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Resumo
1. Introdução
A Incontinência Urinária de Urgência é uma condição multifatorial que afeta muitas pessoas, em
diferentes faixas etárias. Segundo a Sociedade Internacional de Continência (“International
Continence Society”), a Incontinência Urinaria de Urgência (IUU) é definida, como a perda
involuntária da urina pelo óstio uretral externo, secundária ao aumento da pressão abdominal na
ausência de contração do detrusor; sendo considerada uma condição multifatorial que afeta
muitas mulheres, em diferentes faixas etárias, embora a prevalência seja maior no pós parto;
representando um sério problema de saúde pública (ANJOS, 2006).
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Pós Graduanda em Fisioterapia em Uroginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela Faculdade Ávila
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Orientadora Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Aspectos Bioéticos e Jurídicos da
Saúde.
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Para Barbosa (2005), essa situação constrangedora de perda involuntária de urina tem
conseqüências avassaladoras, causando muitas vezes marginalização do convívio social, ameaça
à auto-estima, frustrações psicossociais; institucionalização precoce; interferindo, também na
sexualidade, alterando de forma importante a saúde da mulher.
Possui fisiopatologia complexa, promovendo o surgimento de distintas abordagens terapêuticas,
dependendo do mecanismo envolvido na gênese da perda urinária. O fator de continência mais
importante é a rede de sustentação formada pelas fibras do músculo levantador do ânus que se
ligam a fáscia endopélvica e circundam a vagina e a porção distal da uretra, tracionando-a em
direção ao púbis e comprimindo-a contra a fáscia e contra a parede vaginal durante a contração
muscular, mantendo, assim, a luz uretral ocluída. Os danos causados ao assoalho pélvico pela
gestação e pelo parto, dentre outros, ocasionam disfunção da musculatura que tende a se agravar
após a menopausa (CUTINI, 2007).
A IUU é mais prevalente em pacientes institucionalizados do que naqueles convivendo na
comunidade. Há estudos que mostram uma prevalência de 30% a 50% dos idosos
institucionalizados apresentando perda urinária. Dentre as mulheres não institucionalizadas com
mais de 60 anos de idade, demonstrou-se que 37,7% sofrem de incontinência. As estimativas
mais baixas da prevalência da IUU entre os residentes em asilos iniciam-se em 50% e a um custo
de US$ 3,3 bilhões por ano (dos US$ sete bilhões gastos nos custos diretos da IU) o cuidado dos
problemas relacionados ao assoalho pélvico, e o arsenal terapêutico que a Fisioterapia dispõe
para benefício de seus pacientes (CUTINI, 2007).
Alguns pontos importantes da anatomia, fisiologia e etiologia da IUU foram levados e
correlacionados com as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas atualmente, proporcionando à
mulher uma abordagem minimamente invasiva, não onerosa. Entretanto, o seu sucesso irá
depende da motivação e do empenho tanto da paciente quanto da equipe multidisciplinar
envolvida.
A incontinência urinária é um tratamento que envolve tabus e preconceitos, porque lida com a
intimidade das pessoas. É preciso explicar as pacientes todos os procedimentos e ainda mostra os
aparelhos e a forma como eles serão usados.
As mulheres são as mais atingidas pelo problema e isso acontece por vários motivos. A gestação
é um deles. O peso carregado durante muitos meses pressiona a bexiga, além de enfraquecer a
musculatura do períneo. Acredita-se firmemente, que o estudo deste tema, venha contribuir de
forma ampla e objetiva para aumentar e aprimorar os conhecimentos científicos fisioterapêuticos.
Segundo Lima et al. (2010), a pelve feminina possui um aparelho de sustentação (assoalho
pélvico) que é constituído por diafragma pélvico, diafragma urogenital e fáscia endopélvica. E é
o conjunto destas estruturas que dão suporte às vísceras abdominais e pélvicas, resistindo às
pressões exercidas pelo aumento da pressão abdominal. Assim, vale ressaltar a importância de
conhecer a anatomia e a fisiologia do assoalho pélvico que se complementam.
