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Coordenador do Conselho Editorial de Educaçilo
Marcos Cezar de Freitas
Carlos Roberto Jamil Cury
Conselho Editorial de Educação Magali Reis
José Cerchi Fusari Teodoro Adriano Costa Zanardi
Marcos Antonio Lorieri
Marli André
Pedro Goergen
Terezinha Azerêdo Rios
Valdemar Sguissardi
Vitor Henrique Paro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Cury, Carlos Roberto Jamil BASE NACIONAL


Base Nacional Comum Curricular : dilemas e perspectivas / Carlos
Roberto Jarnil Cury, Magali Reis, Teodoro Adriano Costa Zanardi. - São
Paulo : Cortez, 2018.
COMUM CURRICULAR
dilemas e perspectivas
Bibliografia.
ISBN 978-85-249-2684-6

1. BNCC - Base Nacional Comum Curricular 2. Currículos 3. Educação -


Brasil 4. Pedagogia 5. Política educacional 6. Professores - Formação 1. Reis,
Magali. II. Zanardj, Teodoro Adriano Costa. IIl. Título.

18-18247 CDD-370.981

fndlces para catálogo sistemático:


1. Brasil: Base Nacional Comum Curricular 370.981

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427


BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: DILEMAS E PERSPECTIVAS
Carlos Roberto Jamil Cury, Magali Reis, Teodoro Adriano Costa Zanardi
-~ 5

Capa: de Sign Arte Visual


Preparação de originais: Jaci Dantas
Revisão: Maria de Lourdes de Almeida
Projeto gráfico e diagramação: Linea Editora
Coordenação editorial: Danilo A. Q. Morales

SUMÁRIO

Apresentação - Debates em tomo da Base Nacional


Comum Curricular ............................................................ 7

1 Por uma BNCC democrática, federativa


e diferenciada...................................................................... 17

2 BNCC e a universalização do conhecimento ....... ... ... ... 53

3 Base Nacional Comum Curricular é Currículo?........... 65

N
enhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem autonzaça
· - o expressa
4 BNCC e Educação das novas gerações:
dos autores e do editor. limites conceituais.............................................................. 101
© 2018 by Autores
S Habemus Base, mas Habemus Freire................................. 119
Direitos para esta edição
CORTEZ EDITORA
Rua Monte Alegre, 1074 - Perdizes
05014-001 - São Pauio-SP Referências.................................................................................. 131
Tel.: +55 11 3864 0111 / 3803 4800
e-mail: cortez@cortezeditora.com.br
www.cortezeditora.com.br Referências sobre a BNCC......................................................... 141

lmpresso no Brasil - agosto de 2018


,,...

eS8\ffl 53

2
BNCC e a Universalização
do Conhecimento

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) carrega, em si,


o sonho iluminista de universalização de direitos no tocante ao
acesso ao conhecimento acumulado e à qualidade da educação
que se realizaria pela distribuição igualitária e isonômica desses
conhecimentos. Sonho esse que foi apropriado pela burguesia para
legitimação de seus interesses com o estabelecimento de crenças e
padrões adequados em uma sociedade marcada pela desigualdade.
Ocorre que, mesmo com a desigualdade como questão estrutu-
rante, a educação escolarizada pretende promover a equidade de
conhecimentos compreendidos como essenciais para proporcionar
uma maior igualdade de oportunidades nas disputas por um lugar
no mercado de trabalho e no exercício da cidadania.
Para compreender a proposta de orientação curricular nacio-
nal, faz-se necessário pontuar tanto o caminho que nos trouxe a
escolha de uma Base Nacional Comum Curricular, seja no plano
normativo, seja no plano conceituai, bem como investigar ~s
questões problemáticas que essa proposta encontra no cenário
....
CURY. REIS. ZA.tJb
'V\1(01
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
54 55

