Você está na página 1de 69

DIREITO CIVIL

Contratos

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Sumário
Contratos – Parte Geral...................................................................................................3
1. Introdução...................................................................................................................3
2. Princípios Contratuais..................................................................................................4
3. Classificação dos Contratos........................................................................................9
4. Formação e Lugar dos Contratos.............................................................................. 16
5. Estipulação em Favor de Terceiro............................................................................. 20
6. Promessa de Fato de Terceiro................................................................................... 21
7. Vícios Redibitórios..................................................................................................... 21
8. Evicção......................................................................................................................24
9. Contrato com Pessoa a Declarar............................................................................... 27
10. Extinção e Rescisão Contratual............................................................................... 28
Questões de Concurso...................................................................................................34
Gabarito........................................................................................................................44
Gabarito Comentado. .....................................................................................................45

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

CONTRATOS – PARTE GERAL

1. Introdução

Hoje estudaremos a parte geral inerente aos contratos. Ou seja, as regras que são aplica-
das a todas as modalidades contratuais. No Código Civil o assunto está sendo tratado nos
art. 421 ao 480.
Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido
pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurança jurídica em seu
equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades,
capaz de criar, modificar ou extinguir direitos.
As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são subordinados ao Direito Po-
sitivo. As cláusulas contratuais não podem estar em desconformidade com o Direito Positivo,
sob pena de serem nulas.
No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem ser invalidadas pelo
juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. Trata-se da cláusula geral rebus sic stantibus
(ou revisão judicial dos contratos), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta sunt servanda
(força obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade contratual atendendo à
Teoria da Vontade.

Mas, Dicler, o que é rebus sic stantibus e pacta sunt servanda?

A cláusula geral rebus sic stantibus especifica que as partes de um contrato devem con-
siderar a situação de fato existente no momento de sua celebração, podendo assim invocá-la
como forma de rompimento caso mudanças substanciais ocorram de forma extraordinária e
imprevisíveis, que modificam o equilíbrio do acordo trazendo desvantagem a uma das partes.
A expressão rebus sic stantibus pode ser traduzida como “estando assim as coisas”.
Voltaremos a este assunto ainda nesta aula.
Quanto ao princípio da pacta sunt servanda, também o veremos mais adiante.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Ou seja, você pode percebder que esta aula será cheia de novidades. Sendo assim, pegue
aquela sua disposição extra que estava escondida e vamos em frente.

2. Princípios Contratuais
• Princípio da autonomia de vontade: representa a liberdade das partes estipulando o
que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a liberdade de escolher o tipo de contra-
to, de escolher a pessoa com quem se irá contratar, de celebrar ou não o contrato e de
escolher o conteúdo do contrato, sem haver interferência estatal.

Podemos perceber que tal princípio está consubstanciado na primeira parte do art. 421
do CC.
Devo ressaltar que a publicação do edital do concurso ocorreu após a conversão da MP
n. 881/2019 na Lei n. 13.874/2019 que alterou alguns artigos do Código Civil. Sendo assim,
penso ser prudente destacar as alterações que ela promoveu.

REDAÇÃO ANTIGA
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
REDAÇÃO NOVA
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima
e a excepcionalidade da revisão contratual.

Veremos também que tal princípio é limitado. Um exemplo de limite está no art. 426 do CC
ao proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato.

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

A doutrina denomina “pacto de corvina” o contrato que tem como objeto a herança de pes-
soa viva.
Além disso, a Lei n. 13.874/2019 também inseriu o art. 421-A no CC:

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença


de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes
jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláu-
sulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.

• Princípio da supremacia da ordem pública: significa que a autonomia de vontade é rela-


tiva, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública, ou seja, repre-
senta um limite à liberdade de contratar.

Vejamos o art. 2.035, § único, do CC:

Art. 2.035. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pú-
blica, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e
dos contratos.

Atualmente a intervenção do Estado na vida contratual é tão intensa que pode ser fa-
cilmente notada em vários setores (ex.: telecomunicações, consórcios, seguros, sistema fi-
nanceiro etc.) que se configura um dirigismo contratual. Ou seja, apesar das pessoas terem
liberdade para contratar, devem observar as normas (ex.: Código de Defesa do Consumidor,
Lei do Inquilinato, Lei da Usura etc.) imperativas (que ordenam algum ato) e proibitivas (que
vedam algum ato) impostas pelo Estado.
• Princípio do consensualismo: tal conceito decorre da moderna concepção de que o con-
trato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da
coisa.

Vejamos um exemplo no contrato de compra e venda:

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço.

Os contratos são em regra consensuais, porém, são admitidas duas exceções:


• nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste não for reduzido a escrito, não
haverá uma formação válida;
• nos contratos reais, que só se formam com a entrega da coisa, também não basta um
simples consenso entre os contratantes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

• Princípio da relatividade dos contratos: baseia-se na ideia de que os efeitos do contrato


atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vontade
em celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra exceções expressamente con-
signadas em lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro (será estudada no
decorrer desta aula) e na convenção coletiva de trabalho (o acordo feito pelo sindicato
beneficia toda uma categoria).
• Princípio da obrigatoriedade dos contratos (art. 427 do CC): representa a força vincu-
lante das convenções feitas pelas partes contratantes. Já sabemos que ninguém é
obrigado à contratar, mas se o fizer deverá cumpri-lo. Tal princípio tem dois fundamen-
tos:
− necessidade de segurança nos negócios;
− intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da convicção de
que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda).

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela,
da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.

Estudaremos no tópico “formação dos contratos” as situações detalhadas onde a propos-


ta perde a sua força vinculante e deixa de ser obrigatória.
• Princípio da função social dos contratos (art. 421 do CC): o contrato por ser um veículo
de circulação de riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expansão capita-
lista possui uma função social que é promover a realização de uma justiça comutativa,
reduzindo as desigualdades substanciais entre os contratantes.

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.

O princípio da função social do contrato limita a autonomia de vontade.


É possível afirmar que o atendimento à função social pode ser enfocado sob dois aspectos:
• aspecto individual: relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer
seus interesses próprios;
• aspecto público: é o interesse da coletividade sobre o contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Nessa medida, a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua fina-
lidade — distribuição de riquezas — for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato
representar uma fonte de equilíbrio social.
• Princípio da boa-fé (art. 422 do CC): este conceito exige que as partes se comportem de
forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cum-
primento do contrato. Pode ser dividido em duas partes: boa-fé subjetiva (concepção
psicológica) e boa-fé objetiva (concepção ética).

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Apesar do art. 422 do CC mencionar que o princípio da boa-fé deve ser observado durante
a conclusão do contrato e na sua execução. A doutrina entende que deve haver uma extensão
do princípio para as fases pré-contratual e pós-contratual. Esse é o entendimento obtido por
meio do Enunciado n. 25 da I Jornada de Direito Civil:

Enunciado n. 25
O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé
nas fases pré-contratual e pós-contratual.

O quadro a seguir faz uma diferenciação entre essas duas partes.

BOA-FÉ SUJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA


Trata-se de um estado psicológico de ino- É uma cláusula geral implícita em todos os
cência. É a boa-fé do: “eu não sabia”, ou seja, contratos, ela tem status principiológico, e que
o indivíduo ignora um possível vício. se traduz em uma regra de conteúdo ético e
Exemplo: posse de boa-fé. exigibilidade jurídica.

No dispositivo legal citado (art. 422 do CC), é consagrada a boa-fé objetiva fundando-se


em uma regra de conteúdo ético.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

A máxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro “nemo potest venire contra
factum proprium” significa que ninguém pode se opor ao fato a que ele próprio deu causa.

Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se traduz na proibição de que uma
parte se comporte de forma contraditória aos seus próprios atos anteriores. Ou seja, não é
lícito uma pessoa fazer valer um direito se contrapondo a uma conduta anterior interpretada
objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé.
Para exemplificar, temos o contrato de prestações periódicas com o pagamento sendo
feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 330 do CC.

Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.

Imagine que um credor concorde, durante um contrato de prestações periódicas, com o


pagamento em lugar diverso do convencionado. Posteriormente, ele não poderá surpreender o
devedor com a exigência literal do contrato.
O assunto foi alvo de discussão na IV Jornada de Direito Civil e resultou no Enunciado n.
362 que menciona o art. 422 do CC:

Enunciado n. 362
A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na
proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.

Suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos correlatos à boa-fé objetiva.


Na supressio, um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá
mais sê-lo, por contrariar a boa–fé. A surrectio é a outra face da supressio, pois consiste no
nascimento de um direito, consequente à continuada prática de certos atos. Sobre o conceito
tu quoque, aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo com isso determinada

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito que ele próprio já des-
cumprira. Ou seja, o tu quoque veda que alguém faça contra o outro o que não faria contra si
mesmo.
Veja o esquema para facilitar:

3. Classificação dos Contratos

• Contratos unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) e plurilaterais: Nos contratos unilate-


rais, existe obrigação para apenas uma das partes. Pode ser exemplificado pela doação
pura, pelo depósito e pelo comodato.

Nos contratos bilaterais ou sinalagmáticos, os  dois contratantes possuem responsabi-


lidades recíprocas, ou seja, um com o outro, sendo esses reciprocamente devedores e cre-
dores. Nesta espécie de contrato não pode um dos lados antes de cumprir suas obrigações,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

exigir o cumprimento do outro. O  nome provém do grego antigo synallagma, que significa
“acordo mútuo”.

Exemplo:
Na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o contratado (vendedor) combinam
de acertar a quantia em dinheiro somente no término do serviço do contratado (entrega do
produto); o contratado só pode cobrar após entregar o produto e o contratante só o paga ao
receber o objeto negociado.

Os contratos plurilaterais são aqueles que possuem mais de duas partes contratantes,
como nos contratos de consórcio e de sociedade.
• Contratos onerosos e gratuitos: os contratos onerosos, são aqueles que as duas partes
auferem vantagens – sendo estes bilaterais - como exemplo, a locação de um imóvel; o
locatário paga ao locador para poder usar o bem, e o locador entrega o que lhe pertence
para receber o pagamento.

