Você está na página 1de 40

CADERNO

DE RESUMOS
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

APRESENTAÇÃO

As Jornadas Intermidiáticas: Palavra e Imagem pretendem proporcionar


um espaço de reflexão acerca das diversas relações que podem ser
estabelecidas entre palavras e imagens em produções artísticas e
culturais.

Nos dois dias de programação, teremos conferência de abertura, mesas-


redondas, sessão de comunicação e minicursos. Todas as atividades
envolvem doutores, doutorandos, mestres, mestrandos e alunos de
graduação que apresentarão suas pesquisas, e aqui teremos o prazer de
apresentar os resumos das apresentações de cada pesquisador
envolvido.

Desejamos a todas e a todos uma boa leitura.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof.ª Dr.ª Maria Elisa Rodrigues Moreira
Prof. Dr. Vinícius Carvalho Pereira
Prof.ª Dr.ª Michele Passini
Me. Juan Ferreira Fiorini
Me. Lívia Bertges
Adriana Garcia Araújo
Erick Alexandre Gonçalves de Lima
PROGRAMAÇÃO
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

21/11 - QUINTA-FEIRA
Local: Auditório M / Instituto de Linguagens / UFMT

09:00-11:00 - Conferência de abertura


Prof.ª Dr.ª Rosângela Fachel (UFPel)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Maria Elisa Rodrigues Moreira (PPGEL/UFMT)

14:00-16:00 - Sessão de comunicação I


Rodrigo Fernandes Ferreira Brito (PPGEL/UFMT)
Juçara do Nascimento Oliveira
Vera Lúcia Campos Leite
Sindy Yadira Bolivar Silva (PPGEL/UFMT)
Dieleem Mara da Silva Campos (PPGEL/UFMT)
Erick Alexandre Gonçalves de Lima (Letras/UFMT)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Maria Elisa Rodrigues Moreira (PPGEL/UFMT)

16:30-18:30 - Sessão de comunicação II


Luciene Candia (PPGEL/UNEMAT)
Natália Abido Valentini (PPGPSI/UFMT)
Karina Figueredo Souza (PPG-ECCO/UFMT)
Everton Santos de Brito (PPG-ECCO/UFMT)
Nadia Moncada Sevilla (PPG-ECCO/UFMT)
Joyce da Silva Nascimento (Letras/UFMT)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Maria Elisa Rodrigues Moreira (PPGEL/UFMT)

19:00-21:00 - Mesa-redonda Palavra, Imagem, Literatura I


Prof. Dr. Vinícius Carvalho Pereira (PPGEL/UFMT)
Prof.ª Dr.ª Divanize Carbonieri (PPGEL/UFMT)
Prof. Dr. Fábio Messa (UFPR)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Michele Passini (UNIVAG)

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

22/11 - SEXTA-FEIRA
Local: Auditório M / Instituto de Linguagens / UFMT

09:00-12:00 - Minicursos
As teorias da adaptação: diálogos entre a literatura e o
audiovisual (Local: Sala 6 - Bloco Didático IL/FCA)
Juan Ferreira Fiorini (PPGEL/UFMT)

Livros de imagens, livros sem palavras (Local: Auditório M)


Marília Bonna (Sebo Rua Antiga)

14:00-15:30 - Mesa-redonda Palavra e imagem em contexto digital


Lívia Bertges (PPGEL/UFMT)
Rejania Francisca da Cruz Santiago (PPGEL/UFMT)
Mediação: Juan Ferreira Fiorini (PPGEL/UFMT)

16:00-17:30 - Mesa-redonda Palavra e imagem em deslocamento


Juan Ferreira Fiorini (PPGEL/UFMT)
Leandro Santos de Brito (PPGEL/UFMT)
Sidnei Alves da Rocha (PPGEL/UFMT)
Mediação: Lívia Bertges (PPGEL/UFMT)

19:00-21:00 - Mesa-redonda Palavra, Imagem, Literatura II


Prof. Dr. Henrique de Oliveira Lee (PPGEL/PPGPSI/UFMT)
Prof.ª Dr.ª Jozanes Assunção Nunes (PPGEL/UFMT)
Prof.ª Dr.ª Maria Elisa Rodrigues Moreira (PPGEL/UFMT- PNPD-CAPES)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Michele Passini (UNIVAG)

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
CONFERÊNCIA DE
ABERTURA
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A INTERMIDIALIDADE FAMINTA E DECOLONIAL DE BACURAU

Rosângela Fachel de Mdeiros


Universidade Federal de Pelotas

Podemos dizer sem medo de errar que, entre paixões e críticas, Bacurau
(2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, já é um marco na
cinematografia brasileira contemporânea. Em um futuro high-tech
arcaico, conectado e distópico, a ameaça de caçadores imperialistas e
gamificados desperta a resistência ancestral e visceral de um povoado
sertanejo. Bacurau transmuta (STAM, 2008) em imagens e sons a força
cultural e fantasmática dos mitos afro-indígenas que permeiam a
literatura brasileira. E corporifica, na tela, personagens marcados pela
“ferida colonial” (MIGNOLO, 2005), os quais ainda vagam às margens
da literatura nacional. Em sua trilha sonora, recorre a canções e músicas
emblemáticas para promover “leituras” intertextuais (CLÜVER, 2006). E
as memórias e referências improváveis que imbrica na composição de
sua narrativa audiovisual o situam no espaço permeável e subversivo do
“cinema de gênero”. Impuro e híbrido (NAGIB, 2014), Bacurau nos
envolve em uma complexa trama intermidiática (PETHŐ, 2011) que nos
faz entrar “‘em contato’ com o mundo do filme [experimentando]
diferentes níveis de consciência e percepção” (PETHŐ, 2011, p. 4). E, ao
apontar ao mesmo tempo para o “mundo real” e para “sua própria
midialidade”, instaura relações de intermidialidade famintas (GLAUBER,
1965) e decoloniais (WASH, 2009).

