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Breve Biografia do Shaikh Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.

Sîdi Ibrâhîm al-Riyahi (Brahim Riahi)


(1767-1850) (r.a.a.), o Imâm da Universidade
de Zaitûna e o Shaikh al-Islâm maliquita de
Túnis a partir de 1832, relevou-se no período
otomano tardio de intensa mudança social e
intelectual como uma das mais notórias
testemunhas da riqueza da erudição de
Zaitûna. Era um múfti iluminado, um
professor dedicado e inovador e um poeta
realizado. Também cultivou discretamente
uma profunda espiritualidade durante toda a
sua vida, e foi o homem que introduziu a
Tarîqa Tijâniyya na Tunísia.
O Shaikh Ibrâhîm Niasse (m. 1975)
(r.a.a.) disse sobre ele:
“Se o Shaykh Ahmad al-Tijani (r.a.a.)
não tivesse nenhum outro seguidor Porta da Casa de Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.),
Túnis, Tunísia
além de Abu Is'hâq Ibrâhîm al-Riyâhi,
bastaria para nós como prova também segui-lo.”
O seu nome completo era Abu Is'hâq Ibrâhîm ibn 'Abd al-Qâdir ibn Ahmad ibn
Ibrâhîm al-Tarâbulusi al-Riyâhi; ele deriva a nisba (nome de tribo ou nacionalidade) al-
Tarâbulusi [“tripolitano”, de Trípoli, Líbia] do seu bisavô Ibrâhîm, um professor de
Alcorão que se mudou com a sua família da Líbia para se juntar com outros membros da
sua tribo (Banu Riyâh), que se estabeleceram a partir da região montanhosa de Tubúrsico
(Tabursuq/Téboursouk), no interior do Norte da Tunísia. Sîdi Ahmad, filho desse último e
avô de Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.), mudou-se mais tarde para Testur (Tistûr/Testour),
uma antiga cidade nas montanhas que domina o vale de Medjerda, reconstruído em 1609
por muçulmanos e judeus fugindo de Al-Ândaluz [antiga Península Ibérica islâmica]
depois da Reconquista. Aqui em Testur, Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) nasceu em 1767
para Sîdi 'Abd al-Qâdir, um filho de Sîdi Ahmad que, como o seu pai e avô, ganhava a sua
renda (de acordo com as fontes, bem baixa) ensinando o Alcorão.
Depois de ter memorizado o Alcorão através do seu pai no fim da adolescência
(algum momento entre 1782 e 1785), Sîdi Ibrâhîm (r.a.a.) foi enviado para buscar estudos
superiores em Túnis. Estabeleceu-se na madraça de Hawânit al-'Ashûr (Houanet Achour),
um bairro da Zona Oeste de Medina. Frequentou cursos de todas as principais disciplinas
religiosas e filológicas na Madraça de Houanet Achour, e então em Zaitûna, o mais antigo
centro de aprendizado islâmico no Norte da África, que foi estabelecido no século VIII e
funcionava como ponto focal do pensamento legal maliquita. Sob domínio otomano, um
sistema paralelo de direito hanafita se estabeleceu, e as duas doutrinas legais eram
ensinadas em Zaitûna e praticadas nos tribunais tunisianos. Bash-Múfti maliquita
supervisionava os juízes maliquitas, enquanto um hanafita, o seu próprio judiciário.
Em Zaitûna, Sîdi Ibrâhim al-Riyâhi
(r.a.a.) estudou com os sábios mais
renomados de Túnis do seu tempo. Entre
os seus professores estavam Muhammad
al-Mahjûb (Bash-Múfti maliquita),
Ismâ'îl al-Tamîmi (que sucedeu o
anterior como Bash-Múfti maliquita),
Muhammad Bayram II (Bash-Múfti
hanafita), Hassan al-Sharîf (Imâm chefe
de Zaitûna), Ahmad Abu Khris,
Postal de 1890 da Mesquita de Zaitûna, onde funcionou a Muhammad al-Fâsi, Sâlih al-Kawwâsh,
universidade até 1960 (Túnis, Tunísia) 'Umar al-Mahjûb e Tâhir ibn Mas'ûd.
Rapidamente adquiriu um grande reconhecimento, pela sua aguda inteligência e pela
paixão com a qual era devotado a estudar. Depois de obter ijâzât nas principais disciplinas,
foi encorajado pelos seus mestres a aceitar ele mesmo alunos, o que fez por algum tempo
quando tinha quase 30 anos, sob um dos pilares da mesquita de Zaitûna como era de
costume. Especializou-se em ensinar gramática, prosódia, retórica e jurisprudência
maliquita. É relatado que um dos seus ex-professores, Tâhir ibn Mas'ûd, enquanto