Nos contratos gratuitos, somente uma das partes obtém proveito, como na doação pura.
Em regra os contratos gratuitos também são unilaterais e os contratos onerosos também
são bilaterais.
• Contratos comutativos e aleatórios: o contrato comutativo é o que, uma das partes,
além de receber prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equiva-
lência, como ocorre na compra e venda. Ou seja, há prestação e contraprestação certas.

Nos contratos aleatórios, as partes se arriscam a uma prestação inexistente ou despropor-


cional, como exemplos, seguros, empréstimos. Simplificando, é o contrato de decisões futuras
onde há uma incerteza na contraprestação.
Os arts. 458 a 461 do Código Civil tratam do assunto:

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.

O art. 458 do CC corresponde à compra de uma “esperança”, quando o comprador assu-


me o risco da existência da coisa (ex.: comprar a ninhada de uma cadela). Trata-se de um
contrato do tipo emptio spei. É um tipo de contrato aleatório em que um dos contratantes, na
alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preço, que será
devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante.

Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de
virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que
de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o
preço recebido.

O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto é assumido um risco


na quantidade da coisa e não na existência. Trata-se de contrato do tipo emptio rei speratae
onde se não vier nada, ou se nada for produzido, o preço não será devido. Desta forma, se a
cadela não der cria, o preço pago deve ser devolvido. Por outro lado, se for esperado que a cria
tenha 4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poderá ser reclamado.

Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assu-
mido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não
existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa
pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no
contrato se considerava exposta a coisa.

Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa já existentes, mas sujeitas a perecimen-


to ou depreciação. Como exemplo temos o risco assumido quando se compra um produto
com data de validade a vencer em breve dependendo do fim da greve da Receita Federal.
A incerteza decorre da possibilidade de o produto vencer e ainda não ter passado pelo desem-
baraço aduaneiro.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Risco na existência emptio spei

Risco na quantidade emptio rei speratae

• Contratos consensuais ou reais: contratos consensuais são os que se consideram for-


mados pela simples proposta e aceitação. Já os contratos reais, são os que se formam
com a entrega efetiva do produto, a entrega deste não é decidida no contrato, mas so-
mente as causas do que irá acontecer depois dessa entrega.

Para exemplificar, estudaremos na próxima aula que a compra e venda é consensual, por
outro lado o depósito e o mútuo são reais.
Contratos nominados (típicos) e inominados (atípicos): contratos nominados ou típicos são
os regulamentados por lei. Alguns dos regidos pelo Código Civil são: compra e venda, troca,
doação, locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, edição, representação dramática,
sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e aposta, e fiança. Os contratos
inominados ou atípicos (art. 425 do CC) são contrários aos nominados, não necessitando de
uma ação legal, pois estes não estão definidos em lei, precisando apenas do conceito básico
inerente aos contratos (ex.: que as partes sejam livres, que os produtos sejam lícitos etc.).

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.

É muito comum o examinador afirmar nas questões de prova que não se pode celebrar
contratos atípicos, mas tal afirmativa está errada. Os contratos atípicos são permitidos, desde
que sejam observadas as regras gerais inerente aos contratos.
• Contratos solenes (formais) e não solenes: contratos solenes são os que necessitam de
formalidades nas execuções após ser concordado por ambas as partes, dando a elas segu-
rança e algumas formalidades da lei, como na compra de um imóvel, sendo necessário um
registro em cartório para que este seja válido. Os contratos não solenes são aqueles que
não precisam dessas formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes.
• Contratos principais e acessórios: os contratos principais são os que existem por si
só, sendo independente de outros. Os contratos acessórios são emendas do contrato
principal, sendo que estes necessitam do outro para existirem.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Como exemplo temos o contrato de locação como principal e o contrato de fiança como
acessório.
• Contratos paritários ou por adesão: os contratos paritários, são os que realmente são
negociados pelas partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Ou
seja, há possibilidade de se negociar as cláusulas contratuais.

Já os contratos de adesão, se caracterizam por serem prontos por uma das partes e acei-
tos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por excluir o debate ou discussão de seus ter-
mos. Um exemplo comum é o contrato que você assina quando contrata uma operadora de
telefone móvel. VIVO, OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao cliente um contrato prescri-
to.
Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adesão.

REDAÇÃO ANTIGA
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
REDAÇÃO NOVA
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida quanto à sua interpretação,
será adotada a mais favorável ao aderente. (Redação dada pela Medida Provisória n. 881, de 2019)
Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver disposição
específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula controver-
tida. (Incluído pela Medida Provisória n. 881, de 2019)

Imagine que você vá a uma empresa de telefonia e assine com ela um contrato de presta-
ção de serviços. Como a empresa irá propor o contrato e você será o aderente, caso haja al-
guma cláusula do contrato que gere dúvida quanto à sua interpretação, a interpretação deverá
ser favorável a você.

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.

Creio ser interessante um exemplo para aplicação do art. 424 do CC.


Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um contrato de fiança. Sabemos que a
fiança é um contrato acessório que garante um contrato principal. Caso o devedor do contrato
principal não pague a dívida, então o fiador poderá ser responsabilizado por ela. Porém, na
fiança existe um benefício de ordem, ou seja, a dívida deve ser cobrada primeiro do devedor
principal para, caso a obrigação não seja paga, ser cobrada do fiador.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Nos moldes desta situação, imagine que o contrato de fiança seja de adesão (sem possi-
bilidade de discutir as cláusulas) e uma das cláusulas estipule que o fiador renuncia ao bene-
fício de ordem e, por isso, a dívida possa ser cobrada diretamente dele.
Através do art. 424 do CC conclui-se que a cláusula ora mencionada é nula, pois está es-
tipulando uma renúncia antecipada a um direito resultante do contrato de fiança.
Perceba que apenas a cláusula será nula, mas o restante do contrato será válido.
• Contratos de execução instantânea, diferida e continuada: tal classificação leva em
consideração o momento em que os contratos devem ser cumpridos.

São contratos de execução instantânea ou imediata aqueles que se consumam em um


só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração (ex.: compra e venda à vista).
Os contratos de execução diferida também devem ser cumpridos em um só ato, mas em
um momento futuro (ex.: entrega em determinada data).
Já os contratos de trato sucessivo ou de execução continuada são os que se cumprem por
meio de atos reiterados (ex.: prestação de serviços).
O esquema gráfico a seguir permite uma visualização da classificação em pauta:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

• Contratos preliminares e definitivos: o contrato preliminar (pactumm de contrahendo)


é o que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Ou seja, por meio de um
contrato preliminar, as partes se comprometem a celebrar, no futuro, um contrato defi-
nitivo. Pode-se dizer que o contrato definitivo é o objeto do contrato preliminar.

Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar.

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.

Pelo art. 462 do CC é possível concluir que ao celebrar um compromisso de compra e ven-


da de bem de bem imóvel de alto valor, por ser um contrato preliminar, pode ser utilizado um
instrumento particular como forma, apesar da compra e venda definitiva de bem imóvel de alto
valor necessitar de uma escritura pública como forma (vide art. 108 do CC).

Art.  463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente,
e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exi-
gir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.

De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar dá aos contratantes o direito de exi-
gir o contrato definitivo.

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadim-
plente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da
obrigação.

Por meio do art. 464 do CC, é possível que um contrato preliminar adquira, através de sen-
tença judicial, força de contrato definitivo.

Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo
desfeito, e pedir perdas e danos.

A inexecução do contrato preliminar pode acarretar indenização por perdas e danos.

Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito,
deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assi-
nado pelo devedor.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

O contrato preliminar unilateral ou de opção é aquele onde apenas uma das partes é obri-
gada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a outra o celebra se quiser. Dessa forma,
a parte obrigada deve manifestar prazo para a outra parte se manifestar. Decorrido esse prazo
o bem poderá ser alienado a terceiros.

4. Formação e Lugar dos Contratos


Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas: a parte que faz a propos-
ta (uma declaração receptícia – que precisa ser aceita) é a parte proponente ou policitante e a
parte que aceita é chamada de aceitante ou oblato.

Muita gente me pergunta como decorar isso. O método que eu uso é bem simples: conso-
ante (P) de Proponente combina com consoante (P) de Policitante, ao passo que vogal (A) de
aceitante, combina com vogal (O) de Oblato.
Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos formais, com a re-
alização da solenidade ou do instrumento próprio. Tratam-se das exceções ao princípio do
consensualismo.
São fases da formação dos contratos:
• Negociações preliminares: são conversações anteriores à proposta que visam preparar
as bases do futuro contrato;
• Proposta ou policitação ou oferta: é a declaração de vontade dirigida a alguém com
quem se quer contratar, contendo todas as cláusulas essenciais do negócio. Pode ser
de dois tipos: entre presentes e entre ausentes;
− PROPOSTA ENTRE PRESENTES: é aquela em que há possibilidade de aceitação ime-
diata, ou seja, há um contrato com declaração consecutiva, independente dos contra-
tantes estarem em um mesmo espaço físico. Como exemplo temos duas pessoas
contratando pelo telefone, uma em Porto Alegre-RS e outra em Belém-PA.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

− PROPOSTA ENTRE AUSENTES: é aquela em que não há possibilidade de aceitação


imediata, ou seja, há um contrato com declarações intervaladas. Como exemplo te-
mos aquele que envia a proposta através de uma carta e a aceitação também é en-
viada através de uma carta.

O contrato celebrado pela internet é entre presentes ou entre ausentes?


A pergunta não é simples, pois a doutrina diverge a respeito da resposta. Entretanto, para
efeitos de concurso público, sugiro pensar que as duas formas são possíveis. Ou seja, na pro-
posta feita pelo skype e pelo msn há possibilidade de aceitação imediata, portanto, trata-se de
uma proposta entre presentes. Por outro lado, a proposta feita por e-mail costuma ser consi-
derada entre ausentes.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:


I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também pre-
sente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta
ao conhecimento do proponente;
III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contra-
to, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada
esta faculdade na oferta realizada.

