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Paraiso Mafioso Pre-Alpha 1
Paraiso Mafioso Pre-Alpha 1
Já ouviu falar do sonho americano ? um trabalho fixo, uma casa num bairro
decente, dinheiro na sua conta toda semana, uma linda esposa e um casal de
filhos. Hora, quem nunca quis vir para a américa viver o tal sonho americano
? eu vivi ele. Nos anos 40, mas, não foi da forma que vocês imaginam. Eu tive
que roubar por ele. Tive que machucar pessoas, tive que matar pessoas, os
italianos fizeram o próprio sonho americano deles. Não, não estou falando
dos ítalo-americanos que fazem pizza e vendem cannoli. Estou falando dos
Wiseguys, dos gangsters, ou como preferirem, dos mafiosos.
Parte 1
Apesar das famílias estarem unidas numa irmandade, isso não fazia delas
parceiras. Sabe cada família tinha seus próprios esquemas. Cada família
operava de uma forma diferente, e para lucrar mais, eram gananciosas o
suficiente para não se unirem em nenhum tipo de negócio, era uma
questão de respeito essa coisa com os Dons. Se algum homem feito das
famílias iria se casar, era obrigatório que os Dons da irmandade dessem as
caras na cerimônia. Respeito. Era só pra isso que eles ligavam, claro, os
antigos. Os novos Dons só ligavam para dinheiro. Nem mesmo as regras da
irmandade impediu eles de traficarem drogas, e fazerem serviços sujos,
dizem que o Don Lazzaro aprovou até um tráfico de humanos na época
pelo mar mediterrâneo e eu não estou de brincadeira. Era uma bagunça.
Bruno matinha as famílias de não matarem umas as outras, parecia que
todas elas se odiavam...parecia, pois ai começou a amizade entre os
Wooters e os Sicci.
Santorino Sicci era talvez o Don mais novo da irmandade, ele tinha 35 anos
quando assumiu sua família, hora dizem que até seus capitães eram mais
velhos que ele. Mas o cara era bom. Ele veio para a américa da sícilia, e logo
começou seu próprio negócio de extorsão em Little Italy, isso fez ele entrar
em confronto com um tal de Vincenzo Barone, que era um associado de
Bruno Gadrini e o atual Don de Little Italy na época. Santorino não ligou, no
inverno de 1929 ele foi pra guerra com Barone. Pois é, acredite se quiser.
Um mero rapaz com uma gangue pequena foi pra guerra com uma máfia
gigante. Santorino iria perder, sua gangue era muito pequena e ele tinha
poucas armas e poucos homens, mas ai ele recebeu apoio, de um homem
de honra. John Wooters, Don da Família Wooters, que estava expandindo
seus negócios de Los Angeles para Nova Iorque, ele percebeu que se
ajudasse Santorino a subir ao poder, os dois poderiam fazer uma lucrativa
parceria e logo John entraria para a tal irmandade da cidade.
- É tem razão as vezes é melhor você calar a porra da boca - Ele disse
enquanto se levantava e olhava pela janela novamente - John me ajudou a
vencer a droga da guerra, sem ele não existiria a família Sicci ! estamos aqui
graças a eles !
Dante suspirou.
- Tudo bem, você é o Don, Santo - Disse ele enquanto fazia um sorriso
forçado.
Jerry estava em uma limusine de luxo, haviam dois guardas com ele,
usando ternos escuros e chapéus cinzas. O típico uniforme da Cosa Nostra
americana. Ou pelo menos assim ele achava, Jerry olhou para os dois
guardas que se sentavam ao redor dele na cabine de trás da limusine.
- Certo rapazes, não façam merda, hoje estarei encontrando com Santorino
Sicci - Jerry disse olhando sério para eles - Não olhem feio para ninguém,
não falem o que pensam, nem mesmo PENSEM em nada. Apenas façam o
que eles mandarem e demonstrem respeito, certo ?
Jerry conhecia aquele homem, já havia ouvido falar dele é claro, Dante
Maximo havia sido torturado pelos nazistas ou algo do tipo. Era um antigo
conhecido de Santorino, mas ele não sabia a história inteira, não naquela
época.
- Prazer Dante, ouvi falar de você heh - Jerry disse sorrindo para ele e
ajeitando seu terno - E então, vamos encontrar com Santorino ?