comentava o Múkhtassar de Sa'd, ouviu Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) ensinando o mesmo
livro para outro grupo de alunos a alguns metros de distância. Interrompeu a sua própria
aula e mandou os seus alunos para escutar as explicações do seu ex-aluno.
Mais tarde, o Shaikh Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) também começaria a ensinar exegese
alcorânica (o tafsîr teológico axarita de Baidâwi, para o qual ele obteve ijâza do Shaikh
Sâlih al-Kawwâsh), e hadîth (Sahîh Bukhâri, com o comentário de al-Qastallâni). Entre os
seus alunos havia um número de pessoas influentes da vida intelectual e política de Túnis
do fim do século XIX, tal como o historiador e conselheiro ministerial Ahmad ibn Abi
Diyâf, Bayram V, Mahmûd Qabâdu e o poeta al-Baji al-Mas'ûdi.
O caminho que eventualmente levaria Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) a afiliar-se à
Tijâniyya desenvolveu-se da sua busca inicial por conhecimento em Túnis. Ciências
esotéricas, entretanto, provavelmente já eram parte do legado da família: de fato, as
ciências esotéricas associadas com as letras árabes do Alcorão ('Ilm al-Hurûf) eram
integradas no estudo dos seus ancestrais e na transmissão das ciências alcorânicas. De
todo modo, enquanto buscava treinamento em outras ciências islâmicas clássicas em
Túnis, ele simultaneamente evidenciou fortes inclinações sûfis. Primeiramente abraçou o
Caminho de Sîdi Abu al-Hassan al-Shâdhili (q.s.), o famoso santo marroquino que visitou
Túnis, onde a sua Tarîqa (Shâdhiliyya) é muito popular ainda. Devotamente buscou esse
Caminho sob a direção do seu mestre Sîdi 'Abd al-Rahmân al-Bashîr Mashîsh.
Alguns anos depois, o seu encontro com o marroquino Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.),
um dos companheiros mais íntimos do Shaikh Ahmad al-Tijâni (r.a.a.), levá-lo-ia a abraçar
o Caminho Tijâni. Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.) chegara em Túnis a caminho de realizar a
Peregrinação (Hajj), depois de ter sido confirmado como um consumado 'Ârif bi-Llah
[Gnóstico] pelo Shaikh Ahmad al-Tijâni (r.a.a.) e de ter sido enviado de Fez para espalhar a
nova Tarîqa.
Sîdi Ibrâhîm (r.a.a.) encontrou Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.) em Zaitûna depois dum
sonho premonitório, e então convidou o sûfi
marroquino para ser o seu hóspede na Madraça
'Ashûriyya. Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.) era dotado de
muitos karâmât [sinais milagrosos], e alguns eventos
intensos marcaram a convivência dos dois,
provavelmente afetando profundamente o jovem
professor de Zaitûna. É relatado que numa noite Sîdi
'Ali Harâzim (r.a.a.) acordara Sîdi Ibrâhîm (r.a.a.) e lhe
disse: “Acorde e peça a Allah o que você desejar, pois
este é o tempo da oração respondida.” Sîdi Ibrâhîm
(r.a.a.) escreveu 14 apelos (entre eles “ser-lhe
concedida a constante visão do Profeta Muhammad
(s.a.w.s.)”, “obter má'rifa (gnose) completa”, “ser-lhe
concedido o domínio das ciências exotéricas e
esotéricas”, “ser-lhe concedida uma esposa que lhe
auxiliasse”, “filhos piedosos” e “morrer como um
crente”). Parece que Allah de fato concedera a Sîdi Entrada da Madraça 'Ashûriyya,
Túnis, Tunísia
Ibrâhîm (r.a.a.) de acordo com as suas súplicas por
intermédio de Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.).
Apesar do intenso período de convivência com Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.)
e da sua afiliação próxima à Tijâniyya, Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) não
pediu para iniciar-se realmente na nova Tarîqa, até que encontrou o Shaikh
Abu al-Hassan al-Shâdhili (q.s.) num sonho lhe encorajando. Então, depois de
ter pedido permissão do shaikh que o iniciou na Shâdhiliyya, Sîdi al-Mashîsh, tomou o
pacto (bai'a) tijâni das mãos de Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.).

