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Contextos Clínicos, 5(2)88-99, julho-dezembro 2012

© 2012 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2012.52.03

A música para indução de relaxamento na


Terapia de Integração Pessoal pela
Abordagem Direta do Inconsciente – ADI/TIP

Music for relaxation induction in the Personal Integration


Therapy by the Unconscious Direct Approach – ADI/TIP

Marília Nunes-Silva
Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos, 6627,
Campus Pampulha, ICB, Bloco M1 Sala 100, 31270-901, Belo Horizonte, MG, Brasil
musicainfinita@ig.com.br

Liliane Cristina Moreira, Gisela Renate Jost de Moraes,


Gerlaine Teixeira Rosa, Célia Auxiliadora dos Santos Marra
Fundação de Saúde Integral Humanística.
Rua Musas, 166, Bairro Santa Lúcia, 30310-360, Belo Horizonte, MG, Brasil.
ceadi@uai.com.br, gerlaine@fundasinum.org.br,
liliane.moreira@sga.pucminas.br, renate@fundasinum.org.br

Resumo. Estudos revelam que determinados tipos de música podem favo-


recer a manutenção da saúde mental, reduzir ou prevenir o estresse, aliviar
o cansaço físico e induzir emoções, o que nos leva a refletir sobre sua utili-
zação como recurso terapêutico. Este trabalho tem por objetivo discutir so-
bre a utilização da música para indução de relaxamento, os benefícios deste
recurso para a pessoa em processo terapêutico e sua aplicação na Terapia de
Integração Pessoal pelo método Abordagem Direta do Inconsciente (ADI/
TIP). Para isso, foi realizada uma revisão de literatura, explicitando-se a his-
tória da utilização da música com fins terapêuticos, seus efeitos sobre os es-
tados fisiológicos e as emoções e consequentes benefícios para sua utilização
a partir da indução de relaxamento. Observou-se que músicas consideradas
sedativas, com andamento lento e poucas variações rítmicas, podem reduzir
o estresse e favorecer o relaxamento, o que aponta para os benefícios de sua
utilização como um instrumento facilitador do processo terapêutico da ADI/
TIP.

Palavras-chave: música, relaxamento, psicoterapia, ADI/TIP.

Abstract. Studies show that certain types of music can promote the mainte-
nance of mental health, reduce or prevent stress, alleviate physical fatigue
and induce emotions, which leads us to reflect on its use as a therapy re-
source. This paper aims at discussing about the use of music to induce relax-
ation, the benefits of this resource in the therapeutic process and its applica-
tion in the Personal Integration Therapy by Unconscious Direct Approach
method (ADI/TIP). For this, we performed a literature review explaining
Marília Nunes-Silva, Liliane Cristina Moreira, Gisela R. J. de Moraes, Gerlaine T. Rosa, Célia Auxiliadora dos S. Marra

the history of the use of music for therapeutic purposes, its effects on the
physiological and emotional states and consequent benefits to its use from
the induction of relaxation. It was observed that considered sedative music,
with slow tempo and few rhythmic variations can reduce stress and pro-
mote relaxation, which points to the benefits of its use as a facilitator of the
therapeutic process of (ADI/TIP).

Key words: music, relaxation, psychotherapy, ADI/TIP.

Introdução promoção de relaxamento (Good, 1995; Nuki


et al., 1999; Gruzzelier, 2002; Peterson e Silva,
A música pode ser entendida como a arte 2006). Para Gonçalez et al., (2008), por exem-
de combinar os sons dentro do tempo e tem plo, a música afeta o corpo direta e indireta-
como características principais o ritmo, a me- mente, atuando sobre os mecanismos fisio-
lodia e a harmonia. De acordo com Willems lógicos e mobilizando as emoções, podendo
(1969), cada um desses aspectos tem sua de- propiciar relaxamento e bem-estar. As autoras
terminada atuação: o ritmo primordialmente constataram que nas últimas décadas vem se
no corpo (nos movimentos), a melodia nas demonstrando os efeitos fisiológicos que a
emoções e a harmonia no intelecto. Estudos música produz no organismo do ser humano,
evidenciam que a música pode favorecer a tais como alterações na frequência cardíaca e
manutenção da saúde mental, a prevenção do respiratória, alteração na pressão arterial, re-
estresse, o alívio do cansaço físico e a indução laxamento muscular, aceleração do metabo-
do relaxamento (Voss et al., 2004; Dobbro et al., lismo, redução de estímulos sensoriais como
2005; Fonseca et al., 2006; Krout, 2007; Gonça- a dor e outros. Já Ferreira, Remedi e Lima
lez et al., 2008). Constata-se cada vez mais que (2006), em um estudo de revisão bibliográfica,
a música tem importantes consequências para verificaram que a música tem sido vista como
o desenvolvimento emocional e cognitivo do recurso peculiar para indução de relaxamento.
indivíduo, o que nos leva a refletir sobre sua Khalfa et al. (2003), por sua vez, em um estu-
utilização como recurso terapêutico. do sobre músicas consideradas sedativas, ve-
Embora a música venha sendo utilizada rificaram que melodias calmas e harmoniosas
para fins curativos desde os primórdios da podem propiciar uma sensação de bem estar e
humanidade, somente em meados do século induzir o relaxamento.
XX sua utilização como recurso terapêutico As técnicas de relaxamento têm sido utili-
começou a ser sistematizada cientificamente a zadas no âmbito da psicologia clínica e da saú-
partir do surgimento da musicoterapia (Bene- de, sendo consideradas um importante recurso
zon, 1988; Costa, 1989; Ruud, 1990). Segundo para a redução do estresse e da ansiedade. Des-
Cunha e Volpi (2008), a musicoterapia é um sa forma, sendo a música considerada um ins-
campo da ciência que estuda o ser humano, trumento de grande potencial para a indução
suas manifestações sonoras e a interação entre de relaxamento, profissionais de diversas áreas
o ser humano, a música e seus elementos so- a utilizam para este fim (Vera e Vila, 2002; Pri-
noros (timbre, altura, intensidade e duração). mo e Amorim, 2008). Na Terapia de Integração
Bruscia (2000) fornece uma definição mais es- Pessoal, realizada por meio da Abordagem Di-
pecífica, considerando a musicoterapia como a reta do Inconsciente (ADI/TIP), utiliza-se o re-
utilização da música pelo musicoterapeuta em laxamento como um recurso auxiliar capaz de
um processo estruturado, visando promover propiciar maior abertura da pessoa às interven-
uma melhor qualidade de vida para o cliente ções psicoterápicas. A ADI/TIP 1 é um método
ou grupo. A musicoterapia resultaria em uma terapêutico que vem sendo construído desde
combinação dinâmica de muitas disciplinas 1975 por Gisela Renate Jost de Moraes, que ob-
em torno de duas áreas: música e terapia. jetiva trabalhar registros negativos e positivos
Além da musicoterapia, muitos pesquisa- em nível inconsciente com vistas a oferecer à
dores investigam os efeitos fisiológicos da mú- pessoa em tratamento a possibilidade de se re-
sica e sua utilização como um recurso para a posicionar frente aos seus sofrimentos.

