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2020.2 - Lista 1
LISTA E SOLUÇÕES
Questão 1
As transformações de Legendre e de Maxwell são muito utilizadas em estudos termodinâmi-
cos. Neste contexto, obtenha:
a) As relações de Maxwell na representação da energia interna (1ª Lei da Termodinâmica);
b) A energia livre de Helmholtz e as relações de Maxwell nesta representação [dica: use a
transformada de Legendre na 1ª Lei da Termodinâmica];
c) A energia livre de Gibbs e as relações de Maxwell nesta representação;
d) A entalpia e as relações de Maxwell nesta representação.
Como as eqs. 1 e 2 são diferenciais exatas, fazemos uso das propriedades de derivadas
cruzadas. Dessa forma:
" # " #
∂2E ∂2E
∂ ∂E ∂ ∂E ∂T ∂P
= =⇒ = =⇒ =− .
∂V ∂S ∂S∂V ∂V ∂S ∂S ∂V ∂V ∂S
V,N S,N S,N V,N S,N V,N
(4)
Esta trata-se da primeira relação de Maxwell.
" # " #
∂2E ∂2E
∂ ∂E ∂ ∂E ∂T ∂µ
= =⇒ = =⇒ = .
∂N ∂S ∂S∂N ∂N ∂S ∂S ∂N ∂N ∂S
V,N S,V S,V V,N S,V V,N
(5)
Esta trata-se da segunda relação de Maxwell.
" # " #
∂2E ∂2E
∂ ∂E ∂ ∂E ∂P ∂µ
= =⇒ = =⇒ − = .
∂N ∂V ∂V ∂N ∂N ∂V ∂V ∂N ∂N ∂V
S,N S,V S,V S,N S,V S,N
(6)
1
Soluções elaboradas pelo monitor da turma.
ψ = ψ(p) (7)
que seja equivalente a y = y(x). E isso é feito por meio da transformada de Legendre. Daí,
é dada por:
dy
ψ = ψ(p) = y(x) − px, p= . (8)
dx
Se quisermos trabalhar na representação de energia livre de Helmholtz ao invés da repre-
sentação de energia (primeira lei da Termodinâmica), teríamos que aplicar a transformada
de Legendre na energia. Nesta representação temos:
Como a energia interna E = E(S, V, N ), sendo sua forma diferencial dada por:
∂E(S, V, N ) ∂E(S, V, N ) ∂E(S, V, N )
dE(S, V, N ) = dS + dV + dN, (9)
∂S ∂V ∂N
V,N S,N S,V
em que:
∂E ∂E ∂E
T = , P =− e µ= . (10)
∂S V,N ∂V S,N ∂N S,V
onde:
∂F ∂F ∂F
−S = , −P = e µ= . (15)
∂T V,N ∂V T,N ∂N T,V
onde:
∂G ∂G ∂G
−S = , V = e µ= . (23)
∂T P,N ∂P T,N ∂N T,P
Dessa forma, as relações de Maxwell na representação da energia livre de Gibbs são dadas
por:
" # " #
∂2G ∂2G
∂ ∂G ∂ ∂G ∂S ∂V
= =⇒ = =⇒ − = .
∂P ∂T ∂T ∂P ∂P ∂T ∂T ∂P ∂P ∂T
P,N T,N T,N V,N T,N P,N
(24)
onde:
∂H ∂H ∂H
T = , V = e µ= . (31)
∂S P,N ∂P S,N ∂N S,P
Dessa forma, as relações de Maxwell na representação da energia livre de Gibbs são dadas
por:
" # " #
∂2H ∂2H
∂ ∂H ∂ ∂H ∂T ∂V
= =⇒ = =⇒ = .
∂P ∂S ∂S∂P ∂P ∂S ∂S ∂P ∂P ∂S
P,N S,N S,N P,N S,N P,N
(32)
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FISIC0010 - Física Estatística
2020.2 - Lista 1
Questão 2
[Capacidades térmicas]
a) Mostre que as capacidades térmicas a volume constante e a pressão constante são, re-
spectivamente:
∂E
CV =
∂T V
e
∂E ∂V
CP = +P
∂T P ∂T P
T V αP2
Cp − CV = .
