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Capítulo 1: O Sonho Americano

Já ouviu falar do sonho americano ? um trabalho fixo, uma casa num bairro
decente, dinheiro na sua conta toda semana, uma linda esposa e um casal de
filhos. Hora, quem nunca quis vir para a américa viver o tal sonho americano
? eu vivi ele. Nos anos 40, mas, não foi da forma que vocês imaginam. Eu tive
que roubar por ele. Tive que machucar pessoas, tive que matar pessoas, os
italianos fizeram o próprio sonho americano deles. Não, não estou falando
dos ítalo-americanos que fazem pizza e vendem cannoli. Estou falando dos
Wiseguys, dos gangsters, ou como preferirem, dos mafiosos.

Parte 1

Nova Iorque, 1947, as famílias mafiosas dominavam a cidade. Existiam


cinco famílias no total, a família Sicci, a família Wooters, a família
Montegardi, a família Lazzaro, e é claro a família Gadrini. A família
fundadora da irmandade mafiosa da cidade. A irmandade era o "comitê"
digamos assim, da máfia da cidade, controlada por Bruno Gadrini, que
tinha contatos na irmandade original na Sícilia. Ele era poderoso e todos
atendiam a ele. Se qualquer família saísse da linha, tinham que se ver com
a irmandade. Fazíamos todo tipo de negócio, extorsão, prostituição, tráfico
de armas, tudo que podem imaginar nós lucrávamos com. Não tínhamos
muitos problemas com a polícia, Bruno e os Dons constantemente faziam
tratos com os capitães de polícia, e se eles não aceitassem nossos acordos.
. .bem, eles eram colocados para dormir com os peixes.

Sabe era maravilhoso você acordar de manhã para pegar o jornal, e


perceber que havia dois homens do outro lado da rua num carro escuro, te
observando. Nossos amigos do FBI ainda eram peixes pequenos. Não
podiam fazer mal a nós. Bares, juízes, mulheres, tínhamos tudo isso a nossa
disposição. Éramos como celebridades nas ruas, todos nos respeitavam, e
quem não respeitava aprendia a respeitar. Você podia passar o dia todo
bebendo ou administrando os negócios sentado em uma cadeira, mas ai
podiam pedir para fazer um "favor". Sim, um favor. Você sabe do que eu
estou falando.

Alguém desrespeitou um capitão ? BANG ! Algum associado não está


pagando seus tributos aos superiores ? BANG. As vezes nem precisávamos
gastar balas, cuidávamos do serviço com nossas próprias mãos, sabe,
estrangulando, ou quebrando o pescoço. Ou até nos divertíamos com uma
boa e velha tortura. As vezes não era pra matar, só para machucar bem feio
e fazer o cara entender a mensagem. Sabe nós éramos bons nisso. Podem
falar o que quiserem a respeito de nós Wiseguys, mas éramos ótimos em
intimidar pessoas, não só intimidar, éramos ótimos em fazer elas
entenderem as coisas. Não é a toa que lucramos muito com extorsão.