1
Informações adicionais podem ser encontradas nos livros “As chaves do Inconsciente” e o “Inconsciente sem fronteiras”.

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A música para indução de relaxamento na Terapia de Integração Pessoal pela Abordagem Direta do Inconsciente – ADI/TIP

O presente artigo pretende discutir a uti- aos contos mágicos do que às ervas medicinais
lização da música para indução de relaxa- e, dessa forma, os xamãs (médicos primitivos)
mento, os possíveis benefícios deste recurso utilizavam os sons para tratamento do corpo e
para a pessoa em processo terapêutico e sua da alma (Graciano, 2003).
aplicação pelo método ADI/TIP. Para isso, Na Grécia, por exemplo, em 600 a.C. ha-
foi realizada uma revisão da literatura na via templos dedicados à cura que incluíam
qual se explicitou a história da utilização da em suas práticas curativas canções específicas
música com fins terapêuticos, seus efeitos para o tratamento de indivíduos emocional-
sobre as emoções e consequentes benefícios mente perturbados (Merriam, 1964). Ferreira
para sua utilização a partir da indução de et al., (2006) relatam que personagens históri-
relaxamento, tendo como fontes de pesqui- cos utilizaram a música para beneficiar a saú-
sa livros, artigos científicos e materiais aca- de. Alexandre, o Grande, a utilizava para pro-
dêmicos (teses e dissertações). Assim, além mover o relaxamento de seus soldados, após
de demonstrar a relevância da utilização da uma batalha. Castro (2009) situa também que
música no contexto clínico da ADI/TIP, este é possível encontrar nos escritos de Aristóteles
artigo objetiva contribuir para organizar o e de Platão a constatação dos filósofos de que a
corpo de conhecimentos sobre o assunto, vi- música possui efeitos terapêuticos, atingindo a
sando embasar a prática de profissionais de saúde e o comportamento humano. Na Bíblia,
áreas como a psicologia e a musicoterapia na também há relatos da associação entre música
utilização da música para indução de rela- e bem-estar, como na passagem em que Davi
xamento. foi chamado para tocar harpa para Saul, pois
um espírito mau o havia acometido: “Todas
A utilização da música como recurso as vezes que o espírito de Deus atacava Saul,
terapêutico Davi pegava a harpa e tocava. Então, Saul se
acalmava, sentia-se melhor e o espírito mau o
A música tem acompanhado o homem des- deixava” (I Sm 16:23). Pode-se dizer que a mú-
de os primórdios da humanidade. Ao longo sica está inserida no contexto da vida humana
da história, diversas culturas se utilizaram da desde os primórdios e, além de se constituir
música com o objetivo de promover a saúde ou como expressão artística e cultural, importante
provocar efeitos curativos. Heitz et al., (1992) e universal, também vem sendo utilizada para
relatam que o documento mais antigo em re- a manutenção da saúde, para evitar o estresse
lação à música encontrado na prática médica e aliviar o cansaço físico e mental (Bergold, Al-
é o papiro de kahum, que indica a música para vim e Cabral, 2006).
o tratamento de doenças e para atrair a fertili- De acordo com Hatem (2005), no final do
dade feminina. Porém, Davis e Gfeller (1999) século XVIII, cientistas começaram a investi-
afirmam que a música tem sido utilizada com gar o efeito da música sobre as funções fisioló-
objetivos terapêuticos por séculos, havendo gicas dos seres humanos (frequência cardíaca
em documentos históricos de diferentes cul- e respiratória e efeitos vibratórios em geral).
turas muitos exemplos dos efeitos curativos Dessa forma, iniciaram-se estudos direciona-
e preventivos da música. Os autores traçam dos à investigação da relação da música com
uma perspectiva histórica acerca da utilização as respostas fisiológicas e psicológicas do or-
da música para fins curativos desde as cultu- ganismo humano. Gatti e Silva (2007) referem
ras pré-literárias até o surgimento da musi- que já no século XIX, a música vinha sendo
coterapia enquanto profissão no século vinte. utilizada pelas instituições psiquiátricas, onde
A música era utilizada em rituais de cura, e já era possível observar que a audição de me-
diferentes tipos de música eram usados para lodias suaves era capaz de acalmar pacientes
diferentes doenças. Giannotti e Pizzoli (2004) agitados. Além disso, Hatem (2005) situa que
referem que, na Antiguidade, as doenças eram durante a II Guerra Mundial, solicitava-se a
consideradas advindas de espíritos malignos presença de músicos para trabalhar direta-
e, dessa forma, a música era utilizada em ri- mente com os feridos nos hospitais militares,
tuais para libertar o corpo destes espíritos, para amenizar a dor e o sofrimento dos solda-
buscando a cura dos doentes. De acordo com dos. Para Hatem (2005), podemos considerar
os autores, o povo primitivo não tinha uma fi- esse período como um momento histórico, em
nalidade artística, e sim uma manifestação es- que a música passa a ser oficialmente reconhe-
pontânea considerada vital para a tribo. As so- cida como recurso terapêutico. Com o tempo,
ciedades primitivas davam maior importância a música passou a ser usada como recurso