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
COMUNICAÇÕES
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A EXPANSÃO DAS POSSIBILIDADES EM PARANOIA

Rodrigo Fernandes Ferreira Brito


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Paranoia, publicada em 1963, é uma obra que reúne poemas de Roberto


Piva e fotografias de Wesley Duke Lee. Entendida a obra como um objeto
literário e fotográfico, a leitura apresentada nesta comunicação
pretende refletir sobre a construção do livro como uma narrativa
transmídia, conceito de Henry Jenkins, selecionando para tanto como
corpus o poema intitulado “Poema Lacrado” e as fotografias que o
acompanham, analisando de que modo palavra e imagem partilham
elementos que ampliam as possibilidades de análise da obra. Considera-
se a expansão como um efeito da combinação entre poema e foto e da
compreensão de transmídia como um caso de transficcionalidade.
Segundo Marie-Laure Ryan, a transficcionalidade é a migração de
entidades ficcionais de diferentes textos, mas que podem pertencer à
mesma mídia, em geral à ficção narrativa escrita. Tendo o poema e as
fotos como questões que distinguem Paranoia de Piva e Duke Lee como
uma narrativa transmídia de componente dinâmico, a aproximação das
artes em uma única obra literária tem na intermidialidade a combinação
de mídias. Sendo essa combinação resultante da expansão em Paranoia,
percebe-se a narrativa paralela, pois cada foto apresenta uma
ambientação de uma metáfora presente no poema, tendo também a
ausência de cores como elemento comum.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO PALAVRA-IMAGEM NA


EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA AUSÊNCIAS

Juçara do Nascimento Oliveira

Ausências é uma exposição de fotografias criada por Gustavo Germano,


fotógrafo nascido na Argentina. Sua primeira apresentação foi realizada
no seu país de origem em outubro de 2006; no entanto, o trabalho
percorreu outros três países, dentre estes o Brasil, no ano de 2012. A
exposição apresenta fotos agrupadas em pares, sendo uma antiga,
contendo familiares e amigos de desaparecidos políticos, e outra
posterior, em que o artista convida as pessoas que se encontravam
presentes na primeira foto e que sobreviveram à ditadura argentina
para refazer a cena nas mesmas condições em que foram feitas as
primeiras, considerando o local e as posições de cada um de seus
integrantes. Com isso, a fotografia evidencia um hiato na imagem, na
qual se simboliza a ausência da(s) pessoa(s) desaparecida(s) ou morta(s)
pela regime ditatorial, hiato este que se reflete também no uso das
palavras nas legendas que as acompanham. De maneira crítica, imagens
e palavras presentes na obra se articulam, possibilitando inúmeras
leituras que consideram, ainda, a temporalidade que marca a passagem
entre as imagens e a intermidialidade entre os textos visual e verbal.
Propomos, nesta comunicação, uma reflexão inicial sobre os modos pelos
quais se constrói a relação entre palavra e imagem nessa exposição
artística fronteiriça, para o que recorremos, em especial, às reflexões de
Marcia Arbex (2006) e Irina O. Rajewsky (2012).

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

EQUÍVOCOS POSADOS: DIÁLOGOS COM A FOTOGRAFIA EM


BERÇO DO HERÓI E ROQUE SANTEIRO, DE DIAS GOMES

Vera Lúcia Campos Leite

Inspirando-se no texto teatral Berço do Herói (1963), de Dias Gomes,


vetado pela censura à época, e na telenovela Roque Santeiro (1985), do
mesmo autor, esta comunicação analisa imagens do texto teatral e do
texto novelístico que se montam pelo artifício da fotografia. Dias Gomes
(1922-1999), romancista, dramaturgo, escritor de telenovelas e membro
da Academia Brasileira de Letras, afirmava, com rigor, que a novela, tal
qual o teatro, o cinema ou a literatura, era cultura no sentido de retomar
valores materiais e espirituais da humanidade. Para ele, na TV
realizava-se uma equação da imagem e da palavra, pois ambas
deveriam ter o mesmo peso. O texto da telenovela Roque Santeiro teve
uma versão proibida, em 1975, pela Censura Federal. Após dez anos, a
telenovela foi exibida, pela empresa de TV Rede Globo, no horário das
20h, considerado nobre, e atingiu recordes de audiência. Na narrativa
teatral e na telenovela, os protagonistas imprimem sua presença física
em um mundo montado por narrativas e imagens de fotos da infância,
medalhinhas, estátua e poses, presença esta política e social, pública e
privada, de alguém que olha e é olhado. Para a realização desta leitura,
recorreremos estudos de Brizuela (2014) acerca da dinâmica da
percepção alojada na teatralidade e na fotografia, a estudos teóricos
relacionados à arte da fotografia (BARTHES, 1980; FABRIS, 2011) e à
intermidialidade (RAJEWSKY, 2012), enquanto transposição midiática.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A PALAVRA COMO RECURSO PLÁSTICO: ANALOGIAS ENTRE


SEÑALES (1982), DE ADOLFO BERNAL, E QUEBRANTOS (2019),
DE DORIS SALCEDO

Sindy Yadira Bolivar Silva


Universidade Federal de Mato Grosso

O objetivo desta comunicação é relacionar palavra e imagem na obra


plástica de dois artistas colombianos, em cujo trabalho a palavra escrita
se apresenta como um recurso plástico. O primeiro, uns dos expoentes
mais representativos da arte conceitual das décadas de 1970 e 1980,
Adolfo Bernal, com a obra Señales (1982), em que a palavra adquire
potência semântica apelando para a experiência sensível do espectador.
Da segunda artista, uma das mais importantes na cena contemporânea
colombiana, Doris Salcedo, analisarei a obra Quebrantos (2019), uma
intervenção artística colaborativa e processual em que a palavra ganha
força memorial e terapêutica ao propor uma reflexão sobre o conflito
armado colombiano, recorrendo à experiência sensível com caráter
catártico e de ritual da sociedade. Nesse sentido, a palavra como recurso
plástico tem natureza diferencial entre um e outro artista: para Bernal,
inspira a atmosfera de sentido na qual a experiência estética é
conseguida pelos índices verbais; por outro lado, Salcedo utiliza a
palavra, concretamente, ao exibir os nomes dos líderes sociais
assassinados nos últimos anos no país, com um caráter ritual a ser
experimentado, lembrado e vivido pelos cuidados com o comum. Ambos
os artistas recorrem à palavra enquanto imagem e como conteúdo
denotativo, porém, o efeito estético de suas obras se diferencia na
construção da experiência sensível que a palavra ganha em um e outro
contexto.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