Apesar das famílias estarem unidas numa irmandade, isso não fazia delas
parceiras. Sabe cada família tinha seus próprios esquemas. Cada família
operava de uma forma diferente, e para lucrar mais, eram gananciosas o
suficiente para não se unirem em nenhum tipo de negócio, era uma
questão de respeito essa coisa com os Dons. Se algum homem feito das
famílias iria se casar, era obrigatório que os Dons da irmandade dessem as
caras na cerimônia. Respeito. Era só pra isso que eles ligavam, claro, os
antigos. Os novos Dons só ligavam para dinheiro. Nem mesmo as regras da
irmandade impediu eles de traficarem drogas, e fazerem serviços sujos,
dizem que o Don Lazzaro aprovou até um tráfico de humanos na época
pelo mar mediterrâneo e eu não estou de brincadeira. Era uma bagunça.
Bruno matinha as famílias de não matarem umas as outras, parecia que
todas elas se odiavam...parecia, pois ai começou a amizade entre os
Wooters e os Sicci.
Santorino Sicci era talvez o Don mais novo da irmandade, ele tinha 35 anos
quando assumiu sua família, hora dizem que até seus capitães eram mais
velhos que ele. Mas o cara era bom. Ele veio para a américa da sícilia, e logo
começou seu próprio negócio de extorsão em Little Italy, isso fez ele entrar
em confronto com um tal de Vincenzo Barone, que era um associado de
Bruno Gadrini e o atual Don de Little Italy na época. Santorino não ligou, no
inverno de 1929 ele foi pra guerra com Barone. Pois é, acredite se quiser.
Um mero rapaz com uma gangue pequena foi pra guerra com uma máfia
gigante. Santorino iria perder, sua gangue era muito pequena e ele tinha
poucas armas e poucos homens, mas ai ele recebeu apoio, de um homem
de honra. John Wooters, Don da Família Wooters, que estava expandindo
seus negócios de Los Angeles para Nova Iorque, ele percebeu que se
ajudasse Santorino a subir ao poder, os dois poderiam fazer uma lucrativa
parceria e logo John entraria para a tal irmandade da cidade.

E assim o fez, deu um grande suporte para Santorino, e juntos na linha de


frente eles derrotaram Vincenzo Barone. Barone ficou revoltado e pediu
ajuda para Bruno, porém Bruno percebeu que os Sicci e os Wooters tinham
mais potencial para ajudarem a irmandade do que uma única família, no
caso os Barones. E por isso recusou ajuda-lo. Barone foi exilado para West
Village, com os poucos homens que restaram de sua família. Assim os Sicci
e os Wooters se tornaram as "Máfias Irmãs" ajudando uma a outra, John e
Santorino eram muito amigos sabe. Viviam fazendo acordos juntos. A
irmandade aprovava essa união pois era muito lucrativa, e Gadrini sabia
disso, ele era esperto, óbvio que era.

Vincenzo era um desgraçado sem honra, veio de uma linhagem dos


antigos, os Barones. Ele era da "realeza" da máfia digamos assim, cresceu
na Sicília, teve uma infância fácil, vivendo as custas do pai. Quando chegou
sua hora de se tornar Don. Ele preferiu matar o próprio pai, e por alguma
razão a irmandade da Sicília aprovou esta atitude, e o transformou num
Don, o levando para Manhattan para dominar Nova Iorque. Vincenzo não
contava com uma coisa. A dedicação de Bruno Gadrini em manter a ordem
em sua cidade, por isso ele proibiu ele de tomar qualquer atitude que
desrespeitasse ele ou a irmandade de Nova Iorque, caso ele fizesse isso
Bruno entraria em contato com a irmandade da Sicília. E ai seria uma
guerra sem precedentes. E tem uma única coisa que as irmandades mais
temem, entrar em guerra, heheh, pois é.
Tudo parecia ir ótimo, os Wooters e Sicci ganhavam mais e mais poder. .
.porém, John faleceu, e ai tudo ficou nas costas de seu herdeiro. Jerry
Wooters, e ai começa uma nova era no Paraíso Mafioso de Nova Iorque.

Capítulo 2: Don Sicci


Santorino Sicci tomava um copo de whisky enquanto observava a entrada
de sua propriedade, ou de sua mansão. Ficava num grande terreno ao sul
de Manhattan, tinha muros altos, e é claro vários guardas, era uma
verdadeira fortaleza, mas não era impenetrável. Ficava perto do mar, então
ele podia observar a cidade e os altos prédios ao longe, a noite a vista
ficava linda, com todas aquelas luzes e o clima urbano que significava ar
para Santorino. Em seu escritório ele se virou para um homem alto, de
cabelos já um pouco grisalhos e com um terno escuro e caro. Era seu
consligiere Dante Maximo, o observando com um olhar duvidoso.

