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A EXECUÇÃO DO PROJETO

Nessa segunda aula do nosso Workshop vamos elaborar o


projeto elétrico de uma sala comercial do zero, acompanhe
com atenção a aula que todas as informações passadas
são muito importantes!

1º Passo: Organizarmos a pasta com todos os arquivos


recebidos e conferimos se todas os documentos necessários
estão disponíveis;

2º Passo: Após o 1º passo conferimos todas as informações


do projeto (altura do pé direito, tipo de laje, localização das
colunas);

3º Passo: Vamos criar um novo arquivo no AutoCAD, é nesse


arquivo que iremos elaborar o projeto. Primeiro vamos
colar nele todas as informações importantes definidas
pela arquitetura, devemos inserir:
• Layout da Sala
• Planta de tomadas;
• Planta de interruptores;
• Planta luminotécnica.

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Figura 1 - Exemplo planta de tomadas definida pela arquitetura

Após inserir as referências no novo arquivo, iremos preparar


o desenho que iremos trabalhar, removendo todas as
informações desnecessárias e em seguida passar todo
layout para uma única layer (você pode criar uma nova
layer para passar todo desenho de arquitetura) esse passo
é importante para que o projeto elétrico se destaque no
desenho. Após passar todo layout para uma única layer
selecionamos todos os desenhos e criamos um bloco para
facilitar o trabalho quando formos inserir os pontos de
iluminação e tomadas.

Comandos do AutoCAD utilizados:


• MO - Move objetos em uma distância e uma direção
especificadas;
• LAYISO – Isola todos os desenhos que estão na layer
selecionada;
• LAYER – Abre a janela para criação das layers;
• REFEDIT – Comando para edição dos blocos;

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• EXPLODE – Comando utilizado para explodir blocos;
• BLOCK – Cria um bloco com todos os elementos
selecionados;
• PURGE – Apaga todos os itens não utilizados no projeto;
• AUDIT – Corrige possíveis erros no arquivo.

4º Passo: Nesse passo iremos inserir todos os pontos de


iluminação e tomadas definidos pelo projeto de arquitetura.
Para nos auxiliar nesse passo podemos criar uma biblioteca
com toda simbologia que será utilizada e tornar esse
processo mais simples e rápido. Na hora de inserir os pontos
devemos observar os seguintes critérios:
• O ponto pode ser inserido diretamente na parede ou
vai ser necessário criar um revestimento?
• Podemos inserir caixas octogonais para todo ponto de
iluminação, para que seja feita emendas e derivações
no circuito.
• Devemos tomar cuidado com possíveis interferências
com janelas e outras estruturas, caso seja necessário
podemos utilizar caixas de passagem para fazer a
instalação dos pontos.
• Verificar pontos de iluminação onde será necessário
utilizar interruptores simples e paralelos, podemos
identificar o interruptor paralelo através da letra “W”.

Comando do AutoCAD utilizado:


• STRETCH - Estica os objetos cruzados por uma janela
ou polígono de seleção.

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Figura 2 - Pontos de tomadas, caixa de
passagem e caixa octogonal para iluminação

Figura 3 - Esquema de ligação interruptor


simples e paralelo

Nesse passo devemos inserir o quadro de distribuição,


sempre tomando cuidado para inserir no local onde chega
os condutores de alimentação e também em uma parede
que não tenha tubulação de água passando para evitar
possíveis acidentes.

5º Passo: Após inserir todos os pontos elétricos devemos


fazer a separação dos circuitos da instalação, levando em
consideração a potência, o tipo e a utilização (iluminação,
tomadas de uso geral, tomadas de uso específico, etc),
podemos dividir os circuitos da seguinte forma:

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• Circuito para Iluminação geral – Sempre mais de um
circuito, para auxiliar em caso de manutenção, com
potência estimada entre 1200 a 1500W;
• Circuitos para Tomadas de uso geral – Cada circuito
com uma potência total entre 1600 a 1700W, setorize e
crie um limite de potência;
• Circuitos para Tomadas de uso específico (micro-ondas,
chuveiro, etc);
• Circuito exclusivo para aparelhos de Ar condicionado;
• Circuito exclusivo para iluminação de emergência,
os pontos de iluminação de emergência devem ser
instalados a fim de cobrir todas as áreas em que a falta
de iluminação possa ocasionar riscos de acidentes ou
perturbação na saída de pessoal. De modo geral, as áreas
mais importantes de serem dotadas de iluminação de
emergência são:
• Corredores;
• Saídas;
• Salas de recepção;
• Salas de reunião.

Após fazer a separação de todos os circuitos, fazemos a


identificação de todos os pontos:
• Para os pontos de iluminação identificamos o circuito,
a potência da lâmpada e a identificação do ponto de
comando.

Figura 4 - Identificação
luminária

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• Para os pontos de tomadas, caso seja de uso geral
podemos identificamos o circuito e para tomadas de
uso específico inserimos o circuito e a potência daquele
ponto e a altura de instalação para pontos em que a
altura de instalação não é a usual.
Comando do AutoCAD utilizado:
• FIND – Comando utilizado para localizar e substituir
texto em um desenho.