Sîdi 'Ali Harâzim (r.a.a.) em breve deixaria Túnis para proceder a sua viagem para o
Oriente, mas uma coincidência providencial deu ao jovem professor e recém-iniciado tijâni
a oportunidade de visitar o Polo (r.a.a.) da Tarîqa que ele acabou de se afiliar. Em 1803,
uma seca insistente em Túnis fez o Bei enviar uma missão ao Marrocos para convencer o
Sultão Maulâi Sulaimân, que havia promulgado uma medida protetiva contra a exportação
da safra marroquina, para vender uma certa quantidade da colheita que permitiria que a
Tunísia superasse a crise alimentícia. Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) foi selecionado para
conduzir a missão, trazendo uma carta escrita por Ismâ'îl al-Tamîmi. Ele ficou na corte de
Maulâi Sulaimân, para o qual ele também dedicou um panegírico e participou dum desafio
poético fascinante com os eruditos da sua corte. No fim, lançara as fundações para relações
intelectuais duradouras com alguns dos principais sábios de Fez. Enquanto estava em Fez,
também visitara o Shaikh Ahmad al-Tijâni (r.a.a.), sobre o qual ele lembraria mais tarde:
“Nunca encontrei ninguém cujo qiyâm [postura de pé] e cujo sujûd [prostração] durasse
tanto tempo.”

Recebeu mais instruções sobre a Tarîqa Tijâniyya do próprio Shaikh Ahmad al-
Tijâni (r.a.a.), a quem ele posteriormente elogiaria nos seguintes versos, extraídos da sua
Qassîda Sîniyya [Ode da Letra Sîn]:
O socorro da criação, Abu al'Abbâs [Ahmad al-Tijâni], Cuja essência é exaltada
demais para ser revelada em papel.
O espírito da existência, o polo, centro e suporte da existência; O seu segredo
irradiando aos homens.
O símbolo da existência, segredo da Verdade; o seu talismã, o seu conteúdo oculto,
o seu tesouro, trancado num cofre.
A realidade da existência, substância do segredo; a sua soma, a efusão de Allah,
sem dúvida ou objeção.

E também, na sua Qassîda Mîmiyya [Ode da Letra Mîm]:


Se você disser: como é isso [que ele seja o Selo dos Santos], quanto ele só veio nessa
era tardia?
Pode quem segue ser superior do que aquele que veio antes?
Diria eu: o Profeta, embora sendo o último, ultrapassara
Todos so que possuíam um patamar elevado dentre a humanidade.