Santorino e Dante eram bastante diferentes. Santorino na casa dos 40 tinha


uma barba cavanhaque bem crescida e cuidada, tentava esconder seus
sinais de velhice inevitáveis, e o cabelo era penteado para trás um pouco,
ele usava ternos azuis ou simples. Já Dante não tentava esconder suas
rugas do passado. Era claro que ele já estava com seus 47-48 anos, em
compensação a isso o homem era extremamente elegante.

- O que foi ? está desconfiado de novo ? - Santorino perguntou para Dante


enquanto dava a volta em sua mesa, e pegava sua garrafa de whisky,
servindo-se mais em seu copo de vidro - Ah vamos lá Dante, não esconda
nada de mim, você é como minha segunda mente heheh.
- Sabe o que eu acho dos Wooters, Santorino - Disse Dante se sentando em
uma das poltronas, de frente para a mesa de Santorino, que apenas se
sentou em cima da mesa. Nada profissional, Dante o olhou com
desconforto após esta atitude - Seus negócios nunca foram dos
mais...tradicionais ainda mais em L.A.

Uma expressão de desgosto se formou na face de Santorino.

- É tem razão as vezes é melhor você calar a porra da boca - Ele disse
enquanto se levantava e olhava pela janela novamente - John me ajudou a
vencer a droga da guerra, sem ele não existiria a família Sicci ! estamos aqui
graças a eles !

- E isto que me preocupa - Refutou Dante enquanto ajeitava a gola de seu


terno - Não estamos mais a mercê dos Wooters, ficamos poderosos e hoje
somos tão fortes quanto eles nesta cidade. Porém, ainda estamos sim a
mercê do grande favor que eles fizeram a nós, esse tal de Jerry, o herdeiro
de John, pode requisitar coisas absurdas de nós. E se não aceitarmos, pode
ser que a irmandade se intrometa.

Santorino colocou as mãos nos bolsos.

- Nossa relação com os Wooters não é assim. Somos irmãos praticamente,


e eu conheço Jerry, ele não é tão burro assim. Relaxe, deixe de ser tão
desconfiado e paranoico e deixe que eu cuido disso está bem ?

Dante suspirou.

- Tudo bem, você é o Don, Santo - Disse ele enquanto fazia um sorriso
forçado.

Um pensamento ecoou pela cabeça de Jerry Wooters, enquanto o mesmo


observava os prédios e as casas de Manhattan, serem substituídas pelas
estradas que levavam ao pequeno interior do distrito. Era uma área de luxo
da cidade. Celebridades e ricos moravam ali, em mansões nas montanhas,
ou em condomínios reservados, cercados de bosques e pequenas reservas
florestais. Era um belo lugar para se morar, Jerry morava na área urbana,
em uma mansão não muito grande, seu pai nunca ligou muito para luxo ou
para aparência de poder. John demonstrava seu poder de dentro mesmo,
de suas operações do submundo, Santorino por outro lado queria mostrar
que era rico e que tinha disposição para comprar e vender qualquer coisa
que quisesse. Ele poderia ser considerado um "playboy" mafioso, mas ele
merecia.

Jerry estava em uma limusine de luxo, haviam dois guardas com ele,
usando ternos escuros e chapéus cinzas. O típico uniforme da Cosa Nostra
americana. Ou pelo menos assim ele achava, Jerry olhou para os dois
guardas que se sentavam ao redor dele na cabine de trás da limusine.

- Certo rapazes, não façam merda, hoje estarei encontrando com Santorino
Sicci - Jerry disse olhando sério para eles - Não olhem feio para ninguém,
não falem o que pensam, nem mesmo PENSEM em nada. Apenas façam o
que eles mandarem e demonstrem respeito, certo ?

Os dois concordaram com a cabeça. Eram pagos para seguirem as ordens


de Jerry letra por letra, eram de confiança, haviam trabalhado com seu pai
por anos.

Após alguns minutos, a limusine parou no portão da propriedade Sicci.