6º Passo: Devemos inserir toda tubulação e fiação de


forma que seja criado o menor caminho entre o quadro
de distribuição até todos os pontos da instalação. Sempre
devemos analisar como deverá ser feita a instalação
das caixas octogonais para iluminação e a fixação dos
eletrodutos na laje, no caso do nosso exemplo como a
edificação terá forro a instalação deverá ser feita como
mostrado na Figura 5.

Figura 5 - Detalhe de instalação eletroduto e


caixa octogonal

Os eletrodutos utilizados serão de polietileno flexível Ø3/4”


para todos os trechos exceto onde indicado contrário, para
o dimensionamento dos eletrodutos devemos respeitar
a taxa de ocupação máxima conforme item 6.2.11.1.6 da
NBR-5410.

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Para a inserção da tubulação podemos seguir os seguintes
critérios:
• Definir uma layer específica para os eletrodutos que
serão instalados no teto e parede e uma para eletrodutos
no piso (tracejado);
• Evitar utilizar interruptor como caixa de passagem;
• Interligar caixa octogonal com caixa octogonal;
• Definir uma quantidade máxima de circuitos por
eletroduto (tentar não ultrapassar três circuitos).
Depois de instalar toda tubulação devemos inserir as
indicações dos circuitos para cada trecho, para realizar
esse procedimento podemos seguir os seguintes itens:
• Sempre começar do ponto mais distante do quadro e
ir fazendo o percurso inverso até chegar no quadro de
distribuição;
• Para circuitos de tomadas devemos levar os condutores:
fase, neutro e terra ou fase, fase e terra dependendo da
tensão de trabalho e condutores de no mínimo 2,5mm²
para circuitos de força;

Figura 6 - Simbologia para indicação de condutores

• Para interruptores sempre levamos fase e retorno,


respeitando a seção mínima de 1,5mm² para circuitos
de iluminação;
• Para as luminárias devemos levar condutores Neutro,
Retorno e Terra.
• Como na maioria dos projetos os condutores são de
2,5mm² procuramos não identificar na planta (inserimos
uma nota) para não poluir o desenho e dificultar a leitura,
porém todos os condutores com seção diferente de
2,5mm² devemos fazer a indicação na planta.
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Comandos do AutoCAD utilizados:
• LAYER – Abre a janela para criação das layers;
• POLYLINE - Cria uma polilinha 2D, um objeto único
que é composto de segmentos de linha e arco;
• FILLET - Arredonda ou faz concordância das arestas de
dois objetos 2D ou das faces adjacentes de um sólido 3D;
• SCALE - Amplia ou reduz os objetos selecionados,
mantendo as mesmas proporções do objeto após o
redimensionamento;
• JOIN - Une os pontos finais dos objetos lineares e curvos
para criar um único objeto.

7º Passo: Iniciar a elaboração do quadro de cargas, inserindo


todas as informações dos circuitos, como por exemplo:
identificação dos circuitos, potência, fator de potência,
definição da proteção e da fiação que será utilizada, e
com essas informações é onde iremos dimensionar os
elementos restantes do projeto.

Figura 7 - Quadro de cargas

Para o quadro de cargas devemos inserir por exemplo as


seguintes informações:
• Numeração e descrição dos circuitos: a nomenclatura
utilizada na planta baixa deve ser igual a descrita no
QDC e a descrição do circuito devemos informar qual
a carga e onde ela está instalada.

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• Pontos de iluminação, tomadas e cargas especiais:
nesses campos devemos inserir a quantidade de pontos
de acordo com a potência e caso o projeto tenha alguma
carga específica inserimos na coluna carga especial.

Figura 8 - Pontos de iluminação,


tomadas e carga especial

• Potência Ativa (W), Fator de Potência, Potência Aparente


(Va), Tensão (V) e Corrente (A): a Potência Ativa será a
soma de todas as cargas do circuito, no campo do fator de
potência o projetista deve inserir o valor de acordo com
as cargas instaladas, a Potência Aparente é o quociente
da divisão da Potência Ativa pelo Fator de Potência, a
tensão para circuitos monofásicos devemos inserir o
valor de (F+N) e circuitos bifásicos a tensão (F+F) e as
correntes corresponde ao quociente entre a Potência
Aparente pela Tensão.
• Disjuntores, condutores e corrente real (Iz):
• Disjuntores: devemos mostrar a corrente nominal do
disjuntor, o tipo de curva “B” ou “C” e a capacidade de
interrupção;
• Dispositivos de proteção: informar se para o circuito
deverá ser instado DR conforme item 5.1.3.2.2 da NBR-
5410;