κT
dQ = dE + P dV. (37)
Daí:
∂E ∂E
dQ = dV + dT + P dV. (39)
∂V T ∂T V
Daí:
∂E ∂E ∂V ∂V
dQ = dP + dT + P dP + dT . (42)
∂P T ∂T P ∂P T ∂T P
∂E ∂V ∂E ∂V
dQ = +P dP + +P dT. (43)
∂P T ∂P T ∂T P ∂T P
b) Há diversas maneiras para resolver este item, uma destas é utilizar conceitos de trans-
formações de Legendre. Partindo da 1ª lei da termodinâmica e segunda lei da Termod-
inâmica, respectivamente:
dQ = T dS (45)
dE = dQ − P dV. (46)
Da segunda lei, calculando S nas representações S = S(T, V ) e S = S(T, P ), reproduzi-
mos dQ.
Representação S(T, V ): Na forma diferencial,
∂S ∂S
dS = dT + dV. (47)
∂T V ∂V T
onde:
∂F ∂F
−S = , e −P = (52)
∂T V ∂V T
A energia livre de Gibbs é dada pela transformada de Legendre dupla na energia interna
substituindo as variáveis S, V por P, T :
∂E ∂E
E[T, P ] = E(T, P ) ≡ G(T, P ) = E(S, V ) − ·S− · V. (57)
∂S V ∂V T
onde:
∂G ∂G
−S = , V = . (61)
∂T P ∂P T
dQ dS
C= =T , (65)
dT dT
usando as equações 55 e 64, reescrevendo as capacidades térmicas a volume constante
e pressão constante, respectivamente, por:
dQ ∂S
CV = =T , (66)
dT V ∂T V
dQ ∂S
CP = =T . (67)
dT P ∂T P
Dessa forma, igualando as eqs. 55 e 64, temos:
∂S ∂P ∂S ∂V
T dT + T dV = T dT − T dP, (68)
∂T V ∂T V ∂T P ∂T P
de modo que:
∂P dV
CP − CV = T . (71)
∂T V ∂T P
1 dV
κT = − (Coeficiente de compressibilidade isotérmica). (73)
V ∂P T
Dessa forma,
∂P
CP − CV = T V αP . (74)
∂T V
Fazendo:
1 dV dV
αP dP
V ∂T P
= 1 dV = − ∂T P
dV
= . (75)
κT − V ∂P T ∂P T
∂T V
i)
dx dy dx
= ; (77)
∂y w ∂z w ∂z w
ii)
dx 1
= ; (78)
∂y z dy
∂x z
iii)
dx dy dz
= −1; (79)
∂y z ∂z x ∂x y
ou seja,
dP −1
= dT dV
, (81)
∂T V ∂V P ∂P T
logo:
dV
dP αP
=− ∂T P
dV
= . (82)
∂T V ∂P T
κT
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Questão 3
[Surfactantes]
Moléculas de surfactantes como as de sabão ou shampoo, preferem se espalhar na superfí-
cie da ar-água em vez de se dissolver na água. Para ver isso, coloque um fio de cabelo na
superfície da água e toque suavemente à água em sua vizinhança com um pedaço de sabão.
(É também por isso que um pedaço de sabão pode mover um barco de papel de brinquedo.).
a) A tensão da superfície do ar-água S0 (assume-se que seja independente da temperatura) é
reduzida aproximadamente por N kB T /A, em que N é o número de partículas surfactantes e
A é a área. Explique este resultado qualitativamente.
b) Coloque uma gota de água numa superfície limpa. Observe o que acontece com o angulo
de contato da superfície ar-água ao tocar levemente a superfície da gota com um pequeno
pedaço de sabão, explique a observação.
c) Observações mais cuidadosas mostram que em altas densidades de surfactantes
2a N 2
∂S N kB T ∂T A − Nb
= − , e =− ,
∂A T (A − N b)2 A A ∂S A N kB
em que a e b são constantes. Obtenha a expressão para S(A, T ) e explique qualitativamente
a origem das correções descritas por a e b.
a) Moléculas surfactantes típicas têm uma cabeça hidrofílica (que se dissolve em água) e
uma cauda hidrofóbica (que não entra em contato com a água).
