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https://doi.org/10.15202/1981996x.2019v13n4p148

O USO DE FLORAIS DE BACH EM CRIANÇAS COM TDAH


THE USE OF BACH FLORALS IN ADHD CHILDREN

Mariana da Silva Barros


Graduanda em Farmácia pelo Centro Universitário Augusto Motta,
UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Vivian Ramires de Barros


Graduanda em Farmácia pelo Centro Universitário Augusto Motta,
UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Caroline Deckmann Nicoletti


Mestre em Ciências pela Universidade Federal Fluminense, UFF.
Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário
Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.
E-mail: caroline_nicoletti@yahoo.com.br

Leonor Monteiro do Nascimento*


Doutora em Biotecnologia Vegetal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ.
Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário
Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.
E-mail: leonorphyton@yahoo.com.br

* Autor para correspondência

RESUMO

O transtorno no déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças é descrito desde 1890


e entre os principais sintomas estão a inquietude, a impaciência e a desatenção; geralmente
tratados com medicamentos alopáticos e psicoterapia. Este artigo aborda o uso das essências
dos florais de Bach em seu tratamento como terapia complementar. Foram pesquisados
artigos científicos publicados entre o ano de 2003 e 2017. Foram encontrados dois estudos
com resposta positiva ao uso dos florais e um estudo que não obteve eficácia com a terapia.
Esse tratamento foi proposto a crianças e adolescentes de diferentes idades, sexo e raça,
levando em consideração aspectos financeiros da família e estado civil dos pais. Os resultados
apareceram após um mês de tratamento e foi observado um alto índice de abandono.

Palavras-chave: Essências Florais. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).


Tratamento complementar.

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ABSTRACT

Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in children has been described since 1890
and among the main symptoms are restlessness, impatience and inattention; usually treated
with allopathic medications and psychotherapy. This article discusses the use of Bach flower
essences in their treatment as complementary therapy. We searched scientific articles
published between 2003 and 2017. We found two studies with positive response to the use
of florals and one study that was not effective with therapy. This treatment was proposed to
children and adolescents of different ages, gender and race, taking into consideration
financial aspects of the family and marital status of the parents. Results appeared after one
month of treatment and a high dropout rate was observed.

Keywords: Flower Essences. Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). Complementary


treatment.

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma alteração no


desenvolvimento do sistema nervoso caracterizado pelos sintomas de distração,
impulsividade e hiperatividade. É um transtorno do sistema nervoso central, de origem
genética, causado pela diminuição da produção de catecolaminas, uma classe de
neurotransmissor responsável pelo equilíbrio do sistema neural, contendo aqueles que
comandam a atenção, a ação motora e o ânimo. Além do fator genético, a causa do TDAH
também pode ser referente ao traumatismo ocasionado no parto, enfermidades ou acidentes
que aconteceram no princípio do desenvolvimento do sistema nervoso central (ARAÚJO,
2004).
O diagnóstico é feito principalmente na fase escolar, devido à dificuldade causada pelo
baixo desempenho da criança, fazendo com que ela fique sem motivação, com autoestima
baixa, desapontada e com abundante raiva, aumentando assim a hiperatividade (GIRALDO,
2017). As crianças portadoras de TDAH não conseguem se concentrar em sala de aula e são
caracterizadas como distraídas, que “vivem no mundo da lua”, estabanadas e inquietas. Os
profissionais de ensino possuem certa dificuldade em diferenciar o TDAH com o
comportamento desobediente do aluno (FERREIRA, 2017).
As técnicas e os instrumentos utilizados pelos profissionais da área da Psicologia são
importantes para auxiliar na realização do diagnóstico e o tratamento do TDAH. Um caso
como o TDAH pode simplesmente ser diagnosticado e tratado de várias formas devido à

