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Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha

CESF

DIREITOS E DEVERES DO CONSUMIDOR

Douglas Rafael Bernardini


Edson Tosi
Lucas Valar

Farroupilha
2012

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DIREITOS E DEVERES DO CONSUMIDOR

Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha


Trabalho da disciplina de Economia
Bacharel em Direito
Profa. Eraida Kliper Rossetti

Douglas Rafael Bernardini


Edson Tosi
Lucas Valar

Farroupilha
2012

1
Sumário

Introdução...................................................................................................................................3
A História do Direito do Consumidor.........................................................................................4
A História do Direito do Consumidor no Brasil.........................................................................6
Direitos e Responsabilidades do Consumidor............................................................................8
Os Deveres do Consumidor......................................................................................................10
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC ............................................................11
Considerações Finais.................................................................................................................12
Referencias Bibliográfica .........................................................................................................13

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Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar aos colegas, quando surgiu o direito do
consumidor, começando desde os tempos antigos até chegar no Brasil. E mostrando toda a sua
evolução, saindo de um sistema simples, até ao código extremamente complexo que temos
nos dias de hoje.
Reunindo e divulgando uma série de assuntos relacionados ao direito e aos deveres e
relacionando de forma sucinta e objetiva, de modo em facilitar a compreensão da maioria, em
relação aos direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor – CDC. Tendo como
principal base inspiradora, Sergio Cavalieri Filho.
O Direito do Consumidor surgiu no momento em que se verificou a desigualdade na
relação entre consumidor e o fornecedor e pela falta de envolvimento do prestador de serviço,
que não tinha responsabilidade civil. É importante analisar a importância da proteção do
consumidor nas relações de consumo e também de serviços, e para isto, é necessário
compreender os conceitos básicos do Direito do Consumidor, que são eles: consumidor,
fornecedor, produto e serviço, assim como os princípios básicos, diretrizes trazidas pelo nosso
Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078 de 11 de setembro de 1990, para a proteção
do consumidor.

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A História do Direito do Consumidor

Desde os tempos antigos existe a defesa dos interesses das categorias menos
favorecidas ante os produtores, fabricantes e prestadores de serviços, havendo indícios desta
proteção no Código de Hamurabi, o qual detinha certas regras. Uma dessas regras era a Lei n°
233, “rezava” que o arquiteto que viesse a construir uma casa, cujas paredes se revelassem
deficientes, teria a obrigação de reconstruí-las ou consolidá-las às suas próprias expensas.
Extremas, eram as consequencias, pois se ocorressem desabamentos com vítimas fatais o
empreiteiro da obra, além de ser obrigado a reparar cabalmente os danos causados ao cliente,
sofria punição (morte), caso houvesse no desabamento vitimado o chefe da família, mas caso
morresse o filho do dono da obra, a pena de morte era para o respectivo parente do
empreiteiro, e assim por diante.
Na índia, pelo século XIII a.C., o código de Manu, punia àquele que adulterasse
gênero ou entregasse coisa diferente da ofertada, sofrendo multa e punição.
Na Grécia Antiga, a preocupação com a defesa do consumidor também estava
presente, pois havia fiscais de mercado, de medidas, guardiães do trigo e inspetores do
comércio para fiscalizar as relações comerciais entre os fornecedores e compradores, caso
houvesse qualquer vício na mercadoria, poderia haver a extinção contratual. Na Roma Antiga,
existiam institutos para garantir a proteção aos consumidores conhecidos como: “actio
redibitoria, actio estimatoria e empitio venditio”, entre outras medidas.
Mas o direito do consumidor teve uma grande evolução, com a Revolução Industrial,
no qual o desequilibro nas relações de consumo tornava-se mais evidente, à necessidade de
um regime jurídico próprio. Contudo, a codificação ocorreu apenas no final do século XIX e
no início do século XX, com influências dos regimes romanístico, do direito canônico, direito
intermediário e da doutrina científica do século XVII.
A partir dos anos 50 e 60, a produção dos países desenvolvidos aumentou
substancialmente, bem como o comércio mundial, decorrente da produção em massa, o direito
do consumidor traz então quatro direitos básicos: segurança, informação, direito de escolha e
o direito de ser ouvido e consultado.
As primeiras normas para a defesa do consumidor surgiram nos Estados Unidos em
1872, onde reprimia atos fraudulentos dos comerciantes. Posteriormente, em 1887 foi criada a
Comissão do Comércio entre os estados com a função de regular e fiscalizar o comércio em
estradas de ferro, mas o marco da proteção ao consumidor foi em 1890 com a Lei Shermann,

