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BENCHIMOL, Jaime Larry.

Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de


Janeiro. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O tempo
do liberalismo oligárquico: da proclamação da república à revolução de 1930 primeira
república (1889- 1930). 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. Cap. 7. p.
233-295.

O texto busca discutir sobre as reformas urbanas ocorridas no Rio de Janeiro no


Começo do século XX e consequentemente a Revolta da Vacina, como uma reação a
essa política.

Pode-se dizer que as reformas urbanas deram início em 1808 com a chegada da
família real portuguesa, desalojando várias habitações para serem ocupadas por
membros da corte e outras transformações de cunho econômico e social que foram
sendo implantadas na cidade. Avançando no tempo, já na metade do século XIX,
passou-se a ser discutida uma política higienista para combater as epidemias recorrentes
que se deflagravam principalmente no centro da cidade, onde vivia a população mais
pobre, elaborando, além disso as primeiras estratégias de reforma com vistas a saúde
pública. Tais reformas se tornaram mais significativas com o mandato de Pereira Passos
como prefeito da capital.

Arquiteto formado na França e que teve contato com o trabalho de Haussman no


replanejamento de Paris, o prefeito desenvolveu uma política de ampliação de avenidas
e ruas, além de mandar demolir os cortiços do centro, expulsando a população para as
áreas mais periféricas (dando origem as favelas, que acabaram sendo alvo de políticas
posteriores), além de criar leis que impedissem a circulação de animais pela cidade, que
regulamentassem o comportamento da população por meio de multas, pelo
recolhimento e extinção de cães e ratos, além das obras de saneamento básico.

Nesse período, a medicina foi se aprimorando diante dessas epidemias. A


começar pela criação da primeira vacina contra a Febre Amarela por Domingos José
Freire, anterior ao início das reformas radicais na cidade. Havia a teoria de que os
causadores dessas enfermidades eram os miasmas dos pântanos abaixo da cidade,
posteriormente, acabou por ser comprovado que era pela ação de micróbios. Com a
chegada de Oswaldo Cruz, esse complementou o trabalho de Domingos Freire,
elaborando políticas higienistas a fim de combater os surtos de febre amarela, varíola e
peste bubônica, dentre outras enfermidades. Foi, portanto, na administração de Oswaldo
Cruz que deu-se início a campanha de vacinação obrigatória. O que foi o estopim da
Revolta da Vacina.

Essa revolta teve por característica o protesto das camadas mais populares em
tomar a vacina, levando a conflitos armados e outras expressões de violência, tendo
interferência inclusive da marinha. Para o autor, a motivação dessa revolta não foi
somente por causa da obrigatoriedade da vacina, mas sim diante as políticas autoritárias
que os obrigaram a deixar suas casas, por questões religiosas, no caso da população
negra, sendo a vacina o estopim de todas essas insatisfações por parte da população.

BATALHA, Cláudio H. M.. Formação da classe operária e projetos de identidade


coletiva. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O tempo
do liberalismo oligárquico: da proclamação da república à revolução de 1930 primeira
república (1889- 1930). 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p. 165-197.

O texto de Cláudio Batalha evidencia aspectos que levam a entender como a


classe operária no período da Primeira República se formou, entendendo quem eram os
seus componentes, as ideologias que permeavam esse grupo, bem como suas conquistas
ao longo do tempo.

É preciso desmistificar, então, a ideia de que a classe operária só existe como


consequência da industrialização ou do fim da escravidão. A classe operária existira,
portanto, não pela simples existência de trabalhadores das fábricas, ou por uma questão
econômica, mas sim por meio de diferentes interesses assumindo um caráter mais social
que econômico na busca de direitos dos trabalhadores.

A classe operária do Brasil estaria, pois, dividida em dois grupos: os imigrantes,


formados em sua maioria por espanhóis, italianos, alemães e franceses, e os nativos, em
sua maioria pessoas negras. O texto relata que há uma tradição que define que a classe
operária na Primeira era majoritariamente masculina e branca, sendo que a maioria
desses operários eram negros ou mulatos, e mais tarde, seria composto também por
mulheres.

As classes operárias se organizavam sob algumas ideologias como o socialismo,


o comunismo e a anarquia e eram compostos principalmente por operários
especializados em ofícios, procurando conquistar direitos. Porém existiam também
organizações de operários que não eram especializados, caracterizando a Primeira
República como um período em que os trabalhadores mais se organizaram. Marcada
pela luta pelos direitos sócias e pela cidadania, mesmo que esta não tenha sido tão
expressiva no que diz respeito a influência dos partidos operários.

LANNA JÚNIOR, Mário Cléber Martins. Tenentismo e crises políticas na Primeira


República. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O
tempo do liberalismo oligárquico: da proclamação da república à revolução de 1930 -
primeira república (1889- 1930). 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
Cap. 9. p. 322-362.

O texto de Lanna Júnior tem por objetivo discutir o tenentismo no seu sentido de
movimento, por ser mais delimitado temporalmente. Esse movimento teria, portanto,
duas características: como conspiração e como governo. Como conspiração seria um
movimento armamentista com a finalidade de acabar com as oligarquias, embora não
tivesse o objetivo de instituir um governo militar, pois tinha caráter elitista, ou seja,
atendia aos desejos de uma classe média alta. Durante o perído de 1922 a 1934,
ocorreram mais efetivamente nas regiões Sul e Sudeste, mas que também aconteceram
nas demais regiões brasileiras, grande número de marchas, levantes e colunas, sendo
destaque a Marcha dos Dezoito do Forte, o levante de São Paulo e a Coluna Prestes,
sendo os demais, pouco expressivos ou temporários que acabaram por ser impedidas
rapidamente.

Para se entender o que foi afinal o tenentismo, faz-se necessário conferir o ponto
de vista de alguns autores. Virgílio Santa Rosa entende o tenentismo a partir dos oficiais
que o compunham, considerando-os como os legítimos representantes da classe média,
por fazerem parte dela e por lhe proporcionar, pela primeira vez, voz política. Para
Carvalho, o tenentismo teria institucionalizado o exército na Primeira República, além
de considera-lo como continuação de um tenentismo embrionário surgido bem no
começo da república. Por fim, a interpretação mais aceita atualmente seria a de José
Maria Bello que compreendia o tenentismo, não como um movimento militar, mas sim,
cívico-militar, pois a população teria o costume de expressar suas insatisfações políticas
e, daí, serem ouvidos pelos militares, mesmo que estes estejam lutando por interesses
próprios.

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