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complexidade e particularidade que possui. É fundamental que os profissionais de áreas
diferentes que realizam atividades com os portadores apresentem uma “linguagem” comum,
para que os pacientes consigam obter um tratamento adequado. O objetivo é fazer com que
haja interferência de forma criativa e construam um conhecimento sobre o TDAH que possa
ser empregado, ser entendido e aceito pelos profissionais de diferentes áreas que trabalham
com as pessoas que tem esse transtorno. As atividades metodológicas usadas pelos psicólogos
no trabalho com o TDAH possuem grande importância, pois servirá como modelo direcionador
de novas tarefas na área (MISAWAA; ROSSETTI, 2014).
Além das práticas psicossociais, pedagógicas e fonoaudiólogas, a terapêutica realizada
para o tratamento do TDAH é o cloridrato de metilfenidato (nome comercial Ritalina®), sendo
a droga mais utilizada na maioria dos casos. Essa medicação auxilia na melhora da capacidade
de concentração, no controle da ação impulsiva e, principalmente, aumenta o desempenho
escolar. Entretanto, a utilização prolongada do metilfenidato é duvidosa, podendo causar
efeitos adversos importantes, como insônia, diminuição de apetite, estresse, ansiedade, entre
outros (OLIVEIRA, 2017).
Ultimamente, a curiosidade dos pacientes e dos profissionais da área da saúde pela
terapêutica complementar e alternativa vem crescendo cada vez mais, proveniente dos
resultados insatisfatórios da medicina tradicional e nesse meio encontram-se a terapia floral,
conhecida como Floral de Bach (OLIVEIRA, 2017).
A terapia floral teve início na Inglaterra com o médico Edward Bach no ano de 1930.
Dr Bach distribuiu um conjunto de 38 essências desenvolvidas com o propósito terapêutico,
classificadas em sete grupos: para os que sentem medo, que sofrem de indecisão, que sentem
solidão, para a falta de interesse no presente, para a hipersensibilidade a influências e
opiniões, para o desalento ou desespero e para a excessiva preocupação com o bem-estar.
Essas essências são utilizadas simultaneamente a outros tratamentos, e não apresentam
efeitos colaterais (JESUS; NASCIMENTO, 2005). No quadro 1 está mostrado as essências florais
e suas indicações (THALER et al., 2009).

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Quadro 1 - Florais de Bach e suas indicações

Florais Indicação
Agrimony Tortura mental por trás de um rosto alegre
Aspen Medo do desconhecido
Beech Intolerânica, perfeccionismo
Centaury A incapacidade de dizer ‘’não’’
Cerato Falta de confiança nas próprias decisões
Cherry Plum Medo de perder o controle. Compulsão alimentar e vícios.
Chestnud Bud Falha em aprender com os erros. Aprendizado e memória.
Chicory Necessita da apreciação dos outros
Clematis Sonhador, distraído, sonolentos e falta de interesse.
Crab Apple Auto ódio, má imagem corporal
Elm Sobrecarregado pela responsabilidade
Gentian Desânimo, pessimismo
Gorse Desesperança e desespero
Heather Egocentrismo e auto preocupação
Holly Ódio, inveja
Honeysuckle Nostalgia causada pelo passado
Hornbeam Cansado ao pensar em fazer algo, desmotivados com a rotina.
Impatiens Impaciência nervosismo, falta de cooperação.
Larch Falta de confiança, medo
Mimulus Personalidade tímida e nervosa
Mustard Melancolia sem motivo
Oak Continua indo além do ponto de exaustão
Olive Exaustão após esforço mental e físico.
Pine Auto culpa
Red Chestnut Preocupação excessiva com os familiares
Rock Rose Pesadelos, terror, susto. Emergência associado ao Rescue
Remedy.
Rock Water Autonegação, rigidez, auto repressão, inflexíveis e detalhistas.
Scleranthus Incapacidade de optar entre alternativas, calados.
Star of Bethlehem Choque, perda, luto, traumas emocionais presente ou passado.
Sweet Chestnut Angústia mental extrema
Vervain Excesso de entusiasmo e perfeccionismo, ideias definidas
Vine Dominância e inflexibilidade
Walnut Mudanças, divórcio, puberdade
Water Violet Orgulho e indiferença
White Chestnut Pensamentos indesejados, concentração, memória e insônia.
Wild Oat Incerteza sobre a direção da vida
Wild Rose Apatia, designação. Deriva
Willow Autopiedade e ressentimento
Rescue Remedy Usado em combinação com Star of Bethlehem, Rock Rose, Cherry
Plum e Clementis em casos de emergência, para combater o medo
e o pânico.
Fonte: Adaptado de Thaler et al., 2009.