Os arts. 428 e 429 do CC configuram exceções ao princípio da irrevogabilidade da propos-


ta, ou seja, são situações onde a proposta deixa de ser obrigatória.
• Aceitação: é a adesão total à proposta, ou seja, uma resposta afirmativa a uma proposta
de contrato.

Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente,


este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao proponente, imprevisi-


velmente, de forma tardia e o objeto já tiver sido negociado, então o proponente deverá avisar
ao aceitante sobre a não conclusão do contrato, pois é possível que este imagine que o contra-
to está celebrado e comece a realizar despesas necessárias ao cumprimento.

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.

Para exemplificar a aplicação do art. 431 do CC, imagine uma proposta de venda de um


carro por R$ 10.000,00 e que o destinatário da proposta faça uma contraproposta de compra
por R$ 9.000,00. Pelo fato de haver uma modificação, a contraproposta representa uma nova
proposta de compra.

Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente
a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.

Pelo art. 432 do CC, o silêncio (falta de resposta), em regra, não configura uma aceitação
tácita, ou seja, a aceitação deve ser expressa; entretanto, temos duas exceções:
• quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a aceitação expressa (ex.:
um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um determinado comerciante que
lhe paga em época oportuna, sem confirmar os pedidos e acarretando uma praxe co-
mercial. Caso o comerciante queira interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor
a recusa); e
• quando o proponente a tiver dispensado.

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante.

Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV, do CC), o aceitante também pode se re-
tratar da aceitação quando o contrato for celebrado entre ausentes, desde que a retratação
chegue antes ou junto com a aceitação.

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I – no caso do artigo antecedente;
II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III – se ela não chegar no prazo convencionado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

O art. 434 do CC levanta uma polêmica dentro da formação dos contratos. Tal polêmi-
ca decorre da seguinte pergunta:
Quando que se considera formado o contrato entre ausentes, no momento em que
a aceitação é expedida, ou quando a aceitação chega ao conhecimento do proponente?
Fundamentalmente, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da formação
do contrato entre ausentes.
• Teoria da cognição: para os adeptos dessa linha de pensamento, o contrato entre
ausentes somente se consideraria formado, quando a resposta do aceitante che-
gasse ao conhecimento do proponente.
• Teoria da agnição: dispensa-se que a resposta chegue ao conhecimento do propo-
nente. Subdivide-se em:
− Subteoria da declaração: o contrato se formaria no momento em que o aceitante
ou oblato redige ou datilografa a sua resposta. Peca por ser extremamente inse-
gura, dada a dificuldade em se precisar o instante da resposta.
− Subteoria da expedição: considera formado o contrato, no momento em que a
resposta é expedida.
− Subteoria da recepção: reputa celebrado o negócio no instante em que o propo-
nente recebe a resposta. Dispensa, como vimos, que leia a mesma. Trata-se de
uma subteoria mais segura do que as demais, pois a sua comprovação é menos
dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebi-
mento), nas correspondências.

Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito positivo?
No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se deve aplicar a Sub-
teoria da expedição e uma parte pequena sustenta que se deve aplicar a subteoria da
recepção.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Para efeitos de concurso público, sugiro adotar a Subteoria da expedição, pois é a que está
consagrada no art. 434, caput, do CC.

Em todas as fases citadas (negociações preliminares, proposta e aceitação) deve ser ob-
servado o princípio da boa-fé objetiva.

Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

Para finalizar este tópico, o art. 435 do CC estabelece o local da celebração do contrato


como o local da proposta. Ou seja, se uma proposta foi feita em João Pessoa-PB e a aceitação
ocorrer em Curitiba-PR, considera-se celebrado o contrato em João Pessoa-PB.

5. Estipulação em Favor de Terceiro

Por meio da estipulação em favor de terceiro uma parte contratante convenciona com o
devedor que o a vantagem resultante do contrato beneficiará um terceiro, alheio à relação jurí-
dica-base. Tal instituto constitui uma exceção ao princípio da relatividade dos contratos.
Como exemplo temos o seguro de vida onde o estipulante (segurado) convenciona com
um promitente (seguradora) uma vantagem em favor de terceiro (beneficiário).
Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto.

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-
-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o
inovar nos termos do art. 438.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a
execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, in-
dependentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última von-
tade.

6. Promessa de Fato de Terceiro

É possível que uma pessoa se comprometa para que terceiro pratique um determinado ato.
É o que ocorre com um empresário de um artista famoso que se compromete em nome do
renomado artista na realização de um show.
Se o show não se realizar, desde que não haja caso fortuito ou força maior, como regra,
responde o empresário por perdas e danos.
O assunto é tratado nos arts. 439 e 440 do CC.

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o
não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, depen-
dendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização,
de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se
ter obrigado, faltar à prestação.

7. Vícios Redibitórios

São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa gravidade de uma coi-
sa que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, como, por exem-
plo, os defeitos de uma máquina ou a doença de um cavalo, que o comprador normalmente
não poderia ter percebido no momento da compra.
Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto.

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defei-
tos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Veja o esquema a seguir:

Através do art. 441 do CC, percebe-se que só pode haver vício redibitório quando se tratar
de contrato comutativo ou doações onerosas. Ou seja, é necessária a contraprestação, não se
configurando o vício redibitório em contrato gratuito. Aqui vale o ditado que “cavalo dado não
se olha os dentes”.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar aba-
timento no preço.

Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar um vício redibitório:
• Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado pode rescindir o contrato
e exigir a devolução da importância paga.
• Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti minoris) pode apenas
pedir um abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas
e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Conforme foi estudado na aula de obrigações, quando há culpa do devedor, surge a possi-
bilidade de indenização por perdas e danos. Em se tratando de vício redibitório, é a má-fé em
omitir o vício ou defeito oculto que acarreta a indenização por perdas e danos.
Veja a tabela a seguir:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

ALIENANTE CONHECIA O VÍCIO OU o prejudicado pode exigir a devolução da importância


DEFEITO OCULTO paga acrescida de perdas e danos
ALIENANTE NÃO CONHECIA O
o prejudicado pode exigir apenas a importância paga.
VÍCIO OU DEFEITO OCULTO

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário,
se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Aplicando o exemplo do cavalo com doença ao art. 444 do CC, caberá ao adquirente provar
que o vírus da doença que vitimou o animal já se encontrava encubado no momento da entrega
do animal.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trin-
ta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na
posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabele-
cidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da redibição ou do


abatimento no preço. São prazos decadenciais:

BEM MÓVEL 30 DIAS Contado da SE JÁ 15 DIAS Contado da


BEM entrega efe- ESTAVA alienação
01 ANO 6 MESES
IMÓVEL tiva NA POSSE ↓ 1/2

O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então


deve ter um prazo menor para ingressar com ação contra o alienante. Como exemplo, temos
a pessoa que mora em um imóvel por comodato, sendo que o comodatário decide adquirir o
imóvel, será aplicado um prazo menor.
No caso de animais, estabelece o art. 445, § 2º, do CC que os prazos decadenciais deverão
ser regulados por lei especial ou, na falta desta, pelos usos locais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

8. Evicção

Consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida,


por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de
terceiro, denominado evictor.
Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada como também
a garantir-lhe o uso e gozo.
A seguir temos um gráfico esquemático ilustrando a evicção. Imagine que A venda uma
casa para B, sendo que o objeto da venda esteja sendo alvo de uma ação de usucapião por
parte de C. Caso a sentença seja favorável à C, ocorrerá a evicção.

Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto:

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo admitida em contrato gratui-
to. Dessa forma, não há que se falar em evicção nos contratos de doação simples e comodato
(empréstimo gratuito de bens infungíveis).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Analisando o final do art.  447 do CC, percebemos que a responsabilidade pela evicção
subsiste ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Dessa forma, se uma
pessoa arrematar um determinado bem móvel em um leilão, ou bem imóvel em uma praça, e,
após a arrematação e expedição da carta (comprobatória de seu direito) vier a ser demandada
numa ação reivindicatória e sucumbir, então poderá exercer o seu direito de regresso contra o
devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado à hasta.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.

Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e depois o perder para o
real proprietário, então, via de regra, poderá cobrar indenização do alienante. Entretanto, essa
responsabilidade do alienante pela evicção poderá ser reforçada (ex.: indenização de 150% do
valor pago), diminuída (ex.: indenização de apenas 50% do valor pago) ou excluída (isenta a
responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 do CC.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

Entretanto, quando houver cláusula expressa de exclusão da responsabilidade do alienan-


te, também deve ser analisado se o adquirente tinha ciência do risco da evicção. Dessa forma,
temos as seguintes “sentenças matemáticas”:
• cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do risco pelo adquirente
= isenção do alienante de toda responsabilidade (art. 457 do CC).
• cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou ter
assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pela coisa
evicta (art. 449 do CC).

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço
ou das quantias que pagou:
I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.


Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que
se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

O dispositivo cuida da evicção total sofrida pelo adquirente, que teve a perda ou o desapos-
samento da coisa de forma absoluta e estabelece os direitos do evicto.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente.

A deterioração da coisa evicta, em poder do adquirente, não afasta a responsabilidade do


alienante, respondendo por evicção total, exceto se houver ação dolosa do adquirente (deterio-
ração intencional do bem). Não poderá, assim, o alienante invocar a desvalorização da coisa
evicta, para reduzir o preço a restituir e/ou a indenização por perdas e danos.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a
indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, então o alienante poderá
deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de restituir-lhe.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante,
o valor delas será levado em conta na restituição devida.

As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal com a
intenção de conservação, melhoramento ou embelezamento. Estudamos que elas podem ser
necessárias, úteis ou voluptuárias na aula 2, entretanto os arts. 453 e 454 do CC tratam apenas
das necessárias e úteis.
Desta forma, imagine no exemplo gráfico dado que antes de B sofrer a evicção ele tivesse
realizado benfeitorias necessárias ou úteis na casa. Neste caso, se C (evictor) não indenizar B
(evicto) pelas benfeitorias, então a responsabilidade recai sobre A (alienante).