ENTRE PALAVRA E IMAGEM: RELAÇÕES INTERMIDIÁTICAS NO


ROMANCE A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA LOANA, DE
UMBERTO ECO

Dieleem Mara da Silva Campos


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Esta comunicação pretende refletir sobre as relações entre palavra e


imagem no romance A misteriosa chama da rainha Loana, de Umberto
Eco, que o constitui utilizando diversas linguagens, predominantemente
as citações referenciais e as ilustrações, mas com muitas alusões à outras
artes, como a música e o poema. Para esta comunicação, partimos dos
seguintes questionamentos: de que forma Eco aborda questões relativas
aos processos práticos e criativos da arte contemporânea? Pensar
literatura e imagem é pensar em transposições de uma arte sobre a
outra? Qual a importância do cuidado do com as ilustrações do
romance? As imagens produzem uma relação criativa com o texto,
recriando o mundo na narrativa e dando possibilidades de restauração
da memória do narrador-personagem. O romance pode ser entendido
como um livro com ilustrações, uma vez que, apesar do subtítulo
“Romance ilustrado”, entramos na narrativa através do texto: é ele
quem sustenta a história. As imagens têm um duplo funcionamento: ora
aparecem como “falta”, pois a história se desenrola pela falta de
lembranças, ora como presença, pois materializam a memória e
completam a obra. Percorreremos, assim, um processo de análise
literária e histórica fornecidas pelo diálogo entre linguagem verbal e não
verbal, tomando como suporte teórico Sophie Linden (2011), Maria
Nicolajeva e Carole Scott (2011), Alberto Manguel (2001) e o próprio
Umberto Eco.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

ASPECTOS DA CULTURA NAMBIKWARA EM PALAVRAS E


IMAGENS: UM LIVRO PARA CRIANÇAS

Erick Alexandre Gonçalves de Lima


Universidade Federal de Mato Grosso

A literatura infantil com a temática indígena é um instrumento essencial


para a transmissão de conhecimentos culturais para um povo e para
uma sociedade. O livro Irakisu, o menino criador, de Renê Kithãulu, é um
livro contemporâneo e cumpre um importante papel na divulgação sobre
a educação, os costumes e as tradições narrativas dos indígenas da etnia
Nambikwara, auxiliando essa população a assumir sua identidade e
apresentando-a a leitores de outras culturas. Este livro se diferencia da
maior parte da produção literária e científica sobre as etnias indígenas,
que costumam ser apresentadas por olhares de fora, ou seja, por uma
visão de não índios, pelo fato de trazer textos e ilustrações dos próprios
indígenas: traços simples das crianças Nambikwara nas imagens e um
uso das palavras bastante objetivo, de modo a garantir a compreensão
do público-alvo do livro, o público infantil. É nesse contexto que se
propõe, nesta comunicação, identificar o diálogo entre as palavras e as
imagens do livro. Para tanto, discutirei o capítulo do livro que tem por
título “A origem da noite”, analisando como os elementos verbal e
imagético se colocam em diálogo para exprimir a cultura indígena da
etnia em questão tendo por referencial central as colocações de Sophie
Van Der Linden em “Para ler o livro ilustrado”.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A LINGUAGEM MUDA DE PINA BAUSCH

Luciene Candia
Universidade Estadual de Mato Grosso (PPGEL/Bolsista CAPES)

O foco desta comunicação é o filme musical e documentário Pina (2012),


dirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders (1945-). O filme aborda a
vida da coreógrafa, também alemã, Pina Bausch (1940-2009), e
atuações de seus espetáculos, tanto em palco quanto em intervenções
nas ruas e demais espaços pouco convencionais para as elegantes e
complexas coreografias. Para este recorte, alguns espetáculos do filme
terão maior destaque, como Lovers e A Sagração da Primavera, sendo o
primeiro um espetáculo apresentado ao ar livre e, o segundo, um
espetáculo no palco. As obras de Pina perpassam várias artes como o
teatro, o cinema e as artes plásticas, sendo os figurinos também
destaques nos espetáculos, pois contribuem para a estética da obra. O
que se objetiva nessa apresentação é destacar como a ausência da
linguagem nos espetáculos de Pina Bausch em nada interfere na relação
entre a palavra e a imagem. Antes mesmo da representação da dança,
os bailarinos da Companhia de Pina pulsam, em uma mescla entre a
representação do ator e, ao mesmo tempo, do bailarino. Pina Bausch é
uma coreógrafa meticulosa, exigente; explora, por meio dos gestos,
exaustivamente repetitivos dos bailarinos, as agruras da vida do homem
contemporâneo.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A PERSPECTIVA INTERMIDIÁTICA EM PARABELO:


ARTICULAÇÕES INICIAIS ENTRE DANÇA, MÚSICA E BRASILIDADE

Natália Abido Valentini


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGPSI)