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De acordo com a Portaria Nº 702, de 21 de março de 2018, a terapia floral foi incluída
como uma nova prática na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), na qual oferece tratamentos alternativos à medicina baseada em evidências que são
oferecidos pelo SUS (BRASIL, 2018).
O objetivo desse artigo é apresentar formas não convencionais ou alternativas de
tratamento para o TDAH, mostrando a eficácia da terapia floral como uma terapia integrativa
e complementar em indivíduos portadores desse transtorno.

2 METODOLOGIA

Para realização do trabalho, foram feitas pesquisas em artigos científicos nos idiomas
português, inglês e espanhol nas bases eletrônicas de dados: Bireme, Scielo, Lilacs, Pubmed e
Google Acadêmico, além de pesquisas compatíveis com o tema proposto. Foram utilizadas
como palavras-chave específicas: Essências Florais, Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), Tratamento complementar.
Foram inseridos neste estudo descritivo ensaios clínicos controlados, que aplicaram a
intervenção com a terapêutica floral em crianças e adolescentes diagnosticadas com TDAH,
publicados entre 2009 e 2011, em espanhol. Os resultados principais escolhidos foram: análise
da melhora e da solução dos sintomas. Os três estudos não apontaram a observação dos
efeitos adversos do uso dos florais de Bach e a eficácia da terapêutica foi avaliada nos estudos
de Veránes (2010) e Fernández (2011), com a analogia das ferramentas utilizadas para
avaliação dos sintomas antes e depois da intervenção comparados aos resultados do grupo
controle. O estudo de Thaler et al. (2009) abordou a não eficácia dos florais, devido ao
abandono do tratamento e a administração irregular.
As essências florais utilizadas diferem entre os estudos, como pode ser observado no
quadro 2:
Quadro 2 - Essências florais empregadas nos estudos incluídos
Thaler et al. (2009) Veranés (2010) Fernández (2011)
Star of Bethlehem, Rock Chestnut Bud, Impatiens, Impatiens, Vervain e
Rose, Impatiens, Cherry Olive, Rock Water, Vervain, Whitechestnut.
Plum e Clematis. White Chestnut, Clematis,
Horbean, Sclerantus e Star of
Bethlehem.

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As crianças com TDAH apresentam alguns sintomas habituais em comum que
diminuem com a utilização de algumas essências florais como Impatiens, Vervain, White
Chestnut, Cherry Plum, Clematis, Olive, Rock Rose, Rock Water, Hornbeam, Scleranthus e Star
of Bethlehem como mencionado por Jesus e Nascimento, 2005.
A medicação floral pode ser preparada em farmácias de manipulação ou por
terapeutas florais. Para a realização do preparo, é necessário utilizar duas gotas da essência
concentrada e misturar com 23 ml de água mineral, incluindo 7 ml de conhaque ou álcool de
cereais ou glicerina como conservantes. O ideal é o armazenamento em frasco de vidro âmbar
de 30 ml. A dose habitual é de 4 gotas da preparação, pingadas diretamente na boca, 4 ou
mais vezes ao dia (JESUS; NASCIMENTO, 2005; ABFH, 2003).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas pesquisas com o objetivo de avaliar a eficácia da terapia floral no


tratamento das crianças portadoras do TDAH, a fim de minimizar ou diminuir os transtornos
ocasionados por esse distúrbio. Estudos encontrados mostram dois resultados favoráveis do
uso da terapia floral de Bach e um que não obteve eficácia com a terapia floral como mostrado
no Quadro 3.

