Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
2596 - LABORATÓRIO DE PAVIMENTAÇÃO

LIGANTES ASFÁLTICOS

Acadêmicos: João Pedro Ávila Mistrello R.A.: 93388


Gabriel Parpinelli Ferreira Dalcolli R.A.: 99063

Professor: Jesner Sereni Ildefonso

Maringá, 2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................ 3
1.1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 3
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 3
2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 4
2.1 PENETRAÇÃO ........................................................................................................... 4
2.2 PONTO DE AMOLECIMENTO ................................................................................ 4
2.3 VISCOSIDADE SAYBOLT-FUROL ......................................................................... 4
2.4 PONTO DE FULGOR ................................................................................................. 5
3 MÉTODOS E RESULTADOS ........................................................................................... 6
3.1 PENETRAÇÃO ........................................................................................................... 6
3.2 PONTO DE AMOLECIMENTO ................................................................................ 7
3.3 VISCOSIDADE SAYBOLT-FUROL ......................................................................... 7
3.4 PONTO DE FULGOR ................................................................................................. 9
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 10

2
1 INTRODUÇÃO

O asfalto é resumidamente um fluido viscoso, normalmente de coloração escura (preto), e


um hidrocarboneto solúvel em bissulfeto de carbono, um material suscetível à temperatura e ao
tempo de carregamento.
Na maioria dos países do mundo, a pavimentação asfáltica é a principal forma de
revestimento. No Brasil, cerca de 95% das estradas pavimentadas são de revestimento asfáltico,
além de ser também utilizado em grande parte das ruas. Há várias razões para o uso intensivo
do asfalto em pavimentação, sendo as principais: proporciona forte união dos agregados, agindo
como um ligante que permite flexibilidade controlável; é impermeabilizante, durável e
resistente à ação da maioria dos ácidos, dos álcalis e dos sais, podendo ser utilizado aquecido
ou emulsionado, em amplas combinações de esqueleto mineral, com ou sem aditivos.
(BERNUCCI et al., 2008)
Quando o asfalto se enquadra em uma determinada classificação particular, que em geral se
baseia em propriedades físicas que pretendem assegurar o bom desempenho do material na
obra, ele passa a ser denominado comumente pela sigla CAP – cimento asfáltico de petróleo.
(BERNUCCI et al., 2008)
No Brasil utiliza-se a denominação CAP para designar esse produto semissólido a
temperaturas baixas, visco elástico à temperatura ambiente e líquido a altas temperaturas, e que
se enquadra em limites de consistência para determinadas temperaturas estabelecidas em
especificações que serão mostradas mais adiante. (BERNUCCI et all., 2008)

1.1 OBJETIVOS
1.1.1 OBJETIVO GERAL
Fazer a caracterização do ligante asfáltico.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Analisar a viabilidade da utilização do ligante fornecido pelo laboratório de
pavimentação da Universidade Estadual de Maringá em misturas asfálticas para camadas de
rolamento, por meio dos seguintes parâmetros:
• Penetração;
• Ponto de amolecimento.
• Viscosidade Saybolt-Furol;
• Ponto de fulgor;

3
2 REVISÃO TEÓRICA

Todas as propriedades físicas do asfalto estão associadas à sua temperatura. O modelo


estrutural do ligante como uma dispersão de moléculas polares em meio não polar ajuda a
entender o efeito da temperatura nos ligantes asfálticos. Em temperaturas muito baixas, as
moléculas não têm condições de se mover umas em relação às outras e a viscosidade fica muito
elevada; nessa situação o ligante se comporta quase como um sólido. (BERNUCCI et al., 2008)
À medida que a temperatura aumenta, algumas moléculas começam a se mover podendo
mesmo haver um fluxo entre as moléculas. O aumento do movimento faz baixar a viscosidade
e, em temperaturas altas, o ligante se comporta como um líquido. Essa transição é reversível.
Portanto, todos os ensaios realizados para medir as propriedades físicas dos ligantes
asfálticos têm temperatura especificada e alguns também definem o tempo e a velocidade de
carregamento, visto que o asfalto é um material termoviscoelástico. (BERNUCCI et al., 2008)