Alguns exemplos são:
CH3 − (CH2 )11 − SO3− · N a+ , (84)
−
+
CH3 − (CH2 )11 − N (CH3 )3 · Cl , (85)
CH3 − (CH2 )11 − O − (CH2 − CH2 − O)12 − H. (86)
As moléculas de surfactantes se espalham pela superfície da água e se comportam como
um gás bidimensional. O gás tem uma pressão proporcional à densidade e à temperatura
absoluta, que vem dos graus de liberdade bidimensional das moléculas. Assim, os surfac-
tantes baixam a energia livre da superfície quando a área da superfície é aumentada.
Como o trabalho é: dW = F dx = SdA, onde S = F/x, x = l. A variação de trabalho por
conta da tensão superficial é dada por:
∆WSup = S∆A − S0 ∆A. (87)
∆F
A pressão é dada por P = , ou seja, ∆F = P ∆A. Da equação dos gases ideal:
∆A
P V = nRT = N kB T, V = Adl (88)
N kB T
P Adl = N kB T, P = , (89)
Adl
isto é,
N kB T ∆F
∆F = ∆A; ∆A = . (90)
Adl N kB T
Adl
Assim,
N kB T N kB T
∆W = F dl = P ∆Adl = ∆Adl = ∆A, (91)
Adl A
ou seja:
N kB T
∆W = S∆A − S0 ∆A = ∆A, (92)
A
logo, a tensão superficial tem a seguinte relação neste caso
N
S = So − kB T . (93)
A
logo
Sas − Sws
cos θ = . (97)
Saw
Tocar a superfície da gota com um pedaço pequeno de sabão reduz Saw , portanto, cos θ
aumenta e assim o ângulo θ diminui.
c) Quando as moléculas do surfactante são densas, sua interação se torna importante,
que resulta em,
2a N 2
∂S N kB T
= − (98)
∂A T (A − N b)2 A A
e
∂T A − Nb
=− . (99)
∂S A N kB
Resolvendo a integral I:
Z Z Z
N kB T N kB T N kB T
2
dA = 2
du = nk B T u−2 du = −N kB T u−1 + const. = fI (T ) − ,
(A − N b) u A − Nb
(102)
em que: u = A − N b e du = dA.
Resolvendo a integral II:
2a N 2 aN 2
Z Z
dA = 2aN 2
A−3 dA = − 2 + fII (T ). (103)
A A A
Como,
N kB T aN 2
S(A, T ) =I − II = fI (T ) − + 2 − fII (T ) (104)
A − Nb A
N kB T aN 2
=fI (T ) − fII (T ) − + 2 , (105)
A − Nb A
fazendo f (T ) ≡ fI (T ) − fII (T ), temos:
2
N kB T N
S(A, T ) = f (T ) − +a . (106)
A − Nb A
N kB T
S(A, T ) = g(A) − . (109)
A − Nb
Da eq. (106) para encontrar quem é f (T ) derivamos essa expressão com relação a T (trata-
se das propriedades das equações diferenciais exatas. Dúvidas podem ser consultadas
em NAGLE, R. K.; SAFF, E. B.; SNIDER, A.D. Fundamentals of Differential Equations and
Boundary Value Problems . 6 ed., PEARSON, 2012., nas págs. 58–59.). Daí
∂S(A, T ) ∂f (T ) N kB
= − = eq.(107) , (110)
∂T ∂T A − Nb
∂f (T ) N kB N kB ∂f (T )
− = =⇒ = 0; f (T ) ≡ S0 . (111)
∂T A − Nb A − Nb ∂T
Comparando as eqs. (106) e (106) para encontrar a relação entre f (T ) e g(A): eq.(106) =
eq.(109). Assim,
2
N kB T N N kB T
f (T ) − +a = g(A) − (112)
A − Nb A A − Nb
2 2
N N
g(A) = f (T ) + a = S0 + a . (113)
A A
Questão 4
[Escalas de temperaturas]
Provar a equivalência da escala de temperatura Θ de um gás ideal e a escala termodinâmica
T , realizando um ciclo de Carnot em um gás ideal. O gás ideal satisfaz P V = N kB Θ e sua
energia interna E é função somente de Θ. No entanto,você não pode assumir que E ∝ Θ.Você
pode proceder da seguinte forma:
a) Calcule a variação de calor QH e QC como função de ΘH , ΘC e os fatores de expansão de
volume.