O Grupo Corpo, ao longo de sua história, destacou-se pela proposição de


uma linguagem que integra elementos da cultura brasileira (XAVIER,
2018), e um dos meios para tanto é a utilização de músicas com ritmos
populares, fortalecendo essa vinculação. O presente trabalho tem como
objetivo apresentar, em uma perspectiva intermidiática, articulações
iniciais entre a coreografia “Xiquexique”, do Grupo Corpo, e a
composição homônima de Tom Zé e José Miguel Wisnik, ambas
integrantes da montagem coreográfica Parabelo. Estreada em 1997,
Parabelo é inspirada na realidade sertaneja brasileira e no imaginário
social a ela tangente, abrangendo esses aspectos tanto nos elementos
coreográficos quanto no cenário, no figurino e nas músicas, que
pertencem à trilha sonora composta especialmente para a montagem
(XAVIER, 2018). Tendo em vista que para as coreografias de Rodrigo
Pederneiras as músicas são o ponto de partida do processo criativo
(GAVIOLI, 2013), interessa explorar a relação existente e, aqui,
necessária na construção da montagem, em conjunto com as demais
mídias que a compõem. Em “Xiquexique”, assim como em Parabelo como
um todo, a letra da música referencia o sertão e componentes da cultura
nordestina. Ainda que os elementos coreográficos não sejam uma
representação literal do texto verbal da música, a letra interage, a todo
o tempo, com movimentos que também referenciam a brasilidade do
balé em questão, que, em fusão com a sustentação que os bailarinos
possuem no clássico, criam a autenticidade da companhia.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

ORAMORTEM: RELAÇÕES DE AFETO E INTERMIDIALIDADE

Karina Figueredo Souza


Universidade Federal de Mato Grosso (PPG-ECCO)

Esta comunicação se propõe a identificar e investigar as relações de afeto


entre palavra e imagem no processo de criação do experimento cênico
OraMortem, do in-Próprio Coletivo, um espetáculo sem texto verbal, que
entrelaça teatro, música e artes visuais. Este processo teve como
disparador uma narrativa oral sobre delírio, que instigou a criação de
imagens mentais. Num segundo momento, suscitou-se a necessidade do
levantamento de possibilidades de materialização destas imagens, e,
finalmente, realizou-se a escrita verbal (descrição objetiva) das imagens
mentais e das materializações para elas identificadas. Os procedimentos
criativos foram acessados em fluxo contínuo e em justaposição de
camadas, nas quais as partes envolvidas, ou seja, o espaço, a luz, a
música e a atuação retroalimentaram-se e influenciaram-se simultânea e
constantemente, criando recortes, intensidades, tons e efeitos que
propuseram diretamente os desenhos, as imagens das cenas. Utilizando
as noções de intermidialidade, em diálogo com Irina Rajewski (2012) e
Marie-Laure Ryan (2013), e as noções de afeto de Espinosa (1979),
proponho construir um olhar para a trajetória de criação do referido
espetáculo, numa busca de identificar algumas relações de afeto da
narrativa oral na criação de imagens mentais e na construção de
imagens materiais, bem como discorrer brevemente sobre as influências
de cada artista envolvido, com seus diferentes repertórios e práticas
artísticas, no processo de criação dessa narrativa cênica.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

EXPERIÊNCIAS PERFORMATIVAS DO MEU CORPO NEGRO: O


AFETO DA PALAVRA NA CONSTRUÇÃO DE IMAGENS POÉTICAS

Everton Santos de Brito


Universidade Federal de Mato Grosso (PPG-ECCO)

A performance "O Negro", que compõe o espetáculo Carne: uma


narrativa sobre a memória, produção da Solta Cia de Teatro, de Cuiabá,
Mato Grosso, trata da opressão e de questões raciais. O disparador para
a criação do trabalho se deu em contato com duas cartas históricas de
homens brancos que pegaram “carona” em navios negreiros para o
Brasil. Olhar o corpo negro no espetáculo, construindo um diálogo entre
as vivências que retratam a resistência e a resignação humana, por meio
de ditaduras e opressões históricas, se faz necessário para refletir sobre
as possibilidades de pensar o corpo negro na cena teatral
contemporânea. A performance negra como lugar de criação e produção
de epistemologia se torna um anseio na busca do protagonismo negro.
Esta comunicação pretende compartilhar o percurso da construção da
performance: o afeto da palavra escrita na construção de imagens
poéticas e outras criações textuais que compõem o trabalho. As noções
de intermidialidade, apresentadas pela pesquisadora Irina O. Rajewsky
(2012), experienciada na construção da performance, proporcionaram o
questionamento sobre as intervenções utilizadas na palavra para a
construção imagética do trabalho. A trajetória cartográfica dessa
experiência será abordada à luz de Antônio Andrade e outros, a partir
do artigo "Práticas Inespecíficas" (2018), e de Italo Calvino, a partir do
texto "Visibilidade" (1990).

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

UMA ANÁLISE INTROSPECTIVA DOS VÍDEO ENSAIOS

Nadia Moncada Sevilla


Universidade Federal de Mato Grosso

Alberto Manguel (2001) lembra que Aristóteles sugeriu que todo


processo de pensamento requer imagens. Ao mesmo tempo, todo
produto criativo exposto em imagens, sejam fixas ou móveis, envolve a
palavra escrita em algum momento do processo de realização. A relação
entre ambas as formas de comunicação e pensamento se torna cada vez
mais evidente e inseparável na mídia e nas práticas artísticas no contexto
sociocultural contemporâneo. É graças a essas combinações de camadas
semânticas que hoje podemos nos referir a gêneros de escrita
audiovisual, incluindo o vídeo ensaio e/ou o ensaio audiovisual, uma
prática que ganhou notoriedade no conteúdo da Internet na última
década. Comumente usados para a análise de artes visuais,
especialmente cinema, sua criação evidenciou seu potencial para a
análise de outras áreas do conhecimento. Esta comunicação tem como
objetivo analisar como se constitui o discurso dos vídeo ensaios, sendo
este um tipo de texto em que diferentes sistemas de signos coexistem. É,
então, uma introspecção para a relação entre a imagem visual e a
imagem verbal ou literária em seu processo de montagem, desde a
concepção da ideia e do roteiro até a realização e edição do produto
final. Para tanto, recorrerei às ideias discutidas pelo filósofo italiano
Galvano Della Volpe, que privilegiou as noções de montagem dos
cineastas soviéticos Serguei Eisenstein e Vsévolod Pudovkin, colocando
suas reflexões em diálogo com as de outros autores que abordam as
relações entre imagem, palavra e som.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