Quadro 3 - Resultados encontrados com a eficácia da terapia e a não eficácia

Autor/Ano Fernández (2011) Veranes (2010) Thaler (2009)


País Cuba Cuba Israel
Idade 4-7 anos 7-9 anos 6-11 anos
Essências Impatiens, Vervain e Chestnut Bud, Impatiens, Star of
florais White Chestnut Olive, Rock water, Vervain, Bethlehem,
utilizadas White Chestnut, Clematis, Rock Rose,
Horbean, Sclerantus e Star Impatiens,
of Bethlehem Cherry Plum e
Clematis
Posologia 4 gotas, 4 vezes ao Não informado Não informado
dia
Duração 3 meses 4 meses 3 meses
Delineamento Apenas terapia florais Tratamento Terapia floral
psicopedagógico + terapia versus placebo
floral versus tratamento
psicopedagógico
Resultados Eficácia em 50 % dos 30 dias de tratamento sem Melhora na
casos, sendo 43,8 % eficácia terapêutica, 60 média de ambos

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boa resposta e 6,2 % dias com 50 % das crianças os grupos, sem
resposta moderada que apresentaram melhora diferenças
no primeiro mês, na hiperatividade, significativas, o
33,3 % no segundo impulsividade e que não prova a
mês obtiveram desatenção. Em 90 dias, as eficácia dos
resultados e no crianças se mostram mais florais.
terceiro mês, ao final calmas e apresentam
do tratamento, 93,8 melhora no
% obtiveram eficácia relacionamento. Em 120
com o tratamento e dias, 85 % das crianças
6,2 % não obtiveram apresentaram melhoras
eficácia. significativas, 10 % não
apresentou melhora e 5 %
leve melhora.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

Segundo o estudo de Fernández (2011), foram avaliadas 48 crianças pertencentes à


Policlínica Universitária Josué País Garcia de Santiago, localizada em Cuba, no período de
março a julho de 2010. De acordo com a pesquisa o sexo masculino prevalece principalmente
entre a faixa etária de 4-7 anos. Entre os sintomas mais frequentes estão: atividade motora e
impaciência (100%), falta de concentração e atenção (93,7% para cada caso) e baixa
percepção do perigo (95,2%). O plano terapêutico foi de três meses e os florais utilizados
foram: Impatiens, Vervain e White Chestnut. Sua utilização foi orientada da seguinte maneira:
Administrar 4 gotas sublingual, 4 vezes ao dia, 15 minutos após a refeição, evitando que a
saliva do paciente entre em contato com a cânula para que não haja contaminação.
Resguardar o recipiente da luz e da umidade (FERNÁNDEZ, 2011).
Os resultados apontaram que a terapia começou a ser eficaz após um mês de
tratamento, em que 24 crianças apresentaram melhora, o que corresponde a 50% dos casos,
21 melhoraram bastante (43,8%) e 3 apresentaram melhora moderada (6,2%). Dezesseis
crianças (33,3%) obtiveram resultado em dois meses e cinco (10,4%) com três meses. No final
do tratamento, 43 crianças (93,8%) obtiveram eficácia com o tratamento e apenas 3 (6,2%)
não obtiveram eficácia, sendo encaminhados para o consultório de psiquiatria infantil
(FERNÁNDEZ, 2011).
De acordo com o estudo de Veranes (2010), foi elaborada uma análise com 40 crianças
na fase escolar, na faixa etária de 7 a 9 anos, já diagnosticadas com TDAH, tratadas na
psicopedagogia Policlínica de Especialidades, pertencentes ao Hospital ‘’Dr Juan de la Cruz