b) Calcule o fator de expansão de volume em um processo adiabático em função de Θ?
QH ΘH
c) Mostrar que = .
QC ΘC
Como o volume aumentou, significa que o gás realizou trabalho sobre as regiões externas,
assim:
como:
N kB ΘH N kB ΘH
P = =⇒ dQH = dV. (118)
V V
Integrando a eq. (118):
Z Z VB
dV
dQH = N kB ΘH =⇒ QH = N kB ΘH ln V |VVB = N kB ΘH (ln VB − ln VA ),
VA V A
(119)
isto é,
VB
QH = N kB ΘH ln . (120)
VA
Como o volume diminuiu, significa que o gás sofreu trabalho das regiões externas, assim:
como:
N kB ΘC N kB ΘC
P = =⇒ dQC = − dV. (123)
V V
Integrando a eq. (123):
Z Z VD
dV
dQC = −N kB ΘC =⇒ QC = −N kB ΘC ln V |VVD = −N kB ΘC (ln VD − ln VC ),
VC V C
(124)
isto é,
VD
QC = −N kB ΘC ln . (125)
VC
QH N kB ΘH ln VVBA ΘH ln VVBA
= = . (126)
QC −N kB ΘC ln VVDC
ΘC ln VC
V D
dQ = 0; dQ = dE − dW =⇒ dE = dW. (127)
Como,
∂E dE
E = E(Θ) =⇒ dE = dΘ = dΘ. (128)
∂Θ dΘ
O volume aumenta de VB até VC , assim o gás realiza trabalho: dW = −P dV . Logo,
dE dE N kB Θ
dΘ = −P dV =⇒ dΘ = − dV. (129)
dΘ dΘ V
Integrando a eq. (129), entre as duas diferentes temperaturas:
Z ΘH Z VC Z ΘH
1 dE N kB VC 1 dE
dΘ = − dV ; −N kB ln V |VB = dΘ, (130)
ΘC Θ dΘ VB V ΘC Θ dΘ
ou seja,
Z ΘH
VC 1 1 dE
ln =− dΘ . (131)
VB N kB ΘC Θ dΘ
No caminho DA:
dQ = 0; dQ = dE − dW =⇒ dE = dW. (132)
ou seja,
Z ΘH
VD 1 1 dE
ln =− dΘ . (135)
VA N kB ΘC Θ dΘ
Embora não possamos avaliar explicitamente a integral (uma vez que E(Θ) é arbitrário),
podemos, no entanto, concluir que
VA VB
= . (137)
VD VC
c) Da eq. (126):
QH N kB ΘH ln VVBA ΘH ln VVBA
= = . (138)
QC −N kB ΘC ln VVDC
ΘC ln VC
V D
VB VC
= . (139)
VA VD
Assim,
QH ΘH ln VVBA QH ΘH
= =⇒ = . (140)
QC ΘC ln VVD
C QC ΘC
Questão 5
[Equações de Estado]
A equação de estado restringe a forma da energia interna como nos exemplos a seguir.
a) Iniciando de dE = T dS − P dV , mostrar que a equação de estado P V = N KB T na verdade
implica em E pode somente depender de T .