Jerry estava calmo, ele viu pela janela os guardas ao longe, não pareciam
estar armados, mas é claro que estavam, eram profissionais. Pediram para
o motorista se identificar, e então viram Jerry pela janela, acenando para
ele e permitindo a entrada, usavam tecnologia de ponta naquele portão.
Em 47 era extremamente caro, mas Santorino achava que valia a pena
pagar pela segurança dele e de sua família. Pararam na frente da mansão,
Jerry pôde ver a grande escadaria da entrada, a mansão parecia algo
romano, tinha até uns pilares na entrada. Santorino era extremamente
exagerado quanto a isso, ele saiu de sua limusine, e olhou para os guardas
que saiam com ele, logo foram abordados por alguns guardas Sicci.

Um homem alto e de cabelos um tanto grisalhos, com um terno caro, foi


encontrar com Jerry na entrada.
- Prazer Sr.Wooters, acredito que não fomos apresentados corretamente no
funeral - Ele tinha um voz um pouco fina porém firme, apertou a mão de
Jerry - Me chamo Dante Maximo, sou o consligiere de Santorino.

Ele não sorriu.

Jerry conhecia aquele homem, já havia ouvido falar dele é claro, Dante
Maximo havia sido torturado pelos nazistas ou algo do tipo. Era um antigo
conhecido de Santorino, mas ele não sabia a história inteira, não naquela
época.

- Prazer Dante, ouvi falar de você heh - Jerry disse sorrindo para ele e
ajeitando seu terno - E então, vamos encontrar com Santorino ?

- Ah claro, siga-me - Disse ele subindo a pequena escadaria para a entrada


da mansão.

Lá dentro Jerry dilatou suas pupilas. Parecia um palácio, haviam pinturas


(provavelmente roubadas) vasos caros, e uma escadaria que dava para
vários e vários quartos, deus sabe o que tinha neles. Ele parou em um certo
ponto do corredor. Maravilhado e observando aquele lugar maravilhoso.

- Sr.Wooters - Dante disse parando e se virando para ele - Eu também fico


maravilhado com esta linda mansão. Mas agora não temos tempo para
isso, vamos, tens que falar com Santorino logo.

Jerry se tocou e olhou para ele.

- Oh desculpe, aqui é muito bonito mesmo - O rapaz seguiu o Consligiere


para o escritório de Santorino.

Jerry Wooters não era bem um Don ainda, ele era o irmão casula dos
quatro irmãos Wooters. Ele sempre foi um pouco calado, não muito
violento ou brigão como seus outros irmãos, e John desde cedo percebeu
isso, vendo que o garoto tinha a mente de um chefão. Porém ainda achava
que o filho era muito mole, por isso ele o exilou para o exército, para a
guerra. Jerry serviu no pacífico, nas praias japonesas, nas florestas, longe
de tudo. Passou dois anos nesse inferno. Vendo seus amigos morrerem,
desviando de balas, e pensando sobre o que faria quando voltasse para
Nova Iorque. Ele foi enviado de volta para casa, já que seu pai mexeu os
pauzinhos dentro de seu batalhão para ele ser dispensado. Jerry voltou um
homem totalmente diferente, mais determinado, chegando até mesmo a
entrar em uma briga com um de seus irmãos.

Após a morte de seu pai, em seu testamento dizia que Jerry deveria ser o
Don. Isso irritou seus irmãos. Principalmente o mais velho

A irmandade continua avaliando a situação. Enquanto isso Jerry conhece


Santorino em sua mansão.

- Por aqui - Disse Dante enquanto abria a porta do escritório para ele, Jerry
entrou e Dante a fechou calmamente.

Jerry olhou ao redor da sala, tinha algumas pinturas, uma prateleira com
vários vinhos e whiskys caros. Que aparentemente era uma paixão secreta
de Santorino por bebidas caras. E ali, estava sentado Santorino Sicci, o rei
de Manhattan e Little Italy, olhando para Jerry com um sorriso. Ele parecia
sério.