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psicoterapêutico e, mais especificamente, a Os benefícios do relaxamento para o


partir de meados do século XX, com o surgi- processo psicoterapêutico
mento da musicoterapia, passa a ser entendi-
da como ciência e profissão e a ser investigada De acordo com Ballone (2009), a agitação
sistematicamente (Benezon, 1988; Costa, 1989; da modernidade aponta que a era moderna
Ruud, 1990; Fonseca et al., 2006). pode ser caracterizada como a Idade da Ansie-
A musicoterapia utiliza a música de forma dade. Para esse autor, o simples fato de perten-
prescrita para ajudar o paciente a promover a cer à sociedade contemporânea já é suficiente
saúde por meio de experiências musicais e das para o aparecimento da ansiedade, podendo
relações que se desenvolvem por elas, estimu- acarretar consequências diversas para os indi-
lando mudanças positivas em quatro áreas das víduos. A utilização de técnicas que visam o
funções humanas: cognitiva, física, psicológica relaxamento na tentativa de aliviar os fatores
e social (Benezon, 1988; Hatem, 2005; Hatem estressantes da vida moderna tem sido cada
et al., 2006). Apesar da utilização da música vez mais comum. Para Vera e Vila (2002), essas
enquanto recurso psicoterapêutico ser mais técnicas constituem um conjunto de procedi-
empregada e discutida no âmbito da musi- mentos de intervenção que podem ser úteis
coterapia, Bergod e Sobral (2003) consideram para a psicologia aplicada em geral.
que esta utilização pode ser feita por qualquer Vera e Vila (2002) situam que as principais
profissional da saúde que, no atendimento ao técnicas de relaxamento tiveram origem nos
cliente, esteja preocupado em empregá-la de primeiros anos do século XX. Segundo as au-
forma respeitosa e com embasamento cientí- toras, Edmund Jacobson publicou seus primei-
fico, não sendo vista necessariamente como ros trabalhos sobre o relaxamento progressivo
prerrogativa de uma profissão determinada. em 1929 e Johannes Heinrich Schultz fez suas
Sendo assim, o psicólogo clínico que esteja primeiras publicações acerca do relaxamento
embasado e tenha bem definidos os seus obje- autógeno em 1932. Além disso, o desenvolvi-
tivos psicoterapêuticos também poderá lançar mento de técnicas de relaxamento baseadas no
mão deste recurso. biofeedback ou na retroalimentação teve início
Castro (2009) afirma que o uso da música nas décadas de 60 e 70. O relaxamento pro-
evidencia uma sensação de paz, alegria, tran- gressivo tem por objetivo levar o sujeito a um
quilidade, descontração e bem-estar. Segundo profundo estado de relaxamento muscular, a
a autora, além de servir como um refúgio por fim de proporcionar o bem-estar psicológico
meio da imaginação, a música ajuda a reduzir e físico frente à relação do estado emocional
o estresse e a tensão, induzindo ao relaxamen- com o corporal. A técnica consiste em alternar
to. A autora afirma que, “por ser uma lingua- entre a contração e a distensão dos diferentes
gem universal, a música está presente em ati- músculos do corpo e, dessa forma, ensinar o
vidades de cunho terapêutico, social, cultural, sujeito a diferenciar habitualmente quando
entretenimento, e envolve vários profissionais o músculo está tenso ou relaxado e assim al-
diferentes” (Castro, 2009, p. 30). cançar, por si mesmo, o relaxamento muscu-
Muitos estudos apontam que músicas com lar sempre que necessário. O relaxamento
melodia particularmente calmas e harmonio- autógeno de Schultz, por sua vez, é um tipo
sas podem induzir o relaxamento (Krout, de auto-hipnose que enfoca processos fisio-
2007; Khalfa et al., 2003; Bigand et al., 2005; lógicos como a sensação de calor, batimentos
Hatem, 2005). De acordo com Vera e Vila cardíacos e ciclo respiratório, utilizando-se de
(2002), o relaxamento se constitui em um pro- autoinstruções que provocam essas sensações
cesso psicofisiológico de caráter interativo, e induzem o relaxamento. Já nas técnicas de
devendo-se levar em conta o aspecto fisioló- relaxamento induzido pelos métodos do bio-
gico, subjetivo e comportamental. O primeiro feedback, o sujeito é treinado a relaxar usando
aspecto se refere a um padrão reduzido de sinais do seu próprio corpo (Perissinotti, 2007;
ativação somática e autonômica; o segundo Rissardi e Godoy, 2007).
é identificado por relatos verbais de tran- Benson (1977) contribui para sistematizar a
quilidade e sossego; e o terceiro está relacio- teoria de resposta ao relaxamento, sendo pio-
nado a um estado de tranquilidade motora. neiro nos estudos sobre os efeitos fisiológicos
A música pode promover alterações nos três da meditação. Em seu método de relaxamento
componentes supracitados e, dessa forma, se baseado no biofeedback, Benson (1977) instruía
insere como um importante instrumento para as pessoas a concentrarem-se em uma pala-
a indução de relaxamento. vra, ou “mantra”, que as ajudasse a respirar