b) Qual é a equação de estado mais geral consistente com uma energia interna que depende
somente da temperatura?
c) Mostre que, para um gás de Van der Waals CV é uma função apenas da temperatura.
onde:
∂E(T, V ) ∂E(T, V )
−S = , e −P = (153)
∂T V ∂V T
(154)
Da eq. (148)
∂E ∂S ∂E ∂P
= T −P =⇒ = T −P . (155)
∂V T ∂V T ∂V T ∂T V
P = f (V )T ., (158)
∂E
Como E = E(T ), então = 0. Assim, da eq. (155):
∂V T
∂P ∂P
0=T −P =⇒ P =T = T f (V ), (159)
∂T V ∂T V
implicando que
∂P
f (V ) = . (160)
∂T V
ou
2
N kB T N
P = +a . (162)
(V − N b) V
Como, foi visto na eq. (40) que a capacidade térmica a volume constante é dada por
∂E
CV = = CV (T, V ), (163)
∂T V
Da eq.(155):
∂CV ∂ ∂E ∂ ∂P ∂ ∂P ∂P
= = T −P = T − , (165)
∂V T ∂V ∂T V ∂T ∂T V ∂T ∂T V ∂T
∂2
∂CV ∂T ∂P ∂ ∂P ∂P
= − T − = T [P ] . (166)
∂V T ∂T ∂T V ∂T ∂T V ∂T ∂T 2
Da eq. (162):
" 2 #
∂2
∂CV N kB T N
=T +a =0 . (167)
∂V T ∂T 2 (V − N b) V
Questão 6
[Filamento]
Para um filamento elástico verifica-se que, a uma variação finita de temperatura, um deslo-
camento x requer uma força
J = ax − bT + cT x,
em que a, b e c são constantes. Além disso, a sua capacidade de calor a um deslocamento
constante é proporcional à temperatura, isto é, Cx = A(x)T .
a) Use uma relação de Maxwell apropriada para calcular ∂S
∂x T .
dA
b) Mostre que A tem de fato que ser independente de x, isto é, = 0.
dx
c) Dê a expressão para s(T, x) assumindo S(0, 0) = S0 .
∂S
d) Calcular a capacidade de calor em tensão constante, isto é, CJ = T como função de
∂T J
T e J.
onde:
∂F ∂F
−S = , e J= (172)
∂T x ∂x T
Como J = ax − bT + cT x, temos:
∂S ∂J ∂
=− =− (ax − bT + cT x) = +b − cx, (174)
∂x ∂T ∂T
T x x
ou seja:
∂S
= −cx + b . (175)
∂x
T
Cx = A(x)T, (177)
daí,
∂S ∂S
Cx = A(x)T = T =⇒ A(x) = , (178)
∂T ∂T
x x
derivando esta última expressão com relação a x e usando a relação Maxwell obtida no
item anterior:
∂ ∂ ∂S ∂ ∂S ∂
A(x) = = = (−cx + b) = 0, (179)
∂x ∂x ∂T ∂T ∂x ∂T
x T
onde foram usadas as eqs. (175) e (178). Integrando a eq. (180), temos:
Z S(T,x) Z T 0 =T Z x0 =x
dS(T, x) = A(x)dT + (−cx + b)dx, (181)
S(0,0) T 0 =0 x0 =0
S(T,x) cx2
S|S(0,0) = A(x)T |T0 + (− + bx)|x0 (182)
2
cx
S(T, x) = S(0, 0) + A(x)T + (− + b)x, (183)
2
como S(0, 0) = S0 , temos:
cx
S(T, x) = S0 + A(x)T + (b − )x . (184)
2
d)Em
∂S
CJ = T , (185)
∂T
J
aqui S = S(T, J), ou seja, está na representação de Gibbs. A entropia calculada no item(c)
está na representação S = S(T, x):
∂S ∂S
dS(T, x) = dT + dx, (186)
∂T ∂x
x T
" # " #
∂S ∂S ∂x ∂S ∂x
dS(T, J) = + dT + dJ, (189)
∂T ∂x ∂T ∂x ∂J
x T J T T
e
∂S ∂S ∂x
= . (192)
∂J ∂x ∂J
T T T
Dessa forma,
" #
∂S ∂S ∂S ∂x
CJ = T =T + , (193)
∂T ∂T ∂x ∂T
J x T J
∂S
A(x) = , (195)
∂T
x
assim,
" #
∂x
CJ = T A(x) + (−cx + b) , (196)
∂T
J
" #
∂x ∂x ∂x
−a = −b + c T + x = −b + cT + cx, (200)
∂T ∂T ∂T
J J J
de modo que:
∂x ∂x ∂x
−a − cT = −b + cx =⇒ (−a − cT ) = −b + cx , (201)
∂T ∂T ∂T
J J J
isto é,
∂x −b + cx b − cx
= = , (202)
∂T −a − cT a + cT
J
assim,
" #
(b − cx)2
∂x b − cx
CJ = T A(x) + (−cx + b) = T A(x) + (−cx + b) = T A(x) + .
