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DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Entomologia e
Fitopatologia (DEnF)
ENTOMOLOGIA GERAL:
Manual didático
Introdução
6.2.1 Hemolinfa
Também comumente chamado de sangue, a hemolinfa recebe esse
nome por combinar propriedades, como nos mamíferos, de sangue e linfa.
Entretanto, apesar da grande variação entre grupos taxonômicos, existem
algumas diferenças entre ambos. No plano geral, a hemolinfa, em relação ao
sangue, apresenta um conteúdo relativamente alto de aminoácidos, Mg++ e
Ácido úrico bem como, maiores teores de K+ do que de Na+.
A hemolinfa se apresenta como um plasma líquido com células e
hemócitos em suspensão e representa de 15 a 75% do volume do inseto.
A composição química do plasma é bastante variável e contribui para a
manutenção da pressão osmótica. Destacam-se como principais componentes
do plasma: água; sais inorgânicos; materiais nitrogenados; ácidos orgânicos;
carboidratos; lipídeos; aminoácidos; proteínas; pigmentos e gases.
Em relação à composição celular, de maneira geral, os vários tipos de
hemócitos existentes estão envolvidos com fagocitose de pequenas partículas,
encapsulação de partículas grandes, coagulação do sangue (por aglutinação
ou precipitação do plasma), armazenamento e distribuição de materiais
nutritivos.
A despeito da existência de várias classificações tipológicas, a
correlação entre tipos e funções de hemócitos em insetos é confusa e
controvertida e varia de grupo para grupo. Entretanto, a literatura tem
destacado como os mais freqüentes os seguintes tipos de hemócitos:
Prohemócitos (proleucocitos) - células matrizes de outros tipos de
hemócitos.
Plasmatócitos (amebócitos) - células envolvidas em fagocitose e
encapsulação de organismos invasores do hemocele.
Granulócitos - células também envolvidas com a defesa contra organismos
intrusos, bem como no transporte de nutrientes.
Hemócitos hialinos - células responsáveis pela cogulação
Spherulócitos - função desconhecida.
Oenocitóides - função desconhecida.
Adipohemócitos - função desconhecida.
Além das funções mencionadas, a hemolinfa serve como meio de
armazenamento de água, aminoácidos etc., também apresentando uma
importância hidráulica onde a pressão sanguínea é utilizada em vários eventos
da vida do inseto, como por exemplo: eclosão, ecdise, emergência da pupa,
formação de esqueleto hidrostático etc.
6.3.2. Estomodeo
O estomodeo é a porção do trato digestivo preparada para a ingestão do
alimento. É basicamente uma seção tubular histologicamente formada, a partir
da cavidade interna (luz), por uma camada interna cuticular (íntima) envolvida
por uma camada epitelial secretora revestida de músculos longitudinais e
circulares, que promovem, por peristaltismo, a movimentação do alimento para
as regiões posteriores. Em seqüência, a partir da cavidade oral, são
reconhecidas as seguintes regiões no estomodeo: faringe; esôfago; inglúvio;
próventrículo e válvula cardíaca.
Faringe e esôfago diferem muito pouco e, com raras exceções,
funcionam somente para a condução do alimento até o inglúvio.
O Inglúvio, também chamado de papo, forma uma área de
armazenamento temporário do alimento onde podem ocorrer as primeiras
transformações enzimáticas digestivas por ação das secreções liberadas
durante a tomada do alimento pelas glândulas salivares, que geralmente se
abrem na hipofaringe.
Em seguida, o alimento é levado ao Próventrículo (ou moela), uma
câmara de formato e funções variáveis, usualmente apresentando placas ou
dentes quitinosos internos usados na trituração do alimento.
Limitando o estomodeo com o Mesentero encontra-se a Válvula
Cardíaca, um esfíncter com a função de impedir o refluxo alimentar.
6.3.3. Mesentero
É no mesentero onde ocorre a digestão do alimento e a absorção dos
nutrientes. Suas células estão ativamente envolvidas na produção e secreção
de enzimas digestivas. E, na maioria delas, a absorção ocorre em
microvilosidades.
O mesentero é totalmente representado pelo ventrículo, uma região
tubular ou saciforme com 2 a 8 divertículos inseridos anteriormente, chamados
de cecos gástricos. O limite posterior do ventrículo é a válvula pilórica, que
apresenta a mesma função da válvula cardíaca.
A luz do ventrículo é envolvida por uma membrana peritrófica
secretada por sua camada epitelial, de quem é distintamente separada. O
espaço formado entre as duas (espaço ectoperitrófico) é preenchido por
enzimas digestivas produzidas pelo epitélio e elementos assimiláveis. Na
dependência do grupo de insetos a digestão pode ocorrer totalmente no
espaço interior da membrana (espaço endoperitrófico), ou iniciar aí e terminar
no espaço ectoperitrófico.
Em relação à musculatura, diferentemente do estomodeo, mas com as
mesmas funções, os músculos circulares localizam-se internamente aos
longitudinais.
Em adição ao ventrículo, os cecos gástricos auxiliam a alimentação.
