o valor obtido pelas
famílias entrevistadas na comunidade de Baixa Seca. Através destes dados podemos notar
que áreas cultivadas de mesmo tamanho têm uma produção ou valor obtidos diferenciados.
Podemos observar que todas as áreas correspondentes a 0,5 ha tiveram uma produção total
de seis sacas, obtendo valores de R$ 1.680,00, com exceção de uma, que apesar de ter a
mesma área cultivada, produziu quatro sacas e obteve um lucro de R$ 1.120,00.
Ainda na tabela 5, destaca-se três áreas cultivadas, duas de 1,5 ha e outra de 3 ha,
ambas tiveram uma produção total de 20 sacas e o valor obtido foi de R$ 5.600,00.
Tabela 5 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na comunidade de Baixa Seca.

Área Cultivada (ha) Produção Total (Sacas) Valor obtido (R$)


(BAIXA SECA)
0,5 06 1.680,00

23
1,5 20 5.600,00
3,0 20 5.600,00
1,0 13 3.640,00
0,5 04 1.120,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
1,0 13 3.640,00
1,5 20 5.600,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
Total: 14,5 166 46.480,00

A tabela 6 também mostra a relação da produção total de café com o valor, obtido
nas famílias entrevistadas na comunidade Velame. E assim como acontece em Baixa Seca,
áreas cultivadas de mesmo tamanho têm uma produção ou valores obtidos diferenciados.
Todas as áreas cultivadas de 0,5 ha apresentam uma produção de seis sacas e valor
correspondente a R$ 1.680, 00, com exceção de três áreas; uma área de 0,5 ha teve
produção de oito sacas e valor de R$ 2.240,00; uma área de 0,5 com produção de seis sacas
e valor de R$ 1.200,00 e uma área de 0,5 há com produção de oito sacas e valor de R$
1.600,00. Podemos observar diferenças na produção também em relação a uma área de 1,5
ha que teve a mesma produção das outras áreas de 1 ha.

Tabela 6 - Renda anual obtida (R$) em relação à área cultivada de café na comunidade Velame.

Área Cultivada (ha) Produção Total Valor obtido (R$)


(Sacas) (VELAME)
1,5 13 3.640,00
0,5 08 2.240,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
1,0 13 3.640,00
0,5 06 1.200,00
0,5 06 1.680,00
0,5 06 1.680,00
0,5 06 1.680,00
1,0 13 3.640,00
0,5 08 1.600,00
0,5 06 1.680,00
0,5 06 1.680,00
Total: 10,0 123 33.320,00
De acordo com os dados apresentados em relação às tabelas 5 e 6, podemos inferir
que essas diferenças na produção do café estão relacionadas, com a maneira de cultivo
dessas lavouras, uma vez que, a maior parte desses agricultores não dispõe de técnicas de

24
cultivos apropriadas. O que significa que todo o resultado é renda para a família. Na figura
5 podemos observar algumas áreas na Comunidade do Velame onde é cultivado o café.

Figura 5: Comunidade Baixa seca e Velame: Plantação de feijão, café, mandioca, mutirão da colheita do
milho e hortaliças.

Para se obter um café de qualidade devemos orientar o produtor desde: plantio,


tratos culturais como fazer a colheita e pós-colheita (que entra cuidados na secagem dos
grãos, beneficiamento e comercialização).
Segundo Pereira et al. (2000), apesar de muitos agricultores utilizarem várias
técnicas de cultivos, visando à melhoria da produção e produtividade, pouca importância
tem sido dada aos aspectos qualitativos do produto, obtendo-se com isso um baixo controle
de qualidade e, como consequência, baixo preço no mercado.
Porém, devemos levar em conta que estamos trabalhando com pequenos
produtores, sem recursos, então devemos usar técnicas adequadas ou adequá-las a suas
condições, mas seguindo as recomendações para se obter um produto com qualidade.
Como o café exige cuidados desde o plantio até a pós-colheita para garantir a
qualidade, algumas medidas podem ser tomadas por esses agricultores de baixa renda para
aumentar a qualidade do café, como exemplo, na época da colheita, eles podem fazer uma
colheita a dedo colhendo apenas os frutos maduros e deixando os verdes para colher
depois quando já estiverem maduros, uma vez que esse trabalho não vai gerar custos
extras, por que são eles mesmos que trabalham na roça.
Outra medida é que no momento da secagem deve-se utilizar uma lona em cima do
terreiro para não deixar os frutos em contato com a terra, evitando assim contato com
microrganismos, bactérias e fungos que pode ocasionar danos aos frutos afetando sua