∂T a + cT a + cT
J
(203)
J + bT
De J = ax − bT + cT x =⇒ J + bT = (a + cT )x =⇒ x = . Daí:
a + cT
J + bT 2
(b − c )
(b(a + cT ) − c(J + bT ))2
a + cT
(204)
CJ = T A(x) +
= T A(x) +
.
a + cT (a + cT )3
(ba − cJ)2
CJ = CJ (T, J) = T A(x) + . (206)
(a + cT )3
Questão 7
[Gás de núcleo duro]
Um gás obedece a equação de de estado P (V − N b) = N kB T , e tem um calor específico CV
independente da temperatura. (N é mantido fixo a seguir).
∂S
a) Determinar a relação de Maxwell envolvendo .
∂V T,N
b) Calculando dE(T, V ), mostrar que E é uma função de T (e N ) somente.
c) Mostrar que γ = CCP
V
= 1 + NCkVB (independente de T e V ).
d) Escrevendo uma expressão para E(P, V ), ou outra forma, mostrar que uma variação adia-
bática satisfaz a equação P (V − N b)γ = Constante.
em que:
∂E ∂E ∂E
T = , P =− e µ= . (208)
∂S V,N ∂V S,N ∂N S,V
onde:
∂F ∂F ∂F
−S = , −P = e µ= . (213)
∂T V,N ∂V T,N ∂N T,V
como dN = 0, podemos reescrever a eq. (216), fazendo uso de eq. (217), como:
∂S(T, V, N )
∂S(T, V, N )
dE(S, V, N ) = T dS − P dV = dT + dV − P dV. (218)
∂T ∂V
V,N T,N
∂S(T, V, N ) ∂S(T, V, N )
dE(S, V, N ) = T dT + T − P dV. (219)
∂T ∂V
V,N T,N
N kB T
Como a P (V − N b) = N kB T , isto é, P = . Da relação de Maxwell obtida no item
V − Nb
(a):
N kB T
∂
∂S ∂P ∂P V − Nb N kB
= =⇒ = = . (220)
∂V ∂T ∂T ∂T V − Nb
T,N V,N V,N V,N
Assim, da eq.(219)
∂S ∂S ∂S ∂P
dE = T dT + T − P dV = T dT + T − P dV (221)
∂T ∂V ∂T ∂T
V,N T,N V,N V,N
∂S N kB ∂S
=T dT + T − P dV = T dT + (P − P )dV (222)
∂T V − Nb ∂T
V,N V,N
∂S
=T dT + (0)dV, (223)
∂T
V,N
dessa forma,
∂S
dE = T dT , (224)
∂T
V,N
logo,
dQ dE − dW dE + P dV ∂E
CV = = = = ∂T (226)
dT V dT V dT
V V
dQ dE − dW dE + P dV ∂E ∂V
CP = = = = ∂T + P ∂T , (227)
dT P dT P dT P P P
∂E ∂E
CV = = . (228)
∂T V ∂T P
N kB T + P N b
De P (V − N b) = N kB T , implica em P V = N kB T + P N b, isto é, V = .