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do con-
trato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável,
caberá somente direito a indenização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

A evicção pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou parcial (perda de parte
do bem).
Em caso de evicção parcial (ex.: reivindicação de parte de um terreno adquirido) temos
duas possibilidades: a evicção parcial ser considerável ou não considerável, nos termos do
art. 455 do CC.
A tabela a seguir ilustra as consequências da evicção parcial:

Direitos do evicto:
• rescisão do contrato; ou
CONSIDERÁVEL
EVICÇÃO • restituição de parte do preço correspondente ao
PARCIAL desfalque sofrido.
Direito do evicto:
NÃO CONSIDERÁVEL
• indenização.

9. Contrato com Pessoa a Declarar

Pode alguém firmar um contrato estipulando, porém, que outra pessoa, a ser indicada, as-
sumirá os direitos e obrigações decorrentes, em cinco dias ou no prazo acordado. É o que se
conclui analisando os arts. 467 e 468 do CC.

Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de
indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do
contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma for-
ma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos
e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.

É o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, estipulando, porém, que C


poderá substituir A, por indicação deste, dentro de certo prazo, no mesmo contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:


I – se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II – se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indica-
ção.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato
produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.

Conclui-se que o contrato valerá apenas entre os contratantes originários se não for feita

a indicação de C, se C não aceitar o combinado ou se C for incapaz/insolvente.

10. Extinção e Rescisão Contratual

O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal ocorre com o seu cumpri-

mento; já a forma anormal ocorre sem que as obrigações tenham sido cumpridas.

Sobre as causas de extinção anormal, podemos separá-las em anteriores ou contempo-

râneas ao contrato (ex.: nulidades e anulabilidades estudadas em negócios jurídicos) e em

supervenientes (destroem os efeitos do contrato após ele ter se formado).

A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas de extinção dos contratos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Sobre as causas anteriores ou contemporâneas, estudamos os vícios que são capazes


de invalidar os negócios jurídicos. Pelo fato do contrato também ser um negócio jurídico, tais
vícios também podem extinguir um contrato invalidando-o totalmente (nulidade) ou parcial-
mente (anulabilidade).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Nos arts. 472 a 480 do CC (reproduzidos após a tabela a seguir) temos disposições legais
relativas às causas supervenientes anormais de extinção do contrato.
Inicialmente faz-se necessário distinguirmos as diferenças entre os termos rescisão, resili-
ção e resolução. A tabela a seguir mostra que a rescisão (que é o gênero) possui as seguintes
espécies: resolução (extinção do contrato por descumprimento do devedor, podendo ser com
culpa ou sem culpa) e resilição (dissolução por vontade bilateral – também chamada de dis-
trato - ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconheci-
mento de um direito potestativo).

RESCISÃO
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO
Ocorre quando há o desfazimento de um con-
Ocorre quando houver um inadimplemento, ou seja,
trato por simples manifestação de vontade de
quando uma das partes não cumprir o contrato.
uma ou de ambas as partes.
Não interessa mais o vínculo contratual. Ainda interessa o vínculo contratual.
A resolução pode decorrer de uma cláusula expressa ou
A resilição pode ser de dois tipos:
tácita (art. 474 do CC).
• Bilateral: é o distrato (art.  472 do CC), que
• Cláusula expressa: normalmente, os contratos trazem
deve ser celebrado através da mesma forma do
uma cláusula resolutiva expressa dizendo que se não
contrato original.
for cumprido algo determinado o contrato se resolve.
• Unilateral (art. 473 do CC): é a denúncia que
Ou seja, o  descumprimento provocará uma resolução
deve ser notificada para a outra parte.
imediata.
Aplica-se, especialmente, a contratos de ativi-
• Tácita: sem a cláusula resolutiva, o inadimplemento
dades ou serviços por tempo indeterminado.
demanda uma notificação para a resolução.
Ex: terminar um contrato de linha de celular ou Ex: alugar um apartamento e não pagar as parcelas de
de canal por assinatura. aluguel.

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.


Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Imagine que uma pessoa compre um apartamento para pagar em 120 prestações e que,
após pagar a 115ª, não consegue quitar as demais por ter sido demitida do trabalho. Você
acha justo a resolução unilateral do contrato por parte da construtora? Pois é, faltavam apenas
5 parcelas.
Dessa forma, a teoria do adimplemento substancial tem sido reconhecida, pela doutrina,
como impedimento à resolução unilateral do contrato. Sustenta-se que a hipótese de resolu-
ção contratual por inadimplemento haverá de ceder diante do pressuposto do atendimento
quase integral das obrigações pactuadas, ou seja, do descumprimento insignificante da aven-
ça, não se afigurando razoável a sua extinção como resposta jurídica à preservação e à função
social do contrato.
A jurisprudência vem reconhecendo que o contrato substancialmente adimplido não pode
ser resolvido unilateralmente. O STJ proclamou que “o adimplemento substancial do contrato
pelo devedor não autoriza ao credor a propositura de ação para extinção do contrato, salvo se
demonstrada a perda do interesse na continuidade da execução”.
Outro assunto muito cobrado em prova de concurso é a exceção do contrato não cumprido
(exceptio non adimpleti contractus) que é um meio de defesa pelo qual a parte demandada
pela execução de um contrato pode arguir que deixou de cumpri-lo pelo fato da outra ainda não
ter satisfeito a prestação correspondente. Vide arts. 476 e 477 do CC.

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.

Diante disso, imagine que você contrate um pintor para pintar a sua casa e que fique con-
vencionado o pagamento da metade no início do serviço e a outra metade ao final do serviço.
Se o pintor pedir a metade restante no meio da pintura, sem ter cumprido com a sua parte, você
em sua defesa, para não pagar a 2a metade, alega a exceção do contrato não cumprido.

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode
a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Caso o contrato seja celebrado, mas haja fundado receio de seu futuro descumprimento,
por força da diminuição posterior do patrimônio da parte contrária, é preciso que se faça algo
para resguardar o interesse dos contratantes.
Ou seja, o art. 477 do CC representa uma forma de proteção aos interesses daquele que,
por força da relação obrigacional, deve cumprir a prestação antes da parte contrária que teve
o patrimônio diminuído.
O tema do quadro a seguir costuma ser abordado em provas:

CLÁUSULA SOLVE ET REPETE → decorre do princípio da autonomia de vontade e signifi-


ca uma cláusula inserida no contrato que obriga o contratante a cumprir a sua obrigação,
mesmo diante do descumprimento da obrigação do outro, para que possa questionar o des-
cumprimento e exigir perdas e danos. Ou seja, trata-se de uma renúncia ao direito de opor a
exceção do contrato não cumprido.

Para finalizar a parte teórica de hoje vamos abordar a Teoria da Imprevisão, consagrada
nos art. 478 a 480 do CC.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.

Tal teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrência de um acontecimento novo e


imprevisível, com impacto na base econômica do contrato, justificaria a sua revisão ou reso-
lução. Entretanto, para que tal acontecimento influencie as bases do contrato, o contrato deve
ser de execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio ou longo prazo, uma vez
que se mostraria inútil nos de consumação instantânea.

A teoria da imprevisão não é aplicada aos contratos de execução instantânea.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Conclui-se que está implícito na teoria da imprevisão a cláusula rebus sic stantibus (“en-
quanto as coisas ficarem como estão”) que defende a permanência do equilíbrio contratual
durante todo o período em que for celebrado.
Um exemplo seria o caso do empreiteiro com dificuldades de concluir a obra contratada,
em razão de uma alta exagerada e imprevisível do custo dos materiais.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condi-
ções do contrato.

Nos termos do art. 479 do CC, depreende-se o princípio da conservação do negócio jurí-


dico desde que se restabeleça o equilíbrio contratual perdido com o acontecimento extraor-
dinário e imprevisível.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que
a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade ex-
cessiva.

Temos a possibilidade de revisão do contrato no art. 480 do CC.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/TELEBRAS/ADVOGADO/2015) Para a formação de contrato entre au-
sentes, a regra adotada pela legislação em vigor é a da teoria da recepção, segundo a qual se
considera celebrado o negócio jurídico no instante em que o proponente recebe a resposta do
aceitante.

Questão 2 (CESPE/TJ-DFT/AJOJ/2015) O contrato com pessoa a declarar será considera-


do inválido se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o que
constitui exceção ao princípio da conservação dos contratos.

Questão 3 (CESPE/TJ-DFT/AJOJ/2015) Caso ocorra vício ou defeito oculto em coisa que a


torne imprópria ao uso a que se destina ou que lhe diminua o valor, a coisa poderá ser enjeitada
se for recebida em virtude de contrato comutativo ou doação onerosa.

Questão 4 (CESPE/TRE-RS/AJAJ/2015) Contrato é o negócio jurídico resultante de mútuo


consenso, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações para os contratantes.
Quando descumprido, alguns efeitos daí emergem, entre eles, a resolução. Acerca desse as-
sunto, assinale a opção correta.
a) Segundo entendimento do STJ, o adimplemento substancial do contrato não autoriza o cre-
dor a resolver unilateralmente o negócio jurídico.
b) Em contratos bilaterais, o direito civil brasileiro prescreve que um contratante pode exigir do
outro o implemento da obrigação, mesmo que não cumprida a sua.
c) Nos contratos em geral, o Código Civil prevê que a resolução não poderá ser evitada, ainda
que haja a possibilidade de modificação equitativa das condições do contrato.
d) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a hipótese de resolução contratual por onerosi-
dade excessiva aventada pelo devedor, por vigorar nos contratos a cláusula rebus sic stantibus.
e) Depois de perfeito o contrato de compra e venda de bem imóvel de valor superior a trinta
vezes o salário mínimo nacional, sem qualquer vício, mediante escritura pública, é possível a
resilição bilateral, com efeito ex tunc, inclusive perante terceiros, uma vez que as partes voltam
ao estado anterior ao negócio jurídico entabulado, sendo inexigível a escritura pública para
esse distrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 5 (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Estabelecido contrato de


fornecimento de insumos para empresa que comercializa produtos químicos, será juridica-
mente possível o fornecedor pedir, de acordo com a lei civil, a resolução do contrato, se a sua
prestação se tornar excessivamente onerosa,
a) com extrema vantagem para a outra parte, por acontecimento extraordinário, ainda que
previsível.
b) por acontecimento extraordinário, ainda que sem proveito para a outra parte.
c) com vantagem extrema para a outra parte em razão de acontecimento extraordinário e im-
previsível.
d) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível.
e) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível, provocado por fato do príncipe.