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também chamada Lei Anti Truste, sendo uma das primeiras leis no mundo voltada para a
proteção do consumidor.
Em 1914, foi criada a Federal Trade Comission, que era uma legislação antitruste e
garantia a proteção aos consumidores. E assim foi evoluindo o código de defesa do
consumidor como aconteceu na França, em 1905 surgiu a lei sobre fraudes e controle da
falsificação de mercadorias. Já na Alemanha, as primeiras leis datam de 1909, que tratam da
concorrência desleal, em 1965 é criado o juízo de associações aos consumidores, surgem leis
para a defesa contra clausulas abusivas em 1976 e em 1977 leis que regulam as condições
gerais de contratação.
Na Inglaterra as primeiras leis são de 1893, que dispõem sobre o reconhecimento das
particularidades dos contratos de venda e compra de bens corpóreos. Em 1932 surgem as
primeiras Jurisprudências reconhecendo a inversão do ônus da prova e em 1987 surge a
“Consumer Protection” e várias leis de controle administrativo e repressão penal para abusos
em vendas de produtos de alimentação, farmacêuticos e medicinais, e também doutrina sobre
direito contratual comum.
A Espanha foi o primeiro país a garantir a proteção do consumidor na Constituição
Federal de 1978, tendo por base a Carta do Conselho da Europa sobre a proteção do
consumidor de 1973. Em Portugal às primeiras leis para a defesa do consumidor é de 1957,
que dispõe sobre as infrações antieconômicas e contra a saúde pública, as leis de alimentos
em 1972, leis sobre produtos encomendados em 1977, o controle de vendas a prestações em
1979, a lei para defesa do consumidor em 1981, onde se criou o Instituto Nacional de Defesa
do Consumidor, o qual regulamentou as associações dos consumidores, onde foram
instituídos os direitos básicos como: proibição de bens ou serviços perigosos e a comunicação
clara sobre os riscos dos produtos e serviços. E assim por diante foi evoluindo se em cada
país, a defesa do consumidor até chegar no Brasil.

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A História do Direito do Consumidor no Brasil

Como vimos anteriormente o código de defesa do consumidor surgiu nos EUA, depois
em outros países, veremos agora como ele surgiu no Brasil.
A constituição de 1988 inaugurou novos ramos do direito a fim de se concretizar as
aspirações da sociedade brasileira em uma época pós-regime militar. É assim que surge o
Direito do Consumidor sistematizado no Brasil. Apesar de ser conhecido como um ramo
novíssimo do Direito, somente a idéia de codificação e sistematização do direito do
consumidor pode ser considerado como moderno, tendo em vista que, em tempos antigos
desde o código de hamurabi (2.800 a.c) como vimos, já existia a preocupação de dar garantias
de proteção no que dizia respeito à segurança e à saúde e a qualidade dos produtos prestados.
Na trajetória de nosso ordenamento jurídico destacam-se o Decreto-Lei nº 22.626 de
07/04/1933 conhecido como a Lei da Usura (ainda em vigor) que praticamente inaugura o
direito do consumidor no Brasil, logo depois temos o Decreto-Lei nº 869 de 18/11/1938 que
servia para Crimes Contra a Economia popular.
Quase trinta anos mais tarde surge a lei Delegada nº 4 de 26/09/1962 que foi de
fundamental importância no histórico do direito do consumidor Brasileiro, pois positivava a
intervenção no domínio econômico por parte do Estado afim de que se pudesse assegurar a
livre distribuição de produtos necessários ao consumo da população. No mesmo ano de 1962,
foi criada a Lei de Repressão ao Abuso do Poder Econômico, nº 4137, que trouxe inúmeros
benefícios ao consumidor, criando o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica,
órgão que existe até hoje e faz parte do ministério da justiça, atuando conjuntamente com a
Secretaria Nacional de Direito Econômico. Apesar da entrada em vigor da lei delegada nº 4 de
26/09/1962, as associações de consumidores de áreas diversas de produtos foram
constantemente pressionando o governo, para que o direito do consumidor fosse
concretamente incorporado em nosso ordenamento jurídico.
Em 1988 foi finalmente inserida na Constituição Federal a proteção aos direitos do
consumidor, ocupando o status de clausula pétrea (que não pode ser modificada, por ser
direito fundamental) prevista no rol de direitos do art. 5º inciso XXXII. O artigo 170, V, da lei
maior, assume o direito do consumidor como princípio base para a atividade econômica.
Também o artigo 150, parágrafo 5º trata das limitações do poder público para tributação e
esclarece que os consumidores deverão ser esclarecidos acerca dos impostos que incidam
sobre mercadorias e serviços. O artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