- Então você veio rapaz - Santorino falou para o jovem Wooters. Sua voz era
um pouco rouca, porém fria e ameaçadora, ele se levantou enquanto falava
- Acha que tem o que é preciso para ser um chefão ?

Jerry ficou sem jeito.

- Ah s-s-enh-senhor...Sicci, é que eu.. - Ele não esperava por aquilo, ficou


sem palavras e gaguejou - Eu tenho sim, manterei o legado do meu pai
vivo.

Disse ele determinado e com uma voz firme. Santorino o olhou, e então sua
expressão mudou e ele soltou uma grande gargalhada amigável, colocando
seu braço entre o pescoço de Jerry.

- Oooh Jerry, você é um bom garoto - Santorino disse enquanto olhava


para ele.
O wooters abriu um sorriso fraco para ele.

- Ei, sente-se eu te sirvo um whisky - Disse ele indo para trás de sua mesa e
se sentando em sua poltrona, serviu um whisky num copo e arrastou para
Jerry que se sentava de frente para ele. Santorino acendeu um cigarro - Eu
disse no funeral, e digo novamente, a morte do seu pai devastou. Você sabe
que ele era como um irmão para mim, e eu não falo isso de frescura não,
John era como meu irmão de sangue. Sem ele eu não seria nada, ele te
falou da guerra de Inverno não é.

- Ai depende - Jerry disse enquanto pegava o copo de whisky e bebia


suavemente - Se você está falando dos malditos russos matando os
nazistas em Stalingrado, ou se está falando da grande guerra de inverno de
29.

Santorino riu, enquanto tragava seu charuto cubano caro.

- Ah Jerry, boa boa - Don Sicci olhou sério para Jerry, colocando os braços
na mesa - Agora escute bem Jerry, esses caras da irmandade. . .eles não
pensam como nós, eles demoram dias, semanas, meses pra tomar alguma
merda de decisão. Você não é um Don oficial ainda, e eu sei que seu irmão
está comandando a família até você ser confirmado. Mas, vamos lá, sem
querer ofender o cara mas ele é cabeça quente demais pra comandar uma
família corretamente. Já você tem o que é preciso, John sabia disso, e eu
sei também.

Jerry terminou seu whisky, e o colocou na mesa. Cruzando os dedos.

- Eu sei disso, você está certo a respeito dele Santorino - Jerry tirou seu
chapéu e colocou na mesa - Ele não está sabendo lidar com as recentes
atividades do Barone.

Ao ouvir esse nome, o olhar de Santorino pareceu ficar mais pesado. Ele se
levantou e olhou pela janela. Não disfarçava seu ódio, era cabeça dura, isso
era claro para Jerry.

- Vincenzo Barone - Santorino disse esse nome com amargura - Um canalha


ganancioso, cruel, ele é um psicopata, o cara matou o próprio pai. A porra
do pai dele, ele está comprando juízes, políticos, e agora vai tentar comprar
o capitão de polícia. A polícia já está interceptando nossas cargas de
bebidas, ele quer Little Italy de volta a todo custo, mas não podemos deixar
isso acontecer.

- Sim eu concordo, mas por alguma razão meu irmão não quer continuar a
parceria com você - Jerry disse enquanto olhava para Santorino - Ele é
muito arrogante. Acha que pode vencer essa sozinho.

Santorino se virou para Jerry.

- Sabemos que isso não vai acontecer, Vincenzo está voltando mais forte do
que nunca. E ele não vai vir só atrás de mim - Se sentou novamente, um
tanto apreensivo - Ele vai vir atrás da sua família Jerry, daqueles que você
ama, e para impedir isso, você precisa assumir a família logo. Alguns dos
Capos do seu irmão, dos soldados dele, estão abandonado a família
Wooters. Não acreditam nele. Estão fazendo suas próprias gangues, ou
sendo comprados pelo Barone.

Jerry ouvia Santorino enquanto pensava na guerra entre os Barones X


Wooters e Sicci. A guerra que definiu o poder mafioso em Nova Iorque,
Barone queria vingança, e para isso queria ver seus inimigos derrotados.
Como ele se sentiu em 29.