. b asileira contemporânea e, principahnent


da Educação Básica r e, ao conhecimento escolar na busca de uma • - h A d
. VISao omogenea e
no campa do curn 'culo . . . mundo. No caso do Brasil contemporaneo
A , sena· a uni.6caçao
-
cum-.
. _ d reformas educacionais tem se esmerado e cular um ornamento para se acentuar a chamada crise da educação
A tradiçao e . Ill.
. 'culo os problemas de qualidade da educaça- ou estaríamos diante de uma proposta transformadora?
atribwr ao curn , o
a seria ele o responsavel pela superação das Com Apple (2017) e sua resposta à pergunta à Educação pode
e, da mesma o ' f nn . .
mazelas e desigualdades educaoonais. mudar a sociedade?, há uma perspectiva menos estruturalista e me-
Por isso, é importante não perdermos de vista a causa das cânica da questão, pois ele apresenta uma resposta que demanda
desigualdades e O papel que a educação pode desempenhar na a reação contra um sistema econômico e seu sistema cultural e
sua redução. Pensar o papel do currículo na correção das de- ideológico, mas que não despreza as relações de dominação e su-
sigualdades é uma tentativa ingênua de deslocar os processos bordinação que se constituem dentro e fora da educação. Estudar,
analisar e se envolver com a educação escolarizada por esse cami-
de escolarização do contexto de uma sociedade profundamente
nho é reagir contra essas relações, portanto, no interior da escola.
desigual. Diante dessa questão, é fundamental, preliminarmente,
estabelecermos qual é o potencial da educação escolarizada e seus Fica claro que se concentrar unicamente nas relações econô-
limites na transformação da sociedade sob pena de soar ingênua micas pode ser enganoso, pois estas não são as únicas a possibi-
litar o desvelamento da realidade. É necessário investir, portanto,
a análise de uma política educacional de tal envergadura.
nas várias dimensões da formação humana e a construção de uma
Como Freire já acentuava em uma de suas obras iniciais, BNCC nos provoca a compreender qual é o papel da educação
Educação como Prática de Liberdade (1967), nas transformações, bem como de seus limites.
Neste ensaio, a pretensão é, iniàando pelo contexto normati-
(...) estamos advertidos do fato milagroso, que por si fizesse as alte- vo e as bases conceituais, problematizar, criticamente, a proposta
rações necessárias à passagem da sociedade brasileira de uma para de Base Nacional Comum Curricular. Expor sua legitimidade e
outra forma. Porém, oque não se pode negar à educação, é a sua força possibilidades no campo de estudos curriculares, bem como uma
instrumental, que inexistirá se superposta às condições do contexto concepção comprometida com a teoria freiriana como forma de
ª que se aplica. Vale dizer, por isso mesmo que, sozinha, nada fará,
promover uma educação para emancipação.

I
porq_ue, pelo fato de "estar sozinha", já não pode ser instrumental,
Por isso, se insiste em não corresponder à dinâmica destas outras
forças de transformação do contexto estrutural, se toma puramente
ornamental(...) (Freire, 1967 /2005,p. 96) .
A Base Nacional Comum Curricular
e sua construção normativa
Necessário distinin,ir lí . , nnar
as estrutur das 0
....... as po ticas que pretendem trans1 0 tá
to É as_ propostas que se limitam a ornamentar o que es Para se fazer uma análise do escopo normativo da BNCC,
:S en:~Pdreaso se aprofundar nos estudos curriculares como fortJUi
•cu er como functo . . aJ1l
não é possível isolar sua previsão normativa dos fundamentos
nam os interesses sociais que se nustur
.,.
CURY • REIS • ZANARD1
56 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
57