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mais lenta e pausadamente, favorecendo um cidade para lidar com fatores estressantes da
estado de meditação profunda que culmina- vida. Almeida et al. (2005), por sua vez, ava-
ria no relaxamento. Com esse procedimento, liaram o efeito da utilização de técnicas de re-
Benson (1977) verificou que durante o relaxa- laxamento sobre a dor e a ansiedade na hora
mento ocorre uma diminuição dos batimentos do parto e concluíram que, embora não hou-
cardíacos, do ritmo da respiração, da pressão vesse diminuição da dor, as técnicas utilizadas
sanguínea e da quantidade de oxigênio consu- promoveram a redução da ansiedade e possi-
mida pelo corpo e, dessa forma, há alterações bilitaram a manutenção do baixo nível dessa.
hormonais e modificações das ondas elétricas Em outro estudo experimental que teve como
cerebrais, com predomínio das lentas, alfa e objetivo avaliar os efeitos da técnica de rela-
teta. Para o autor, uma busca constante dessa xamento nos níveis de ansiedade e a relação
resposta de relaxamento pode ser favorável à entre ansiedade e concentração de imunoglo-
saúde, pois protege o organismo da ação noci- bulina A (IgA), Primo e Amorim (2008) tam-
va do estresse. bém concluíram que a utilização de técnicas de
Vera e Vila (2002) consideram que os avan- relaxamento contribui significativamente para
ços sobre o conhecimento da anatomia e da a redução da ansiedade e, além disso, melho-
eletrofisiologia dos sistemas neurovasculares ra da função imunológica com o aumento dos
e neurovegetativos ocorridos ao longo dos sé- níveis de IgA.
culos XVIII e XIX foram de grande relevância Muitos autores utilizam técnicas de rela-
para o posterior desenvolvimento das técnicas xamento como uma ferramenta eficaz para
psicofisiológicas de relaxamento. Ao mesmo auxiliar nos mais diversos casos de atendi-
tempo, as autoras consideram que a existência mentos psicoterápicos: para o controle dos
de investigações empíricas sobre os processos sintomas de ansiedade (Pereira, 2005); para o
emocionais e motivacionais humanos contri- alívio de dores crônicas (Souza, et al., 2000);
bui para o processo de consolidação dessas para terapia ocupacional (Noordhoek et al.,
técnicas, pois possibilitaram um maior enten- 2009); para o tratamento da fobia social (D`el
dimento da natureza e do mecanismo das téc- Rey e Abdallah, 2006); para tratamento de
nicas de relaxamento. Dessa forma, ao longo portadores de hanseníase (Rissardi e Godoy
do século XX, as técnicas de relaxamento fo- 2007); para o tratamento do transtorno do
ram ganhando espaços cada vez mais sólidos pânico e agorofobia (Pregnolato, 2006), para
no âmbito da psicologia, sendo reconhecidas tratamento do alcoolismo (Almeida e Araújo
enquanto procedimentos de intervenção. Ain- 2005), entre outros.
da de acordo com Vera e Vila (2002), esse re- De acordo com Almeida e Araújo (2005), o
conhecimento deveu-se em grande parte ao relaxamento muscular progressivo de Edmun-
forte impulso que essas técnicas receberam do Jacobson é um método indicado em dife-
dentro da psicoterapia, o que foi reforçado rentes tipos de psicoterapia, na psiquiatria, na
pela relevância que receberam da medicina neurologia e mesmo na profilaxia de doenças.
comportamental e da psicologia da saúde. Para as autoras, as evidências sugerem que o
Além disso, as autoras enfatizam que a utili- relaxamento pode ser utilizado também como
zação das técnicas de relaxamento viabilizava uma estratégia de um plano de tratamento
a modificação do comportamento, seja sendo psicoterapêutico com intervenções de Tera-
utilizadas como parte de outras técnicas, ou pias Cognitivo-Comportamentais. Os efeitos
mesmo como técnicas de modificação do com- da utilização de técnicas de relaxamento nas
portamento em si. intervenções de psicoterapias comportamen-
As técnicas que suscitam uma resposta de tais têm sido satisfatórios, visto que propiciam
relaxamento desempenham um importante uma melhora significativa na qualidade de
papel na redução das respostas corporais ao vida tanto no âmbito físico, causando dimi-
estresse. Segundo Elias (2001), a resposta de nuição das dores, quanto no âmbito social,
relaxamento pode eliciar, em pacientes termi- atenuando as dificuldades pela redução da an-
nais, efeitos fisiológicos que provocam mu- siedade (Souza et al., 2000). Além disso, o es-
danças imediatas, tais como diminuição da tado de relaxamento provoca uma redução do
pressão sanguínea, da frequência cardíaca, do estado geral de tensão e estresse em que o su-
ritmo respiratório e do consumo de oxigênio, jeito se encontra, o que parece acarretar efeitos
além de mudanças de longo prazo, como res- positivos sobre seu estado psicológico geral,
posta do corpo à adrenalina, diminuição da podendo contribuir para a melhoria da hiper-
ansiedade e da depressão e melhora na capa- tensão ou de outras doenças cardiovasculares