Jerry Wooters não era bem um Don ainda, ele era o irmão casula dos
quatro irmãos Wooters. Ele sempre foi um pouco calado, não muito
violento ou brigão como seus outros irmãos, e John desde cedo percebeu
isso, vendo que o garoto tinha a mente de um chefão. Porém ainda achava
que o filho era muito mole, por isso ele o exilou para o exército, para a
guerra. Jerry serviu no pacífico, nas praias japonesas, nas florestas, longe
de tudo. Passou dois anos nesse inferno. Vendo seus amigos morrerem,
desviando de balas, e pensando sobre o que faria quando voltasse para
Nova Iorque. Ele foi enviado de volta para casa, já que seu pai mexeu os
pauzinhos dentro de seu batalhão para ele ser dispensado. Jerry voltou um
homem totalmente diferente, mais determinado, chegando até mesmo a
entrar em uma briga com um de seus irmãos.
Após a morte de seu pai, em seu testamento dizia que Jerry deveria ser o
Don. Isso irritou seus irmãos. Principalmente o mais velho
- Por aqui - Disse Dante enquanto abria a porta do escritório para ele, Jerry
entrou e Dante a fechou calmamente.
Jerry olhou ao redor da sala, tinha algumas pinturas, uma prateleira com
vários vinhos e whiskys caros. Que aparentemente era uma paixão secreta
de Santorino por bebidas caras. E ali, estava sentado Santorino Sicci, o rei
de Manhattan e Little Italy, olhando para Jerry com um sorriso. Ele parecia
sério.
- Então você veio rapaz - Santorino falou para o jovem Wooters. Sua voz era
um pouco rouca, porém fria e ameaçadora, ele se levantou enquanto falava
- Acha que tem o que é preciso para ser um chefão ?
Disse ele determinado e com uma voz firme. Santorino o olhou, e então sua
expressão mudou e ele soltou uma grande gargalhada amigável, colocando
seu braço entre o pescoço de Jerry.
- Ei, sente-se eu te sirvo um whisky - Disse ele indo para trás de sua mesa e
se sentando em sua poltrona, serviu um whisky num copo e arrastou para
Jerry que se sentava de frente para ele. Santorino acendeu um cigarro - Eu
disse no funeral, e digo novamente, a morte do seu pai devastou. Você sabe
que ele era como um irmão para mim, e eu não falo isso de frescura não,
John era como meu irmão de sangue. Sem ele eu não seria nada, ele te
falou da guerra de Inverno não é.
- Ah Jerry, boa boa - Don Sicci olhou sério para Jerry, colocando os braços
na mesa - Agora escute bem Jerry, esses caras da irmandade. . .eles não
pensam como nós, eles demoram dias, semanas, meses pra tomar alguma
merda de decisão. Você não é um Don oficial ainda, e eu sei que seu irmão
está comandando a família até você ser confirmado. Mas, vamos lá, sem
querer ofender o cara mas ele é cabeça quente demais pra comandar uma
família corretamente. Já você tem o que é preciso, John sabia disso, e eu
sei também.
- Eu sei disso, você está certo a respeito dele Santorino - Jerry tirou seu
chapéu e colocou na mesa - Ele não está sabendo lidar com as recentes
atividades do Barone.
Ao ouvir esse nome, o olhar de Santorino pareceu ficar mais pesado. Ele se
levantou e olhou pela janela. Não disfarçava seu ódio, era cabeça dura, isso
era claro para Jerry.
- Sim eu concordo, mas por alguma razão meu irmão não quer continuar a
parceria com você - Jerry disse enquanto olhava para Santorino - Ele é
muito arrogante. Acha que pode vencer essa sozinho.
- Sabemos que isso não vai acontecer, Vincenzo está voltando mais forte do
que nunca. E ele não vai vir só atrás de mim - Se sentou novamente, um
tanto apreensivo - Ele vai vir atrás da sua família Jerry, daqueles que você
ama, e para impedir isso, você precisa assumir a família logo. Alguns dos
Capos do seu irmão, dos soldados dele, estão abandonado a família
Wooters. Não acreditam nele. Estão fazendo suas próprias gangues, ou
sendo comprados pelo Barone.
- É o que eu mais quero Sr.Sicci, proteger minha família. E meu irmão não
vai conseguir isso tomando as decisões atuais dele - Jerry disse enquanto
olhava para o chão, um olhar vazio.
Giovanni Dante ? hah ! esse cara é uma lenda, mas óbvio que na época ele
não era grande coisa. Era apenas um peixinho em um mar de tubarões. Ele
fazia qualquer tipo de serviço por dinheiro, drogas, extorsão, roubo, era um
amador. Mas é como dizem. Até o menor dos criminosos tem seus inimigos, e
na vida de um aspirante á mafioso não era diferente. . . ele irritou uns caras
de West Ave, e eles correram atrás dele. Tinha algo a ver com cartas, ou
algum jogo. Quem sabe.