Questão 6 (CESPE/DPE-AC/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Entre outros aspectos, é  motivo


capaz de ensejar revisão ou rescisão contratual, com base na teoria da imprevisão,
a) o dolo do contratante que obtém vantagem excessivamente onerosa.
b) a onerosidade do contrato de natureza continuada ou diferida.
c) a dificuldade financeira do devedor, proveniente de desempregado involuntário.
d) o fato de o contrato ser de execução instantânea.
e) a previsibilidade de acontecimentos futuros.

Questão 7 (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Jonatas adquiriu de Carlos, me-


diante contrato de compra e venda, um veículo usado de alto valor, cujos acessórios eram de
valor insignificante. Seis meses após a aquisição do bem, Jonatas perdeu a propriedade do
veículo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, em processo movido por José
contra Carlos.
No que se refere a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A perda da propriedade somente dos acessórios do veículo abre a possibilidade de Jonatas
optar pela rescisão do contrato entabulado com Carlos.
b) Jonatas poderá demandar Carlos pela perda do veículo, requerer a restituição do valor pago
pelo bem e dos honorários do seu advogado, ainda que fique comprovado que, desde a assina-
tura do contrato, ele sabia que o veículo era objeto de disputa judicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

c) Carlos deverá responder, em favor de Jonatas, pela perda da propriedade do veículo, já


que essa responsabilidade somente não subsistiria se Jonatas tivesse adquirido o veículo
em hasta pública.
d) Jonatas, sem conhecer o risco da perda, terá o direito de receber o valor que pagou pelo
veículo, ainda que haja cláusula expressa no contrato que exclua qualquer responsabiliza-
ção pela perda.
e) Caso um meliante desconhecido pratique furto das quatro rodas do veículo no dia an-
terior à entrega do carro a José, Jonatas não terá o direito de receber o valor integral que
pagou pelo carro.

Questão 8 (CESPE/PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Mauro firmou contrato com


determinada empresa, por meio do qual assumiu obrigações futuras a serem cumpridas me-
diante prestações periódicas. No decurso do contrato, em virtude de acontecimento extra-
ordinário e imprevisível, as  prestações se tornaram excessivamente onerosas para Mauro
e extremamente vantajosas para a referida empresa. Nessa situação, Mauro poderá pedir a
resolução do contrato, a redução da prestação ou a alteração do modo de executá-lo.

Questão 9 (CESPE/TCE-PA/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2016) O adimplemento


substancial do contrato tem sido reconhecido como impedimento à resolução unilateral,
havendo ou não cláusula expressa.

Questão 10 (CESPE/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Contrato de prestações certas e de-


terminadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente
se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como
a) benéfico.
b) aleatório.
c) bilateral imperfeito.
d) derivado.
e) comutativo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 11 (CESPE/TRT 2ª REGIÃO/2017) João doou um apartamento para Mário, em


decorrência dos longos anos de amizade. Em momento posterior, Mário tentou matar
João, utilizando-se de uma faca.
Nessa situação hipotética, o ato de doação
a) não pode ser revogado, pois João continua vivo.
b) pode ser revogado, mesmo que tenha sido feito como presente de casamento para
Mário.
c) pode ser revogado, em decorrência da ingratidão.
d) é irrevogável.

Questão 12 (CESPE/TCDF/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2014) Conforme o Códi-


go Civil brasileiro, é expressamente proibido que herança de pessoa viva seja objeto de
contrato.

(CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Considerando o que dispõe o Código Civil acerca de


negócios jurídicos e contratos, julgue o item a seguir.

Questão 13 (CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Nos contratos de adesão, as cláusulas


que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negó-
cio serão consideradas abusivas, sendo, portanto, nulas.

Questão 14 (CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Nos contratos onerosos, a  responsa-


bilidade do alienante pela evicção pode ser excluída por convenção das partes em cláu-
sula expressa.

Questão 15 (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2018) A respeito das regras dis-


postas no Código Civil quanto aos negócios jurídicos e aos contratos, julgue o item a
seguir.
Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, podem as partes de contrato one-
roso pactuar, de forma expressa, pela exclusão de responsabilidade pela evicção, mas,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

mesmo nessa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou pela coisa per-
dida se desconhecia o risco efetivo de evicção à época do contrato.

Questão 16 (CESPE/DPE-RN/DEFENSOR/2015) No tocante à extinção dos contratos, assi-


nale a opção correta.
a) Nos contratos bilaterais, o credor pode exigir a realização da obrigação pela outra parte,
ainda que não cumpra a integralidade da prestação que lhe caiba.
b) A extinção do contrato decorrente de cláusula resolutiva expressa configura exercício do
direito potestativo de uma das partes do contrato de impor à outra sua extinção e depende de
interpelação judicial.
c) Situação hipotética: Joaquim, mediante contrato firmado, prestava serviços de contabilida-
de à empresa de Joana. Joaquim e Joana decidiram encerrar, consensualmente, o pactuado e
dar fim à relação contratual. Assertiva: Nessa situação, configurou-se a resilição do contrato
por meio de denúncia de uma das partes.
d) A cláusula resolutiva tácita é causa de extinção contemporânea à celebração ou formação
do contrato, e a presença do vício torna o contrato nulo.
e) A resolução do contrato por onerosidade excessiva não se aplica aos contratos de execu-
ção instantânea, pois ocorre quando, no momento da efetivação da prestação, esta se torna
demasiadamente onerosa para uma das partes, em virtude de acontecimentos extraordinários
e imprevisíveis.

Questão 17 (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2015) No que se refere à teoria da


imprevisão prevista no Código Civil, assinale a opção correta.
a) Mesmo quando comprovada a imprevisibilidade do evento, o enriquecimento sem causa de
uma parte em detrimento da outra, em função desse evento, não é requisito essencial à extin-
ção do contrato.
b) Será afastada a aplicabilidade dessa teoria se assim estiver expressamente estipulado em
contrato de execução continuada ou diferida.
c) Os efeitos da sentença que extinguir o contrato retroagirão à data da citação, e não à data
do evento imprevisível que tiver dado causa à extinção do contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

d) A referida teoria não pode ser utilizada pelo devedor quando se tratar de evento que afete
contrato unilateral pelo qual ele assumiu obrigações.
e) A teoria da imprevisão pode dar causa à redução da prestação da parte prejudicada pelo
acontecimento, mas não pode ser utilizada para modificar as condições do contrato.
(CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao direito
dos contratos, julgue o item a seguir.

Questão 18 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É possí-


vel a realização de um contrato preliminar que tenha por objeto a obrigação de se concluir o
contrato principal, devendo aquele, exceto quanto à forma, conter todos os requisitos deste.

Questão 19 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É lícito


aos pactuantes entabular contratos atípicos, que são assim classificados por contemplarem
maior amplitude na autonomia privada e na liberdade contratual.

Questão 20 (CESPE/TCE-ES/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) O término das relações


contratuais por mútuo consenso das partes constitui.
a) anulação do contrato.
b) revogação do contrato.
c) resilição do contrato.
d) resolução do contrato.
e) rescisão do contrato.

Questão 21 (CESPE/DPF/PERITO/2013) Vícios redibitórios, por diminuírem o valor do bem,


podem gerar abatimento do preço pago.

Questão 22 (CESPE/PG-DF/PROCURADOR/2013) Julgue o item a seguir, referente aos con-


tratos.
É possível a revisão ou a resolução dos contratos aleatórios por sua onerosidade excessiva,
desde que o evento gerador da revisão ou resolução, superveniente, extraordinário e imprevisí-
vel, não se relacione com a própria álea assumida no contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 23 (CESPE/MC/TÉCNICO DIREITO/2013) A respeito dos contratos, da transmissão


e adimplemento das obrigações e da responsabilidade civil no âmbito do Código Civil (CC),
julgue o próximo item.
A aceitação da proposta fora do prazo, com modificações realizadas pelo oblato, importará
nova proposta, ainda que com elas concorde o proponente.

Questão 24 (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Julgue os próximos itens,


relativos a contratos.
Na celebração dos contratos, as partes devem observar os limites da função social do contrato
e os princípios da probidade e da boa-fé.

Questão 25 (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2012) Em relação aos contratos, julgue o


item a seguir.
É lícito estipular em contrato a chamada pacta corvina, ou seja, determinar que a herança de
pessoa viva possa ser objeto de contrato.

Questão 26 (CESPE/TRE-RJ/AJAA/2012) Acerca de capacidade, negócio jurídico, obriga-


ções, contratos e responsabilidade civil, julgue o seguinte item.
A proposta de contrato obriga o proponente, mesmo quando a proposta foi feita por agente
capaz e este tenha se tornado relativamente incapaz posteriormente.

Questão 27 (CESPE/STJ/AJAJ/2012) No que se refere aos contratos, julgue o seguinte item.


É inválido o contrato celebrado entre duas pessoas capazes e aptas a criar direitos e obriga-
ções quando o objeto desse contrato for a prestação de um fato por terceiro.

Questão 28 (CESPE/EBC/ANALISTA ADVOCACIA/2011) Tendo, ainda, o  direito civil como


parâmetro, julgue o item que se segue.
O Código Civil exige a observância de formalidades legais para a dissolução de contratos fir-
mados entre pessoas jurídicas e, mesmo que exista cláusula para a resilição unilateral, admi-
tida no ordenamento jurídico, ou cláusula resolutiva expressa, impõe a lei civil, em ambos os
casos, a notificação ou interpelação judicial da parte contrária, para que o ato produza seus
efeitos jurídicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 29 (CESPE/TRE-GO/AJAJ/2015) Julgue o próximo item, referente à interpretação


da lei, aos direitos da personalidade, à validade dos negócios jurídicos e à prova.
No âmbito contratual, o princípio geral da boa-fé objetiva permite interpretação extensiva dos
pactos firmados, e é aplicado inclusive no que diz respeito a relações pré-contratuais, o que
garante a validade de normas de conduta implícitas.