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• Condutores: inserir o método de instalação (conforme
Tabela 33 da NBR-5410) que influencia na capacidade
de condução de corrente do disjuntor, a classe de
encordoamento que define a maleabilidade do condutor,
material de isolação, tensão de isolação e a área dos
condutores em mm². Em seguida devemos inserir o
fator de agrupamento dos circuitos (conforme Tabela
42 da NBR-5410) e de temperatura, devemos inserir
também a capacidade de condução de corrente do
condutor levando em consideração o material, o tipo
de isolação e o método de instalação (conforme Tabelas
36 a 39), por fim encontramos a corrente corrigida que
é encontrada multiplicando o (fator de agrupamento
x fator de temperatura x capacidade de condução de
corrente nominal) garantindo que seja respeitado o
critério de sobrecarga da NBR-5410:

8º Passo: Elaboração do cálculo de demanda e queda de


tensão, esses são os principais cálculos solicitados pelas
concessionárias para aprovação dos projetos, além de serem
utilizados para definição da categoria de fornecimento de
energia e dimensionamento dos condutores que serão
instalados.
Devemos fazer o cálculo de demanda em uma edificação
(predial, comercial, industrial, residencial) pois nem todos
os equipamentos estarão simultaneamente conectados,
calculamos a demanda para então fazer o dimensionamento
da entrada de serviço de energia elétrica das edificações,
evitando que os componentes sejam superdimensionados
adotando valores o mais próximo possível da realidade.
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Para o cálculo de demanda devemos dividir os equipamentos
elétricos em grupos, sendo que cada um possui um fator
de demanda específico, valor este encontrado nas normas
técnicas das concessionárias, os grupos mais comuns
considerados pelas concessionárias são:
• Ar condicionado
• Fornos
• Motores
• Iluminação e tomadas de uso geral
• Aquecedores de acumulação
• Chuveiros

Figura 9 - Exemplo de fator de demanda para instalações de iluminação e


tomadas de uso geral

No 8º passo devemos ainda fazer o cálculo de queda de


tensão para cada circuito, a queda de tensão é um dos
critérios de dimensionamento de condutores definido
pela NBR-5410 no item 6.2.6.1.2.

“6.2.6.1.2 A seção dos condutores deve ser determinada


de forma a que sejam atendidos, no mínimo, todos os
seguintes critérios:
e) os limites de queda de tensão, conforme 6.2.7; ”.

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Respeitando a sequência de cálculo, quando calculamos
a queda de tensão já teremos definido o condutor pelos
outros critérios de dimensionamento (seção mínima,
sobrecarga, capacidade de condução de corrente, queda
de tensão).
Os limites de queda de tensão que devem ser respeitados
também são definidos pela NBR-5410 no item 6.2.7:

“6.2.7 Quedas de tensão


6.2.7.1. Em qualquer ponto de utilização da instalação,
a queda de tensão verificada não deve ser superior aos
seguintes valores, dados em relação ao valor da tensão
nominal da instalação:
a) 7%, calculados a partir dos terminais secundários
do transformador MT/BT, no caso de transformador de
propriedade da (s) unidade (s) consumidora (s);
b) 7%, calculados a partir dos terminais secundários
do transformador MT/BT da empresa distribuidora de
eletricidade, quando o ponto de entrega for aí localizado;
c) 5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais
casos de ponto de entrega com fornecimento em tensão
secundária de distribuição;
d) 7%, calculado a partir dos terminais de saída do gerador,
no caso de grupo gerador próprio. ”

A Queda de Tensão nada mais é do que uma perda de


tensão gerada no decorrer da Instalação elétrica, que
é influenciada pela resistência interna do condutor, o
comprimento e pela corrente do circuito. Para realizar o
cálculo utilizamos a seguinte formula:

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Os fabricantes irão disponibilizar os valores de impedâncias
aproximadas dos condutores isolados, unipolares e
multipolares em conduto fechado, bandejas e afins com
fatores de potências padronizados de 0,8 e 0,95.

Figura 10 - Impedância padronizada


(V/A.km)

9º Passo: Devemos fazer o balanceamento de fase de modo


a obter o maior equilíbrio possível distribuindo as cargas de
forma mais uniforme possível entre as fases (diferença entre
fases de no máximo 10%), e também o dimensionamento
final dos eletrodutos e da fiação verificando novamente
todos os critérios de dimensionamento utilizados nos
passos anteriores.

Figura 11 - Balanceamento de fases

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10º Passo: Após dimensionar todos os circuitos, as proteções,
os condutores, balanceamento de cargas e de posse do
Quadro de Cargas completo elaboramos o diagrama
unifilar item essencial em todos os projetos elétricos. O
Diagrama unifilar é um esquema no qual estarão indicados
os componentes principais da instalação e suas interligações
elétricas fundamentais, em resumo é a representação
esquemática do quadro de distribuição, que auxilia na
hora da montagem dos quadros.

Figura 12 - Exemplo de diagrama unifilar

Na nossa próxima aula iremos detalhar os passos mais


importantes para entrega do projeto elétrico, iremos
inserir os detalhes do projeto, montar as pranchas e plotar
o projeto do jeito correto para enviar para o cliente. Não
perca!

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