O garoto sorria de nervosismo enquanto dava uma leve olhada para trás,
riu.
- É só isso que vocês conseguem correr ? seus molengas - Disse ele rindo,
enquanto pulava por cima de um muro, e então para cima de alguns
telhados. O garoto era ágil e acostumado com aqueles becos e telhados,
olhou para os jovens que tentavam subir, mas não conseguiam, ele
gargalhou - Patéticos, vocês se consideram gangsters de rua ?
Giovanni fez uma reverência maldosa para eles, e então pulou para mais
acima dos telhados. Descendo algumas ruas depois, andou pela calçada
enquanto carros passavam, e algumas barracas de frutas eram fechadas e
abertas. Estava escurecendo. Mas para ele não fazia diferença, comprou
uma maçã e a jogou no ar, a pegando com a mão enquanto olhava pela rua.
Ele tinha 20 anos, tinha cabelos escuros, olhos castanhos e uma
sobrancelhas grossas. Lembrava mais seu pai do que sua mãe.
Marion era um homem na meia idade, meio gordo e calvo. Usava óculos e
tinha um bigode de respeito.
- Você irritou os garotos de West Ave novamente ? - Perguntou o mais velho
se sentando, e erguendo uma espécie de faca e a limpando com um pano -
Só faz merda garoto.
- Espera como você sabe ? - Giovanni se virou para Marion com uma cara
confusa, mas logo se formo um sorriso sínico em sua cara. Sabia com quem
estava falando - Claro claro, a merda dos seus contatos, devem ser
mendigos podres, você se deve achar o chefão.
- Opa opa, calma ai amigo, me conta isso ai - Giovanni apoiou uma de suas
pernas na coxa - Acho que está me subestimando aqui.
Marion suspirou.
- Existe uma carga de bebidas, que vai vir de fora da cidade. Alguma
empresa ou buffet encomendou elas, acontece que são ilegais,
contrabandeadas da Europa, primeira classe - Marion disse olhando para o
mapa da rodovia 51, Giovanni se aproximou por trás dele e observou o
mapa - Se pusermos as mãos nesse carregamento, vamos estar feitos por
algum tempo garoto.
Giovanni sorriu levemente.
- Sim, então vá para casa, abrace seus pais. Eu não sei se aquele caminhão
vai estar sendo protegido, então você vai ter que tirar suas chances.
- Eu tiro minhas chances todos os dias da minha vida, meu velho Marion.
Giovanni andava pelas ruas de Little Italy com as mãos no bolso de sua
jaqueta. Atravessou alguns becos, viu mendigos fazendo fogueiras em
barris velhos, barracas de frutas ainda abertas nessa hora. A noite trazia
consigo um sopro frio e suave da costa de Nova Iorque, Giovanni amava
aquilo, amava aquele lugar, parecia que ele sempre estava em casa ali, não
importa se fosse só na rua, mas ele precisava crescer. Não podia ser “o
garoto de Little Italy” para sempre, ele queria ver Manhattan, os grandes
arranha-céus, e o mundo, queria ver a Itália e o lugar de onde seus pais
vieram. A única forma que ele achou de fazer isso era trabalhando para
sujeitos como o Marion. Seu pai não aprovava isso muito menos sua mãe,
ele não queria olhar na cara deles agora, pegou a direita na próxima rua e
andou um pouco para fora de Little Italy. Andou e andou e andou, e chegou
numa parte mais iluminada e movimentada da cidade, parecia Nova Jersey
quando esteve lá. Finalmente alcançou seu destino, o apartamento de seu
velho amigo de infância Ezio.
Ezio se virou para elas e fez um sorrisinho, e então se virou para Giovanni
fechando a porta atrás dele, ele não o convidou para entrar.
− Giovanni o que diabos você está fazendo aqui cara?! - Ele perguntou
nervoso porém abaixando a voz para as garotas não ouvirem.
A clara diferença entre os dois era perceptível. Giovanni usava uma jaqueta
de couro escura, de rua, seu cabelo era despenteado. Já Ezio era todo bem
vestido, bem perfumado, usava gel no cabelo e suas roupas eram de um
típico almofadinha universitário.
− Qualé cara eu só vim dar um oi, somos amigos afinal de contas não é
?
− Ah é por que você é bom demais pra mim agora não é ? Senhor
Faculdade! Bom demais pra todos nós, sua mãe está sozinha na sua
casa, quase morrendo lá! - Giovanni disse quase gritando, nervoso e
furioso, frustrado.
− Você é perigoso cara, larga essa vida. Talvez ainda tenha uma chance
pra você. Boa sorte – Ezio entrou em seu apartamento.