UM PASSEIO ENTRE A CAPITAL E OS 12 DISTRITOS DE JOGOS


VORAZES EM PALAVRAS E IMAGENS

Joyce da Silva Nascimento


Universidade Federal de Mato Grosso

Esta comunicação pretende levantar algumas considerações, a partir das


teorias da adaptação de Linda Hutcheon e Robert Stam, sobre as
relações entre literatura e cinema observadas nas obras Jogos Vorazes,
de Suzanne Collins (2008), e a adaptação fílmica Jogos Vorazes, dirigida
por Gary Ross e Francis Lawrence (2012). As obras Jogos Vorazes
obtiveram grande sucesso de bilheteria e alto índice de aceitação pelo
público. O eixo central da narrativa é a personagem Katniss Everdeen,
uma jovem do Distrito 12 que, para salvar sua irmã, se voluntaria para
participar dos tão temidos jogos que ocorrem em uma arena tecnológica
onde jovens lutam pela própria vida. Carregada de críticas sociais, Jogos
vorazes apresenta uma sociedade distópica com problemas graves,
como a desigualdade social e o autoritarismo. A aproximação entre o
texto literário e o texto fílmico abordará, com base nos conceitos de
Andityas Soares de Mouros Matos (2017), como se deu a construção
desse universo distópico, tomando como objeto de análise as cenas em
que acontece a descrição espacial dos 12 Distritos, bem como da Capital.
Observaremos os recursos que foram utilizados nessas descrições tanto
pelo livro quanto pelo filme, numa tentativa de identificar suas
diferenças e similaridades, desconsiderando assim qualquer posição
hierarquizada na qual a palavra é, de alguma forma, superior à
imagem.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
MESA-REDONDA
PALAVRA, IMAGEM,
LITERATURA I
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

POR UMA POÉTICA CARTESIANA: GRÁFICOS 3D NAS CRIAÇÕES


DIGITAIS DE ANDRÉ VALLIAS
Vinícius Carvalho Pereira
Universidade Federal de Mato Grosso

O laureado artista visual e poeta André Vallias, internacionalmente


conhecido por suas criações na esfera da literatura eletrônica e das artes
digitais, frequentemente lança mão das potencialidades do ciberespaço
para a constituição multissemiótica de suas obras. Além de elementos
mais comuns no campo dos diálogos interartes, tais como imagens,
cores, volumes, movimento e sons, Vallias costuma empregar em suas
criações um tipo de signo insólito em obras artísticas: gráficos
matemáticos 3D. Trata-se de representações visuais tridimensionais (mas
expressas em superfícies bidimensionais, como telas de computador e
celular) de funções algébricas construídas com o software AutoCad –
geralmente utilizado em projetos de áreas como a Engenharia e a
Arquitetura –, às quais Vallias agrega valor artístico por meio da
combinação com elementos mais tradicionais do gênero lírico, como a
versificação e o ritmo. Em suas obras, tais gráficos desencadeiam um ou
mais efeitos estéticos, como a representação icônica de formas
geométricas do mundo referencial, a desconstrução de redutoras
antinomias como subjetividade / objetividade (e, por conseguinte,
pensamento poético / pensamento matemático), ou a alusão simbólica a
elementos intangíveis de textos líricos, sobretudo fenômenos dos estratos
fonológico e visual. Nesse contexto, o presente artigo analisa três obras
de André Vallias – Nous n’avons pas compris Descartes (1997), De verso
(n.d.) e Oratorio (2004) – a fim de mapear o rendimento estético do uso
de gráficos matemáticos 3D como recursos artísticos que desnaturalizam
nossa percepção acerca do literário e seu atravessamento por sistemas
semióticos inusitados.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

POEMA: IMAGEM E TENSÃO

Divanize Carbonieri
Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Esta comunicação abordará aspectos da construção de poemas e da


natureza do fenômeno poético. Parte-se do pressuposto de que a
imagem, na poesia, é atravessada por uma complexidade que talvez
seja mais rara em outras artes, uma vez que pode se encontrar
perpassada simultaneamente por sensações provocadas pelos diferentes
sentidos físicos. Isso se dá porque a imagem poética constrói-se na
relação entre palavras, entendidas aqui como sons e sentidos. Para que
o poema se torne um poema essas imagens evocadas por palavras
devem ser costuradas por certa tensão interna. Poema, nesse caso, é
sinônimo de tensão. É o que o diferencia de uma simples lista de
palavras. Serão lidos alguns poemas de própria autoria, buscando
analisar os principais elementos de sua composição, como contraposição,
oposição e fragmentação (de imagens). O que se pretende é explicitar
como tais procedimentos ajudam a forjar o que aqui está sendo
entendido como tensão.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

OS TRABALHOS DE HÉRCULES: INTERTEXTOS E ADAPTAÇÕES

Fábio Messa
Universidade Federal do Paraná

Nesta comunicação, fazemos um sintético cotejo da maior quantidade de


aparições do personagem Hércules encontrada nas narrativas literárias
e audiovisuais. Nosso propósito é rastrear os percursos de sentido que
vão desde as tragédias fundadoras de Eurípedes, Héracles, e Sêneca, As
Loucuras de Hércules, para compreender, inicialmente, a gênese do mito.
A partir dai, passamos pelos muitos desdobramentos numa diversidade
de narrativas contemporâneas - filmes, desenhos animados, ficções
seriadas, histórias em quadrinhos, fábulas infanto-juvenis - para
averiguar o percurso gerativo dos sentidos, suas modificações, seja dos
elementares componentes estruturais da narrativa, como enredo,
espaço, tempo e personagens, como também de suas concepções e
abordagens, versões paródicas, pastiches, intertextos e adaptações para
códigos culturais distintos. Detemos o olhar sobre duas peculiares
versões romanescas referentes ao tema em Os Trabalhos de Hércules, de
Agatha Christie, e o 13º Trabalho de Hércules, de Orígenes Lessa, para
realizar a leitura e decifração do mito pós-moderno, destacando os mais
recentes processos de metaforização e metonimização do herói,
dissolvido numa complexa heterogeneidade discursiva.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
MINICURSOS
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

