Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
A prática de assédio moral por servidor público no exercício de suas funções é uma
conduta atentatória ao princípio da Moralidade Administrativa. Este artigo tem como
intuito demonstrar que tal conduta está abarcada pela Lei 8.429/1992,
especificamente no artigo 11, que trata das condutas que atentam contra os
princípios basilares da Administração Pública, caracterizando-se como ato de
improbidade administrativa, como já reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça.
Ademais, pretende-se explicitar a desnecessidade da alteração legislativa que se
almeja por meio do Projeto de Lei nº 4544/2016, vez que o rol do artigo 11 da Lei de
Improbidade Administrativa é numerus apertus, restando-se prescindível uma
reforma legal, o que evita colaborar, por conseguinte, com a inflação legislativa a
qual o Brasil tem sofrido.
ABSTRACT
The moral harassment practiced by public employee when exercising their office is a
outrage conduct to the principle of Administrative Morality. This article wants
demonstrate that this conduct is supported by Law 8.429/1992, specifically in article
11, that says about the conducts that outrage the primary Principle of Public
Administration, characterizing as an administrative dishonesty act, it‟s already
recognized by the High Court of Justice. Besides, this article intends clarify that is not
necessary the legislative alteration in Draft Law 4544/2016, in view of the numerus in
INTRODUÇÃO
159
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
160
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
rever determinadas atitudes antes praticadas, assim como aplicar regras de boa
administração, a fim de confirmar o papel da Administração que tem como foco o
bem comum.
Nas palavras de Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2013, p. 889):
162
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
Nesse ponto, sobre o artigo acima citado, Di Pietro (2013, p. 901) aduz que
“[...] o caput deixa as portas abertas para a inserção de qualquer ato que atente
contra “os princípios da administração pública [...]”. Desta forma, podemos entender
que se trata de um rol exemplificativo, não exaustivo; e, por consequência, todas as
condutas que vierem a ferir a norma constitucional principiológica que embasa a
atividade administrativa pública serão alcançadas pelo dispositivo em questão,
considerando ter sido este o objetivo do legislador.
Assegura ainda Di Pietro (2013, p. 901) que “[...] a lesão ao princípio da
moralidade ou a qualquer outro princípio imposto à Administração Pública constitui
uma das modalidades de ato de improbidade”.
Mesmo com a previsão normativa, condutas atentatórias aos princípios
constitucionais se alastram no âmbito da Administração Pública, atropelando
163
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
165
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
167
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
168
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
169
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
Federais, aprovou projeto que visa incluir ao rol do artigo 11 a prática do assédio
moral como ato de improbidade administrativa. A proposta inicial se deu pelo
Projeto de Lei n° 8178/2014 e hoje tramita por meio do Projeto de Lei n° 4544/2016,
proposta esta feita pela Deputada Federal Maria Helena (PSB-RR), relatora na
comissão.
A relatora recomendou a aprovação da matéria. Segundo a deputada, “A Lei
da Improbidade Administrativa não estabelece de forma objetiva o assédio moral,
daí surge a necessidade de regulamentação prevista no projeto.” Aduz ainda que “O
superior hierárquico que se vale de sua posição para atormentar a vida de seus
subordinados viola de forma frontal e inegável a moralidade administrativa”
(AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS, 2015).
A Comissão de Participação Legislativa apresentou a seguinte justificação:
170
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
171
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
172
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
vezes, sequer ficamos sabendo se o objetivo destas fora atingido. Não esquecendo,
ainda, das inúmeras reformas e emendas que são realizadas em leis já vigentes, o
que faz com que pareçam como grandes colchas de retalhos.
Não somos contrários à criação de leis ou à reforma destas, o que não
compreendemos são as alterações legislativas em situações nas quais não há
necessidade ou prejuízo aos jurisdicionados caso assim não ocorram.
Trazendo essa discussão ao que temos analisado sobre o Projeto de Lei
4544/2016, podemos constatar a desnecessidade de reforma na norma vigente, pois
como muito temos insistido em dizer, o rol do artigo 11 da lei de improbidade é
numerus apertus, isto é, exemplificativo, sendo irrelevante a conduta de assédio
moral praticado por agente público no exercício de suas funções estar expressa no
texto legal para que a norma venha a atingir os que agem em desacordo com os
preceitos constitucionais.
Se para assegurar o direito do servidor público vítima de assédio moral fosse
necessário uma reforma na norma vigente, estaríamos diante do que a pouco
abordamos – o direito ter que se adequar aos fatos –, ou seja, a adequação da
norma a casos específicos, ignorando-se as técnicas interpretativas da lei, como, por
exemplo, a utilização da interpretação teleológica, pela qual se analisam as
finalidades da norma e a valoração dada pelo legislador (RIZEK JUNIOR, 2010, p.
116).
Ademais, a insegurança que poderia ser alegada quanto à ausência da
conduta de assédio moral expressamente na lei como ato de improbidade resta-se
superada, já que a partir dos precedentes que surgiram com o posicionamento do
STJ a respeito do tema, percebe-se que a efetividade da norma é atingida,
estendendo-se a condutas que porventura venham a ferir os princípios
constitucionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
173
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
174
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr,
2011.
BATALHA, Lílian Ramos. Assédio moral em face do servidor público. 2° ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
175
Bruna Talita Reis Barreto e João Dias de Sousa Neto
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26. ed. São Paulo: Atlas,
2013.
FREITAS, Maria Ester de; HELOANI, José Roberto; BARRETO, Margarida. Assédio
Moral no Trabalho. 1.ed. São Paulo: Cengage Laearning, 2009.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 32. ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2015.
176
Anais do I Congresso Rondoniense de Carreiras Jurídicas
177