25
qualidade. Deve-se lembrar também que o café muito seco proporciona diminuição no
peso e possibilita quebra durante o beneficiamento.
O café é um dos poucos produtos cujo valor cresce muito com a melhoria da
qualidade. Um produto de qualidade inferior pode sofrer redução significativa no seu valor
de comercialização (PEREIRA et al., 2000). Daí a importância de apoiar e capacitar os
agricultores familiares, uma vez que, vários estudos apontam que as propriedades rurais de
perfil familiar, se devidamente apoiadas com crédito e tecnologia, têm muitas vantagens
em relação às grandes fazendas: são mais produtivas, economicamente viáveis e preservam
melhor o meio ambiente (PORTUGAL, 2004).
Nas comunidades estudadas, tanto no Velame como em Baixa Seca, os agricultores
se preocupam com o meio ambiente e adotam práticas para conservação do solo. Na
comunidade Velame todas as famílias entrevistadas (100%) fazem uso de técnicas como:
consorciamento de culturas, adubação orgânica com esterco e controle alternativo de
pragas e doenças com o uso de inseticidas naturais como (Calda de Fumo, Extrato de Nim,
Manipueira e Urina de Vaca) (Figura 6).
Ainda na figura 6, 100% das famílias entrevistadas da comunidade Baixa Seca
fazem consorciamento de culturas e adubação orgânica com esterco e 86,7% utilizam
controles alternativos de pragas e doenças.

105

100
Consorciamento de culturas

95
Adubação orgânica com esterco

90
Controle alternativos de pragas e doenças

85

80
Velame Baixa Seca

Figura 6: Principais práticas de conservação do solo praticadas pelas comunidades (Valores em %).

26
3.2 PLANTIO DO CAFÉ – UNIDADE DEMONSTRATIVA

O plantio experimental encontra-se com 10 meses. Este plantio serviu para mostrar
aos agricultores as técnicas corretas de implantação da cultura (Figura 7). O coveamento
foi feito manualmente separando-se a terra mais fértil retirada da cova para misturar com
adubo no momento do plantio das mudas. Foi utilizada cobertura morta em volta da muda
para reduzir a competição com ervas daninhas. Também foi indicado manter as ruas de
plantio do café cobertas com cobertura morta (folhagens das plantas daninhas que foram
roçadas) para manter umidade no solo.

Figura 7: Construção do viveiro e preparo do substrato para o plantio da lavoura experimental na


Comunidade do Velame.

A realização da análise de solo é importante, pois somente os dados obtidos a


campo através da observação visual não são suficientes para se determinar possíveis
problemas nutricionais das plantas.
Com a realização da análise pode-se chegar a aumentar a lucratividade, pois haverá
um aumento da produção e da resistência da planta, diminuindo os gastos com agrotóxicos
(inseticidas, herbicidas e fungicidas). Em conseqüência disso, haverá uma melhor
qualidade de vida e menor impacto ambiental (RICCI et al., 2006).
Os resultados das análises de solos da lavoura de café das 12 propriedades sendo,
seis da Comunidade do Velame e seis de Baixa Seca podem ser observados na Tabela 7.

27
Tabela 7: Resultados das análises de solos da lavoura de café das propriedades de Velame e Baixa Seca.

*
pH * cmolc/dm3 de solo %
Identificação mg/dm3
(H2O) P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ Na+ S.B. t T V m
Velame 4,8 1 0,10 1,4 0,6 1,9 7,7 - 2,1 4,0 11,7 18 48
Velame 4,8 2 0,15 0,6 0,5 0,7 5,5 - 1,3 2,0 7,5 17 36
Velame 4,7 1 0,07 0,4 0,4 1,0 4,2 - 0,9 1,9 6,1 15 53
Velame 4,2 1 0,06 1,0 0,4 1,8 5,0 - 1,4 3,2 8,2 17 55
Velame 4,6 1 0,10 0,5 0,4 0,9 5,8 - 1,0 1,9 7,7 13 47
Velame 4,5 1 0,05 0,4 0,3 1,1 5,8 - 0,8 1,9 7,7 10 59
Baixa Seca 5,8 3 0,32 2,1 1,0 0,1 3,0 - 3,4 3,5 6,5 52 3,0
Baixa Seca 5,5 2 0,21 1,6 0,7 0,2 3,4 - 2,5 2,7 6,1 41 7,0
Baixa Seca 5,2 1 0,18 1,4 0,7 0,2 3,8 - 2,3 2,5 6,3 36 8,0
Baixa Seca 5,3 1 0,21 1,4 0,7 0,3 4,2 - 2,3 2,6 6,8 34 11
Baixa Seca 5,1 1 0,19 1,2 0,7 0,5 4,7 - 2,1 2,6 7,3 29 19
Baixa Seca 5,2 2 0,21 1,4 0,9 0,3 4,2 - 2,5 2,8 7,0 36 11