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(Gorayeb, 2000). Neste sentido, as técnicas relaxamento – caracterizados por um modo


de relaxamento têm se configurado como maior e andamento lento; e d) alegria – pro-
importantes estratégias utilizadas durante o vocada por músicas em modo maior e anda-
processo terapêutico, tendo sido consolida- mento rápido. Porém em seu estudo, Bigand
das enquanto procedimentos de intervenção et al. (2005) relatam que os participantes dis-
psicológica ao longo do século XX (Primo e tinguiam os trechos musicais em um número
Amorim, 2008; Vera e Vila, 2002; Souza et al., maior de categorias, o que favorece a uma
2000). Dentro desse contexto, a música pode abordagem multidimensional, na qual as emo-
ser inserida como um instrumento de grande ções suscitadas pela música se apresentam em
potencial para induzir o relaxamento, poden- contínuos que levam em conta a valência (po-
do ser utilizada por profissionais de diversas sitiva ou negativa) e a excitabilidade (alta ou
áreas (Nuki et al., 1999; Good, 1995; Wang et baixa) emocional. Os autores evidenciaram
al., 2002; Gruzzelier, 2002; Chafin et al., 2004). também que, apesar de associarmos as músi-
cas a eventos pessoais, em geral, o reconheci-
A utilização da música na indução de mento das características emocionais da músi-
relaxamento ca são consistentes entre indivíduos diferentes
e no mesmo indivíduo, e independe do nível
Em um estudo de revisão bibliográfica rea- de educação musical.
lizado no período de 1994 a 2004, Ferreira et al., A música pode suscitar também respostas
(2006) verificaram que a música tem sido am- fisiológicas que parecem depender do conteú-
plamente utilizada como recurso terapêutico e do emocional. Khalfa et al. (2002) registraram
que a mesma é percebida como forma peculiar as reações fisiológicas de pessoas por meio da
de indução de relaxamento. De acordo com verificação da corrente elétrica subcutânea, no
Castro (2009), a música, quando utilizada no momento em que escutavam determinados ti-
momento do parto, por sua capacidade de sus- pos de música que provocavam quatro tipos de
citar emoções, pode auxiliar a evitar emoções emoções distintas: medo, alegria, tristeza e sere-
negativas por parte das pacientes tais como: nidade. Os autores identificaram que, para mú-
raiva, tristeza, medo e fadiga. Seu uso eviden- sicas que evocavam medo e alegria, havia uma
cia uma sensação de paz, alegria, tranquilida- forte reação cutânea, por causa da transpiração,
de, descontração e bem-estar; ajuda a reduzir o e excitamento fisiológico, suscitado pelo anda-
estresse e a tensão, induzindo ao relaxamento mento rápido e dinâmica forte. Já as músicas
(Gatti e Silva, 2007). que evocavam serenidade e tristeza, as quais
O processamento musical envolve várias possuíam andamento lento e dinâmica menos
regiões cerebrais, ativando também áreas re- incisiva, não provocaram reações cutâneas.
lacionadas à emoção e ao circuito de recom- Nuki et al., (1999) investigaram os efeitos
pensas, o qual é recrutado na presença de estí- da utilização da música em contexto terapêu-
mulos relacionados à sobrevivência, tais como tico sobre mudanças dos hormônios relacio-
sexo e comida (Stewart et al., 2006). Blood et al. nados ao estresse e observaram diminuições
(1999), por exemplo, em um estudo utilizando significativas dos níveis de noradenalina,
tomografia de emissão de pósitron (PET- técni- corticotropina e cortisol durante a audição
ca de neuroimagem que permite examinar mu- de música, o que indica que a música pode
danças cerebrais a partir de alterações do fluxo ter efeitos sobre mudanças endocrinológicas
sanguíneo) para verificar os correlatos neurais que conduzem a um estado de relaxamento.
de respostas emocionais à música, observaram De forma semelhante, mas em um estudo mais
que as consonâncias e dissonâncias em trechos específico e sistemático realizado por Khalfa et
musicais recrutam regiões paralímbicas asso- al. (2003), constatou-se que algumas melodias
ciadas geralmente aos estados emocionais de particularmente calmas e harmoniosas dimi-
prazer e desprazer, respectivamente. nuem no sangue a quantidade de cortisol, que
De acordo com Bigand et al. (2005), consi- é o hormônio liberado nesses momentos e que
derando a abordagem categórica de emoções prepara o organismo para a fuga ou o combate.
musicais, pode-se agrupar as emoções suscita- Participaram do estudo 24 estudantes da Uni-
das por estímulos musicais em quatro tipos di- versidade de Montreal que, depois de submeti-
ferentes: a) tristeza - caracterizada por trechos dos a uma condição de stress, foram divididos
musicais em modo menor e andamento lento; em dois grupos: o primeiro ficaria em silêncio
b) raiva/medo - caracterizados por um modo e descansaria em um lugar tranquilo, e o se-
menor e andamento rápido; c) serenidade/ gundo, além disso, ouviria músicas relaxantes.