Em alguns casos, pela manutenção de microorganismos produtores de
enzimas, vitaminas etc. Em outros, por aumentar a superfície do ventrículo,
ampliando sua capacidade de secreção enzimática e absorção de água e
nutrientes.
6.3.4 Proctodeo
Seção final do tubo digestivo está diretamente correlacionada com a
egestão do bolo fecal e a excreção, muito embora absorção de água e de sais,
bem como a presença de simbiontes, possa também ocorrer.
A histologia do proctodeo é semelhante a do estomodeo de quem difere
por apresentar uma seqüência de três camadas musculares envolvendo o
epitélio - músculos longitudinais, circulares e longitudinais -, sendo este
conjunto circundado externamente por uma camada peritonial.
Usualmente o proctodeo é também uma estrutura tubular, podendo ser
diferenciado nas seguintes regiões: piloro; tubos de Malpighi; íleo e reto.
O piloro é a porção inicial do proctodeo. Além de formadora da válvula
pilórica é nessa região onde geralmente se inserem os principais órgãos de
excreção dos insetos, os tubos de Malpighi.
Ao piloro se segue o íleo, constituído na maioria dos insetos de um
único tipo de célula. Normlmente é um duto estreito, às vezes apresentando
uma região posterior diferenciada denominada de cólon. Em determinados
grupos (p.ex. cupins e larvas de coleópteros Scarabaeidae) pode, ainda, se
apresentar expandido para abrigar microorganismos simbiontes.
Na porção final do proctodeo encontra-se o reto e sua abertura terminal,
o ânus. No reto, geralmente dilatado formando uma ampola (ampola retal),
estão presentes glândulas retais com função de retirada e reabsorção de
água e de nutrientes essenciais, antes da eliminação do bolo fecal.
FIGURA 7. Formigas em
Simbiose com cochonilhas.
6.4. SISTEMA RESPIRATÒRIO
A respiração em insetos ocorre por diferentes processos, de acordo com
o ambiente onde eles se desenvolvem. Desta forma, as trocas gasosas podem
ser realizadas diretamente através do tegumento (respiração tegumentar);
através de brânquias (respiração branquial) e, através de traquéias (respiração
traqueal).
SISTEMA RESPIRATÓRIO
6.4.1.2 Espiráculos
São as aberturas externas do sistema por onde o ar é admitido.
Usualmente localizados na linha da pleura, podem ser encontrados, no
máximo, 10 pares de espiráculos em insetos adultos, sendo dois pares
torácicos e oitos pares abdominais.
Enquanto que externamente a abertura espiracular pode ser circundada
por um esclerito anular bem definido, o peritrema, internamente ela pode se
abrir no átrio, que se apresenta como uma câmara provida internamente com
pelos ou projeções cuticulares, servindo de barreira à perda de água e a
entrada de partículas. Além disso, próximo aos espiráculos, podem ser
encontradas as glândulas peristigmáticas secretoras de material hidrófobo
que visa impedir o umedecimento da região.
A estrutura do espiráculo o torna um importante ponto de perda de água
na forma de vapor. Para evitar isso, os espiráculos podem ser providos de
aparelhos oclusores que consistem de músculos associados a partes
cuticulares controlando a abertura e o fechamento do sistema, interna ou
externamente.
6.4.1.3 Traquéia
A partir da região posterior do átrio tem origem a traquéia, um tubo
elástico com cerca de 2 μ de Ø, geralmente apresentando uma coloração
prateada quando cheia de ar. Internamente o tubo traqueal é revestido por
uma camada cuticular, a íntima. A intervalos regulares, a íntima se espessa
formando a tenídia, uma estrutura geralmente espiralada que percorre a
traquéia de forma helicoidal com função de mantê-la distendida.
6.4.1.4. Traqueíolas
Fora das ligações entre os principais troncos traqueais, as traquéias vão
diminuindo de diâmetro até a célula terminal, de onde surgem várias
ramificações tubulares, as traqueíolas, com diâmetro que podem variar de 0,1
a 0,3 μ.
As traqueíolas, geralmente anastomosadas umas com as outras,
possuem uma tenídia helicoidal ou circular e são preenchidas com líquido
(fluído traqueolar) ou ar. Suas dimensões permitem penetrações
intracelulares para o fornecimento direto de oxigênio.
FIGURA 10. Estrutura Geral do Sistema Traqueal
Além disso, muitas das vezes com base na forma e no papel que
desempenham quando arranjados num sistema nervoso, os neurônios podem
ser também classificados em:
Sensoriais - tipicamente aferentes, conduzindo para centros de
coordenação nervosa os estímulos gerados por órgãos do sentido.
Motores - tipicamente eferentes, direcionando os impulsos para os órgãos
de respostas específicas (glândulas, músculos etc.)
Associados - ligando neurônios sensoriais a motores, localizam-se dentro
dos centros de coordenação nervosa.
6.6.5.1.. O Cérebro
Apesar de uma estrutura similar a dos outros gânglios do SNC, o Cérebro
apresenta uma função coordenadora geral. Localizado na cápsula cefálica
acima do esôfago é formado, a partir da região interna do vértice cefálico, por
três massas ganglionares: uma apical, o Protocérebro, outra mediana, o
Deutocérebro e uma basal, o Tritocérebro.