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dispôs que fosse elaborado dentro 180 dias pelo Congresso, o Código de Defesa do
Consumidor.
O Código Brasileiro de Defesa e Proteção do Consumidor foi elaborado em 11 de
setembro de 1990 e tornou-se a Lei nº 8.078/90, que possui em seu texto final 199 artigos e
impôs novos princípios para a defesa do consumidor.
O código de Direito do consumidor nasceu com o propósito de garantir aos brasileiros
maiores garantias e respeito frente aos fornecedores de produtos. Então o objetivo do código
de defesa do consumidor não se baseia só na punição dos que praticam atos ilícitos e violam
os direitos do consumidor, mas também na conscientização dos consumidores de seus direitos
e deveres e conscientizar os fabricantes, fornecedores e prestadores de serviços sobre suas
obrigações.

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Direitos e Responsabilidades do Consumidor

Todo consumidor tem direitos, estes são: Direito ao Consumo, Direito à Indenização,
Direito a ser Ouvido, Direito a um Ambiente Saudável, Direito à Segurança, Direito à
Informação e Direito à Educação para o Consumo.
Conceitua-se consumidor qualquer pessoa ou grupo de pessoas que escolhe, compra e
usa produtos e serviços. Serviço é um trabalho que você paga para alguém fazer para você,
podendo ser públicos ou privados. Os públicos são aqueles prestados pelo governo e que
atendem às necessidades de todos, assim como a água, energia elétrica, coleta de lixo,
educação, postos de saúde, guardas nas ruas, sinalização de trânsito, iluminação pública, etc.
Os privados são prestados por pessoas ou empresas, bem como o dentista, cabeleireira,
telefone fixo e celular, médico, jornaleiro, internet, jardineiro, entre outros.
Um fornecedor pode ser pessoas ou empresas que vendem ou fornecem produtos e
serviços para os consumidores, como o supermercado ou a padaria. O serviço conforme citado
acima é diferente de produto, que são coisas como uma bicicleta, um livro ou uma melancia,
ou seja, é tudo o que pode ser tocado. A relação de consumo se dá toda vez que um
consumidor compra um produto ou contrata algum serviço de um fornecedor, havendo então
uma relação de consumo entre os dois. Já o contrato é um acordo estabelecido entre pessoas
para definir ações relativas a uma compra, devendo ser feito por escrito, com uma linguagem
simples e com letra em tamanho que facilite a leitura.
O direito a ser ouvido designa que as pessoas podem reclamar sempre que sentir-se
prejudicadas. Todos têm o direito à informação, ou seja, a informação é fundamental na
relação de consumo como forma de efetividade do princípio da transparência. Deve haver
uma amplitude de dados sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem. A rotulagem de produtos identifica um produto e é importante tanto para o
produtor quanto para o consumidor, pois a rotulagem é a maneira utilizada pelo fabricante
para indicar a composição dos alimentos, além da quantidade, prazo de validade, nome e
endereço do fabricante, como conservar, informações sobre nutrientes, sobre quem fiscalizou
a produção e liberação para ser comercializado. É importante observar se o produto traz
informações claras e em língua portuguesa e se possui características na sua composição que
represente risco as pessoas com restrição alimentar como diabéticos, por exemplo. O
significado da informação dos rótulos de alimentos informa os ingredientes que compõem o

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produto. A leitura dessa informação é importante porque o consumidor pode identificar a
presença de termos, como açúcar, sacarose, glicose, ou outros tipos de açúcar, como a
dextrose. Mas alimentos de ingredientes únicos como açúcar, café, farinha de mandioca, leite,
vinagre não precisam apresentar lista de ingredientes. A lista de ingredientes deve estar em
ordem decrescente, isto é, o primeiro ingrediente é aquele que está em maior quantidade no
produto e o último, em menor quantidade. Devendo haver informação que permite que o
consumidor saiba quem é o fabricante do produto e onde ele foi fabricado. São informações
importantes para o consumidor saber qual a procedência do produto, e entrar em contato com
o fabricante se for necessário. Os produtos devem apresentar pelo menos o dia e o mês
quando o prazo de validade for inferior a três meses e mês e o ano para produtos que tenham
prazo de validade superior a três meses. O conteúdo líquido indica a quantidade total de
produto contido na embalagem, sendo que o valor deve ser expresso em unidade de massa
(quilo) ou volume (litro).