educação brasileira. A interpretação


jurídicos que fundam ~ona portanto, lançar um olhar sobre a do regional. A definição do que é comum, bem como de um
, ti os proPora ' projeto de nação, na quadra em que vivemos, tomaram-se cada
sistema ca n . d /l alidade da BNCC dentro de sua coerên.
titucionalida e eg . vez mais complexos diante de uma sociedade que se enxerga
cons . rmativo para que se eVIte a construção de
eia com o con1unto no .ali cada vez mais plural. O que é básico e o que é comum, além de
.ais sobre a sua maten dade.
visões fragmenta d as e Para não ser neutro, trazem uma consequência de difícil equação que
•tinU··dade instituída legalmente para a construção
Falar d a legi . , . é dizer qual é a formação desejada. Diante disso, recorro à própria
de uma BNCC
é analisar quais são os valores.
e pnnap10s que
. Constituição Federal de 1988 como forma de ter mais luzes para
a Constituição Federal e os ordenamentos infraconstitucionais desvelar a questão e, então, esclarecer como esses conceitos de-
estabelecem para a sua materialidade. Não podemos, portanto, vem emergir nas disputas ideológicas que se inserem no campo
satisfazer-nos com a formalidade de sua previsão (e pronto!). da educação escolarizada.
A previsão de uma BNCC não é, obviamente, o centro do Não é demais enfatizar sob quais compromissos constitu·
projeto educacional brasileiro em torno da qual orbitam os cionais estamos fundados:
princípios educacionais, inclusive constitucionalizados. Não é
nem mesmo o centro de valores e prinápios que a escola deve
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indis-
abraçar, sendo a consequência de projetos que se colocam em solúvel dos Estados e Muniápios e do Distrito Federal, constitui-se
disputa em uma sociedade que se enxerga e se deseja plural, em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
como veremos a seguir. I- a soberania;
Diante dessa premissa, é possível afirmar que o processo II - a cidadania;
normativo que nos impulsiona para a construção de uma Base III - a dignidade da pessoa humana;
Nacional Comum Curricular é fruto de um processo que se arrasta IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
( V - o pluralismo político. (Brasil, 1988).
por q~a~ ~ta anos, haja vista que sua previsão se encontra na
Constituiçao da República Federativa do Brasil de 1988.
A Assembleia Nacional Constituinte houve por bem esta- Ao pensar a educação escolarizada diante dos princípios da
belecer na Constitui - d R , . . . .
çao a epublica Federativa do Brasil que. dignidade da pessoa humana, da cidadania, dos valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa, já se percebe quão difícil é uma
Art. 210. Serão fixados e t 'd , • al formação comum no plural. No entanto, podemos afirmar que
de . on eu os mm1mos para o ensino fundament ,
maneira a assegurar fio _ b, . 0 básico é o respeito ao ser humano, à sua capacidade criadora
cultur • , .
ais e artísticos n ·
rmaçao
·
asica comum e respeito aos valores
' aaonais e regionais (Brasil, 1988) (grifos nossos). e transformadora (valores sociais do trabalho), à liberdade e à
perspectiva de pluralidade de ideais.
Assim, o projeto d Da mesma forma, trazer os princípios da República Federati-
papel na valorizaç- de uma formação básica comum tem urn
ªº o que é comum, do nacional e, tambern,
, va do Brasil nos dá a ideia de igualdade na diferença, bem como
CURY • REIS • ZANAR01
60 9ASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
61

tida na LDB e que pode se extrair da CF


A ideia de base con . . Em outras palavras, é necessário compreender que a norma é
. _ de referências cumculares comprometida com
é pela definiçao . . . - Ab um campo de disputa tanto no que toca a sua forma quanto a
. de, dive rsidade e não discrurunaçao.
luralida . raçar UJna
P sua materialidade. Assim, ao expor que um projeto está previsto
ª _ d rescrições fixistas .e descntores de. conteúdos
compreensao e P _ ' em lei, precisamos, criticamente, desvelar os seus interesses, a
• .
competenoas e habilidade é assunur uma
. contradiçao
. entre 0 quem favorece e a quem não favorece.
pluralismo de ideias e um projeto umve~sa~ante de conheci-
mentos comprometidos com a homogeneizaçao.
Em 2014, a promulgação do Plano Nacional de Educação
(Brasil, 2014) e a busca de um Sistema Nacional de Educação Base Nacional Comum Curricular para quê?
deram novo impulso ao projeto de uma base.fN"aquele momento,
ficou clara a concepção de que o que se pretende é uma proposta A BNCC seria o instrumento para qualificar a educação
curricular que se torne comum nacionalmente. O projeto é tornar através de uma identidade de conhecimentos que seja propor-
um conjunto de conhecimentos, habilidades e competências, que cionada a todos os estudantes da Educação Básica brasileira. Ela
não é, ainda, nem comum, nem nacional, comum e nacional atra- serviria para superar as desigualdades evidentes em nosso siste-
vés da obrigatoriedade de seu ensino. Emerge a orientação do ma educacional. Ela se envolve em uma visão de escolarização
estabelecimento de um projeto nacional que se tome comum e, que, para termos uma educação de qualidade seria necessário
portanto, consensual nacionalmente através do projeto curricular. proporcionar conteúdos idênticos para possibilitar uma igualdade
Em 2017, temos, após idas e vindas, a publicação da BNCC de oportunidades entre os educandos.
da Educação Infantil e do Ensino Fundamental (MEC, 2018) 11 • Dessa forma, os defensores da BNCC entendem que uma
Já ª BNCC do Ensino Médio, até os meados de 2018, não foi das mazelas da Educação brasileira a ser superada é a ausência
aprovadau. de um conteúdo básico e comum em todo o país. Já com a uma
BNCC, teríamos a possibilidade de superar as desigualdades e
Para concluir a análise do percurso normativo, é necessário
a qualidade deficiente da Educação.
:n~ar que, ao abordar como se constituiu normativamente a 13