Questão 30 (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) Com relação à Lei de Introdução


ao Código Civil e à disciplina legal da propriedade, aos atos ilícitos e aos contratos, julgue o
próximo item.
Se um cidadão, depois de haver contratado um pacote turístico, tomar conhecimento pela
imprensa de que sobreveio à operadora diminuição no patrimônio capaz de tornar duvidosa a
prestação pela qual se obrigou, ainda assim esse cidadão não poderá recusar-se ao pagamen-
to mensal do pacote, por se tratar de um contrato bilateral.

Questão 31 (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É possível a realização de um con-


trato preliminar que tenha por objeto a obrigação de se concluir o contrato principal, devendo
aquele, exceto quanto à forma, conter todos os requisitos deste.

Questão 32 (CESPE/STF/AJAJ/2013) A teoria do substancial adimplemento visa impedir o


uso desequilibrado, pelo credor, do direito de resolução, preterindo desfazimentos desneces-
sários em prol da preservação do acordado, com vistas à realização de princípios como o da
boa-fé objetiva e o da função social dos contratos.

Questão 33 (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Na celebração dos contra-


tos, as partes devem observar os limites da função social do contrato e os princípios da probi-
dade e da boa-fé.

Questão 34 (CESPE/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/2019) Considere a hipótese


de que o objeto de determinado contrato corresponda a coisas ou fatos futuros cujo risco de
que não venham a existir seja assumido pelo contratante, o que acarreta o direito do contratado

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

de receber integralmente o que lhe tiver sido prometido, desde que não aja com dolo ou culpa,
ainda que nada do que tiver sido pactuado venha a existir. Essa hipótese descreve
a) promessa de fato de terceiro.
b) estipulação em favor de terceiro.
c) contrato com pessoa a declarar.
d) evicção.
e) contrato aleatório.

Questão 35 (CESPE/PGE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2019) Se, na execução do contra-


to, uma das partes houver realizado elevado investimento em razão da natureza do contrato,
o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o decurso de
período condizente com a importância investida.

Questão 36 (CESPE/TJ-AM/AJAJ/2019) No direito civil, há exceções ao princípio da relati-


vidade dos efeitos contratuais, como, por exemplo, nos institutos da estipulação em favor de
terceiro e do contrato com pessoa a declarar.

Questão 37 (CESPE/PGE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2019) Na hipótese de defeito oculto


de coisa recebida em decorrência de contrato comutativo, caso o alienante não tenha conhe-
cimento do referido vício, ele deverá restituir o valor recebido do contrato, acrescido de indeni-
zação por perdas e danos.

Questão 38 (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Nos contratos aleatórios, é admi-


tida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da ocorrência de evento super-
veniente, extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea assumida no contrato.

Questão 39 (CESPE/PG-DF/PROCURADOR/2013) É possível a revisão ou a resolução dos


contratos aleatórios por sua onerosidade excessiva, desde que o evento gerador da revisão
ou resolução, superveniente, extraordinário e imprevisível, não se relacione com a própria álea
assumida no contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 40 (CESPE/TJ-AM/AJAJ/2019) De acordo com o Código Civil, a  extinção de um


contrato em razão da ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva expressa depende
de pronunciamento judicial para que possa produzir seus regulares efeitos jurídicos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

GABARITO
1. E 28. E
2. E 29. C
3. C 30. E
4. a 31. C
5. c 32. C
6. b 33. C
7. d 34. e
8. C 35. C
9. C 36. C
10. e 37. E
11. c 38. E
12. C 39. C
13. C 40. E
14. C
15. C
16. e
17. c
18. C
19. C
20. c
21. C
22. C
23. C
24. C
25. E
26. C
27. E

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/TELEBRAS/ADVOGADO/2015) Para a formação de contrato entre au-
sentes, a regra adotada pela legislação em vigor é a da teoria da recepção, segundo a qual se
considera celebrado o negócio jurídico no instante em que o proponente recebe a resposta do
aceitante.

Errado.
O legislador, por meio do art. 434, caput do CC, adotou como regra a teoria da expedição.

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I – no caso do artigo antecedente;
II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III – se ela não chegar no prazo convencionado.

Questão 2 (CESPE/TJ-DFT/AJOJ/2015) O contrato com pessoa a declarar será considera-


do inválido se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o que
constitui exceção ao princípio da conservação dos contratos.

Errado.
Questão com fundamento no art. 471 do CC:

Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato


produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.

Questão 3 (CESPE/TJ-DFT/AJOJ/2015) Caso ocorra vício ou defeito oculto em coisa que a


torne imprópria ao uso a que se destina ou que lhe diminua o valor, a coisa poderá ser enjeitada
se for recebida em virtude de contrato comutativo ou doação onerosa.

Certo.
Conforme o art. 441 do CC:

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defei-
tos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 4 (CESPE/TRE-RS/AJAJ/2015) Contrato é o negócio jurídico resultante de mútuo


consenso, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações para os contratantes.
Quando descumprido, alguns efeitos daí emergem, entre eles, a resolução. Acerca desse as-
sunto, assinale a opção correta.
a) Segundo entendimento do STJ, o adimplemento substancial do contrato não autoriza o cre-
dor a resolver unilateralmente o negócio jurídico.
b) Em contratos bilaterais, o direito civil brasileiro prescreve que um contratante pode exigir do
outro o implemento da obrigação, mesmo que não cumprida a sua.
c) Nos contratos em geral, o Código Civil prevê que a resolução não poderá ser evitada, ainda
que haja a possibilidade de modificação equitativa das condições do contrato.
d) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a hipótese de resolução contratual por onerosi-
dade excessiva aventada pelo devedor, por vigorar nos contratos a cláusula rebus sic stantibus.
e) Depois de perfeito o contrato de compra e venda de bem imóvel de valor superior a trinta
vezes o salário mínimo nacional, sem qualquer vício, mediante escritura pública, é possível a
resilição bilateral, com efeito ex tunc, inclusive perante terceiros, uma vez que as partes voltam
ao estado anterior ao negócio jurídico entabulado, sendo inexigível a escritura pública para
esse distrato.

Letra a.
Análise das alternativas:
a) Certa. Veja a jurisprudência a seguir:

DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇÃO DE VEÍ-


CULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEIS PARCELAS DEVI-
DAS. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DESCABIMENTO.
MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITO REMANESCENTE.  APLICAÇÃO DA
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
1. É  pela lente das cláusulas gerais previstas no  Código Civil de 2002,  sobretudo a da
boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual “[a] parte
lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe
o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso


desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos des-
necessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da
boa-fé e da função social do contrato.
3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos con-
tratos, porquanto o réu pagou: “31 das 36 prestações contratadas, 86% da obrigação
total  (contraprestação e VRG parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garan-
tido”.  O mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de
posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mer-
cantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença.
4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte
de fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por que optou a instituição
financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com
os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos gra-
vosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como,
por exemplo, a execução do título.5. Recurso especial não conhecido. (REsp 1051270/RS, Rel.
Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 04/08/2011, DJe 05/09/2011)

b) Errada. Em desacordo com o art. 476 do CC:

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.

c) Errada. Em desacordo com o art. 479 do CC:

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condi-
ções do contrato.

d) Errada. Em desacordo com o art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.

e) Errada. Em desacordo com o art. 472 do CC:

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Questão 5 (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Estabelecido contrato de for-


necimento de insumos para empresa que comercializa produtos químicos, será juridicamente

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

possível o fornecedor pedir, de acordo com a lei civil, a resolução do contrato, se a sua pres-
tação se tornar excessivamente onerosa,
a) com extrema vantagem para a outra parte, por acontecimento extraordinário, ainda que previsível.
b) por acontecimento extraordinário, ainda que sem proveito para a outra parte.
c) com vantagem extrema para a outra parte em razão de acontecimento extraordinário e im-
previsível.
d) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível.
e) por acontecimento extraordinário, ainda que não imprevisível, provocado por fato do príncipe.

Letra c.
A questão tem como fundamento o art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimen-
tos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Questão 6 (CESPE/DPE-AC/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Entre outros aspectos, é  motivo


capaz de ensejar revisão ou rescisão contratual, com base na teoria da imprevisão,
a) o dolo do contratante que obtém vantagem excessivamente onerosa.
b) a onerosidade do contrato de natureza continuada ou diferida.
c) a dificuldade financeira do devedor, proveniente de desempregado involuntário.
d) o fato de o contrato ser de execução instantânea.
e) a previsibilidade de acontecimentos futuros.

Letra b.
A questão trata da teoria da imprevisão fundamentada no art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 7 (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Jonatas adquiriu de Carlos, me-


diante contrato de compra e venda, um veículo usado de alto valor, cujos acessórios eram de
valor insignificante. Seis meses após a aquisição do bem, Jonatas perdeu a propriedade do
veículo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, em processo movido por José
contra Carlos.
No que se refere a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A perda da propriedade somente dos acessórios do veículo abre a possibilidade de Jonatas
optar pela rescisão do contrato entabulado com Carlos.
b) Jonatas poderá demandar Carlos pela perda do veículo, requerer a restituição do valor pago
pelo bem e dos honorários do seu advogado, ainda que fique comprovado que, desde a assina-
tura do contrato, ele sabia que o veículo era objeto de disputa judicial.
c) Carlos deverá responder, em favor de Jonatas, pela perda da propriedade do veículo, já que
essa responsabilidade somente não subsistiria se Jonatas tivesse adquirido o veículo em has-
ta pública.
d) Jonatas, sem conhecer o risco da perda, terá o direito de receber o valor que pagou pelo
veículo, ainda que haja cláusula expressa no contrato que exclua qualquer responsabilização
pela perda.
e) Caso um meliante desconhecido pratique furto das quatro rodas do veículo no dia anterior
à entrega do carro a José, Jonatas não terá o direito de receber o valor integral que pagou pelo
carro.