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Os Deveres do Consumidor

O Dever da Solidariedade – É juntar-se a outros consumidores, tornando-se sócio de


uma organização, trazendo assim vantagens, pois quantas mais forem as vozes, mais alto
falarão, e melhor poderá defender os seus direitos e interesses. Também há casos de
associações que se formam para resolver uma situação isolada e depois se extinguem, como
por exemplo, uma associação de moradores de determinada zona, que é feita para resolver um
problema de estradas.
O Dever da Consciência Crítica – Cada consumidor tem o dever de estar atento e ter
consciência crítica em relação à qualidade e preço dos produtos e serviços que lhe são
disponibilizados pelos agentes econômicos.
O Dever de Agir – Agir perante as situações em que se sinta enganado ou injustiçado,
pois se não o fizer continuará a ser explorado, e permitirá que outros também o sejam.
O Dever da Preocupação Social – O dever da preocupação social que tem de ter
consciência sobre o impacto que o seu consumo provoca sobre os outros cidadãos,
especialmente sobre os grupos mais desfavorecidos, seja a nível local, nacional ou mesmo
internacional. Por isso, deve-se consumir, mas não desperdiçar, pois além de aumentar o
volume de resíduos que terão que ser eliminados, poderá fazer falta para alguém noutra parte
do Mundo.
O Dever de Consciência Ambiental – Cada vez mais se fala em ambiente, consciência
ambiental, e não é por acaso ou por moda. É um problema sério que a sociedade deverá
começar a enfrentar, pois o seu consumo tem consequências nefastas para o ambiente de hoje,
e futura. Devendo reconhecer a responsabilidade, como a de todos nós, individual e social,
para que possam ser preservados os recursos naturais, protegendo a terra para as futuras
gerações.

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Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC

A política nacional de proteção ao consumidor é coordenada pelo Departamento de


Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC, da Secretaria de Direito Econômico, do
Ministério da Justiça. Os órgãos que fazem parte do SNDC são:
 Os PROCONs e similares nos Estados e Municípios;
 A vigilância sanitária e agropecuária;
 O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade - INMETRO, e os
Institutos de Pesos e Medidas - IPEM;
 Os Juizados Especiais, além da Justiça comum;
 As Promotorias de Justiça, órgãos do Ministério Público;
 As Delegacias de Polícia especializadas;
 As entidades civis de defesa do consumidor;
 A Embratur;
 A SUSEP.

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Considerações Finais

Este trabalho teve como intuito trazer e mostrar a importância do CDC para a proteção
do consumidor nas relações de consumo assim como seus conceitos e princípios básicos
perante o Código de Defesa do Consumidor brasileiro, Lei n° 8.078 de 1990. Verificando que
a necessidade de proteção ao consumidor foi resultado de um movimento internacional que se
iniciou nos Estados Unidos da América, a partir da verificação da vulnerabilidade deste nas
relações de consumo.
Buscou-se também, analisar os princípios básicos do consumidor abordados pelo
Código de Defesa do Consumidor brasileiro, e a proteção do consumidor em nosso
ordenamento jurídico, verificando quais são os elementos adotados como cruciais para a
caracterização da relação de consumo, assim como quais são as diretrizes adotadas pela nossa
legislação no que se refere à proteção do consumidor, que é vulnerável nas relações de
consumo.

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Referências bibliográficas

ALMEIDA, João Batista de. A Proteção Juridica do Consumidor. 2. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2000
BRASIL. Lei n° 8.078 , 11 de setembro de 1990. Código Brasileiro de Defesa e Proteção do
Consumidor. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legislacao> Acesso em: 11 nov.
2012.
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. São Paulo: Editora
Atlas S.A. 2008.
PROCON – Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor. Disponível em:
<http://www.procon.sp.gov.br/categoria.asp?id=292> Acesso em: 10 nov. 2012

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