2.1 PENETRAÇÃO
A penetração é a profundidade, em décimos de milímetro, que uma agulha de massa
padronizada (100g) penetra numa amostra de volume padronizado de cimento asfáltico, por 5
segundos, à temperatura de 25ºC. Em cada ensaio, três medidas individuais de penetração são
realizadas. A média dos três valores é anotada e aceita, se a diferença entre as três medidas não
exceder um limite especificado em norma. A consistência do CAP é tanto maior quanto menor
for a penetração da agulha. A norma brasileira para este ensaio é a ABNT NBR 6576/98.
(BERNUCCI et al., 2008)
A penetração classifica o material, normalmente quando se compra o asfalto, compra-se
baseado neste ensaio e classificação.

2.2 PONTO DE AMOLECIMENTO


O ponto de amolecimento é uma medida empírica que correlaciona a temperatura na qual o
asfalto amolece quando aquecido sob certas condições particulares e atinge uma determinada
condição de escoamento. Trata-se de uma referência semelhante ao chamado ponto de fusão
bastante usado na Europa. Uma bola de aço de dimensões e peso especificados é colocada no
centro de uma amostra de asfalto que está confinada dentro de um anel metálico padronizado.
Todo o conjunto é colocado dentro de um banho de água num béquer. O banho é aquecido a
uma taxa controlada de 5ºC/minuto. (BERNUCCI et al., 2008)
Quando o asfalto amolece o suficiente para não mais suportar o peso da bola, a bola e o
asfalto deslocam-se em direção ao fundo do béquer. A temperatura é marcada no instante em
que a mistura amolecida toca a placa do fundo do conjunto padrão de ensaio. O teste é
conduzido com duas amostras do mesmo material. Se a diferença de temperatura entre as duas
amostras exceder 2ºC, o ensaio deve ser refeito. Devido às condições descritas, esse ensaio é
também referenciado como ensaio do anel e bola (ABNT NBR 6560/2000). (BERNUCCI et
al., 2008).

2.3 VISCOSIDADE SAYBOLT-FUROL


No Brasil o viscosímetro mais usado para os materiais asfálticos é o de Saybolt-Furol. Trata-
se de uma medida empírica da viscosidade obtida por meio de um aparelho mais robusto para

4
uso em campo, porém não está presente em nenhuma especificação americana ou europeia.
(BERNUCCI et al., 2008)
O aparelho consta, basicamente, de um tubo com formato e dimensões padronizadas, no
fundo do qual fica um orifício de diâmetro 3,15 ± 0,02mm. O tubo, cheio de material a ensaiar,
é colocado num recipiente com óleo (banho) com o orifício fechado. Quando o material
estabiliza na temperatura exigida (25 a 170ºC dependendo do material e 135ºC para os cimentos
asfálticos), abre-se o orifício e inicia-se a contagem do tempo. Desliga-se o cronômetro quando
o líquido alcança, no frasco inferior, a marca de 60ml. O valor da viscosidade é reportado em
segundos Saybolt-Furol, a uma dada temperatura de ensaio. (BERNUCCI et al., 2008)
Além do uso na especificação, a medida da viscosidade do ligante asfáltico tem grande
importância na determinação da consistência adequada que ele deve apresentar quando da
mistura com os agregados para proporcionar uma perfeita cobertura dos mesmos e quando de
sua aplicação no campo. Para isso é necessário se obter, para cada ligante asfáltico, uma curva
de viscosidade com a temperatura que permita escolher a faixa de temperatura adequada para
as diversas utilizações. (BERNUCCI et al., 2008)

2.4 PONTO DE FULGOR


O ponto de fulgor é um ensaio ligado à segurança de manuseio do asfalto durante o
transporte, estocagem e usinagem. Representa a menor temperatura na qual os vapores
emanados durante o aquecimento do material asfáltico se inflamam por contato com uma chama
padronizada. Valores de pontos de fulgor de CAP são normalmente superiores a 230ºC.
(BERNUCCI et al., 2008)
A norma ABNT NBR 11341/2004 especifica todos os equipamentos necessários e
parâmetros analisáveis.