eçao para ª construção da Base Nacional Comum Curricular, Em maio de 2015, foi publicada pela Fundação Lemann ,
a perspectiva não é a d , . notória entusiasta da BNCC, em colaboração com o Instituto de
. .. e se conformar com a previsão silogistica
que imobiliza a socied d 1
ª e ao naturalizar o comando do lega ·
13. A Fundação Lemann é uma organização sem fins lucrativos brasileira criada em 2002
11. As idas e vindas da BNCC com suas disputas, avanços e retrocessos, p~lo empresário Jorge Paulo Lemann, conhecido por ser o brasileiro mais rico. Sua funda-
serãoanaJjsadas ça_o faz parte de um grupo de reformadores empresariais que se voltaram para a Educação
pontuaJmente neste ensaio mesmo não sendo seu objeto. tamente,
Basica nos últimos anos. É representativo da força desse grupo o Movimentos Todos pela
12 Fato é que nenhuma das propostas entrou em vigor em 2018 e, concre desen- E~ucação, que é apoiado pela Fundação Roberto Marinho, Fundação ltaú Social, Fundação
somente as "chão
volverá no pesquisas futuras poderão analisar como O comando legal curricular se
da escola". Victor Civita, entre outroS. Voltaremos a abordagem do movimento a seguir.
,....
CURY • REIS • ZANARD1
62 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
63

levantamento em que os professores d


uisas IBOPE, um . . . a
pesq il se posicionam ma1ontanamente favorável Dessa forma, tendo em vista a emergencia
• • d e um discurso
R d Pública no 8ras .
e e . de uma Base Comum Nacional. Na pesquisa acentuado de que não há compreensão pelos pro fessores d o que
ao estabeleomento . d fazer em sala de aula com as suas turmas, ou se1a,
· d e qu al conhe-
divulgada, 82'¾º dos Professores entrevista os concordam tota}. cimento deve se desenvolver em cada período 1eti.vo, semestre,
.
mente ou em Parte que os "currículos,, de todas as escolas do
bimestre ou dia de aula, temos uma BNCC que discrimina os
Brasil devem ter uma base comum e que
, 931/o concordam tota}.
0