- É o que eu mais quero Sr.Sicci, proteger minha família. E meu irmão não
vai conseguir isso tomando as decisões atuais dele - Jerry disse enquanto
olhava para o chão, um olhar vazio.

Santorino se levantou e se aproximou dele.

- Pode me chamar de Santorino rapaz - Ele o levantou, e apertou sua mão -


Tente conversar com seu irmão, ver o que ele pretende fazer. E depois me
encontre no Bar do Carlo em Little Italy, tenho que resolver uns negócios
agora.

- Pode deixar - Jerry apertou a mão dele e sorriu levemente, enquanto ia


saindo dali.
Santorino observava Jerry sair do escritório, ele sabia que estava vendo o
futuro maior Don de Nova Iorque, talvez o herdeiro de tudo que ele e John
construíram. Seria a vitória, ou a ruína de Santorino.

Capítulo 3: Um garoto de Little Italy


Giovanni Dante não parou para respirar, enquanto corria pelos becos sujos
e apertados de Little Italy, Nova Iorque. Podia sentir seu coração a mil. Mas
ele não parou, pois se parasse, iria morrer. Atrás dele uns quatro rapazes da
idade dele (entre 19-20) perseguiam o jovem Dante, pulando por cima de
caixas e latas de lixo. Giovanni Dante não era bem o garoto mais
comportado de Little Italy, ele era um pequeno ladrão, um pequeno
criminoso.

Giovanni Dante ? hah ! esse cara é uma lenda, mas óbvio que na época ele
não era grande coisa. Era apenas um peixinho em um mar de tubarões. Ele
fazia qualquer tipo de serviço por dinheiro, drogas, extorsão, roubo, era um
amador. Mas é como dizem. Até o menor dos criminosos tem seus inimigos, e
na vida de um aspirante á mafioso não era diferente. . . ele irritou uns caras
de West Ave, e eles correram atrás dele. Tinha algo a ver com cartas, ou
algum jogo. Quem sabe.

O garoto sorria de nervosismo enquanto dava uma leve olhada para trás,
riu.
- É só isso que vocês conseguem correr ? seus molengas - Disse ele rindo,
enquanto pulava por cima de um muro, e então para cima de alguns
telhados. O garoto era ágil e acostumado com aqueles becos e telhados,
olhou para os jovens que tentavam subir, mas não conseguiam, ele
gargalhou - Patéticos, vocês se consideram gangsters de rua ?

O líder deles, Rornin. Amaldiçoou Giovanni em italiano.

Maledetto demone ! essa é a única vez que escapa de nós, da próxima,


vamos te esquartejar ! - Gritou ele de baixo do beco, os outros olhavam
com raiva para Giovanni.

Giovanni fez uma reverência maldosa para eles, e então pulou para mais
acima dos telhados. Descendo algumas ruas depois, andou pela calçada
enquanto carros passavam, e algumas barracas de frutas eram fechadas e
abertas. Estava escurecendo. Mas para ele não fazia diferença, comprou
uma maçã e a jogou no ar, a pegando com a mão enquanto olhava pela rua.
Ele tinha 20 anos, tinha cabelos escuros, olhos castanhos e uma
sobrancelhas grossas. Lembrava mais seu pai do que sua mãe.

Após algum tempo andando. Ele entrou em uma travessa, e atravessou um


pequeno beco com mendigos e cachorros. Batendo numa porta de aço
várias vezes.

- Quem é ? - Uma voz grossa ecoou do lado de dentro.

- É o Mussolini ! - Giovanni disse com um pouco de raiva, Marion deveria


saber quem era - É o Giovanni seu estúpido, o que foi, tá ficando caduco é ?

A porta foi aberta. Giovanni andou lentamente para um corredor mal


iluminado, e então para um pequeno esconderijo improvisado com luzes
quase apagando, algumas mesas com ferramentas, armas desmontadas e
caixas. Aquela era a operação clandestina e ilegal de Marion Bennederte,
vendia e traficava armas, e bebidas. Ele era o atual chefe de Giovanni.