5
3 MÉTODOS E RESULTADOS

3.1 PENETRAÇÃO
Seguindo os procedimentos descritos na norma DNIT-ME 155/2010, foi realizado o
ensaio de penetração. Com o auxílio do penetrômetro, mediu-se três vezes a penetração da
agulha no corpo de prova a 25ºC, após 5 segundos de aplicação de uma carga total de 100 g
(ver Figura 1). Os resultados se encontram na Tabela 1.

Figura 1 – Exemplificação do ensaio de penetração (DNIT-ME 155/2010)

Fonte: Autores (2019).

Tabela 1 – Resultado do ensaio de penetração e limite conforme DNIT (2006)


Leitura Penetração (0,1 mm) Média (0,1 mm) Limite DNIT (2006)

1 54
2 58 58 50-70
3 61
Fonte: Autores (2019).

Por meio do resultado do ensaio realizado, infere-se que o ligante utilizado se aproxima
muito da faixa de penetração que o classifica como CAP 50-70.

6
3.2 PONTO DE AMOLECIMENTO
O ensaio para determinação do ponto de amolecimento do ligante foi feito de acordo
com os procedimentos descritos pela norma DNIT-ME 131/2010. Os resultados se encontram
na Tabela 2.

Tabela 2 – Resultado do ensaio de ponto de amolecimento e limite mínimo do DNIT (2006)


Anel Ponto de amolecimento (ºC) Média Limite (ºC) DNIT (2006)

1 51,8
51,9 Mínimo de 46
2 52,0
Fonte: Autores (2019).

O ensaio necessitou de um sistema composto por anel e bolas metálicas, onde as bolas
são colocadas no centro de uma amostra de asfalto com o auxílio de guias. Após montado o
sistema, o conjunto foi colocado em banho maria no interior de um béquer e aquecido a uma
taxa de 5ºC/min. Para correto controle da temperatura foi posicionado um termômetro dentro
do béquer, mas sem entrar em contato para a amostra, evitando que a mesma fosse danificada.
O sistema para realização do ensaio de ponto de amolecimento se encontra na Figura 2.

Figura 2 - Sistema montado para o ensaio de ponto de amolecimento (DNIT-ME 131/210)

(a) (b)
Fonte: Autores (2019).

Como mostrado na Tabela 2, o valor mínimo recomendável para o ponto de


amolecimento em um Concreto Asfáltico de Petróleo 30-45 é 52ºC. Nota-se que o ponto de
amolecimento do ligante foi de 52,4ºC e não ocorreu diferença maior que 1ºC entre os valores
aferidos nos anéis. Sendo assim, considera-se os resultados satisfatórios.

3.3 VISCOSIDADE SAYBOLT-FUROL


De acordo com os procedimentos descritos na norma DNER-ME 004/94, foi realizado o
ensaio de viscosidade Saybolt-Furol e os resultados são mostrados na Tabela 3.

7
Tabela 3 – Resultados do ensaio de viscosidade Saybolt-Furol
T (°C) Visc. (sSF) log Visc.
128 207 2,32
135 198 2,30
142 128 2,11
149 97 1,99
156 77 1,89
163 57 1,76
170 46 1,66
177 36 1,56
187 27 1,43
197 20 1,30
207 14 1,15
2017 10 1,00
227 7 0,85
Fonte: Autores (2019).

A partir desses resultados pode-se montar uma curva Temperatura x LOG10


(Viscosidade) e, consequentemente, obteve-se a equação que relaciona tais parâmetros, por
meio de uma linha de tendência.

Figura 3 – Gráfico Temperatura x Viscosidade


2,50

y = -0,015x + 4,2382
2,00
R² = 0,996

1,50

1,00

0,50

0,00
120 140 160 180 200 220

Fonte: Autores (2019).