Finalmente Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) se preparou para retornar a Túnis, depois
de obter sucesso na sua missão diplomática, assim como no seu objetivo espiritual.
O fato de, por volta dos 35 anos de idade, ter sido selecionado para uma missão
diplomática tão delicada, demonstra que as autoridades políticas tunisianas já tinham
começado a notar o jovem erudito. Somente alguns meses antes, entretanto, o Shaikh
Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) estava bem perto de abandonar Túnis e procurar carreira de
professor fora dali: apesar da posição de professor em Zaitûna, de fato a sua situação
financeira ainda não lhe havia permitido casar e se estabelecer, e o jovem professor por
volta dos 30 anos estava ainda morando no seu antigo quarto de estudante na Madraça
'Ashûriyya. Foi graças a intervenção de Yússuf Sâhib al-Taba', Ministro e Selo Privado do
Bei reinante Hammûda Paxá, que Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) desistiu definitivamente
dos seus planos de deixar Túnis. Yússuf Sâhib al-Taba' lhe ofereceu uma casa e lhe
arranjou um casamento, e então Sîdi Ibrâhîm poderia se estabelecer numa rua para os
lados de Houanet Achour, onde a primeira záuia tijâni de Túnis seria também construída
logo depois, abrigando hoje o mausoléu do fundador. Yússuf Sâhib al-Taba' foi um dos
principais cérebros detrás das reformas de Hammûda Bey, que objetivava abrir um espaço
de liberdade para a Regência Tunisiana da tutelagem argelina e crescente influência
europeia. A presença de sábios como Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) em Túnis foi parte
dessa estratégia geral focada em aumentar o prestígio econômico e cultural da capital da
Regência. Em 1814, quando um novo complexo de mesquita e madraça foi construído por
Yússuf Sâhib al-Taba', a Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) foi oferecido a posição de professor
de hadîth ali.
O comportamento de Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) quanto às autoridades políticas
— uma mistura de bom senso, firmeza e dignidade — constitui um dos traços mais
fascinantes da sua biografia. As suas relações com as autoridades políticas lembra a
máxima islâmica: “O melhor dos sultães é aquele que procura a companhia dos sábios, e o
melhor dos sábios é aquele que se mantém longe dos sultães”. Em 1806, Sîdi Ibrâhîm al-
Riyâhi (r.a.a.) recusou a posição de qâdi [juiz] oferecida a ele pelo Bei Hammûda Paxá para
substituir o Shaikh 'Umar al-Mahjûb, com o qual o Bei ficou rancoroso depois deste ter
mandado uma crítica alusiva em público durante um sermão de sexta-feira em Zaitûna.
Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) teve que fugir para Zaguã para buscar refúgio numa záuia
que gozava do direito de asilo para escapar da oferta do Bei. Retornou a Túnis somente
depois de aquele ter dado a vaga para outro ex-professor de Sîdi Ibrâhîm (r.a.a.), Ismâ'îl al-
Tamîmi.
Enquanto autoridades políticas tentaram atuar na hierarquia dos 'ulamâ' [sábios]
para manipular a classe, a recusa dum sábio em tal circunstância significou uma
contraestratégia para cimentar o corpo da classe dos 'ulamâ', assim preservando a sua
independência frente ao poder político. Em 1816, Hussain Bey II convidou-o para o Palácio
Bardo para conferir-lhe o ensinamento do Tafsîr al-Baidâwi em Zaitûna depois da morte