Aponta ainda, que todas as estruturas que estão contidas entre o peritôneo pélvico e a pele da
vulva (bexiga, uretra e a musculatura do assoalho pélvico) formam o assoalho pélvico e
acrescentam que o diafragma pélvico (conjunto formado pelos músculos levantador do ânus e
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coccígeo), que limita caudalmente a cavidade pélvica, é responsável pelo apoio das vísceras
pélvicas, principalmente do útero (ENKIN, 2005).
A uretra feminina mede variavelmente entre 4 e 5 centímetros de comprimento, composta por
tecido muscular liso e fibroelástico, podendo ser separado em duas partes: o terço superior,
localizado inferiormente ao colo vesical compondo o esfíncter uretral interno, formado por
musculatura lisa, responsável por manter o corpo vesical e a uretra fechados em repouso; o terço
médio, constitui o esfíncter uretral externo, formado por musculatura estriada, onde é tido como
o responsável por manter continente o mecanismo urinário (RAMOS; DONADEL; PASSOS,
2005).
De Acordo com Cutini (2007), os músculos do assoalho pélvico são músculos esqueléticos
importantes para a continência urinária e fecal, para as funções sexuais, para o suporte urogenital
e na mulher é importante durante a gestação e parto.
O músculo puborretal contém grandes quantidades de fibras musculares tipo I (contração lenta)
que permanecem tonicamente contraídas. Este nível basal de atividade muscular proporciona
sustentação flexível constante à uretra. Ao mesmo tempo, fibras tipo II (contração rápida)
permitem a este músculo responder instantaneamente a alterações rápidas da pressão intra-
abdominal (tosse, espirro) e manter o fechamento uretral nestas condições (KISNER, 2002).
Há a descrição de que a bexiga consegue armazenar quantidades crescentes de urina em seu
interior sem variações significativas da pressão (complacência vesical). Nesta fase, o músculo
detrusor (bexiga) está em repouso, que é produzido pela estimulação simpática dos receptores
beta adrenérgicos presentes dentro da parede vesical, causando o seu relaxamento durante a fase
de enchimento. Ao passo que a estimulação simpática de receptores alfa-adrenérgicos presentes
no colo vesical e uretra proximal causam a constrição, com consequente aumento da pressão
(LIMA et al.,2010).
O músculo elevador do ânus é par, direito e esquerdo, localizados da sínfise púbica ao cóccix,
formando um V que demarca a fenda urogenital. Cada músculo é composto por uma parte
externa (esfincteriana) e uma interna (elevadora), não possuindo continuidade entre elas. A parte
externa origina-se na parte externa da face posterior da sínfise púbica e na aponeurose do
músculo obturador interno. Observando sua inserção, nota-se que esses músculos estabelecem
uma cinta que circunda o reto e sua junção com o canal anal, que define que o músculo elevador
do ânus funciona na fixação e prevenção do prolapso das vísceras pélvicas (CUTINI, 2007).
Atualmente, entende-se como assoalho pélvico todo o conjunto de estruturas que dá suporte às
vísceras abdominais e pélvicas. (SAMPAIO, FAVORITO & RODRIGUES, 1999). O assoalho
pélvico consiste dos músculos coccígeos e elevadores do ânus, que conjuntamente são chamados
de diafragma pélvico, que é atravessado à frente pela vagina e uretra e ao centro pelo canal anal
(FREITAS, MENKE & RIVOIRE, 2002).
Os músculos levantador do ânus se divide em pubococcígeo, ileococcígeo e puborretal, os
músculos bulbocavernoso, transverso superficial do períneo e o isquiocavernoso compõem o
diafragma urogenital, e também a fascia endopélvica que é composta pelos ligamentos pubo-
vesical, redondo do útero, uterossacro e ligamento cervical transverso e são importantes para
manter as estruturas pélvicas em suas posições normais (ZANATTA & FRARE, 2003; MOORE,
1998; OLIVEIRA & LOPES, 2006).