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A música para indução de relaxamento na Terapia de Integração Pessoal pela Abordagem Direta do Inconsciente – ADI/TIP

A partir da monitoração de mudanças do ní- pacientes em períodos pré-operatórios (Wang


vel de cortisol salivar, observou-se que o nível et al., 2002), pós-operatório (Voss et al., 2004) e
de cortisol após o evento estressante parou de no momento do parto (Cruz et al., 2003; Castro,
aumentar naqueles estudantes que ouviram 2009). Evidencia-se que a utilização de músi-
música, enquanto que nos estudantes que so- cas com características relaxantes nos ambien-
mente ficaram em silêncio, o nível de cortisol tes hospitalares tende a tornar o cuidado mais
continuou a aumentar durante 30 minutos. humanizado e facilita a comunicação (Ferreira
Pôde-se observar também que o resultado et al., 2006; Fonseca et al., 2006). Esses estudos
foi independente da preferência musical dos que utilizam a música em contextos clínicos
estudantes, o que parece indicar que caracte- evidenciam ainda que ela é um potencial ins-
rísticas das músicas utilizadas agiriam sobre trumento de relaxamento e minimização de
estruturas cerebrais homogêneas entre dife- medo, tensão e dor, podendo enfraquecer o
rentes indivíduos. Khalfa et al. (2003) sugerem sofrimento e potencializar a sensação de bem
a partir disso que músicas que comportam estar (Backs et al., 2003; Silva e Leão, 2004; Al-
disparidades de ritmo e dissonâncias podem meida e Araújo, 2005; Gatti e Silva, 2007; Cas-
ser estressantes. Segundo a hipótese dos auto- tro, 2009; Bergold e Alvim, 2009).
res, passado o evento de estresse, uma música Pode-se observar, a partir do que foi ex-
caracterizada por andamento lento, com ritmo posto, que os benefícios da utilização da mú-
e harmonia regulares, ativa o córtex auditivo, sica como ferramenta terapêutica são diversos,
juntamente com outras estruturas implicadas pois a música é capaz de estimular o surgimen-
no trato das emoções, reduzindo a atividade to de emoções positivas que proporcionam
do complexo amigdaloide, parando de liberar sensações de prazer e tranquilidade (Bergold
o cortisol e inibindo toda a cadeia de reações e Sobral, 2003; Bergold e Alvim, 2009), além
que ocorrem devido a um evento estressante. de desencadear respostas hormonais, como
Kreutz et al. (2004), por sua vez, investiga- o aumento das endorfinas, capaz de reduzir
ram os efeitos da música coral (Réquiem de estresse e tensão e induzir o relaxamento. As-
Mozart) sobre a secreção de imunoglobulina A sim, utilizada no contexto psicoterapêutico, a
e cortisol, e constataram que a audição da peça música pode ser um importante auxiliar para
coral conduziu a um aumento do afeto negativo redução da ansiedade e do estresse, além de
e também identificaram diminuição dos níveis proporcionar conforto e prazer, propiciando
de cortisol, o que corrobora os estudos ante- maior equilíbrio para a saúde do indivíduo.
riores. Em outro estudo experimental que teve Constata-se, portanto, que ao favorecer a in-
como objetivo avaliar os efeitos da audição de dução de relaxamento e redução de estresse, a
música relaxante (Cânone de Pachelbel) sobre música pode ser utilizada como um importan-
respostas psicológicas e fisiológicas a um even- te recurso para potencializar os processos de
to estressante, considerando os níveis de ansie- saúde, promovendo o bem-estar dos pacientes
dade, pressão sanguínea, batimentos cardíacos e tornando o ambiente mais tranquilo.
e concentração de imunoglobulina A (IgA),
Knigth e Rickard (2001) também identificaram
uma redução dos níveis de ansiedade e melho-
A utilização da música para indução
ra da função imunológica com o aumento dos de relaxamento na fase preparatória
níveis de IgA, contribuindo para as evidências da ADI/TIP
em favor da utilização da música para indução
de relaxamento. Adicionalmente, Krout (2007), A TIP é uma modalidade terapêutica que se
em um artigo de revisão que visa avaliar o pa- utiliza do método da ADI e consiste em levar
pel da audição de música para facilitar o relaxa- a pessoa ao acesso direto e consciente aos con-
mento e promover a saúde e o bem-estar, tam- teúdos de seu inconsciente. É direto porque
bém evidenciou que a música pode estimular a não é necessário esperar o afloramento desses
produção de endorfinas naturais que agem no conteúdos à consciência, como habitualmente
organismo controlando os níveis de excitação, acontece em outras abordagens psicoterápicas;
estimulando a sensação de prazer, reduzindo o é consciente porque a pessoa não é levada ao
estresse, facilitando o relaxamento. sono hipnótico, podendo participar ativamen-
Partindo-se dos efeitos da música na redu- te do processo. Em síntese, ocorre uma inversão
ção do estresse e indução de relaxamento, al- intrapsíquica, na qual a pessoa tem acesso de for-
guns estudos utilizam músicas relaxantes em ma consciente ao seu inconsciente e, dessa ma-
contextos clínicos tais como, por exemplo, com neira, pode descrever os fatos por ela vividos