do Shaikh al-Fâsi. Quando Hussain Bey estendeu a sua mão para que ele a beijasse, Sîdi
Ibrâhîm (r.a.a.), em vez disso, apertou-a. Nervoso, o filho do soberano lhe perguntou: “O
que você veio fazer aqui?”, e o Shaikh lhe respondeu prontamente: “Nada; mas você me
convidou, e aqui estou.”
A atitude do Shaikh Ibrâhîm (r.a.a.) de modo algum lhe era exclusivo, mas era
compartilhado como parte da etiqueta dos sábios de Zaitûna da época, num tempo em que
estavam se esforçando para manter a própria independência como supervisores do
judiciário e custódios dum legado religioso. As biografias dos professores de Sîdi al-Riyâhi
(r.a.a.) também abundavam de incidentes semelhantes. Não era uma atitude de desafio
orgulhoso, mas de distância prudente e digna. O próprio Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.)
frequentemente escrevia poemas louvando as ações dos sultães que ele julgava como
favoráveis aos interesses da comunidade e à religião. Através duma sábia dose de serviço
leal e distância prudente, os sábios garantiam que, quando se lhes confiassem com papéis
delicados no judiciário, estariam numa posição para fazer a sua parte sem interferência
excessiva dos interesses privados da corte do Bei.
Em 1823, Hussain Bey II escolheu elevar Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) à posição de
Bash-Múfti maliquita, o mais alto patamar da hierarquia do judiciário tunisiano. O Shaikh
Ibrâhîm (r.a.a.) inicialmente se recusou, e somente aceitou depois da insistência repetida
do Bei. Um número de fatâwa [pareceres jurídicos] que ele emitira durante os 27 anos que
serviu como múfti são relatados na sua biografia, Ta'tîr al-Nawâhi [O Contorno dos
Aspectos]. Em assuntos religiosos, era um maliquita escrupuloso. Em assuntos sociais,
sempre procurou implementar o princípio de que “a religião prescreve a facilidade”.
Ele era frequentemente solicitado em assuntos sociais e políticos. Quando foi
perguntado por Ahmad Bey para dar o seu conselho sobre as medidas que o Bei adotara
que prescreviam a libertação de um número de negros escravos e a abolição da escravidão
na Regência, ele elogiou as decisões descrevendo-as como “totalmente legítimas e dignas
de serem sustentadas por todas mentes razoáveis e sãmente educadas.”
Em 1838, foi-lhe novamente confiada uma missão oficial, desta vez para a Corte
Otomana em Istambul, para pedir a dispensa de Túnis dum imposto anual e para o
reconhecimento da autonomia parcial da Regência. Depois de elogiá-lo num poema que
exaltava a sua ascendência e as realizações dos seus ancestrais, endereçou-se ao Sultão de
pé, recusando a costumeira reverência, e recitando o seguinte versículo do Alcorão:
‫ُﻀﻠ ﱠﻚَ ﻋَﻦ‬
ِ ‫ْﮭَﻮ ٰى ﻓ َﯿ‬ َ ‫ﱠﺎس ﺑ ِﭑﻟْﺤَﻖّ ِ َو َﻻ ﺗ َﺘ ﱠﺒ ِﻊ ِ ٱﻟ‬
ِ ‫ض ﻓ َﭑﺣْ ﻜُﻢ ﺑ َﯿْﻦَ ٱﻟﻨ‬
ِ ْ‫ﯾ َـٰ ﺪ َاوُۥدُ إ ِ ﻧﱠﺎ ﺟَﻌﻚَ َْﻠﻨَـٰ َﺧﻠِﯿﻔ َۭﺔ ً ﻓ ِﻰ ْٱﻷَر‬
‫ب‬ِ ‫ﺷﺪِﯾ ۢﺪٌ ﺑ ِﻤَ ﺎ ﻧَﺴ ُ۟ﻮا ﯾ َْﻮ َم ٱﻟْﺤِ ﺴَﺎ‬
َ ‫َاب‬
ٌ ۭ ‫َﻀﻠ ﱡﻮنَ ﻋَﻦ ﺳَﺒ ِﯿﻞِ ٱ ﱠ ِ ﻟَﮭُﻢْ ﻋَ ﺬ‬
ِ ‫ﺳَﺒ ِﯿﻞِ ٱ ﱠ ِ ۚ إِنﱠ ٱﻟ ﱠ ﺬِﯾﻦَ ﯾ‬
“Ó Davi, em verdade, designamos-te como legatário na terra. Julga, pois entre os
humanos com equidade e não te entregues à concupiscência, para que não te desvies da
senda de Allah! Sabei que aqueles que se desviam da senda de Allah sofrerão um severo
castigo, por terem esquecido o Dia da Rendição de Contas.”
(Sûrat Sâd, 38:26)