A uretra feminina apresenta em média quatro centímetros de comprimento e também é composta
por fibras musculares lisas (esfíncter interno) e estriadas (esfíncter externo). As fibras lisas têm
pouca variedade de contração espasmódica, possibilitando que se mantenha uma pressão de
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fechamento e, assim, a continência urinária por período prolongado sem fadiga, e as fibras
estriadas está sob o controle voluntário do sistema nervoso e pode ser usado para impedir
conscientemente a micção, mesmo quando controles involuntários estão tentando esvaziar a
bexiga (GUYTON & HALL, 2002; ZANATTA & FRARE, 2003; OLIVEIRA & LOPES, 2006).
A submucosa constituída de tecido conjuntivo frouxo misturado com feixes de fibras musculares
lisas é um elaborado plexo vascular, cria um efeito vital para o mecanismo de continência
(OLIVEIRA & LOPES, 2006).
Sob o ponto de vista funcional, a integridade da camada de músculo liso circundante mantém
esse mecanismo, direcionando as pressões submucosas de expansão para dentro, em direção à
mucosa. A integridade do músculo liso e do tecido esponjoso vascular da uretra fornece uma
importante contribuição para o mecanismo de fechamento, possuindo, portanto, grande
importância para a continência urinária passiva normal. As fibras de músculo estriado,
extrínsecas à uretra no nível do diafragma urogenital, fornecem atividade esfincteriana reflexa e
voluntária, contribuindo principalmente para a continência ativa (WEI, RAZ & YOUNG, 1999).
Quando os músculos são mais requisitados do que o normal, eles são forçados a um trabalho
extra para superar uma resistência ou carga. Este trabalho conduz a um aumento de força, pois o
músculo se contrai e a síntese de proteínas musculares é estimulada. Após um período de
descanso e recuperação, novas proteínas são construídas tornando as fibras musculares maiores
em diâmetro e força (BRINCK & NERY, 2006).
A força muscular é a quantidade máxima de força que um músculo ou grupo muscular pode
gerar em um padrão específico de movimento e em uma determinada velocidade. O termo
treinamento de força tem sido usado para descrever um tipo de exercício que requer que os
músculos se movam (ou tentem se mover) (FLECK et al., 1999).
O grau de benefício que um programa de treinamento de força pode transferir para o
desempenho de um exercício e está muito relacionado ao treinamento de potência muscular e
este está em função da velocidade de execução de movimento e da força desenvolvida pelo
músculo, caracterizando assim a definição de potência como sendo a velocidade em que se
desempenha o trabalho, sendo esta altamente dependente da força (SIMÃO, 2001).
Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância da força e potência muscular. Os
treinamentos destas variáveis têm-se demonstrado efetivos na melhoria de várias capacidades
físicas, bem como o aumento da massa muscular (SIMÃO, 2001).
Então esses treinamentos visam à melhora na coordenação muscular e na flexibilidade o que
garantirá menor risco de lesão (JUNQUEIRA, RIBEIRO & SCIANNI, 2004). E esses ganhos de
força ocorrem devido à capacidade dos músculos de desenvolverem tensão e do sistema nervoso
de ativá-los, o que desencadeará um maior recrutamento de unidades motoras (MARCHAND,
2004).
O diâmetro do músculo corresponde ao volume da fibra e são através de exercícios elaborados
especificamente para desenvolver força que o tamanho dessas fibras musculares esqueléticas
pode ser aumentado. Isso é chamado de hipertrofia (KISNER & COLBY, 2002; LEITE et al.,
2004).
O trato urinário feminino baixo possui complexo mecanismo de controle que depende da
adequada interação entre os vários centros do Sistema Nervoso e da integridade anatômica da
bexiga, da uretra e do Assoalho Pélvico (AP) (MITRANO, 2004).
