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Relatório de Estágio – Penal.

O Recurso Extraordinário (RE) 603.616, foi julgado pelo Supremo Tribunal


Federal pelo relator Gilmar Mendes, é o tema são as provas obtidas em domicílio sem
mandado de busca e apreensão, em que possui um impasse com respaldo constitucional
do artigo 5º, inciso XI da Constituição Federal. O STF firmou a tese de que a entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriormente, que indiquem
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados.

O relator Gilmar Mendes, utiliza-se do direito comparado para embasar seu


voto que tratam acerca do tema como por exemplo a Convenção Americana de Direitos
Humanos, Constituição Alemã e Constituição Portuguesa. Salientando que a carta magna,
abrange as exceções ao direito de inviolabilidade que são: flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. O próprio relator
afirmou que é uma metida extremamente evasiva e passível de arbitrariedade, entretanto
necessária para a repressão à prática de crimes e para a investigação criminal, e que
geralmente as comunidades por estarem em uma situação de vulnerabilidade social se
encontram vítimas dessas arbitrariedades principalmente pelas autoridades policiais.
Ademais, o juiz poderá considerar que a invasão do domicílio não foi justificada em
elementos suficientes, mas isso não poderá gerar a responsabilização do policial, salvo
em caso de abuso.

Além disso, o Recurso Extraordinário (RE) 603.616, obteve provocação


contra a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, que ao julgar a apelação
101.501.2007.004483-5, em que rejeitaram a preliminar de obtenção de prova por meio
ilícito, sendo a ausência de mandado de busca e apreensão para entrada na residência de
um dos acusados, entendendo tratar-se de prática de crime permanente, ou seja, as
autoridades policiais poderiam entrar na residência sem que houvesse mandado judicial
de busca e apreensão. O entendimento majoritário do Plenário, e nos termos do artigo 33
da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), ter entorpecentes em depósito constitui crime
permanente, caracterizando, portanto, a condição de flagrante delito a que se refere o
dispositivo constitucional.
Contudo, durante a sessão do recurso o ministro Marco Aurélio divergiu do
relator Gilmar Mendes para dar provimento ao recurso e absolver o condenado, por
entender não caracterizado o crime permanente, e por discordar da tese. Entretanto com
a fixação da tese como o próprio relator afirmou será crucial para a garantia constitucional
da inviolabilidade de domicílio.

Durante a sessão observa-se que o acompanhamento processual respeitou os


requisitos estabelecidos pela legislação, com a abertura da sessão, seguida da sustentação
do relator, e os ministros podem acompanhar integralmente o relator; acompanhar com
ressalva de entendimento; divergir; ou acompanhar a divergência.

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