Em 1839, ele foi designado como o Primeiro Imâm de Zaitûna. Foi a primeira
pessoa em Túnis que combinou a posição de Shaikh al-Islâm maliquita e de Primeiro
Imâm. Do púlpito de Zaitûna costumava ordenar às pessoas zuhd (ascetismo), mas
também repreendia as políticas econômicas do Bei quando se sentia compelido a fazê-lo.
Outras viagens do Shaikh Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) incluíram a Peregrinação a
Meca (Hajj) e visitar Medina. Também teve a ocasião de visitar a cidade argelina de
Tamacine para render os seus respeitos ao Califa do Shaikh Ahmad al-Tijâni (r.a.a.), Sîdi
'Ali al-Tamâssini (r.a.a.).
Entre os seus muitos escritos estavam os seguintes:
- Dúzias de poemas, coletados num Divã publicado (elogios ao Profeta (s.a.w.s.) e ao
Shaikh Ahmad al-Tijâni (r.a.a.); elegias para os seus professores, como Ismâ'îl al-Tamîmi,
Tâhir ibn Mas'ûd, Ahmad Abu Khris; uma elegia tocante para o seu filho Muhammad al-
Táyyib, ele mesmo um sábio brilhante, morto por uma epidemia de cólera em 1850);
- Um texto devocional deslumbrante sobre o Profeta (s.a.w.s.) intitulado al-Narjasa
al-'Anbariyya fi al-Salati 'ala Khair al-Bariyya [O Narciso de Âmbar sobre o Elogio do
Melhor da Natureza];
- Glosas sobre o comentário de Fakihâni ao Qatr al-Nada [A Gota de Orvalho];
- Um escrito em defesa da sã crença axarita ('aqîda ash'ariyya) de Sîdi Ahmad al-
Tijâni (r.a.a.), em resposta a um escrito por um egípcio;
- Uma versificação da Ajurrûmiyya;
- Uma refutação da doutrina wahhabita (esse documento aparentemente se perdeu;
foi escrito em resposta à carta de Ibn Sa'ûd chegando à Regência e convocando ou para se
afiliarem ao movimento ou se prepararem para a luta);
- Numerosos sermões, fatâwa e respostas a problemas legais.
- Ele também reviveu a celebração do Máulid Nábawi [Nascimento do Profeta
(s.a.w.s.)] em Túnis e escreveu um pequeno texto para a ocasião.
O Shaikh Ibrâhîm al-Riyâhi (r.a.a.) morreu pouco depois do seu filho, da mesma
epidemia de cólera. O último dos muitos favores que recebera de Allah foi que ele estava
destinado a deixar o mundo na noite de 27 de ramadã de 1266 A.H. (6 de agosto de 1850
d.C.).
Tawássul bi-Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi al-Tûnisi
(Intercessão através de Sîdi Ibrâhîm al-Riyâhi al-Tûnisi)

Óleo fragrante duma árvore antiga


Regada pelo rio maliquita, a mim
Isso, e inda mais, juro, Sî Brâhîm,
Você é e inda além, que eu mal ver consiga.

A prova evidente do sagrado Selo,


Arrebatado na Verdade, inflexível na Lei,
Dê-me verbo, e ao Onisciente implorarei:
Oculte-me as faltas de vez; meu apelo.

No Profeta de misericórdia que infinda cair


Abundantes bênçãos, e favores d'Ele a mim;
Cuja presença eu trilho, Sîdi Brâhîm,
Então esqueço, então anelo, então clamo a vir.

Escrito por: Zakariya Wright


Traduzido ao português por: Ya'qûb 'Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)

Fonte: https://tijani.org/scholars/shaykh-ibrahim-riyahi

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