Contextos Clínicos, vol. 5, n. 2, julho-dezembro 2012 94


Marília Nunes-Silva, Liliane Cristina Moreira, Gisela R. J. de Moraes, Gerlaine T. Rosa, Célia Auxiliadora dos S. Marra

da forma como os registrou e codificou, o que toconceitos são denominados Frases-Registro


possibilita ainda que ela decodifique esses re- (FR), e referem-se às conclusões formuladas
gistros inconscientes e os reformule. Este mé- pela pessoa sobre si, também a partir de suas
todo permite que a pessoa descreva os fatos percepções sobre a vivência emocional regis-
como um fenômeno2 que emerge sem raciona- trada. Já as conclusões elaboradas a partir das
lizações, abrangendo as significações e avalia- percepções sobre o mundo, sobre a situação
ções que a pessoa atribui sobre o que apreende em foco e as pessoas envolvidas na vivência
(Jost-Moraes et al., 2009). evocada são denominadas Frases Conclusivas
A ADI/TIP, iniciada desde 1975 por Gisela (FC). Esses registros são realizados de forma
Renate Jost de Moraes, vem sendo construída intuitiva e pré-reflexiva3 desde a fase primor-
a partir da prática clínica, considerando os da- dial de vida na gestação e engendram os posi-
dos revelados pelos pacientes submetidos ao cionamentos assumidos pelo ser humano, que
questionamento ao seu inconsciente. O méto- podem ser negativos ou positivos. O acesso a
do, portanto, foi elaborado como um conjunto esses conteúdos inconscientes, portanto, possi-
de técnicas e procedimentos específicos, que bilita a que a pessoa descubra as significações
foram sendo aplicados de forma sistemática e dadas por ela às suas vivências, assim como a
se organizando numa metodologia, em função percepção do efeito de seus posicionamentos
dos dados coletados junto aos clientes em tera- sobre a sua vida e sobre o seu ambiente. Ao
pia, enquanto seus fundamentos epistemoló- mesmo tempo, torna-se possível remover os so-
gicos encontravam respaldo na fenomenologia frimentos introjetados e reposicionar-se diante
existencial. A autora se vale ainda das ideias de suas vivências negativas, decodificando-as,
de Bergson (1859-1938) sobre a intuição, da ressignificando-as e reforçando os registros
contribuição de Frankl (1905-1997), que ressal- positivos, podendo trazer grandes benefícios
ta a necessidade de orientação do ser humano (Jost-Moraes et al., 2009).
para um sentido de vida e ainda das reflexões Para que a pessoa possa ser submetida ao
de Husserl (1859-1938) sobre o fenômeno, que processo ADI/TIP e lograr êxito, é necessário
também respaldam as psicoterapias existen- que consiga se desligar dos ruídos e outros es-
ciais-humanistas. tímulos externos e voltar-se para sua interiori-
O processo abrange Exercícios Preparató- dade mais profunda (Moraes, 2010). Percebeu-
rios para a Terapia (EPTs), incluindo a audição se, desde o início dos trabalhos do método, que
de gravações de comando de voz, tendo como a música favorecia o relaxamento do paciente
pano de fundo uma música relaxante com a para a escuta dos comandos de voz como fase
intenção de facilitar a realização dos exercícios de preparação para a terapia propriamente
mentais propostos. Em seguida, são desenvol- dita, conforme já mencionado anteriormente.
vidos outros exercícios de visualização mental Nesse intuito, antes de iniciar a terapia, faz-se
com orientação de um profissional devida- necessário que o indivíduo passe pelo processo
mente treinado para esse fim e, por último, psicopedagógico já referido como EPT em que
dez sessões de terapia com outro terapeuta em se inclui a audição dos comandos de voz, tendo
que o paciente é conduzido a mergulhar em ao fundo música relaxante, em que a pessoa é
seu inconsciente e a se defrontar com situações estimulada a visualizar objetos e situações cria-
vivenciadas, positivas e/ou negativas, desde das com o objetivo de exercitar o aparecimento
a infância e que são evocadas mediante um de imagens mentais. Essa possibilidade infun-
questionamento específico ao inconsciente. de na pessoa a confiança em suas possibilida-
O desenvolvimento metodológico dessa des de evocar posteriormente momentos de
abordagem terapêutica propicia o acesso a con- vida, que serão condição sine qua non para que
clusões que foram registradas no inconsciente se possa questionar o inconsciente no processo
da pessoa e se manifestam como códigos exis- específico da terapia (Moraes, 2010).
tenciais de base. Esses códigos aparecem, pelo As músicas utilizadas no EPT foram com-
menos, de duas maneiras: uma referente aos postas com a intenção de induzir o relaxamen-
autoconceitos e a outra referente às conclusões to propiciador desses pré-requisitos necessá-
sobre os outros e as situações vividas. Os au- rios à terapia, e foram submetidas à análise

2
Adotamos, neste trabalho, o conceito de fenômeno tal qual exposto nas obras de Husserl (1859-1938) como uma apreensão
imediata e não reflexiva da realidade.
3
O aparecimento dessa experiência imediata ou intuitiva aproxima-se do pensamento de Bergson (1927-1988), ao dizer
que a intuição é entendida como a apreensão imediata dos fenômenos existentes.

