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DIREITO CIVIL

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro IV


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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO IV

1. ATÉ QUANDO A LEI TERÁ VIGOR?

Art. 2° Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.

Regra geral: lei não tem um prazo certo para vigorar; ela permanece em
vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra (eficácia contínua ou
princípio da continuidade).
Lei temporária é a que nasce com termo prefixado de duração ou com um
objetivo a ser cumprido. A Lei já nasce com um prazo para perder sua vigência.

Revogar?

Revocatio, revocare – Anular, invalidar, desfazer, desvigorar; significa tornar


sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica; é a supressão da força obri-
gatória da lei, retirando sua eficácia.

Quando?

O artigo 2º, §1°, da LINDB dispõe que a lei posterior revoga a anterior nos
seguintes casos:
1) Quando expressamente assim o declare – revogação expressa;
2) Quando seja com ela incompatível – revogação tácita;
3) Quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior – revo-
gação tácita.

Tipos de Revogação

1. Total (ab-rogação) – Quando a lei nova regula inteiramente a matéria da


lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) entre as
leis. A norma anterior perde sua eficácia na totalidade, como é caso, por exem-
plo, no Código Civil de 1916.
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2. Parcial (derrogação) – Quando torna sem efeito apenas uma parte da lei
ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram modifi-
cados. Como exemplo, pode ser retomado o artigo 2045 do CC/02.
3. Expressa (ou por via direta) – Quando a lei nova taxativamente declara
revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 2°,
§1º, LINDB).

O art. 9º da LC 95/98, com a redação da LC 107/01, estabelece que “a cláusula de re-


vogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”.

4. Tácita (indireta ou via oblíqua) – Quando a lei posterior é incompatível


com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que
foi revogada. Diz o artigo 2º, §1º, LINDB, que ocorre a revogação tácita quando
“seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria que tra-
tava a lei anterior”. Geralmente, o legislador utiliza, no final das leis, a seguinte
expressão genérica: “revogam-se as disposições em contrário”.

Para melhor exemplificar um caso de revogação tácita, é possível retomar


a Lei do Divórcio (Lei n. 6515/1977). O atual Código Civil não menciona essa
lei e regulou inteiramente a questão do divórcio, haja vista que o artigo 2043 do
CC/02 estipulou que aspectos civis da Lei do Divórcio fossem incorporados ao
CC/02. Entretanto, no que concerne ao aspecto processual, entende-se que a
Lei do Divórcio estaria em vigência. Sendo assim, houve uma revogação par-
cial, porque os preceitos processuais continuam em vigência, e tácita, porque o
CC/02 regulou inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Observações importantes

É possível a ultratividade ou pós-atividade da norma, que nada mais é do que


a possibilidade de produção de efeitos por uma lei revogada.
No direito brasileiro, não existe a possibilidade de retirar o efeito de uma lei
por meio de um costume – é a chamada supremacia da lei sobre os costumes.
É a inadmissibilidade do desuetudo – uma espécie de costume negativo
ou desuso.
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Superior Tribunal de Justiça, nesse sentido:

A eventual tolerância ou a indiferença na repressão criminal, bem assim o pretenso


desuso não se apresentam, em nosso sistema jurídico-penal, como causa de atipia
(Precedentes). II – A norma incriminadora não pode ser neutralizada ou ser consi-
derada revogada em decorrência de, v.g., desvirtuada atuação policial (art. 2º, caput
da LICC). Recurso conhecido e provido. (REsp 146.360/PR, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19.10.1999, DJ 08.11.1999 p. 85)

Direto do concurso
1. (CESPE) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei
possa deixar de ser aplicada.

Comentário
O desuso não faz com que a lei deixe de ser aplicada.

2. (CESPE) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma
vez que ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.

Comentário
A ultratividade da norma ocorre quando ela não tem mais vigência, mas continua
regendo situações entabuladas sobre a sua égide.

2. O QUE SIGNIFICA REPRISTINAÇÃO?

Repristinação é restabelecimento da eficácia de uma lei anteriormente revo-


gada. O termo é originário do italiano ripristinare, ou seja, reconstituir, restituir ao
valor, caráter ou estado primitivo.

Art. 2° § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a
lei revogadora perdido a vigência.
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No Brasil, não há repristinação ou restauração automática da lei velha, se


uma lei mais nova for revogada.

Efeito repristinatório?

É o que ocorre no controle de constitucionalidade da lei revogadora, ou


seja, se a lei revogadora for declarada inconstitucional, haverá o efeito repristi-
natório restaurando-se os efeitos da norma revogada, já que a norma revoga-
dora será considerada como nunca existente. É o que preleciona o artigo 27
da Lei n. 9.868/1999. Nesse ponto, poderá haver a chamada “modulação dos
feitos” e o tribunal declarar efeitos não retroativos da declaração de inconsti-
tucionalidade. O controle de constitucionalidade no efeito repristinatório está
associado à validade constitucional de uma norma.

2. O QUE OCORRE COM LEIS GERAIS E LEIS ESPECIAIS?

LINDB
Art. 2º, §2º a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

Norma geral – Aborda todo um ramo específico do Direito.


Norma especial – Tem um conteúdo especializado dentro de um certo ramo
do Direito.

• A norma geral não revoga a especial e a norma especial não revoga a geral.
• Quando a lei especial regula determinada matéria que também está pre-
vista em um Código, contendo outras disposições a mais que não se encon-
tram no Código e que não contradizem o novo direito, ambas continuarão
em vigor, coexistindo.
• A norma especial pode revogar a geral quando dispuser sobre essa revo-
gação de forma explícita ou implícita, momento em que regula a mesma
matéria que a geral, modificando o seu conteúdo.
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• A revogação só ocorre se a lei for declarada revogada, quando a matéria


for incompatível com a lei anterior ou quando a matéria for inteiramente
regulada.

Direto do concurso
3. (CESPE) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quinze artigos, elaborada pelo
Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A respeito
dessa situação, assinale a opção correta, de acordo com a Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.
a. Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela entrar em vigor,
será contado um novo período de vacância para o dispositivo alterado.
b. Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior, automati-
camente ocorrerá o efeito repristinatório se nela não houver disposição em
contrário.
c. A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais
sobre assunto tratado nessa legislação.
d. Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vi-
gor imediatamente, sendo eventuais correções em seu texto consideradas
nova lei.
e. Não havendo referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em
todo o território nacional, três meses após sua publicação.

Comentário
b. O efeito repristinatório não ocorre automaticamente.
c. Leis gerais e leis especiais não estão associadas à revogação.
d. A lei não entra em vigor imediatamente em decorrência do vacatio legis
(período de 45 dias).
e. O período previsto para a lei entrar em vigor é de 45 dias.
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GABARITO
1. E
2. E
3. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pela professora Roberta Queiroz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.
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