Letra d.
A questão narra uma hipótese de evicção.
A evicção consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa trans-
ferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito ante-
rior de terceiro, denominado evictor.
Dessa forma, vamos analisar cada alternativa separadamente:
a) Errada. Em desacordo com o art. 455 do CC:

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do con-
trato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável,
caberá somente direito a indenização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

A perda dos acessórios é entendida como não considerável, dando ensejo somente à indenização.

DIREITOS 1. rescisão do contrato; ou


DO EVICTO CONSIDERÁVEL 2. restituição de parte do preço correspondente ao
NA EVICÇÃO desfalque sofrido.
PARCIAL NÃO CONSIDERÁVEL 1. só indenização.

b) Errada. Em desacordo com o art. 457 do CC:

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

c) Errada. A responsabilidade pela evicção subsiste ainda que a aquisição tenha ocorrido em
hasta pública.

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

d) Certa. Em conformidade com o art. 449 do CC:

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.

e) Errada. A responsabilidade em indenizar a evicção subsiste ainda que a coisa alienada es-
teja deteriorada.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente.

Questão 8 (CESPE/PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Mauro firmou contrato


com determinada empresa, por meio do qual assumiu obrigações futuras a serem cumpridas
mediante prestações periódicas. No decurso do contrato, em virtude de acontecimento ex-
traordinário e imprevisível, as prestações se tornaram excessivamente onerosas para Mauro
e extremamente vantajosas para a referida empresa. Nessa situação, Mauro poderá pedir a
resolução do contrato, a redução da prestação ou a alteração do modo de executá-lo.

Certo.
A questão trata da teoria da imprevisão fundamentada no art. 478 do CC:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimen-
tos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Entretanto, é possível que a resolução do contrato seja evitada:

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições
do contrato.

Questão 9 (CESPE/TCE-PA/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2016) O adimplemento


substancial do contrato tem sido reconhecido como impedimento à resolução unilateral, ha-
vendo ou não cláusula expressa.

Certo.
Adimplemento substancial constitui um adimplemento tão próximo ao resultado final, que,
tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão
somente o pedido de indenização e/ou adimplemento, de vez que a primeira pretensão viria a
ferir o princípio da boa-fé (objetiva).

Questão 10 (CESPE/TJ-CE/JUIZ SUBSTITUTO/2018) Contrato de prestações certas e deter-


minadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente se
equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como
a) benéfico.
b) aleatório.
c) bilateral imperfeito.
d) derivado.
e) comutativo.

Letra e.
Contratos benéficos, também chamados de gratuitos, são aqueles em o encargo contratual
recai apenas sobre uma das partes, ao passo que sobre a contraparte recaem apenas os be-
nefícios do contrato. Exemplo: doação pura.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Contrato aleatório é aquele em que as partes não podem antever, na totalidade do contrato,
as vantagens e encargos a que serão submetidos. Há o que se chama de álea contratual –
que, por sua vez, pode ser econômica, política, social etc. É justamente o oposto do que re-
ferido no enunciado da questão. Exemplos: contratos emptio spei (compra de “esperança de
coisa”) e emptio res sperate (compra de coisa futura).
Contrato bilateral imperfeito é aquele que originariamente é unilateral, mas que, por fato su-
perveniente, passa a ser bilateral. Exemplo: depósito. Apesar de ser originariamente um con-
trato unilateral, porque a obrigação recai sobre o depositário, que deve apenas restituir a coisa,
é possível que se torne bilateral na medida em que o depositante pode ser obrigado a ressarcir
o depositário pelos gastos que este fez com a guarda da coisa (art. 643 do CC).
Contrato derivado é aquele que decorre diretamente de um contrato principal. Exemplo: sublo-
cação, que é contrato derivado do contrato de locação.
Contratos comutativos são aqueles nos quais as partes podem prever, em maior grau, os ris-
cos e benefícios decorrentes do negócio jurídico. Não se pode dizer que todo contrato tem
certa aleatoriedade. As externalidades que eventualmente afetem o contrato não fazem parte
do ajuste. Os contratos aleatórios por excelência têm por objeto uma incerteza; os contratos
comutativos têm por objeto uma certeza, mas que pode ser influenciada por externalidades –
que, contudo, não fazem parte do negócio jurídico.

Questão 11 (CESPE/TRT 2ª REGIÃO/2017) João doou um apartamento para Mário, em de-


corrência dos longos anos de amizade. Em momento posterior, Mário tentou matar João, utili-
zando-se de uma faca.
Nessa situação hipotética, o ato de doação
a) não pode ser revogado, pois João continua vivo.
b) pode ser revogado, mesmo que tenha sido feito como presente de casamento para Mário.
c) pode ser revogado, em decorrência da ingratidão.
d) é irrevogável.

Letra c.
A questão tem como fundamento o art. 557 do CC:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:


I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II – se cometeu contra ele ofensa física;
III – se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.

Questão 12 (CESPE/TCDF/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/2014) Conforme o Código


Civil brasileiro, é expressamente proibido que herança de pessoa viva seja objeto de contrato.

Certo.
O princípio da autonomia de vontade: representa a liberdade das partes estipulando o que lhes
convier. Ou seja, as partes possuem a liberdade de escolher o tipo de contrato, de escolher a pes-
soa com quem se irá contratar, de celebrar ou não o contrato e de escolher o conteúdo do contra-
to, sem haver interferência estatal. Entretanto, veremos que tal princípio é limitado. Um exemplo
de limite está no art. 426 do CC ao proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato.

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

A doutrina denomina “pacto de corvina” o contrato que tem como objeto a herança de pessoa viva.

(CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Considerando o que dispõe o Código Civil acerca de ne-


gócios jurídicos e contratos, julgue o item a seguir.

Questão 13 (CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Nos contratos de adesão, as  cláusulas


que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio
serão consideradas abusivas, sendo, portanto, nulas.

Certo.
Questão fundamentada no art. 424 do CC:

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 14 (CESPE/EBSERH/ADVOGADO/2018) Nos contratos onerosos, a responsabilida-


de do alienante pela evicção pode ser excluída por convenção das partes em cláusula expres-
sa.

Certo.
Questão fundamentada no art. 448 do CC:

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.

Questão 15 (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2018) A respeito das regras dispos-


tas no Código Civil quanto aos negócios jurídicos e aos contratos, julgue o item a seguir.
Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, podem as partes de contrato oneroso
pactuar, de forma expressa, pela exclusão de responsabilidade pela evicção, mas, mesmo nes-
sa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou pela coisa perdida se desconhe-
cia o risco efetivo de evicção à época do contrato.

Certo.
Questão fundamentada nos art. 448 e 449 do CC:

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito
o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu.

Questão 16 (CESPE/DPE-RN/DEFENSOR/2015) No tocante à extinção dos contratos, assi-


nale a opção correta.
a) Nos contratos bilaterais, o credor pode exigir a realização da obrigação pela outra parte,
ainda que não cumpra a integralidade da prestação que lhe caiba.
b) A extinção do contrato decorrente de cláusula resolutiva expressa configura exercício do
direito potestativo de uma das partes do contrato de impor à outra sua extinção e depende de
interpelação judicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

c) Situação hipotética: Joaquim, mediante contrato firmado, prestava serviços de contabilida-


de à empresa de Joana. Joaquim e Joana decidiram encerrar, consensualmente, o pactuado e
dar fim à relação contratual. Assertiva: Nessa situação, configurou-se a resilição do contrato
por meio de denúncia de uma das partes.
d) A cláusula resolutiva tácita é causa de extinção contemporânea à celebração ou formação
do contrato, e a presença do vício torna o contrato nulo.
e) A resolução do contrato por onerosidade excessiva não se aplica aos contratos de execu-
ção instantânea, pois ocorre quando, no momento da efetivação da prestação, esta se torna
demasiadamente onerosa para uma das partes, em virtude de acontecimentos extraordinários
e imprevisíveis.

Letra e.
Questão fundamentada no art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.

Questão 17 (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2015) No que se refere à teoria da


imprevisão prevista no Código Civil, assinale a opção correta.
a) Mesmo quando comprovada a imprevisibilidade do evento, o enriquecimento sem causa de
uma parte em detrimento da outra, em função desse evento, não é requisito essencial à extin-
ção do contrato.
b) Será afastada a aplicabilidade dessa teoria se assim estiver expressamente estipulado em
contrato de execução continuada ou diferida.
c) Os efeitos da sentença que extinguir o contrato retroagirão à data da citação, e não à data
do evento imprevisível que tiver dado causa à extinção do contrato.
d) A referida teoria não pode ser utilizada pelo devedor quando se tratar de evento que afete
contrato unilateral pelo qual ele assumiu obrigações.
e) A teoria da imprevisão pode dar causa à redução da prestação da parte prejudicada pelo
acontecimento, mas não pode ser utilizada para modificar as condições do contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Letra c.
Mais uma questão fundamentada no art. 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.

(CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Com relação ao direito


dos contratos, julgue o item a seguir.

Questão 18 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É possí-


vel a realização de um contrato preliminar que tenha por objeto a obrigação de se concluir o
contrato principal, devendo aquele, exceto quanto à forma, conter todos os requisitos deste.

Certo.
Questão fundamentada no art. 462 do CC:

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.

Questão 19 (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É lícito


aos pactuantes entabular contratos atípicos, que são assim classificados por contemplarem
maior amplitude na autonomia privada e na liberdade contratual.

Certo.
Questão fundamentada no art. 425 do CC:

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.

Questão 20 (CESPE/TCE-ES/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) O término das relações


contratuais por mútuo consenso das partes constitui.
a) anulação do contrato.
b) revogação do contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

c) resilição do contrato.
d) resolução do contrato.
e) rescisão do contrato.