P
Assim, a segunda expressão da eq. (227),
∂V N kB
P =P = N kB , (229)
∂T P P
∂E ∂V ∂E
CP = +P = + N kB , (230)
∂T P ∂T P ∂T P
daí,
CP N kB
CP = CV + N kB , =⇒ γ≡ =1+ , (231)
CV CV
CV CV
dE = [P dV + V dP − N b dP ] = (P dV + (V − N b)dP ) (234)
N kB N kB
CV
dE = dE(V, P ) = (P dV + (V − N b)dP ). (235)
N kB
Para uma variação adiabática dQ = 0:
0 = dQ = dE − dW = dE + P DV ; dE = −P dV ; E = E(V ), (236)
CV CV
−P dV − P dV = (V − N b)dP, (238)
N kB N kB
dividindo ambos os lados por P :
CV CV dP CV dP CV
−dV − dV = (V − N b) =⇒ (V − N b) + dV + dV = 0 ,
N kB N kB P N kB P N kB
(239)
reorganizando,
dP N kB N kB CV
+ dV + dV = 0 (240)
P CV (V − N b) CV (N − N b) N kB
dP N kB dV
+ dV + = 0, (241)
P CV (V − N b) (V − N b)
como γ = CP
CV =1+ CV ,
N kB
isto é, N kB
CV = γ − 1,
dP γ−1 dV dP γ
+ dV + =0 =⇒ + dV = 0 . (242)
P (V − N b) (V − N b) P (V − N b)
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FISIC0010 - Física Estatística
2020.2 - Lista 1
Questão 8
[Ciclo de Carnot do gás de fótons]
O obejtivo deste problema é obter a relação de radiação de corpo negro, E(T, V ) ∝ V T 4 ,
iniciando da equação de estado, realizando um ciclo de Carnot infinitesimal no gás de fótons.
W = dV dP . (249)
Outra forma, é expressar em forma de integral:
Z Z Z V +dV Z P +dP
W = dV dP = dV dP = dV dP . (250)
V P
" #
∂E ∂E
dQ = dT + + P dV, (255)
∂T ∂V
V V
dW dV dP dP
η= = ∂E = ∂E
. (258)
dQ ∂V
+ P dV ∂V V +P
V
TC T (T + dT ) − T dT dT
η =1− =1− = = ' , (260)
TH T + dT T + dT T + dT T
dW dP dT
η= = ∂E
= . (261)
dQ ∂V V +P T
d) Da eq. (261),
dP dT dP ∂E ∂E dP
η = ∂E = =⇒ dT = + P =⇒ =T − P. (262)
∂V V + P
T T
∂V V ∂V V dT V
πkB4
Como temos P = AT 4 (dP = 4AT 3 dT ), em que A = , assim,
45(~c)3
∂E 4AT 3 dT
=T − AT 4 = 4AT 4 − At4 = 3AT 4 . (263)
∂V V dT V
∂E
= 3AT 4 , (264)
∂V V
daí
dE = dQ + dW =⇒ dE = dW = −P dV =⇒ dE + P dV = 0 , (269)
12AV T 3 dT + 3P dV + P dV = 0, (274)
12AV T 3 dT + 4P dV = 0. (275)
De P = AT 4 , implica, dP = 4AT 3 dT . Dessa forma, a eq. (274) pode ser reescrita por:
dP dV
3V dP + 4P dV = 0 , ou 3 = −4 . (276)
P V
Integrando ambos os lados da separável (eq. (276)), temos:
Z Z
dP dV
3 = −4 , (277)
P V
Questão 9
[Processo irreversível]
a) Considere duas substâncias, inicialmente nas temperaturas T10 e T20 , chegando ao equilíbrio
a uma temperatura final Tf através da troca de calor. Relacionando a direção do fluxo de calor
à diferença de temperatura, mostre que a mudança na entropia total, que pode ser escrita
como Z Tf Z Tf
T1 − T2
Z
dQ1 dQ2
∆S = ∆S1 + ∆S2 ≥ + = dQ
0
T1 T1 T20 T2 T1 T2
deve ser positiva. Este é um exemplo da condição mais geral que em um sistema fechado, o
equilíbrio é caracterizado pelo valor máximo da entropia S.