Marion era um homem na meia idade, meio gordo e calvo. Usava óculos e
tinha um bigode de respeito.
- Você irritou os garotos de West Ave novamente ? - Perguntou o mais velho
se sentando, e erguendo uma espécie de faca e a limpando com um pano -
Só faz merda garoto.

- Espera como você sabe ? - Giovanni se virou para Marion com uma cara
confusa, mas logo se formo um sorriso sínico em sua cara. Sabia com quem
estava falando - Claro claro, a merda dos seus contatos, devem ser
mendigos podres, você se deve achar o chefão.

- Eu não me acho chefão Giovanni - Marion colocou os pés na mesa - Eu sei


o meu lugar nesse mundo, e nesse ramo. Se eu não soubesse já estaria
morto. A pergunta é; você sabe o seu lugar Giovanni ?

Giovanni apertou um pouco os punhos. Odiava ser desprezado por Marion.

- É trabalhando para você - Ele disse com amargura, se sentando em uma


cadeira velha ali nos cantos - Agora para de enrolação, você tem algum
trabalho para mim ?

Marion analisou Giovanni através de seus óculos. Ele os ajeitou.

- Na verdade eu tenho sim, mas é um tanto perigoso e arriscado. Até para


você - Marion pegou alguma coisa da gaveta de sua mesa, era um papel, o
abriu no balcão da mesa - Esqueça.

- Opa opa, calma ai amigo, me conta isso ai - Giovanni apoiou uma de suas
pernas na coxa - Acho que está me subestimando aqui.

Marion suspirou.

- Existe uma carga de bebidas, que vai vir de fora da cidade. Alguma
empresa ou buffet encomendou elas, acontece que são ilegais,
contrabandeadas da Europa, primeira classe - Marion disse olhando para o
mapa da rodovia 51, Giovanni se aproximou por trás dele e observou o
mapa - Se pusermos as mãos nesse carregamento, vamos estar feitos por
algum tempo garoto.
Giovanni sorriu levemente.

- Então qual é o plano ?

Ele o olho de lado um pouco incomodado.

- O caminhão que está transportando a mercadoria vai parar bem aqui


neste posto - Ele colocou seu polegar indicador num posto de gasolina
marcado de vermelho no mapa da rodovia - Neste momento, vai ficar
exposto. E ai que você entra em cena e rouba o caminhão, não faça
nenhuma besteira nem se exponha, apenas leve para meu armazém nas
docas. Entendeu ?

O garoto concordou com ele.

- Sugiro que isso só estará pronto amanhã.

- Sim, então vá para casa, abrace seus pais. Eu não sei se aquele caminhão
vai estar sendo protegido, então você vai ter que tirar suas chances.

Giovanni deu um tapinha nas costas dele.

- Eu tiro minhas chances todos os dias da minha vida, meu velho Marion.

Giovanni andava pelas ruas de Little Italy com as mãos no bolso de sua
jaqueta. Atravessou alguns becos, viu mendigos fazendo fogueiras em
barris velhos, barracas de frutas ainda abertas nessa hora. A noite trazia
consigo um sopro frio e suave da costa de Nova Iorque, Giovanni amava
aquilo, amava aquele lugar, parecia que ele sempre estava em casa ali, não
importa se fosse só na rua, mas ele precisava crescer. Não podia ser “o
garoto de Little Italy” para sempre, ele queria ver Manhattan, os grandes
arranha-céus, e o mundo, queria ver a Itália e o lugar de onde seus pais
vieram. A única forma que ele achou de fazer isso era trabalhando para
sujeitos como o Marion. Seu pai não aprovava isso muito menos sua mãe,
ele não queria olhar na cara deles agora, pegou a direita na próxima rua e
andou um pouco para fora de Little Italy. Andou e andou e andou, e chegou
numa parte mais iluminada e movimentada da cidade, parecia Nova Jersey
quando esteve lá. Finalmente alcançou seu destino, o apartamento de seu
velho amigo de infância Ezio.