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Martinez Maceira’’, localizada em Santiago, Cuba. Esse estudo foi realizado no primeiro
semestre de 2005, com o objetivo de avaliar a eficácia da terapia floral no tratamento dessas
crianças. Foram formados dois grupos de tratamento com 20 membros em cada: o primeiro
foi chamado de grupo de estudo, tratado com a terapia floral e o tratamento psicopedagógico,
em que teve maior diminuição das alterações comportamentais e emocionais e o outro de
grupo controle, que receberam apenas o tratamento psicopedagógico (VERANES et al., 2010).
O tratamento psicopedagógico foi realizado em 12 sessões, onde foram abordados os
seguintes temas: identificação das preocupações e problemas familiares em crianças com
TDAH, refletir sobre o comportamento da criança em diferentes contextos, fortalecer as
relações de amor pela família, avaliar de forma abrangente o cumprimento dos objetivos do
tratamento, entre outros. Os florais utilizados no estudo foram: Chestnut bud, Impatients,
Olive, Rock Water, Verbain, White Chesnut, Clematis, Horbean, Sclerantus e Star of
Bethelthen (VERANES et al., 2010).
Para a análise do tratamento, foram usadas três categorias: melhorada, ligeiramente
melhorada e não melhorada. As crianças foram avaliadas durante os 30, 60, 90 e 120 dias de
tratamento. Os sintomas como hiperatividade e desatenção prevaleceram nas crianças de
ambos os grupos e a impulsividade em menor percentual (90%). Após 30 dias de tratamento,
não houve resposta terapêutica no grupo de estudo em relação ao controle, mas ocorreu um
avanço na redução dos sintomas. Depois de 60 dias, 50% das crianças apresentaram melhora
nos sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção e mostraram-se mais acessíveis
ao cumprimento de tarefas e atividades em grupo. Com 90 dias de tratamento, as crianças do
grupo de estudo mostraram-se mais calmas, organizadas, disciplinadas e com melhor
relacionamento comunicativo. Apenas 15%, correspondendo a 3 delas, não apresentou
melhora. Já com 120 dias após o início do tratamento (Quadro 3), 85% do grupo de estudo
apresentou uma melhora evidente no comportamento e no equilíbrio emocional. Apenas dois
casos não apresentaram mudança satisfatória nos sintomas (VERANES et al., 2010).
Conforme o estudo de Thaler (2009) foi relatado dois ensaios clínicos realizados em
Israel. Neste estudo 40 crianças de 6 a 11 anos diagnosticadas com TDAH foram submetidas
ao uso dos florais e placebo. As essências de florais utilizadas foram: Star of Bethlehem, Rock
Rose, Impatiens, Cherry Plum e Clematis, onde fizeram três meses de tratamento um grupo
com florais e outro com placebo. O método utilizado foi a Escala de Conner, destinada a pais
e professores para diagnóstico do TDAH. O resultado obtido foi a melhora das médias de

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ambos os grupos sem diferenças significativas, o que não prova a eficácia dos florais. Foi
observado também a alta taxa de abandono por ser uma medicação administrada 4 vezes ao
dia em crianças se torna inviável. Por isso talvez não tenha sido observado melhoras
significativas devido a uma administração irregular.
É de grande importância ressaltar que o uso dos Florais de Bach não é restrito apenas
às crianças e sim também aos responsáveis que muitas vezes sofrem com o baixo desempenho
das crianças. Os florais ajudam as crianças a lidar com os desafios do dia-a-dia, como o medo,
a impaciência, a impulsividade, e a solidão. As crianças portadoras de TDAH não possuem
muitas amizades e por serem muito agitadas fazem com que as outras crianças que não
possuem o distúrbio não tenham paciência.

4 CONCLUSÃO

Com base nos resultados fica evidente a escassez de estudos com o uso da terapia
floral para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Os melhores
resultados são alcançados a partir do primeiro mês de tratamento, obtendo-se melhores
resultados ao longo prazo, bem como o uso combinado da terapia floral com o tratamento
psicopedagógico.
A necessidade de uso por quatro vezes ao dia e a demora para a observação da
melhora comportamental mostraram-se como grandes obstáculos para a continuidade do
tratamento e obtenção de resultados significativos.
A proposta deste trabalho não é a substituição do medicamento alopático e/ou terapia
psicopedagógica, mas sim demonstrar a utilização da terapia floral associada como terapia
complementar visando o bem-estar de crianças, tratando não só aspectos físicos e,
principalmente, psicológicos, podendo assim proporcionar um tratamento completo.

REFERÊNCIAS

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