Na comunidade do Velame, o pH ficou em torno de 4,6. O solo atualmente se


apresenta bastante deficiente nutricionalmente, sendo necessário um trabalho de
reconstrução da sua fertilidade ao longo do tempo. Uma atividade agrícola sendo
desenvolvida nas atuais condições não trará bons resultados, devendo assim, ser realizada
inicialmente a calagem, visando retirar o alumínio, tóxico e prejudicial às culturas,
fornecer cálcio e magnésio, e aumentar o pH, para a faixa de 5,5 a 6,5, ideal para a maioria
das plantas.
A comunidade de Baixa Seca apresentou pH em torno de 5,5, esse valor
apresentado pode está relacionado com a utilização de calcário e adubos químicos
utilizados em algumas áreas pelos agricultores.
A monitorização constante do estado nutricional do cafeeiro é muito importante
para o desenvolvimento de plantas saudáveis e produtivas. O pH influencia direta e
indiretamente a capacidade da planta absorver nutrientes do solo (RICCI et al., 2006). A
adubação, química e orgânica, devem ser realizadas visando suprir às necessidades de
macro e micronutrientes da cultura explorada, além de contribuir com a estrutura e
manutenção da qualidade do solo.

28
4 CONCLUSÕES

De acordo com os dados obtidos, a produção de alimentos nas comunidades é


essencialmente para a subsistência, mas muitas famílias comercializam o excedente desses
produtos. Em termos gerais, a infra-estrutura das comunidades pesquisadas é bastante
deficiente, contribuindo para que muitos moradores migrem para as cidades a procura de
trabalho para ajudarem no sustento de suas famílias.
Devido ao solo e ao clima propício da região, o café é uma cultura que pode
contribuir de maneira mais significativa para a geração de renda nas comunidades. Uma
vez que, a falta de capacitação dos agricultores e infra-estrutura adequada, faz com que o
café produzido seja de baixa qualidade e os preços pagos aos produtores da região, têm
desestimulado o investimento na cafeicultura.

29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em questão. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010. Disponível em:
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Boqueirão. Vitória da Conquista, 2005. Disponível em: http://www.koinonia.org.br.
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30
PASSOS, S. A. Vitória da Conquista, cidade e região. Dissertação de Mestrado. p.58,
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http://www.mda.gov.br/saf. Acesso em 28/07/2010.

RICCI, M.S.F. et al. Cultivo do Café Orgânico. Embrapa Agrobiologia. Sistemas de


Produção, 2 - 2ª edição. ISSN 1806-2830 Versão Eletrônica, 2006. Disponível em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cafe/CafeOrganico_2ed/autore
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SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Disponível em:


http://www.sei.ba.gov.br, 2003. Organizado por: Altemar Amaral Rocha – UESB, 2008

SEPROMI - Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia. Palmares certifica


mais 27 quilombos baianos. Publicado por Ascom em 15/07/2010. Disponível em:
http://www.sepromi.ba.gov.br. Acessado em: julho de 2010.

SILVA, J.G. Tecnologia e Agricultura Familiar. Porto Alegre: Universidade/UFRGS,


1999.

SUNDFELD, Carlos Ari. (org). Comunidades Quilombolas: Direito à Terra. Brasília.


Fundação Cultural Palmares / MinC / Editorial Abaré, 2002.

31
ANEXO

32
DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR: PERSPECTIVA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CAFEICULTURA EM COMUNIDADES REMANESCENTES
DE QUILOMBOS DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA.

QUESTIONÁRIO
Tempo: Inicio de entrevista: __________ Término:_________
Entrevistador:______________________________________ Data: ____/____/2010

Município Localidade Nº. Questionário

FAMÍLIA E TRABALHO

1) Composição da família (Informar todos os membros/ componentes da família).


Nome Relação com o Idade Sexo Tipo de Estado Escolaridade
chefe (A) Trabalho Civil (D)
(B) (C)

A B C D
1- Resp/chefe 1- Tempo integral na UP (*) 1- Casado 1- analfabeto: nunca
estudou
2- Cônjuge 2 – Tempo parcial: trabalha fora e dentro 2- Solteiro 2- Apenas lê e escreve
da UP
3- Filho 3 – Tempo parcial na UP+trabalho 3- Viúvo 3- 1ª. A 4ª. Série completa
doméstico
4- Filha 4 – Tempo parcial na UP+estuda 4- Divorciado/ 4- 1ª. A 4ª. Série
Desquitado incompleta
5- Genro 5- Tempo integral fora da UP (*) 99- Outros 5- 5º. A 8ª. Série completa
6- Nora 6- Somente trabalhos domésticos 6- 5º. A 8ª. Série
incompleta
7- Netos 7- Somente estuda 7- 2º. Grau completo
8- Avô 8- Criança menor de 7 anos 8- 2º. Grau incompleto
9- Avó 9- Idoso: apenas tempo parcial na UP 9- nível técnico
10- Irmão 10- Desempregado 10- Superior completo
11- Irmã 11- Não trabalha porque é deficiente ou 11- Superior incompleto
inválido
99- outros (*) Considerar tempo integral de trabalho 12- sem idade escolar
igual a 300 dias/ano

