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Poesias e Reflexões
Poesias e Reflexões
ROBSON REZENDE
Prefácio
Esses escritos foram todos feitos sem nenhuma técnica, sendo formulados
ao longo do tempo de maneira esporádica e espontânea em momentos que
achei interessante em cadeiras de sala de aula, em viagens de ônibus,
observando as coisas e as pessoas, a mim mesmo e por ai vai. Quem
acompanhar esses escritos singelos vai perceber que foi escrito por um homem
comum com conhecimentos básicos e sem nenhuma erudição. Pedi opinião de
alguns amigos para editar todo o conteúdo deste livro e me disseram que não
seria bom que eu fizesse isso porque é a maneira original do texto que dá vida
a ele, em outras palavras, foi o que eu senti naquele momento em que escrevi
e não seria bom editá-lo por mãos de terceiros. Então resolvi deixá-lo assim
como foi escrito. Forte abraço a todos.
Tirei a camisa e me vi
Um pouco mais gordo, cabelo nos peitos,
O rosto mais cheio,
Eu não era eu.
Eu era eu.
Crack
Professora,
És para mim de noite e de dia
A razão de minha biografia
Com quem quero sempre compartilhar
O pensamento é individual
Ou copiamos os pensamentos alheios
Dos que vivem a pensar.
Eu só quero cantar.
Cantar trazendo alegria
Pra quem chora de noite e de dia
Fazê-los sonhar.
A dança, o copo,
Cadeiras pra sentar
Tem gelo no isopor
Asinha de frango, lingüiça de porco, picanha,
O pipoqueiro,
O homem sozinho,
Estudantes passando,
A mulher com o bebê no carrinho,
Tenho saudade do barulho do trenzinho.
Estou no parque Moscoso.
Professor da rede pública
E o professor pacientemente
Esperava pela atenção do corpo dicente
Ninguém contendeu
Ninguém indagou,
Ninguém questionou a suposta autoridade
Do que se intitulava o maioral.
Lá vem a lua
Tão linda e charmosa
Lá vem a lua.
O dia ainda está claro
Mas ela já vem.
Casamento cancelado.
O melhor seria cada um voltar para sua casa
E não demorou muito para que ela arranjasse
Um outro pretendente menos atrasado.
O que viu?
O que pensou?
Com quem conversou?
Só sei que vi a mulher sorrindo.
Oh Jesus
Jesus de Nazareth
Morreu por mim, morreu por ti.
O Avião
O ônibus lotado
O tráfego do trem
No metrô me sinto tão bem...
Ando de carroça, carona, ou o que vem
Só não tiro o pé do chão
E não quero andar de avião.
Diante do espelho
Retoca a maquiagem,
Cabelos nos ombros, um colar de diamantes
E no peito uma coragem.
E foi nesse instante que de mãos dadas vão pela praça a passear
Num momento de desejo ela o envolve com um beijo profundo
Que nem o amanhã e nem o porvir deste mundo
Vão suas vidas separar.
Se tivesse passado
Veria crianças que nunca souberam
O que é um computador, nem e-mail
Nem internet, nem www.com.br.
Te perdi
E gritarei:
Que merda!
Amor platônico
Pelo contrário,
É sempre alguém que questiona o Ser
Procurando com isso
Se encontrar no tempo e no espaço.
Fiquei a pé,
Comi uma banana, estava sem grana.
E fui não sei pra onde.
O homem do madeiro
Você é o cateto
Da minha hipotenusa
Minha Monalisa, Cleópatra, Medusa.
É o comprimento
Do cateto na vertical
Você é o 2 PI radianos
Que equivale a 180 graus.
123...
321...
Divide tudo por dois
Coloca na raiz onde não é 1.
Você é meu seno
Comprimento do cateto na vertical
Você é meu coseno
Comprimento do cateto na horizontal
Você é tudo
Etc. e tal.
Atlântida
Explodiram Hiroshima
E constroem mais
Para um confronto nuclear
Atlântida...
Atlântida...
Oh... Oh... Oh...
Maria
Durma um pouco
Mas acorde bem depressa
Se vista num instante
Se apresse porque o ônibus vai passar.
Se chegar atrasado
Fica ruim pro seu lado
Com o patrão emburrado
Você vai se esbarrar.
No dia do pagamento
Peça um aumento
Que com o passar do tempo
Você chega lá.
De dia e de noite
De noite e de dia
No meu coração é só alegria
Porque já tenho o amor de Maria.
Cobre-me de noite
Trata-me de dia
Cuida de mim com muita alegria
Trata com respeito todos meus amigos
Maria que nunca me deixa sozinho.
Se quero passear me leva na praça
Quando diz que me ama fico sem graça.
Um contente velhinho
Disse-me baixinho que o amor
São seus lindos netinhos
Que quando está sozinho vem com ele brincar.
O show já terminou
Instrumentos guardados,
Gente conversando alto,
Recebo alguns trocados
Que o público pagou.
As luzes se apagam,
Todo mundo sai.
Alguns vão embora, porém outros não.
Engraçado...
Aquele amigo né...
Que talvez não devesse nem ter aparecido...
Cada um na sua
Se o cara é pedreiro
Deixa o cara trabalhar
Se o cara é padeiro
Deixa o cara confeitar
Se o cara é filósofo
Deixa o cara pensar
Se o cara é turista
Deixa o cara viajar
O Secretário de educação
Não quis saber se a gente gostava dela ou não.
Campanha Política
O tempo passou
E parei para olhar o tempo.
Fiquei feliz
Ao ver aquela mulher tão feia
Que outrora era tão linda
E não quis comigo se enamorar.
Aquele menino
Que brincava na rua
È homem feito e ajuda seus pais.
A mulher adúltera
Não consegue mais trair seu marido
Porque de tão idosa ninguém a quer mais.
Que nada
Eu era apenas alguém que olhava o horizonte além
Pensando que sabe nadar
Nadar tão longe, distante
Fugindo de um amor constante
Dentro do peito a machucar.
O Transeunte
Ele passou
Veio não sei de onde
Quem sou, ele não sabe.
Nem sei nem quero saber quem era
Apenas um transeunte naquele momento
Ah meu povo!
Deixa eu escrever o que quiser
Deixa eu falar o que pensar...
Deixa eu fazer poesias sem rimar errando meu brasilês
Não deixem minha canção calar
Mas deixem meus versos florescer a cada novo dia
Adeus
E fique tranqüilo nesta prisão que você me obrigou a criar
Pra você mesmo
Um lugar de silêncio e profunda ignorância a meu respeito
Blindado e fechado a 14 chaves no meu coração