Giovanni e Ezio cresceram em Little Italy. Eles dois tinham o sonho de


serem “representantes” da comunidade italiana, como os mafiosos, eles os
olhavam com admiração e fervor, seus ternos, seus carros, mulheres,
queriam ser como eles. Giovanni manteu essa mentalidade. . .já Ezio seguiu
em frente, estudou bastante e conseguiu entrar numa boa faculdade, a
melhor de Manhattan. Isso enfureceu Giovanni que largou a escola e
preferiu tentar seguir o sonho dos dois. Ele carrega isso sozinho até hoje e
tal fato estremeceu a amizade dos dois.

Giovanni entrou no apartamento e subiu as escadas, ele bateu na porta,


ouvia risadas femininas e uma música tocando numa vitrola lá dentro. Ele
bateu de novo e mais forte, as risadas pararam e ele ouviu vozes perto da
porta, ela foi aberta.

Na sua frente apareceu um rapaz de aproximadamente 20 anos, segurando


uma garrafa de Coke Beer. Ele tinha cabelos escuros e olhos castanhos, um
nariz pontudo, estava com um penteado elegante e um súeter casual e
esquisito. Ezio de la fionce nem sempre foi assim. Ezio costumava ser um
pequeno criminoso como Giovanni, nos velhos tempos.

− Hahah ! Ezio meu amigo, como vai – Giovanni disse escandaloso,


querendo abraçar seu amigo que ficou sem reação e ficou de braços
abertos – Quanto tempo..vejo que agora você tá todo ocupado com
as ninfetas da faculdade neh ?

Giovanni disse observando algumas garotas sentadas no sofá atrás de Ezio.

Ezio se virou para elas e fez um sorrisinho, e então se virou para Giovanni
fechando a porta atrás dele, ele não o convidou para entrar.

− Giovanni o que diabos você está fazendo aqui cara?! - Ele perguntou
nervoso porém abaixando a voz para as garotas não ouvirem.
A clara diferença entre os dois era perceptível. Giovanni usava uma jaqueta
de couro escura, de rua, seu cabelo era despenteado. Já Ezio era todo bem
vestido, bem perfumado, usava gel no cabelo e suas roupas eram de um
típico almofadinha universitário.

Giovanni ficou um tanto surpreso e triste com a reação do velho amigo.

− Qualé cara eu só vim dar um oi, somos amigos afinal de contas não é
?

− Da ultima vez que eu te vi você estava com um canivete


ensaguentado nas suas mãos, você lembra ? - Giovanni ouvia aquilo
e fazia uma cara de insatisfação - Lembra? Depois daquela noite eu
decidi fazer uma mudança na minha vida, eu não posso ser visto com
você.

Giovanni fez uma cara furiosa.

− Ah é por que você é bom demais pra mim agora não é ? Senhor
Faculdade! Bom demais pra todos nós, sua mãe está sozinha na sua
casa, quase morrendo lá! - Giovanni disse quase gritando, nervoso e
furioso, frustrado.

− O que você sabe sobre família Giovanni ? - Ezio perguntou


retoricamente, mantendo a calma – Tudo que você trouxe para seus
pais foi desgosto e sofrimento, se eu não estou vendo a minha mãe é
por que estou construindo o meu futuro, futuro que ela fez questão
de abrir portas para mim!

Giovanni ficou em silêncio.

− Você é perigoso cara, larga essa vida. Talvez ainda tenha uma chance
pra você. Boa sorte – Ezio entrou em seu apartamento.

Giovanni ficou em pé ali alguns minutos. Queria arrombar aquela porta e


espancar Ezio, mas no fundo, bem lá no fundo ele sabia que seu velho
amigo estava certo a respeito dele, Giovanni era uma piada, talvez ele
merecesse morrer no serviço que ele viria a fazer no dia seguinte.

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