descritores de competências e habilidades de todas as áreas do


mente ou em parte que "saber o que e esperado que os alunos
conhecimento escolarizado detalhadamente.
aprendam a cada ano escolar facilita o trabalho do professor"
(Fundação Lemann, 2015). Esse detalhamento subestima as orientações curriculares
desenvolvidas pela Câmara de Educação Básica do Conselho
Ora, como pode ser percebido, soa até desesperadora a Nacional de Educação, pelas Avaliações Externas, pelas Redes
afirmação de que há a necessidade de definição de um currículo de Ensino e pelas Escolas e pelos Educadores. Despreza o de-
básico para os professores saberem o que é esperado que os senvolvimento de um projeto educativo nacional fundado em
alunos aprendam em cada ciclo de aprendizagem. Seria muito uma concepção dinâmica e democrática de currículo que busca
preocupante viver em um país onde os professores não sabem articular as experiências dos vários atores envolvidos na educa-
o que ensinar na sala de aula amanhã às 07h30 da manhã em ção escolarizada com os conhecimentos científico, tecnológico,
uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental. artístico, estético e cultural produzidos.
Nessa linha, seria necessária a indagação do que fazem es- A LDB, nesse contexto, como uma "Constihlição da Educa-
ses professores em sala de aula, ou melhor, o que se passa nos ção", tem sido interpretada e reinterpretada pela diversidade de
cursos de licenciaturas, bem como que orientações e planos de atores que se envolvem com a educação escolarizada, sendo a
ensino são formulados pelos especialistas das redes de ensino própria criação de Diretrizes Curriculares Nacionais importante
e pelos professores. instrumento para uma educação de qualidade na diversidade,
A solução seria tamb, · d uma vez que estabelece orientações sem listar conteúdos.
. . , em, Impor uma base nos cursos e
licenoaturas para q .. Através das Diretrizes Curriculares, é possível vislumbrar
f _ ue esses su1eitos fossem orientados em sua
ormaçao a saberem O d uma percepção que valoriza o papel docente no ~nfrentame~t~ ~a
da Aind que evem esperar que os alunos apren-
m. a nessa esteir d realidade educacional posta, sendo que fica vi~ivel uma re1eiçao
escolares b a, como pensar que os sistemas e as re es
, emcomoosc d - ao receituário de conhecimentos preestabelecidos.
contam para ursos e formação de professores, nao
os professores O
esperar de seu al
d
que evem ensinar e o que po em
d Ja, a tentativa das avaliaçoes
· - t mas de impor um currículo
ex e
s unos (!)? , .
b as1co • f d d. te da realidade escolar complexa
se ve rustra a ian . .
A BNcc é para o . . d.f. Idades à efetivação verticalizada de
essenciais" portunizar aos alunos "conhecimentos e se re 1aciona com i icu B il ENEM
m a Prova ras e o ,
ou aos professores? currículo. A relação das escolas co . d
. 1 h. mente em um movimento e
por exemplo, constitui-se dia e ca
64

.
_ . . - de uma qualidade de educação que n-
conformaçao-reieiça0 -
todos. É uma relaçao que, mesmo pretendenct
ao
CURY • REIS • ZANARD1

-~ 65

se realiza para o
curricular14, não dá conta desse objetivo.
esgotar o que-fiazer
É ingénuo desconhecer o papel fundamental que a práxis
docente e as realidades onde ela desenvolve têm na elaboração
do que-Jazer escolares com suas competências e habilidades,
bem como da dinâmica que envolvem as propostas oficiais e 0
cotidiano da sala de aula.
A segunda questão que desejo ainda enfrentar e que não
3
pode ser ignorada é o interesse da Fundação do homem reco-
nhecido como o mais rico do Brasil, o empresário Jorge Paulo
Base Nacional Comum
Lemann, em questões escolares, particularmente, na eleição Curricular é Currículo?
de um currículo nacional. A Fundação Lemann, desde o seu
surgimento, tem promovido formação de professores e debates
sobre a Educação nacional, dos quais sobressaem seu evidente
A BNCC se constitui em um projeto normativo que estabe-
interesse: uma educação de qualidade. Mas devemos indagar
lece um documento prescritivo de competências, habilidades,
qual é o conhecimento que se traduz em educação de qualida-
conteúdos, ou, como preferem denominar, direitos de aprendi-
de para um grupo econômico tão poderoso e com os interesses
pautados na expansão do (seu) capital? zagem (MEC, 2018).
Uma das questões que é necessário se afirmar e ser enfren-
Ora, é possível articular facilmente a constante busca de
tada é a natureza curricular da BNCC, pois o MEC insiste em
reestruturação da escola com os interesses daqueles que contro-
proclamar que:
lam O mercado de trabalho, sendo a instituição escolar de vital
importância para a construção de subjetividades individualistas
e meritocráticas, b em como
. - de desenvolvimento de habºl"d BNCC serve como referência para a construção e adaptação dos currí-
1 1 a-
des técnicas. culos de todas as redes de ensino do país. As redes e escolas seguem
com autonomia para elaborar, por meio do currículo, metodologias
de ensino, abordagens pedagógicas e avaliações, incluindo elementos
da diversidade local e apontando como os temas e disciplinas se re-
lacionam. BNCC e currículos têm, portanto, papéis complementares:
a Base dá rumo da educação, mostrando aonde se quer chegar,
O
14. "Currículo é, na acepção freireana, a política, a teoria e a prática -" zer .na
. do que-,a
perspectiva enquanto os currículos traçam os caminhos, (MEC, 2018a).
educação, no espaço escolar, e nas ações que acontecem fora desse espaço, numa
critico-transformadora". (SauJ, 2008, p. 120).

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