ESTRUTURA FUNDIÁRIA, CAPITAL E PRODUÇÃO

2) Estrutura Fundiária
Área (há)
Área Total (ha) Em Parceria Arrendamento Outra forma
Própria
De terceiro Para terceiro De terceiro Para terceiro

33
3) Atividade de Produção vegetal – roça

Destino da Produção
Consumida pela Utilizada na
Comercializada
Área Área Unid. família propriedade
Especificação do Prod.
plant. colhida (Kg, Cons. Guarda
Produto total Valor Principal
(ha) (ha) T) Animal e como
Quant. total comprador Quant. Unid.
outro semente
obtido (A)
(quant.) (quant.)

(A) Principal 1- Venda direta (feiras livres e/ou mercados) 2- Venda institucional (escolas, etc.)
Comprador: 3- Intermediário 4- Cooperativa 5- Agroindústria/beneficiamento 99- outro

LEGUMES E VERDURAS

4) Possui HORTA? Sim ( ) Não ( )

4.1) A horta é suficiente para atender as necessidades da família? Sim ( ) Não ( )


4.2) Na sua avaliação quanto valem os produtos que são retirados da horta (por semana ou mês) em R$?
4.3) Assinale os principais produtos/variedades que possui na horta:

( ) Alface ( ) Cenoura ( ) Repolho ( ) Couve-flor ( ) Coentro


( ) Beterraba ( ) Couve ( ) Tomate ( ) Pimentão ( ) Maxixe
( ) Cebola ( ) Salsa ( ) Alho ( ) Cebolinha ( ) Quiabo

FRUTAS

5) Possui Pomar? Sim ( ) Não ( )

5.1) O Pomar é suficiente para atender as necessidades da família? Sim ( ) Não ( )


5.2) Na sua avaliação quanto valem os produtos que são retirados do pomar (por semana ou mês) em R$?
5.3) Assinale os principais produtos/variedades que possui no pomar:

( ) Pinha ( ) Goiaba ( ) Melancia ( ) Banana ( ) Mangaba ( )


( ) Abacate ( ) Melão ( ) Cajarana ( ) Caju ( ) Coco ( )
( ) Laranja ( ) Cajá ( ) Graviola ( ) Mamão ( ) Limão ( )
( ) Umbu ( ) Maracujá ( ) Jaca ( ) Manga ( ) Tangerina ( )

6) Do que vende, para quem o senhor entrega a maior parte da produção vegetal? Assinalar apenas uma
alternativa.

( ) Venda direta p/ consumidores – nas casas ou feiras livres etc. ( ) Para poder público-municípios
( ) Para cooperativa ( ) Para o intermediário - atravessador
( ) Para agroindústria e/ou empresa privada ( ) Não vende

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7) Benfeitorias e instalações

1- Alvenaria
2- Madeira Idade do bem ou Área construída
Especificação Quant.
3- Mista ano de construção em m².
4- Metal
Açude
Aviários
Curral
Cerca
Tem irrigação?
Cisterna
Pocilga/chiqueiros
Poços Artesianos
Outros ( especificar)

8) Quais são as praticas de conservação do solo praticadas em sua propriedade?

( ) Adubação verde ( ) adubação orgânica com esterco e outros materiais orgânicos


( ) Bozó (para cultura do cajueiro) ( ) recuperação de terras degradadas (contaminadas)
( ) plantio direto ( ) Controle alternativos (sem veneno) de pragas e doenças
( ) rotação de culturas ( ) não realiza nenhuma prática conservacionista
( ) consorciamento de culturas ( ) outro especificar: ___________________________________

9) Assinale de quem recebeu assistência técnica (assinalar todos) Ano agrícola 2010.

( ) Não recebeu assistência técnica ( ) ONGs


( ) Cooperativa (de produção ou de trabalho) ( ) Empresas integradoras
( ) Sindicato ( ) Assistência técnica (particular)
( ) Secretaria estadual de agricultura ( ) Outro
( ) Secretaria municipal de agricultura

10) Assinale em quais atividades de extensão rural e/ou informação técnica participa:

Escuta programas de rádio ou TV sobre técnicas agrícolas Sim ( ) Não ( )


Participa de demonstração de novos produtos e/ou dias de campo Sim ( ) Não ( )
Participa e/ou visita feiras e exposições agropecuárias Sim ( ) Não ( )
Assiste palestra sobre temas agropecuários Sim ( ) Não ( )
Lê livros técnicos sobre agriculturas e/ou atividades rurais Sim ( ) Não ( )

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