Letra c.
Usemos a tabela a seguir para resposta à questão:

RESCISÃO
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO
Ocorre quando há o desfazimento de um con-
Ocorre quando houver um inadimplemento, ou seja,
trato por simples manifestação de vontade de
quando uma das partes não cumprir o contrato.
uma ou de ambas as partes.
Não interessa mais o vínculo contratual. Ainda interessa o vínculo contratual.
A resolução pode decorrer de uma cláusula expressa
A resilição pode ser de dois tipos:
ou tácita (art. 474 do CC).
- BILATERAL: é o DISTRATO (art. 472 do CC),
- CLÁUSULA EXPRESSA: normalmente, os contratos
que deve ser celebrado através da mesma
trazem uma cláusula resolutiva expressa dizendo
forma do contrato original.
que se não for cumprido algo determinado o con-
- UNILATERAL (art. 473 do CC): é a DENÚNCIA
trato se resolve. Ou seja, o descumprimento provo-
que deve ser notificada para a outra parte.
cará uma resolução imediata.
Aplica-se, especialmente, a contratos de ativi-
- TÁCITA: sem a cláusula resolutiva, o inadimple-
dades ou serviços por tempo indeterminado.
mento demanda uma notificação para a resolução.
Ex: terminar um contrato de linha de celular ou Ex: alugar um apartamento e não pagar as parcelas
de canal por assinatura. de aluguel.

Questão 21 (CESPE/DPF/PERITO/2013) Vícios redibitórios, por diminuírem o valor do bem,


podem gerar abatimento do preço pago.

Certo.
Questão fundamentada no art. 442 do CC:

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar aba-
timento no preço.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 22 (CESPE/PG-DF/PROCURADOR/2013) Julgue o item a seguir, referente aos con-


tratos.
É possível a revisão ou a resolução dos contratos aleatórios por sua onerosidade excessiva,
desde que o evento gerador da revisão ou resolução, superveniente, extraordinário e imprevisí-
vel, não se relacione com a própria álea assumida no contrato.

Certo.
Vejamos o Enunciado n. 440 da V Jornada de Direito Civil:

É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios,


desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a
álea assumida no contrato.

Questão 23 (CESPE/MC/TÉCNICO DIREITO/2013) A respeito dos contratos, da transmissão


e adimplemento das obrigações e da responsabilidade civil no âmbito do Código Civil (CC),
julgue o próximo item.
A aceitação da proposta fora do prazo, com modificações realizadas pelo oblato, importará
nova proposta, ainda que com elas concorde o proponente.

Certo.
Questão fundamentada no art. 431 do CC:

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.

Questão 24 (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Julgue os próximos itens,


relativos a contratos.
Na celebração dos contratos, as partes devem observar os limites da função social do contrato
e os princípios da probidade e da boa-fé.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Certo.
Questão fundamentada nos arts. 421 e 422 do CC:

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Questão 25 (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2012) Em relação aos contratos, julgue o


item a seguir.
É lícito estipular em contrato a chamada pacta corvina, ou seja, determinar que a herança de
pessoa viva possa ser objeto de contrato.

Errado.
Em desacordo com o art. 426 do CC:

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

Questão 26 (CESPE/TRE-RJ/AJAA/2012) Acerca de capacidade, negócio jurídico, obriga-


ções, contratos e responsabilidade civil, julgue o seguinte item.
A proposta de contrato obriga o proponente, mesmo quando a proposta foi feita por agente
capaz e este tenha se tornado relativamente incapaz posteriormente.

Certo.
Não há no art. 428 a previsão apresentada na assertiva, portanto, está correta a afirmativa,
vejamos:

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da
natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também pre-
sente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta
ao conhecimento do proponente;
III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 27 (CESPE/STJ/AJAJ/2012) No que se refere aos contratos, julgue o seguinte item.


É inválido o contrato celebrado entre duas pessoas capazes e aptas a criar direitos e obriga-
ções quando o objeto desse contrato for a prestação de um fato por terceiro.

Errado.
Não é inválido o contrato conforme assevera o enunciado da questão, vejamos os arts. 439 e
440 do CC:

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o
não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, depen-
dendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização,
de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se
ter obrigado, faltar à prestação.

Questão 28 (CESPE/EBC/ANALISTA ADVOCACIA/2011) Tendo, ainda, o  direito civil como


parâmetro, julgue o item que se segue.
O Código Civil exige a observância de formalidades legais para a dissolução de contratos fir-
mados entre pessoas jurídicas e, mesmo que exista cláusula para a resilição unilateral, admi-
tida no ordenamento jurídico, ou cláusula resolutiva expressa, impõe a lei civil, em ambos os
casos, a notificação ou interpelação judicial da parte contrária, para que o ato produza seus
efeitos jurídicos.

Errado.
Em desacordo com o art. 474 do CC:

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 29 (CESPE/TRE-GO/AJAJ/2015) Julgue o próximo item, referente à interpretação


da lei, aos direitos da personalidade, à validade dos negócios jurídicos e à prova.
No âmbito contratual, o princípio geral da boa-fé objetiva permite interpretação extensiva dos
pactos firmados, e é aplicado inclusive no que diz respeito a relações pré-contratuais, o que
garante a validade de normas de conduta implícitas.

Certo.
Vejamos o art. 422 do CC:

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Observemos o Enunciado n. 170 da III Jornada de Direito Civil:

A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e
após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato.

Questão 30 (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) Com relação à Lei de Introdução


ao Código Civil e à disciplina legal da propriedade, aos atos ilícitos e aos contratos, julgue o
próximo item.
Se um cidadão, depois de haver contratado um pacote turístico, tomar conhecimento pela
imprensa de que sobreveio à operadora diminuição no patrimônio capaz de tornar duvidosa a
prestação pela qual se obrigou, ainda assim esse cidadão não poderá recusar-se ao pagamen-
to mensal do pacote, por se tratar de um contrato bilateral.

Errado.
Em desacordo com o art. 477 do CC:

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode
a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la.

Vejamos ainda o Enunciado n. 438 da V Jornada de Direito Civil:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja con-
duta põe, manifestamente em risco, a execução do programa contratual.

Questão 31 (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) É possível a realização de um con-


trato preliminar que tenha por objeto a obrigação de se concluir o contrato principal, devendo
aquele, exceto quanto à forma, conter todos os requisitos deste.

Certo.
A questão está em conformidade com o art. 462 do CC:

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.

Questão 32 (CESPE/STF/AJAJ/2013) A teoria do substancial adimplemento visa impedir o


uso desequilibrado, pelo credor, do direito de resolução, preterindo desfazimentos desneces-
sários em prol da preservação do acordado, com vistas à realização de princípios como o da
boa-fé objetiva e o da função social dos contratos.

Certo.
Vide comentários da alternativa “a” da questão 4.

Questão 33 (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Na celebração dos contra-


tos, as partes devem observar os limites da função social do contrato e os princípios da probi-
dade e da boa-fé.

Certo.
Em conformidade com os arts. 421 e 422 do CC:

Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 34 (CESPE/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/2019) Considere a hipótese


de que o objeto de determinado contrato corresponda a coisas ou fatos futuros cujo risco de
que não venham a existir seja assumido pelo contratante, o que acarreta o direito do contra-
tado de receber integralmente o que lhe tiver sido prometido, desde que não aja com dolo ou
culpa, ainda que nada do que tiver sido pactuado venha a existir. Essa hipótese descreve
a) promessa de fato de terceiro.
b) estipulação em favor de terceiro.
c) contrato com pessoa a declarar.
d) evicção.
e) contrato aleatório.

Letra e.
Quando há incerteza na contraprestação, caracteriza-se o contrato aleatório.

Questão 35 (CESPE/PGE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2019) Se, na execução do contrato,


uma das partes houver realizado elevado investimento em razão da natureza do contrato,
o distrato unilateral, exercido pela outra parte, produzirá efeitos somente após o decurso
de período condizente com a importância investida.

Certo.
Em conformidade com os arts. 472 e 473 do CC:

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.


Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita,
opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investi-
mentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de
transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Questão 36 (CESPE/TJ-AM/AJAJ/2019) No direito civil, há exceções ao princípio da relati-


vidade dos efeitos contratuais, como, por exemplo, nos institutos da estipulação em favor de
terceiro e do contrato com pessoa a declarar.

Certo.
O princípio da relatividade dos efeitos contratuais baseia-se na ideia de que os efeitos do
contrato atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vonta-
de em celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra exceções expressamente consig-
nadas em lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro e na convenção coletiva de
trabalho.

Questão 37 (CESPE/PGE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2019) Na hipótese de defeito oculto


de coisa recebida em decorrência de contrato comutativo, caso o alienante não tenha conhe-
cimento do referido vício, ele deverá restituir o valor recebido do contrato, acrescido de indeni-
zação por perdas e danos.

Errado.
Em desacordo com o art. 443 do CC:

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com per-
das e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do
contrato.

Somente haverá perdas e danos se o alienante tiver conhecimento do vício.

Questão 38 (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Nos contratos aleatórios, é  ad-


mitida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da ocorrência de evento
superveniente, extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea assumida no
contrato.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Errado.
Questão com fundamento no Enunciado n. 440 das Jornadas de Direito Civil do CJF:

Enunciado n. 440
É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios,
desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a
álea assumida no contrato.

Questão 39 (CESPE/PG-DF/PROCURADOR/2013) É possível a revisão ou a resolução dos


contratos aleatórios por sua onerosidade excessiva, desde que o evento gerador da revisão
ou resolução, superveniente, extraordinário e imprevisível, não se relacione com a própria álea
assumida no contrato.

Certo.
Questão com fundamento no Enunciado n. 440 das Jornadas de Direito Civil do CJF:

Enunciado n. 440
É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios,
desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a
álea assumida no contrato.

Questão 40 (CESPE/TJ-AM/AJAJ/2019) De acordo com o Código Civil, a  extinção de um


contrato em razão da ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva expressa depende
de pronunciamento judicial para que possa produzir seus regulares efeitos jurídicos.

Errado.
Em desacordo com o art. 474 do CC:

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial.

Como a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito, não há necessidade de pronun-
ciamento judicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 69
DIREITO CIVIL
Contratos
Dicler Ferreira

Dicler Ferreira
Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual
Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de
Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-AM. Ministra aulas das
disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 69
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 69
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 69
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS - 02170572503, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar