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GEOGRAFIA AGRÁRIA

Fatores naturais que influenciam na agricultura:


- Clima: a grande extensão norte-sul do Brasil possibilita a existência de uma grande variedade
de tipos climáticos e, consequentemente, uma produção agrícola muito variada, porém, devido ao
predomínio do clima tropical, a maioria dos produtos é característica desse clima.
- Solo: camada superficial resultado da decomposição da rocha matriz, através dos agentes
externos do relevo (intemperismo e erosão), capaz de germinar as sementes, além de sustentar
plantas e vegetais sobre si em um ambiente aberto.

Tipos de Solo:
- Latossolo
 São solos mais profundo;
 Encontrados principalmente em regiões mais quentes e úmidas (tropicais) e em terrenos
mais suaves;
 Sofrem maior intemperismo químico e físico;
- Litossolo
 São solos menos profundos;
 Encontrados em regiões mais frias e áridas e nos terrenos mais íngremes;
 Sofrem menos intemperismo;

Pontos de fertilidade de solo no Brasil:


- Massapê – Zona da Mata (Litoral do Nordeste):
 Solo negro: decomposição do calcário e da gnaisse (rocha metamórfica), é muito fértil e
rico em matéria orgânica.
 Cana-de-Açúcar; Tabaco; Cacau e Algodão.
- Nitossolo (ou Terra Roxa): Interior de SP; PR; SC e RS:
 Solo avermelhado, formado pela decomposição do basalto, rico em ferro.
 Mais fértil do Brasil.
 Café; Soja; Cana-de-Açúcar; Laranja; Algodão.
- Várzea ou Aluvial (Aluvião): formado pela sedimentação dos rios.
- Salmourão: Centro-Sul: fragmentação de rochas graníticas e gnaisses.
Limitações de solo:
- Lixiviação: lavagem dos nutrientes do solo (desmatamento e chuvas intensas).

- Laterização: camada dura de hidróxido de ferro ou alumínio na superfície do solo. Inviabiliza a


agricultura.

- Esgotamento: o uso excessivo do solo, sem o tratamento adequado e uso da monocultura,


pode provocar sua infertilidade.

- Ravina: “buracos”.

- Voçoroca: O solo, sem a proteção vegetal, vai sofrendo a formação de grandes sulcos (fendas),
provocados pelas chuvas intensas. É uma ravina que chega no lençol freático.

- Salinização: ocorre em áreas muito quentes. A intensa evaporação da água vai deixando sobre
a camada superficial do solo uma dura camada de sais. Pode ocorrer o surgimento de desertos.

- Eutrofização: crescimento excessivo de plantas aquáticas, causado pela poluição dos rios.

- Desertificação: Empobrecimento do solo devido à escassez hídrica uso inadequado, formando


banco de areias. Acontece em regiões secas.

- Arenização: Empobrecimento do solo devido ao uso inadequado, formando banco de areias.


Acontece em regiões úmidas.

Práticas de Correção de Solo:


- Curva de nível: Consistem no cultivo das espécies perfilando-
as conforme as variações altimétricas do terreno, o que, diminui
o impacto da erosão.

- Terraceamento: cortes nas superfícies inclinadas (degraus


de uma escada). Essa composição faz com que a água perca
a força de deslocamento em períodos chuvosos, no sentido de
garantir a infiltração e no sentido de diminuir o impacto erosivo
das águas pluviais.

- Fertilidade e adubação

- Rotação de cultivo: Alternância entre os tipos de elementos agrícolas a serem cultivados para
conservar os nutrientes do solo. Dessa forma, cada espécie cultivada consegue repor os
nutrientes do solo retirados pela espécie anterior.

- Reflorestamento: deixar uma área como ela era em seu estado natural, aquele encontrado
antes da utilização do solo para cultivo, aqui a vegetação natural deve ser recuperada, para que
possa atuar sobre o solo desgastado.

- Calagem: Colocar calcário no solo para corrigir a acidez.

- Plantio direto: palha e restos de culturas anteriores sobre o solo, o que garante proteção e
evita, principalmente, a erosão. A água é infiltra com maior facilidade no solo que também se
torna mais enriquecido organicamente.
Sistemas Agrícolas
Sistema extensivo (Roça)
 Pequenas propriedades (minifúndios);  Técnicas rudimentares de cultivo
 Pouca mão-de-obra, geralmente (coivara);
familiar;  Baixa produtividade;

Sistema intensivo
 Uso permanente do solo;  Mecanização;
 Técnicas avançadas de cultivo  Grande produtividade;
(fertilizantes, seleção de sementes e  Mão de obra abundante e qualificada.
espécies);

Plantation – MEL
 Monocultura;  Muita tecnologia e maquinários;
 Exportação;  Mão de obra numerosa e barata;
 Latifúndios (grandes propriedades);  Grande produtividade.

Modo de produção agrícola


 Direta: quando a terra é explorada pelo próprio proprietário.

 Indireta: quando a terra é explorada por um terceiro que não é dono:

a) Arrendamento: aluguel de fazendas por um certo preço e tempo.

b) Parceria: trabalham na terra de outra pessoa em troca de parte da produção. Ex: Meeiro -
plantação é dividida em partes iguais (50%);

c) Ocupante: uso da terra sem o consentimento do proprietário.

- Posseiro: Usa a terra que não é sua para sustento próprio e familiar.

- Grileiro: Falsificam documentos de propriedades em cartório. Usa a terra para produção


para o mercado.

Obs: Os conflitos de posse de terra no Brasil têm como causa principal a concentração
fundiária, a distribuição desigual de renda e a grilagem.

Problemas da agropecuária
1) Subaproveitamento do Espaço Agrário: Apenas 10% do território é usado para agricultura
(lavouras).
2) Baixa produtividade, causada pela falta de técnicas avançadas (tecnologia) e reduzida
mecanização agrícola;
3) Deficiência no sistema de transporte e armazenamento ;
4) Concentração Fundiária:
• 0,9% dos proprietários: donos de 45% das áreas rurais do Brasil;
• 53% dos proprietários: donos de 27% das áreas rurais do Brasil;
- A concentração de terras nas mãos de poucas pessoas é uma herança histórica:
- Sesmaria (+ 10.000 hec) – grandes propriedades de terra;
- Lei de Terra (1850): acesso à terra somente através de compra
Principais Produtos Agrícolas
 Cana-de-Açúcar (Tem durante o ano todo)
 Zona da Mata: solos férteis (massapê) e chuvas regulares de inverno (safra de set/mar);
 Sudeste (SP - MAIOR PRODUTOR): solos férteis (nitossolo – terra roxa) e chuvas
regulares de verão (safra de abr/nov);

 Soja (Brasil - 2° maior produtor de soja do mundo)


 Inicialmente cultivada no Sul do país (leguminosa que gosta do frio): relevo levemente
ondulado (facilita a mecanização); clima subtropical; chuvas regulares.
 Déc. 70 – expansão da soja para o Centro-Oeste.
- Problemas no centro oeste: Solos ácidos (resolvido com a calagem) e clima quente (soja
se adapta melhor no clima frio)

OBS: Revolução Verde - avanço tecnológico no campo


Conjunto de práticas agrícolas para aumentar a produção, surgindo à produção de OGM
(Organismo Geneticamente Modificado) e sementes melhoradas, com maior resistência às
pragas agrícolas (provoca a diminuição no uso de agrotóxicos e nos custos da produção).

 Café
 Vale do Paraíba (Eixo RJ-SP = 1ª metade do séc. XIX):
- Terras cedidas;
- Mão-de-obra escrava;
- Transporte animal;

Transição: Na segunda metade do séc. XIX, em decorrência do relevo com alta declividade,
desmatamento da Floresta Atlântica, maior processo erosivo, menor evapotranspiração,
causando muitos deslizamentos, ocorre à saturação da produção de café e a região começa
entrar em declínio.

 Oeste Paulista (2ª metade do séc. XIX):


- Terras compradas;
- Mão-de-obra imigrantes;
- Transporte ferroviário;
- Solos melhores (nitossolo – terra roxa);
- Relevo suavemente ondulado;
- Chuvas regulares;

Complexo Cafeeiro: O cultivo de café no estado de São Paulo permitiu a formação de


centros urbanos com a dinamização do comércio e serviços, criação de bancos e acúmulos de
capitais que possibilitaram as indústrias.

 Laranja (Mogi Guaçu e Limeira)


 Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo;
 Principais mercados: EUA e União Europeia.

 Milho
 Cultivado em todo território como subsistência;
 A partir de 2001, surge o milho transgênico para atender a tecnologia dos EUA para
produção de álcool;
 Maiores produções: MT, PR, RS e GO.
Algodão
 Cultivo histórico: Maranhão → no séc. XVIII, no contexto da 1ª Revolução Industrial,
produzia no Maranhão com destino a Portugal e depois ia para Inglaterra para tecidos.
 Cultivo atual: Centro-Oeste (Mato Grosso) → cultivo na lógica do agronegócio, com
algodão transgênico (50% da produção), com forte utilização de agrotóxicos, aumentando
a safra e visando o mercado externo;

 Trigo
 Cultivado no sul do Brasil: regiões frias;
 Produção expandindo cada vez mais para o Centro-Oeste e o Sudeste, devido a
EMBRAPA.
 Produção insuficiente, apenas 30% da demanda;
 Importamos da Argentina, Canadá e Rússia;

Reforma agrária
 São propostas, medidas e alterações nas leis que visa promover a distribuição de
terras no país.
 Não se trata apenas de destinar propriedades rurais a quem não possui, mas também
de garantir condições de sustentação por parte dos pequenos e médios produtores
para evitar novos problemas de concentração de terras.
 Pelo fato de existir um problema de concentração fundiária (muita terra na mão de
poucas pessoas, é importante realizar a reforma agrária para diminuir o número de
latifúndios, principalmente os improdutivos, e distribuir melhor a posse de terra.
 Movimento social: MST – luta contra a concentração fundiária.
Caso seja concretizada, a reforma agrária contribuirá para a redução da miséria, do
desemprego no campo, da migração campo-cidade e das desigualdades sociais.
PECUÁRIA
Bovina
 Sistema Extensivo (maior % do Brasil):
 Grandes propriedades;  Gado de corte ou abate;
 Gados numerosos;  Técnicas simples de criação (poucos
 Criado solto; cuidados veterinários);
 Baixa produtividade;
# Principais áreas de criação:
a) Centro Oeste - Pantanal (oeste do b) Sertão (interior do Nordeste e norte de
MT/MS); MG);
c) Amazônia;

 Sistema Intensivo
 Pequenas propriedades (minifúndios);  Empregos de tecnologia e mão-de-
 Gado pouco numeroso; obra qualificada;
 Gado criado preso;  Alta produtividade;
 Ração selecionada;  Geralmente próximo aos centros
 Técnicas avançadas de criação; consumidores
 Produção de laticínios (leite e
derivados);
# Principais áreas de criação:
a) Sul de MG;
b) Vale do Paraíba do Sul (RJ e SP);
c) Interior de São Paulo (Triângulo: São João da Boa Vista – Mococa – Araras);
d) Belo Horizonte;
e) Joinville;

 Sistema Semi-Intensivo
 Grandes propriedades;  Melhor rendimento;
 Uso de biotecnologia;  Produção de corte.
# Principais áreas de criação:
a) Oeste Paulista; c) Sul do RS (Pampa ou Campanha
Gaúcha);
b) Triângulo Mineiro;
d) Dourados (MS);

Avicultura
 Áreas criatórias: região sul, com destaque para SC e uma significativa criação em SP;
 Brasil é um grande exportador de carne de frango.
Ovinos
 Praticada no sul do Brasil: indústria têxtil (produção de lã);
Suínos
 Áreas criatórias: região sul, destaque para o PR + SP
 Produção: indústria de alimento, abastecer o mercado interno;
 Predomínio da produção familiar;
Caprinos
 Principal área criatória: Sertão, além de possuir uma ligação histórica com a identidade
regional e dinamismo econômico da região.

Equinos
 Principal área criatória: sudeste, em especial MG;
 Utilizado: negócios, lazer e saúde, porém, mais de 80% das tropas do país continuam
atuando em atividades agropecuárias, principalmente, para o manejo de gado.

PROBLEMAS DA PECUÁRIA
 Desmatamento feito para a criação de pastos remove o habitat natural de espécies nativas,
podendo gerar sua extinção e a perda da biodiversidade
 Desgaste do solo pelo o pisoteio do gado, em que a pecuária pode gerar a compactação
deste, reduzindo sua capacidade de infiltração de água e, consequentemente, sua
fertilidade.
 Liberação de metano (CH4) pelos animais, intensificando o efeito estufa e o aquecimento
global.

 OBS: A criação de gado bovino no Brasil concentra-se, atualmente, em grandes


propriedades, e pauta-se preferencialmente na produção de carne (gado de corte –
voltado para a produção de carne), haja vista que esse produto é o mais valorizado e o
mais voltado para a exportação (Brasil é lidera as exportações mundiais de carne
bovina).
A produção de leite e seus derivados é mais destacada em propriedades de pequeno e
médio porte, uma vez que o seu mercado é somente interno no país, geralmente
regionalizado.

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