Com a equação da linha de tendência pode-se encontrar as viscosidades para as


temperaturas de 135ºC, 150ºC e 177ºC que se encontram na Tabela 4.

Tabela 4 – Resultados finais da viscosidade Saybolt-Furol


T (°C) Limite (ºC) – DNIT (2006) Visc. (sSF)
135 141 163,38
150 50 97,32
177 30-150 38,30
8
Fonte: Autores (2019).
Percebe-se que para todas as temperaturas a viscosidade está acima dos valores mínimos
especificados pela norma para o CAP 50-70.

3.4 PONTO DE FULGOR

O ensaio de ponto de fulgor foi realizado conforme as especificações contidas no DNER-


ME 148-94 e seus resultados se encontram na Tabela 5.

Tabela 5 – Resultados do ensaio de ponto de fulgor (DNER-ME 148-94)


ENSAIO PONTO DE FULGOR (ºC) LIMITE (ºC) - DNIT (2006)
1 308 235
Fonte: Autores (2019).

A aparelhagem necessária para a realização deste ensaio foi o vaso aberto Cleveland,
que consiste em cuba de ensaio, placa de aquecimento, dispositivo para aplicação da chama-
piloto e fonte de aquecimento.
O ponto de fulgor consiste em um ponto antes da combustão. Nesse patamar o ligante
começa a querer pegar fogo, mas ainda não tem a capacidade de segurar a chama. Para se
encontrar a temperatura exata de fulgor, foi necessário passar constantemente a chama piloto
por cima do ligante enquanto o mesmo era aquecido pela placa de aquecimento. No momento
que se formaram chamas instantâneas, anotou-se a temperatura do termômetro inserido ligante.
A exemplificação do ensaio está na Figura 4.

Figura 4 – Materiais e aparelhagem para realização do ensaio de ponto de fulgor


(DNER-ME 148-94)

Fonte: Autores (2019).

Como mostrado na Tabela 5, o valor mínimo para o ponto de fulgor para o CAP 50-70
é 235ºC. Como o resultado encontrado foi 308ºC o ligante se apresenta adequado para
utilização.

9
4 CONCLUSÃO

Através dos resultados e parâmetros analisados pode-se concluir que o ligante utilizado nas
misturas asfálticas apresentou resultados que satisfazem todas as normas de desempenho para
os ensaios realizados. A penetração de 58 (0,1mm), classifica o ligante como 50-70, o ponto de
amolecimento de 51,9ºC é superior ao mínimo de 46ºC, a viscosidade Saybolt-Furol esteve
acima dos valores mínimos descritos por norma para todas as temperaturas e o ponto de fulgor
se deu em 308 ºC, estando bem acima do mínimo de 235 ºC, o que indica o comportamento
ideal para o uso em pavimentação.

10
REFERÊNCIAS

BERNUCCI, L. B; MOTTA, L. M. G; CERATTI, J. A. P; SOARES, J. B. Pavimentação


asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro: PETROBRAS: ABEDA, 2008.

DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DO PARANÁ. DER/PR


ES-P 21/05: Pavimentação: Concreto asfáltico usinado a quente.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 004/94:


Material betuminoso: Determinação da viscosidade Saybolt-Furol a alta temperatura. Rio de
Janeiro, 1994.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT-ES


031/2006: Pavimentos flexíveis - Concreto asfáltico. Rio de Janeiro, 2006.

______. DNIT-EM 095/2006: Cimentos asfálticos de petróleo – Especificação de material. Rio


de Janeiro, 2006.

______. DNIT-ME 131/2010: Materiais asfálticas - Determinação do ponto de amolecimento


- Método do Anel e Bola - Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2010.

______. DNIT-ME 155/2010: Material asfáltico - Determinação da penetração - Método de


ensaio. Rio de Janeiro, 2010.

LIMA, M. V. P. Análise da influência da britagem dos seixos rolados para o uso como
agregados graúdo em concreto asfáltico. 2017. TCC (Engenharia Civil) – Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 2017.

11

Você também pode gostar