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2005
Singer (1999), por sua vez, refere que a gestão social diz respeito às ações que intervêm
nas diferentes áreas da vida social para a satisfação das necessidades da população, que se
colocam desde a questão do “abandono de crianças” até a questão da crise do trabalho. Sua
perspectiva é de que a gestão social seja viabilizada através de políticas e práticas sociais
articuladas e articuladoras das diversas demandas e organizações populares, universidades,
entidades não-governamentais e governos.
Carvalho (1999) relaciona gestão social à gestão das ações públicas, viabilizadas a
partir das necessidades e demandas apontadas pela população, através de projetos, programas e
políticas públicas, que assegurem respostas efetivas à realidade das “maiorias”. A autora dá
ênfase ao protagonismo da sociedade civil, no sentido da identificação das necessidades e
demandas, assim como proposição e controle de ações e políticas, a serem assumidas pelo
Estado.
Dowbor (1999) remete a gestão social à transformação da sociedade, em que a
atividade econômica passe a ser o meio e o bem-estar social o fim do desenvolvimento. Para
isso, indica a necessidade da construção de um novo paradigma organizacional, a partir da
redefinição da relação entre o político, o econômico e o social. Propõe a articulação entre
empresários, administradores públicos, políticos, organizações não-governamentais, sindicatos,
pesquisadores, movimentos sociais, universidades, representantes comunitários, entre outros.
Fischer (2002b) indica que o campo da gestão social é o campo do desenvolvimento
social, que se constitui como um processo social, a partir de múltiplas origens e interesses,
mediados por relações de poder, de conflito e de aprendizagem. Para a autora, o entrelaçamento
das dimensões praxiológicas e epistemológicas já acumuladas, apontam uma “proposta pré-
paradigmática” da gestão social. Nesta perspectiva de gestão social estão especialmente
identificados como sujeitos os indivíduos, grupos e coletividades interessadas, mediados por
redes ou por interorganizações.
Para avançarmos na análise temática e também das relações entre os conteúdos
elaborados pelos diferentes autores, traçamos um quadro referencial analítico-propositivo, a partir
de subtemas caracterizadores da gestão social, construído por inspiração inicial de Prates (1995),
Keinert (2000) e Fischer (2002b).
A referencialidade tomada de Prates diz respeito ao destaque dado por ela aos valores e
finalidades da gestão, ou seja, a perspectiva dada à gestão está “intimamente vinculada às
Autor
TENÓRIO SINGER CARVALHO DOWBOR FISCHER
Categoria
Democracia Vida Direitos de Justiça Ética da
Cidadania Democracia cidadania, Bem-estar social responsabilidade e
VALORES Convívio Trabalho Eqüidade Desenv. humano Democracia
Resp. diferença Democracia
Implementar Desenvolver Realizar ações Transformar o Gerir processos
processos ações para o sociais públicas desenvolvimento, sociais ou
sociais para enfrentamento às para responder atividade econômica processos de
PROPÓSITOS ação gerencial necessidades da as demandas e como meio e bem- desenv. social, com
em vista da população a partir necessidades da estar social fim do relações de poder,
democracia e do trabalho e população desenvolvimento conflito e
cidadania renda aprendizagem
Administração Economia Ciências Economia, Ciênc. sociais,
Administração Administração Sociais administração, Ciênc. políticas,
Pública Política Ciência política ciência política, Teoria Organiz.,
Política Ciências sociais Economia teorias da educação, Pesquisa social,
Ciências Associativismo/ Serviço Social Ciências sociais, História, Psicol.
FOCOS Sociais Cooperativismo/ Ciência jurídica, Administração,
autogestão Ciência tecnológica; Teorias do
Paradigma em desenvolvimento
construção, Proposta pré-
paradigmática -
epistemológica e
praxiológica
Organizações Políticas Projetos, Políticas públicas; Espaço local
Governamentai Econômicas programas e Organizações Organizações
s e Políticas Governos/ políticas Estatais, Inter-organizações
LOCOS Públicas Estado sociais; empresariais e da Redes
Organizações de Sociedade; sociedade civil
trabalhadores Estado;
Redes
Trabalhadores Organizações Sociedade Civil empresários, Indivíduos, grupos
da Populares; / população administradores e coletividades,
administração ONGs usuária públicos, políticos, Estado, mercado e
pública, Universidades Estado, nas ONGs, sindicatos, sociedade civil
AGENTES População Governos diferentes pesquisadores, mov.
esferas sociais,
universidades,
representantes
comunitários
Processos Economia Gestão em rede Governança Processos sociais,
sociais; Solidária e outras Empoderamento Políticas integradas mediações: poder,
Articulação estratégias Parceria e coerentes conflito e educaç..
entre os atores; autogestionárias Controle Empoderamento Governança
Técnicas de Políticas públicas Projetos e Articulação entre Plan. Locais e
gestão programas social e econômico, transescalares
sociais o público e o Financiamento;
METODOLOGIA Governança privado, o Estado, o Redes; Ações Indiv.
Intersetorialidade mercado e a e coletivas;
Transparência sociedade civil Organizações de
Descentralização aprendizagem;
Negociação Construção de
Publicização identidade e
legitimidade e
efetividade social
Fonte: Sistematização a partir das referências de Tenório (1998); Singer (1999); Dowbor (1999); Carvalho (1999);
Fischer (2002). Quadro: Gestão Social em Construção.
Textos & Contextos 12
Revista Virtual Textos & Contextos. Nº 4, ano IV, dez. 2005
Revista Virtual Textos & Contextos, nº 4, dez. 2005