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O AP se refere coletivamente aos tecidos que ocupam espaço entre o cóccix e púbis. A área
inclui músculos esqueléticos sob controle voluntário, que respondem as mesmas técnicas de
treinamento dos músculos esqueléticos do corpo (HALL & BRODYY, 2001).
Em 1952, Kegel descreveu o AP como cinco camadas de fáscias e músculos presas ao anel ósseo
da pelve, e o definiu como apoio esfincteriano e sexual.
3. Período gestacional
A gestação é uma característica fisiológica da mulher e suas funções reprodutivas requerem uma
intensificação e adaptação dos processos metabólicos e fisiológicos do corpo de acordo com o
crescimento fetal (REDIVO et al., 2007).
De acordo com Anjos et al (2006), uma das principais causas da mudança na estática e na
dinâmica do esqueleto da gestante é o constante crescimento do útero, embora ele não pertença
ao sistema locomotor. Sua posição anteriorizada dentro da cavidade abdominal, além do aumento
no peso e no tamanho das mamas, são fatores que contribuem para o deslocamento do centro de
gravidade da mulher para cima e para frente, podendo acentuar a lordose lombar e promover uma
anteversão pélvica.
A fim de compensar essa hiperlordose lombar e manter a linha de visão, a gestante aumenta a
flexão anterior da coluna cervical, anteriorizando a cabeça, hiperestende os joelhos, alarga a base
de suporte e transfere o peso para a região dos calcâneos (ENKIN, 2005).
Durante a gestação, geralmente observa-se as seguintes alterações da função pulmonar: aumento
da capacidade vital, da capacidade inspiratória em fases mais tardias, redução do volume de
reserva expiratório, redução da capacidade funcional, aumento do volume corrente e manutenção
do volume expiratório forçado em um segundo (MIRANDA et al., 2009).
Mudanças mecânicas e bioquímicas interagem e afetam a função respiratória. O útero em
crescimento modifica a posição de repouso do diafragma e a configuração do tórax. O diafragma
eleva-se cerca de 4 a 5 cm acima da posição de repouso habitual, enquanto a caixa torácica se
amplia nos diâmetros ântero-posterior e transverso em torno de 2 cm. O ângulo subcostal
aumenta progressivamente de 68,5º para 103,5º, resultando em aumento de 5 a 7 cm na
circunferência torácica (LEMOS et al., 2005).
Já o coração aumenta de tamanho para acomodar o maior volume sangüíneo, fazendo assim o
débito cardíaco (DC) se elevar em cerca de 20% a 40%. O aumento no DC é influenciado pela
posição do corpo da mulher grávida a partir do segundo trimestre, é mínimo quando a gestante
assume a posição supina (decúbito dorsal) e máxima em decúbito lateral esquerdo, pois nessa
posição o útero exerce uma menor pressão sobre a artéria aorta. A freqüência cardíaca também
se altera, resultando em um aumento de 10 a 20 batimentos no último trimestre da gestação
(ANJOS et al, 2006). As modificações hemodinâmicas e cardíacas que ocorrem durante a
gestação guardam íntima relação com o resultado perinatal. A hipervolemia fisiológica da
gravidez garante o suporte de oxigênio e nutrientes para o feto e protege a mãe contra os efeitos
danosos da diminuição do retorno venoso, decorrente da compressão uterina durante a gestação e
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da perda sangüínea no parto demonstraram que gestantes com volemia inalterada ou pouco
aumentada, no período da embriogênese, têm fetos com restrição de crescimento intra-útero
(BARBOSA et al., 2005).
De acordo com Pascoal (2002), as doenças hipertensivas da gravidez, que complicam 5% a 8%
de todas as gestações, contribuem significativamente tanto para a morbimortalidade materna
quanto fetal. Uma importante distinção deve ser feita entre a síndrome pré- eclâmpsia/eclâmpsia,
reconhecida quando há elevação da pressão arterial pela primeira vez durante a gravidez, e a
hipertensão preexistente (crônica). Complicações fetais incluem crescimento fetal restrito,
prematuridade e mortalidade fetal e neonatal.