DA PALAVRA À IMAGEM E VICE-VERSA: AS TEORIAS DA


ADAPTAÇÃO ENTRE A LITERATURA E O AUDIOVISUAL

Juan Ferreira Fiorini


Universidade Federal de Mato Grosso (CAPES/FAPEMAT)

Ao longo dos tempos, o surgimento das manifestações artísticas


evidencia dois pontos-chave: a consolidação das características de cada
manifestação e os trânsitos que essas distintas linguagens estabelecem
entre si, colocando-se em diálogo e permitindo o surgimento de outras
experiências que se multiplicam de forma praticamente infinita. Do
mesmo modo que os produtos artísticos evoluem, as reflexões sobre a
relação entre as artes também apresentam constantes mudanças, na
adoção contemporânea do termo “mídia”, que envolve também
produtos não canonizados artisticamente, como a televisão, os
quadrinhos, os videogames, as artes e textos eletrônicos. No entanto,
apesar dessa diversidade, ainda hoje os trânsitos mais analisados nos
estudos intermidiáticos são aqueles que conformam as relações entre a
literatura e o audiovisual, seja o cinema ou a televisão. Nesse sentido,
esta oficina se propõe a oferecer um breve panorama da história das
relações interartes e intermidiáticas até chegar aos estudos mais recentes
sobre as adaptações entre o literário e o audiovisual. Para tanto, se
concentra em dois momentos: apresentação dos modelos teóricos,
críticos e metodológicos das teorias da adaptação, que buscam
desmistificar e desestabilizar uma série de lugares-comuns a respeito dos
critérios de fidelidade/traição como medidores qualitativos da
adaptação; exemplificação da complexidade de um conjunto de
adaptações a partir de um núcleo literário de reconhecida
universalidade: o universo ficcional de Sherlock Holmes, criado por Sir
Arthur Conan Doyle.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

LIVROS DE IMAGENS, LIVROS SEM PALAVRAS

Marília Bonna
Sebo Rua Antiga

Ler as mãos, ler os astros, ler os desenhos na areia: é possível ler sem
letras? De acordo com Roland Barthes e Antoine Compagnon, ler é –
antes de tudo – uma técnica de decodificação, uma busca pelo oculto, um
exercício de decifração. Tratando a imagem – tal como a palavra – como
um código a ser penetrado, este minicurso se propõe a pensar
ferramentas para a leitura visual, tendo como ponto de partida livros
sem palavras, os chamados livros-imagens. Encerrados, geralmente, ao
universo da criança – do leitor “sem autonomia” –, esses livros são
ignorados por grande parte dos leitores adultos, os ditos emancipados:
como se prescindir da leitura da imagem – dessa, que nos cerca
diariamente e cada vez mais – fosse algum tipo de libertação. Perder a
imagem, perder o hábito de decifrá-la e interpretá-la, é perder todo um
universo simbólico que está em contato direto com a origem do próprio
exercício da leitura e com esse leitor primitivo que habita em todos os
modernos. Como veremos, tal leitura aprofunda – através de elementos
como: forma, cor, técnica, enquadramento, etc. – a capacidade de
interpretação, tocando continuamente o reino do abstrato e, como
consequência, estimulando a imaginação do leitor, de qualquer idade.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
MESA-REDONDA
PALAVRA E IMAGEM EM
CONTEXTO DIGITAL
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

ESPAÇOS FRONTEIRIÇOS INTERARTÍSTICOS NA PRODUÇÃO


POÉTICA DE ARNALDO ANTUNES
Lívia Bertges
Universidade Federal de Mato Grosso

O artista brasileiro Arnaldo Antunes trabalha em espaços fronteiriços


interartísticos, como a passagem da letra à melodia, da poesia à tela, do
texto escrito à performance. Escolheram-se como objeto de análise
comparativa as realizações do poema visual “fênis” em duas mídias
distintas – a impressa e a digital –, diferença que condiciona semioses
também variadas. Em “fênis”, Arnaldo Antunes extrapola, com o uso da
mídia digital (no formato de GIF animado), as mais comuns expectativas
de leitores diante da poesia. Pretende-se fazer uma abordagem crítica a
fim de descrever categorias picturais aplicadas à literatura, pensando
sobretudo na passagem do texto à imagem em seus procedimentos de
leitura, tentando pontuar como se constrói uma poética pictural
(LOUVEL, 2002). Nesse contexto, a apresentação abordará “fênis”, de
Arnaldo Antunes, a partir das modalidades do pictural de Louvel (2002),
a fim de compreender os efeitos de saturação nas transposições do texto
à imagem e do impresso ao digital no poema. Nesses dois processos de
passagem, pretendem-se explorar ainda os regimes de mudanças de
fase entre “efeito-quadro” (LOUVEL, 2002), “efeito decorativo”
(LOUVEL, 2002), “efeito moldura” (LOUVEL, 2010) e “efeito borda”
(LOUVEL, 2010).