Contextos Clínicos, vol. 5, n. 2, julho-dezembro 2012 95


A música para indução de relaxamento na Terapia de Integração Pessoal pela Abordagem Direta do Inconsciente – ADI/TIP

por duas musicistas. Essas análises confirma- Paralelamente, a música também vem sendo
ram que as músicas compostas para o EPT utilizada em diferentes contextos no campo da
possuíam elementos musicais considerados saúde enquanto um importante recurso para
pela literatura (Khalfa et al., 2003; Bigand et al., promover efeitos fisiológicos positivos que po-
2005; Hatem et al., 2005; Krout, 2007) como ca- dem levar à redução da ansiedade, favorecen-
racterísticas de músicas relaxantes, tais como: do o tratamento físico e psíquico (Nuki et al.,
tempo estável e lento, volume baixo, dinâmi- 1999; Khalfa et al., 2002; Wang et al., 2002; Cruz
ca leve com pouca variação, melodias suaves et al., 2003; Khalfa et al., 2003; Voss et al., 2004;
e harmoniosas e ausência de ritmo acentuado. Ferreira et al., 2006; Krout, 2007; Castro, 2009).
No aporte teórico aqui em evidência, vimos Pelos efeitos fisiológicos ocasionados pela
que a música, quando aplicada com objetivos música que foram ressaltados a partir desta
terapêuticos, pode funcionar como um recur- revisão, podemos ponderar que ela tem ca-
so capaz de eliciar respostas de relaxamento, pacidade de se inserir também como um im-
além de propiciar benefícios físicos e psíqui- portante instrumento para a indução de rela-
cos. Diferentes autores (Backes et al., 2003; Ber- xamento. As técnicas para esse fim servem a
gold e Sobral, 2003; Giannotti e Pizzoli, 2004; procedimentos de intervenção que podem ser
Leão e Silva, 2004; Silva e Leão, 2004; Ferreira úteis para a psicologia aplicada em geral, pois
et al., 2006) consideram que a utilização da mú- promovem o bem-estar físico e psicológico da
sica provoca respostas favoráveis ao contexto pessoa (Vera e Vila, 2002). O presente estudo
terapêutico, pois ela é capaz de minimizar a possibilitou-nos identificar que músicas com
angústia, a ansiedade, a tensão, o estresse e determinadas características capazes de indu-
o medo. Além disso, pode propiciar o estado zir o relaxamento podem, portanto, ser utiliza-
de relaxamento, aumentar o nível de energia das como ferramentas de redução de estresse e
e melhorar o humor, resultando em redução ansiedade em um contexto psicoterápico.
da frequência cardíaca e da pressão arterial, A pessoa em estado de sofrimento psíqui-
podendo culminar no alívio da dor. A partir co pode demonstrar um alto grau de ansieda-
disso, considera-se que a música tem uma fun- de que na maioria das vezes provoca agitação,
ção auxiliar no processo terapêutico ADI/TIP, impaciência e medo, os quais funcionam como
por viabilizar a indução do relaxamento nos bloqueadores das possibilidades de aprovei-
EPT’s, propiciando, como proposto pelo mé- tamento da ajuda em terapia. A música, nessa
todo, a aproximação cada vez mais verdadei- situação, pode provocar o rebaixamento da
ra dos conteúdos inconscientes. Sendo assim, ansiedade e do medo e, consequentemente, da
também reduz o esforço desnecessário do pa- agitação e impaciência, remetendo a pessoa a
ciente, permitindo, tanto quanto possível, que um estado de equilíbrio necessário ao aprovei-
possa enfrentar seu sofrimento, e que seu pro- tamento dos recursos de ajuda em terapia. Es-
cesso terapêutico seja uma atividade profícua. pecificamente no caso da ADI/TIP, esse auxílio
coadjuvante permite que o processo terapêuti-
Considerações finais co se faça em um tempo mais breve e de forma
mais profunda em relação à sua ação terapêuti-
Como podemos constatar, a música tem ca, o que atende à proposta do método em refe-
acompanhado o homem desde os primórdios rência. Dessa forma, a música se insere dentro
da humanidade e tem sido utilizada, desde os deste método como um recurso imprescindível
tempos mais remotos, não somente para ativi- para a indução de relaxamento e a facilitação
dades artísticas e culturais, mas também com dos processos terapêuticos da ADI/TIP.
objetivos terapêuticos. Nas últimas décadas, Por fim, foi possível perceber também, a
os estudos sobre os efeitos fisiológicos e psico- partir desta revisão que, por mais que os es-
lógicos da música contribuíram para aumen- tudos acerca dos efeitos da música tenham
tar e sistematizar o conhecimento acerca dos avançado, a compreensão de como a música
benefícios de sua utilização para a promoção exerce influência sobre os seres humanos se
da saúde e bem-estar do ser humano (Bruscia, constitui, ainda, em um desafio e um campo a
2000; Backs et al., 2003; Dobbro, 1998; Fonse- ser mais investigado. Nesse contexto, percebe-
ca et al., 2006). Esses estudos possibilitaram se que os benefícios da música utilizada para
o surgimento da musicoterapia enquanto um fins terapêuticos na Psicologia ainda se confi-
campo específico de conhecimento para a apli- gura como um campo emergente, ensejando
cação da música em processos psicoterapêuti- outros estudos e pesquisas que corroborem
cos (Benezon, 1988; Costa, 1989; Ruud, 1990). com maior consistência científica a sua utili-

Contextos Clínicos, vol. 5, n. 2, julho-dezembro 2012 96


Marília Nunes-Silva, Liliane Cristina Moreira, Gisela R. J. de Moraes, Gerlaine T. Rosa, Célia Auxiliadora dos S. Marra

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