A Incontinência Urinária de Urgência (IUU) é a presença de contração vesical durante a fase de
enchimento desencadeada espontaneamente ou em resposta a estímulos e demonstrada de forma
objetiva, quando a paciente tenta inibir a contração (FOZZATI, 2008).
É chamada de Instabilidade em pacientes sem diagnóstico neurológico e de hiperreflexia em
pacientes com comprometimento neurológico. Resultando em micções freqüentes e
relativamente descontroladas. Esta condição deriva de uma lesão parcial da medula espinhal ou
do tronco cerebral que interrompe a maioria dos sinais inibitórios, ou por hipersensibilidade a
acetilcolina, aumento das fibras sensitivas na submucosa, ativação dos reflexos medulares,
principalmente em pacientes neuropatas e por deficiência ou diminuição do controle inibitório do
SNC (JUSTI, 2002)
Portanto, impulsos facilitatórios passando continuamente ao longo da medula mantém os centros
sacrais tão excitáveis que mesmo uma pequena quantidade de urina provoca um reflexo da
micção incontrolável, assim promove a micção frequente, quando a paciente sente forte desejo
de urinar e perde urina no trajeto até o banheiro classifica-se como Urge-Incontinência
(MATTOS, 2008).
A paciente tem sensação de plenitude vesical por diminuição da complacência.
A Incontinência de Urgência pode ser sensitiva ou motora e a diferenciação é feita no exame
urodinâmico.
Uma vez que a bexiga atinja sua capacidade máxima (350 - 650 ml), os receptores do interior do
músculo detrusor emitem sinais aos centros corticais do cérebro para se iniciar a fase de
esvaziamento.
Para iniciar o processo da micção é necessário que o córtex reconheça a repleção vesical (desejo
miccional) e decida a melhor hora e momento para desencadear o esvaziamento da bexiga.
A Fase de Esvaziamento acontece com a estimulação da contração do detrusor associada ao
relaxamento esfincteriano e dos músculos elevadores do ânus, permitindo que a bexiga elimine
seu conteúdo através de uma inversão desse gradiente de pressão, enquanto o córtex inibe o
relaxamento simpático da bexiga. A uretra se encurta o que diminui a resistência do fluxo. A
bexiga libera seu conteúdo sob controle voluntário dependendo diretamente de uma atividade
coordenada da uretra e do músculo detrusor.
Metodologia
Resultados e Discussão
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Em geral, a IUU sendo de origem multifatorial, necessita, portanto, de história completa, revisão
de sistemas, testes e medidas. A paciente pode auto-identificar o padrão dos sintomas urinários
na forma de anotações/diário. O exame adequado dos músculos do assoalho pélvico forma o
fundamento para um plano de intervenção.
As medidas internas da força da musculatura pélvica podem ser determinadas como
instrumentos especiais de avaliação, como um aparelho pneumático ou eletrônico. A American
Physical Association’s Section on Women’s Heath afirma que o exame interno dos músculos do
assoalho pélvico é compatível com a prática Fisioterapêutica, se adaptando às políticas nacionais
de Fisioterapia que exigem a realização de testes e medidas da função neuromuscular como
auxílio para a avaliação ou tratamento de condições médicas especifícas.
Com o avanço das pesquisas em fisiologia do trato urinário inferior e com o aprimoramento das
técnicas de diagnóstico, o tratamento conservador foi assumindo um importante papel na
reabilitação dessas pacientes através das diversas técnicas fisioterapêuticas. Convém ressaltar
que a IU não é uma condição que ponha em risco a vida dos pacientes, assim o bom senso
recomenda que os tratamentos menos agressivos devam ser tentados inicialmente.