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

LENDO IMAGENS E JOGANDO PALAVRAS COM ALICE NO PAÍS


DA CIBERLITERATURA

Rejania Francisca da Cruz Santiago


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Ao longo de 150 anos as obras de Lewis Carroll foram adaptadas para


diferentes contextos, quais sejam, cinema, teatro, musicais, games, etc.
Diante desses processos de adaptação, percebe-se que a Literatura, que
tradicionalmente estava profundamente conectada com a evolução
tecnológica dos livros, passa agora a circular também em novos meios
culturais, como computadores, celulares e videogames cada vez mais
interativos. Essa expansão é definida por Hayles (2009) e Santaella
(2012) como Ciberliteratura, termo que caracteriza obras de aspecto
literário nascidas do meio digital, como é o caso dos games analisados
nesta comunicação, American McGee’s Alice (2000) e Alice: Madness
Returns, adaptados dos romances Alice no País das Maravilhas e Alice
através do Espelho, de Lewis Carroll (2018). É nesses espaços transitórios
do jogo do texto que questionamos: como é ler uma adaptação como
adaptação? (HUTCHEON, 2001). Afinal, o jogo de palavras de Lewis
Carroll e as imagens produzidas por John Tenniel para a primeira edição
de Alice já prenunciavam o que novas leituras, como as realizadas pelas
lexias dos videogames, poderiam desdobrar. Nesta comunicação
buscamos, pelas lentes do comparativismo (QUEIROZ; LIMA, 2017),
responder a pergunta apresentada recorrendo a dois eixos estruturantes
do engajamento do leitor com o “texto vivo” Alice: o princípio de
permuta e o de dupla percepção (REIS, 2016), que, observados na
experiência dupla de engajamento intertextual, justificam a oscilação na
recepção desses textos.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
MESA-REDONDA
PALAVRA E IMAGEM EM
DESLOCAMENTO
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

BOQUITAS PINTADAS, KITSCH, POP ART E ESTÉTICA DA


NARRATIVA GRÁFICA: UM ESTUDO DE ATRITOS E
DIÁLOGOS

Juan Ferreira Fiorini


Universidade Federal de Mato Grosso (CAPES/FAPEMAT)

Em 1993, o ensaísta, romancista e crítico Ricardo Piglia publica La


Argentina en pedazos, uma compilação de breves ensaios sobre alguns
textos literários pertencentes à história da literatura argentina
acompanhados de narrativas gráficas, publicadas entre os anos 1970 e
1980 pela revista underground especializada em quadrinhos Fierro. Em
meio a essas narrativas gráficas, que são adaptações de textos de Jorge
Luis Borges, Julio Cortázar, Roberto Arlt e Horacio Quiroga, entre outros,
encontra-se a versão gráfica de um episódio de Boquitas pintadas,
romance de Manuel Puig, já reconhecido por apresentar, ao longo da
trama, uma fragmentariedade narrativa e experimental que nos remete
a um conjunto de configurações estéticas, tais como o kitsch, o
melodrama, a colagem e a pop art. Mais que apresentar uma narrativa
gráfica ainda pouco conhecida pelo público brasileiro e sua relação com
um recorte da trama de Puig, o que se pretende neste trabalho é
identificar como as operações de trânsito entre as duas narrativas estão
marcadas por etapas diversas e complexas de reestetização, de
reestilização e de reelaboração. Para melhor entender esse trânsito
estético, levaremos em consideração as teorias da adaptação de
Hutcheon (2013), que apresentam um panorama no qual a adaptação
não é somente o produto (a narrativa gráfica, que mescla palavras e
imagens, ao mesmo tempo convertendo a palavra à própria
materialidade da imagem) como também o processo (ou seja, os jogos
criativos, diálogos, atritos, aproximações e deslocamentos, comuns ao
olhar que o adaptador lança ao produto a ser adaptado).

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

NARRATIVAS AUDIOVISUAIS NO ESPETÁCULO CARNE: UMA


NARRATIVA SOBRE A MEMÓRIA

Leandro Santos de Brito


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

A presente comunicação se propõe a refletir sobre o uso de recursos


audiovisuais no espetáculo Carne: uma narrativa sobre a memória,
produção da Solta Cia de Teatro, de Cuiabá, Mato Grosso. A proposta
cênica traz a opressão como tema unificador e o espetáculo é composto
por uma série de performances articuladas, como uma narrativa híbrida,
interartística, que propõe o diálogo entre diversas artes e mídias. A
linguagem audiovisual está inserida na montagem em três momentos
principais: a exibição de um curta-metragem na performance
“Opressores”, a projeção de um vídeo sobre um ator durante a
performance “Entidade” e a transmissão ao vivo das ações que ocorrem
em um camarim montado na parte externa do palco, exibidas por
televisores de tubo e projeção, que compõe a performance “A atriz que
falha em desistir”. As telas nas quais as produções audiovisuais são
projetadas encontram-se espalhadas no palco, misturadas aos atores e
àqueles que assistem ao espetáculo, que precisam movimentar ou
mesmo deslocar seus corpos para visualizar o que ali se apresenta. Neste
contexto, entendemos a construção fragmentária do espetáculo como um
ato político de ressignificação do objeto artístico, que ao retirar as
narrativas audiovisuais de seus territórios mais específicos, deslocando-
as para os espaços internos à cena, provoca uma desterritorialização
dessa linguagem, imergindo-a na performance e, dessa maneira,
abrindo espaços para a construção de uma nova sensibilidade.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

VALTER HUGO MÃE: LITERATURA E ARTES PLÁSTICAS EM FOCO

Sidnei Alves da Rocha


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Valter Hugo Mãe é um artista que se completa ao singrar por diversos


campos da arte, destacando-se especialmente na arte da palavra e nas
artes plásticas, área específica que recebe desse produtor um certo
descrédito, uma avaliação negativa. No entanto, ela também ganha
adeptos e contornos de arte a ser contemplada, cultivada e valorizada
por onde se inscreve, a exemplo do que ocorreu no Festival Literário de
Araxá (Fliaraxá 2019), no qual Hugo Mãe foi um dos autores
homenageados: ele criou para esse espaço inúmeras obras, que foram
expostas em telas, painéis, ecobags, camisetas... Nessa polivalência, é
um artista que se destaca pelo amor que apresenta em seus trabalhos,
alguém que tem o dom da amizade, de repartir, de se doar, que cultiva,
por isso, dois tipos de amor dos antigos gregos, em especial philia,
traduzido geralmente por amizade, e agape, um amor de caridade, de
doação - aspectos que também ficaram marcados na Fliaraxá, quando
Hugo Mãe fez uma especial homenagem a Ignácio de Loyola Brandão,
tatuando a palavra "amigo" com a grafia do escritor brasileiro. Nesta
comunicação, reflito sobre a imagem que se constrói em torno desse
artista/escritor que, por meio de suas palavras e ilustrações, busca
respeitar a alteridade tendo por foco no amor. Um escritor que faz
denúncias sociais não só em entrevistas, mas, principalmente, em seus
romances, contos e crônicas, que apresentam críticas à política usando
maestria a palavra com maestria e, ainda, associando a ela um grande
número de ilustrações, nas palavras e imagens que serão
particularmente analisadas aqui.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
MESA-REDONDA
PALAVRA, IMAGEM,
LITERATURA II
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