b) Agora considere um gás com volume ajustável V , e paredes diatérmica, embebidas em um
banho de calor de temperatura constante T e pressão fixa P . A variação na entropia no banho
é dada por
∆Qbanho ∆Qgas 1
∆Sbanho = =− = − (∆Egas + P ∆Vgas ) .
T T T
Considerando a mudança na entropia do sistema combinado, estabelece-se que o equilíbrio
de uma gás em T e P fixos é caracterizado pelo mínimo da energia livre de de Gibbs G =
E + P V − T S.
dQ1→2 : Calor que flui do corpo 1 para o corpo 2, caso a temperatura do corpo 2 seja menor
que a do corpo 1. Temos ainda que:
Z Tf Z Tf
dQ1 dQ2
∆S1 = , ∆S1 = . (282)
T10 T1 T20 T2
∆Q = ∆E − ∆W. (292)
Para o gás:
∆Qgas = ∆Egas − ∆Wgas = ∆Egas + P ∆V gas. (293)
assim,
∆Qbanho 1 1
∆Sbanho = = − [∆Egas + P ∆Vgas ] + ∆Sgas = − [∆Egas + P ∆Vgas − T ∆Sgas ]
T T T
(294)
1 1
∆Sbanho = − [∆Egas + P ∆Vgas − T ∆Sgas ] = − ∆Ggas , (295)
T T
onde ∆Ggas é a energia livre de Gibbs associada a ∆S. Pela segunda da termodinâmica:
∆S ≥ 0, implica em ∆Ggas ≤ 0, isto é, todos os processos que ocorrem podem apenas
diminuir a energia livre de Gibbs do gás. Portanto, o equilíbrio de um gás em contato com
um banho de calor de T e P constantes é estabelecido no ponto de energia livre mínima
de Gibbs, ou seja, quando a energia livre de Gibbs não pode mais ser reduzida.
Questão 10
[O sistema Solar: (conceitual)]
O Sistema Solar originou-se de um gás diluído de partículas, suficientemente separado de
outras nuvens para ser considerado um sistema isolado. Sob a ação da gravidade, as partícu-
las coalesceram para formar o Sol e os planetas.
a) O movimento e a organização dos planetas são muito mais ordenados do que a nuvem de
poeira original. Por que isso não viola a segunda lei da termodinâmica?
b) Os processos nucleares do Sol convertem prótons em elementos mais pesados, como o
carbono. Essa organização adicional leva a uma redução na entropia?
c) A evolução da vida e da inteligência requer níveis ainda maiores de organização. Como isso
é alcançado na Terra sem violar a segunda lei?
a) A formação dos planetas se deve à interação gravitacional. Por causa da natureza atra-
tiva dessa interação, a nuvem de poeira original com densidade uniforme tem de fato uma
entropia mais baixa. O agrupamento da densidade uniforme leva a uma entropia mais
alta. Claro que a energia potencial gravitacional é convertida em energia cinética no pro-
cesso. Em última análise, a energia cinética das partículas que caem é liberada na forma
de fótons que carregam uma grande quantidade de entropia.
b) Novamente, o processo de formação de elementos mais pesados é acompanhado pela
liberação de grandes quantidades de energia que são carregadas pelos fótons. A entropia
carregada por esses fótons é mais do que suficiente para compensar qualquer ordem
associada ao empacotamento de núcleos em núcleos mais pesados.
c) Mais uma vez, há uso de energia pelos organismos que convertem formas mais orde-
nadas de energia em formas menos ordenadas.
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