O tratamento conservador da Incontinência Urinária de Urgência no pós-parto incluem
tratamento farmacológico e Fisioterapêutico. Apesar dos hormônios sexuais femininos terem
uma base teórica muito consistente no trato urinário inferior, o emprego clínico da Terapia de
Reposição Hormonal (TRH) no tratamento da IUU, que vem desde 1941, não apresentou
consenso no tocante à relação risco/benefício.
Fantl e cols submeteram a literatura disponível sobre a terapêutica estrogênica na IUU em
mulheres na pós-menopausa a metánalise, concluindo que há em geral, melhora no aspecto
subjetivo. Por outro lado, não encontraram evidências consistentes mostrando que a
estrogenoterapia para a IUU promova melhora dos parâmetros objetivos nas mulheres puérperas.
O uso de Alfa agonistas também são utilizados como tratamento farmacológico e atuam
contraindo a musculatura lisa uretral, promovendo aumento da resistência, seus efeitos colaterais
servem como obstáculo para que seu uso seja feito indiscriminadamente, principalmente em
pacientes hipertensas, com hipertireóidismo e doenças cardiovasculares.
Cada vez é mais importante pensar em prevenir problemas da musculatura do assoalho pélvico,
abandonando o hábito de prestar atenção nas disfunções quando os sintomas aparecem. Sabe-se
que o número de pessoas com IUU vem acompanhando o aumento da longevidade de mulheres
no pós-parto, além disso, é freqüente ocorrer lesão dos músculos pélvicos durante um parto.
Esses músculos, ao contrário de outros no organismo, não movimentam um membro ou uma
articulação, por esta razão sua atuação não é percebida e não se faz nenhuma ação no sentido de
preservar a suas funções.
A prevenção visa à realização de exercícios que aumenta a força do esfíncter externo da bexiga
fortalecer a musculatura pélvica, mais especificadamente o músculo elevador do ânus; evitar
contraturas; manter a tonicidade muscular; melhorar a capacidade de recrutamento da
musculatura, melhorar a transmissão de pressões na uretra e também a coordenação reflexa
durante o esforço; reforçando assim o mecanismo de continência e a coordenação reflexa durante
o esforço.
A reeducação pélvica perineal, a contração do intróito vaginal contra a resistência, exercícios
descontraturantes; exercícios de Kegel, são algumas técnicas Fisioterapêuticas que podem ser
utilizadas de forma preventiva. O fortalecimento desses músculos é muito importante não só na
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gestão da incontinência urinária, mas sim durante toda a vida; pois os mesmos agem como uma
rede para apoiar o útero, a bexiga, intestinos e outros órgãos da bacia.
Observa-se que com o aumento crescente das disfunções do trato urinário inferior, determinados
aspectos estão necessitando maiores discussões dentro do Sistema Único de Saúde (SUS),
corroborando a importância do Fisioterapeuta no Programa Saúde da Família para que o mesmo
venha intervir na elevada prevalência de Incontinência Urinária de Urgência. É necessário
facilitar o acesso das mulheres puerpéras a esses tipos de atendimentos e conscientizá-los sobre a
atuação deste profissional nas disfunções do trato urinário, promovendo a deselitização desse
meio de atendimento.
A principal implicação deste aspecto primário traduz a possibilidade de dar o direito a todos a se
atuar neste nível, construindo uma nova história de assistência em saúde. Entretanto, avançar no
campo da Saúde Pública, exige ação política concreta.
Conclusão
Referências
ANJOS, G.C. M; PASSOS, V; DANTAS, A.R. Fisioterapia Aplicada à Fase Gestacional: Uma
Revisão da Literatura. FisioWeb . 2006.
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GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
JUSTI, C.M; BRAZ, M.M. Estudo Comparativo dos Principais Desconfortos no Puerpério
Imediato de Parto Normal e Cesariana. 2002.
POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. 2. ed. São Paulo, SP:
Santos, 2000.