A IMAGEM DE SÃO SEBASTIÃO DE GUIDO RENI EM CONFISSÕES


DE UMA MÁSCARA DE YUKIO MISHIMA: NOTAS SOBRE A
RELAÇÃO ENTRE O SIMBÓLICO E O IMAGINÁRIO

Henrique de Oliveira Lee


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL/PPGPSI)

Em Confissões de uma máscara, a imagem de São Sebastião de Guido


Reni desempenha um importante papel como signo que marca o
despertar da (homo)sexualidade do protagonista adolescente no
romance de Yukio Mishima. O romance, considerado autobiográfico,
narra o primeiro encontro do protagonista com a imagem de São
Sebastião, que recebe deste uma primeira tradução intersemiótica na
forma de um longo poema em prosa. O poema e o próprio romance
ecoam uma já existente tradição de erotização desta imagem que se
inicia talvez com Oscar Wilde. Através da distinção proposta pelo
psicanalista Jacques Lacan ao descrever os registros do Real, Simbólico e
Imaginário, propomos uma leitura da cena constituída pelo encontro
entre a imagem de São Sebastião e o olhar do protagonista de
Confissões de uma máscara. Tal leitura evidencia a dependência mútua
entre simbólico e imaginário e demonstra a importância da dimensão
imaginária na constituição dos objetos de desejo sexual. Por fim,
enunciamos como hipótese a ideia de que a constituição dos objetos de
desejos sexuais são produtos de sequências tradutórias de imagens na
ordem simbólica. Buscaremos verificar no romance de Mishima como a
imagem de São Sebastião, uma vez transformada em objeto de desejo
sexual, se situa dentro de uma sequência tradutória de imagens
realizada pelo protagonista.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

ESCREVIVÊNCIAS EVARISTIANAS: IMAGENS DE INSUBMISSAS


LÁGRIMAS DE MULHERES

Jozanes Assunção Nunes


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL)

Neste trabalho, analiso o livro de contos Insubmissas lágrimas de


mulheres, de Conceição Evaristo, a partir de duas instâncias ético-
estéticas: uma do projeto autoral da escritora e outra da forma como a
narrativa é tecida no livro em questão. Na primeira, discorro sobre o
fazer literário de Evaristo, instituído pela potência de uma escritura que
busca a criação de um campo simbólico que entrelaça história, memória
e experiência de afrodescendentes brasileiros. Na outra, procuro
mostrar como a primeira instância se constitui nas narrativas do livro, na
construção das personagens, discutindo a forma como a voz narrativa
constrói a imagem de insubmissão e protagonismo dessas personagens
diante dos mais variados tipos de violência a que são submetidas dentro
e fora da esfera familiar. Para discussão, mobilizo a premissa
bakhtiniana de que o romance e os gêneros da prosa literária se
realizam na apropriação do alheio, na dinâmica de evocar as diferentes
vozes de uma cultura de forma a evidenciar os seus modos de realização
em um dado contexto sócio-histórico. Na direção desse pensamento,
Evaristo, nos treze contos, dá voz às mulheres violentadas e silenciadas
ao longo dos séculos, rompendo, desse modo, com o cânone literário
tradicional que representa a mulher negra como objeto e nunca como
sujeito enunciativo que deseja mudar a sua própria história. Numa
narrativa insurgente, a escritora mineira elabora uma imagem literária
de seu próprio segmento social, produzindo cenas imagéticas pungentes,
numa linguagem marcada pela poeticidade.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
JORNADAS INTERMIDIÁTICAS
palavra e imagem

PENNY DREADFUL: DA LITERATURA À TELEVISÃO, UM


EXERCÍCIO TRANSFICCIONAL

Maria Elisa Rodrigues Moreira


Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEL/PNPD CAPES)

A série Penny Dreadful foi produzida pelo canal televisivo fechado


Showtime, estreando nos Estados Unidos em 2014 e exibida, no Brasil, no
mesmo ano, pela HBO. Em suas três temporadas, contou com um total de
27 episódios nos quais se construiu um universo narrativo de terror e
suspense, permeado pelo sobrenatural, recuperando temática bastante
comum às séries de TV desde os anos 1950. No entanto, no contexto da
chamada Renascença da TV, caracterizada pela ruptura com padrões
convencionais, pela complexificação estética e narrativa e pelo
estabelecimento de uma “cultura das séries”, Penny Dreadful se destaca
entre suas congêneres por dois aspectos principais, os quais serão
abordados nesta comunicação. O primeiro deles é o vínculo instituído,
pelo título e pela temática, com as narrativas literárias seriadas
populares inglesas, conhecidas como penny bloods ou penny dreadfuls; o
segundo é o fato de se apresentar como uma espécie de crossover
transmidiático de um conjunto de romances clássicos da literatura
inglesa, em especial Frankenstein, de Mary Shelley (1831), O médico e o
monstro, de Robert Louis Stevenson (1886), O retrato de Dorian Gray, de
Oscar Wilde (1890), e Drácula, de Bram Stoker (1897), explicitamente
retomados ao longo da série por meio da refiguração de algumas de
suas personagens.

Universidade Federal de Mato Grosso


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem
Cuiabá, 21 e 22 de novembro de 2019
PROMOÇÃO

APOIO

Você também pode gostar