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25/03/2021
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Significado do conhecimento
em Marx
O movimento global do conhecimento compreende dois momentos.
Parte-se do empírico, isto é, do objeto na forma como se apresenta à observação imediata, tal como
é figurado na intuição. Nesse momento inicial, o objeto é captado numa visão sincrética, caótica, isto
é, não se tem clareza do modo como ele está constituído. Aparece, pois, sob a forma de um todo
confuso, portanto, como um problema que precisa ser resolvido.
Partindo dessa representação primeira do objeto chega-se, por meio da análise, aos conceitos, às
abstrações, às determinações mais simples. Uma vez atingido esse ponto, faz-se necessário
percorrer o caminho inverso (segundo momento) chegando, pela via da síntese, de novo ao objeto,
agora entendido não mais como “a representação caótica de um todo”, mas como “uma rica
totalidade de determinações e de relações numerosas” (MARX, 1973, p. 229).
Assim compreendido, o processo de conhecimento é, ao mesmo tempo, indutivo e dedutivo,
analítico-sintético, abstrato-concreto, lógico-histórico.
Significado do conhecimento
em Marx (continuação)
Deve-se distinguir o concreto real do concreto pensado. “O todo, na forma em que aparece no
espírito como totalidade pensada, é um produto do cérebro pensante, que se apropria do mundo do
único modo que lhe é possível”, isto é, conceitualmente. Já o concreto real, antes do processo de
conhecimento, assim como depois, “conserva sua independência fora do espírito”. Vê-se, pois, que
estamos diante de uma concepção claramente realista, em termos ontológicos, e objetivista, em
termos gnosiológicos. Assenta-se, portanto, em duas premissas fundamentais:
O significado do
conhecimento em Marx
(conclusão)
Embora a concepção marxiana não possa ser considerada como inserida na tradição da
modernidade, sua inserção nesse âmbito por parte daqueles que se situam no horizonte da
ordem social instaurada pelo capitalismo corresponde à tentativa de mostrar que a concepção
que formula as condições de ultrapassagem desse horizonte se encontra aquém e não além
da forma social atualmente dominante.
Nesses termos, trata-se, então, de um acerto ideológico, pois expressa os interesses e
necessidades dos que se beneficiam da organização social atual e, por isso, a consideram
ainda em expansão e, portanto, capaz de resolver os problemas que a humanidade vem
enfrentando.
Pedagogia socialista
Considerando a especificidade da teoria pedagógica, podemos observar que nem toda teoria
marxista da educação pode ser considerada pedagogia. Assim, não se pode negar o caráter
marxista da teoria da escola como “aparelho ideológico de Estado”, elaborada por Althusser (s/d.).
E, como se trata de uma teoria que busca explicar o sentido e o caráter da educação na sociedade
capitalista, não se lhe pode negar, também, o caráter de teoria da educação. Não é, porém,
pedagogia. Igualmente, a “teoria da escola dualista”, elaborada por Baudelot e Establet (1971), se
fundamenta no marxismo podendo, pois, ser considerada uma “teoria marxista da educação”. Mas
não se trata de uma teoria pedagógica.
Podemos, pois, concluir que a pedagogia socialista compatível com o marxismo será aquela que,
fundando-se na perspectiva do “socialismo científico”, busque equacionar o problema da relação
professor-aluno, orientando o modo como se deve realizar o processo de ensino e aprendizagem,
com tudo o que essa ação implica e que deverá ser sistematizado na teoria pedagógica
correspondente.
Pedagogia socialista
(conclusão)
Princípios da pedagogia socialista (Suchodolski):
1. Absoluta originalidade da pedagogia socialista;
2. Caráter ativo do ser humano;
3. Caráter material e social da atividade humana;
4. Formação da consciência e transformação da vida;
5. A prática revolucionária.
Suchodolski encerra sua abordagem dos princípios filosóficos da pedagogia socialista tecendo algumas
considerações sobre “a duração histórica dos princípios da pedagogia socialista” (idem, p. 240-242),
observando que os princípios filosóficos mencionados guiaram a luta pelo socialismo nas condições da
sociedade burguesa e mantêm todo o seu significado nas condições do triunfo da revolução socialista.
Claro que ele estava se referindo aí à instauração do socialismo na União Soviética e no Leste Europeu,
especificamente em seu país, a Polônia.
Um pedagogia concreta
Discutindo as bases da concepção dialética de educação que, a partir de 1984, passei a
denominar de “pedagogia histórico-crítica”, afirmei que o movimento que vai das observações
empíricas (“o todo figurado na intuição”) ao concreto (“uma rica totalidade de determinações e
de relações numerosas”) pela mediação do abstrato (“a análise, os conceitos e as
determinações mais simples”), constitui uma orientação segura tanto para o processo de
descoberta de novos conhecimentos (o método científico) como para o processo de ensino (o
método pedagógico).
É a partir daí que podemos chegar a uma pedagogia concreta como via de superação tanto
da pedagogia tradicional como da pedagogia moderna.
Os três momentos da
construção teórica
PRIMEIRO: Apreensão do objeto educação em sua concreticidade
O papel da teoria é, exatamente, explicitar o conteúdo objetivo dos fenômenos, o que corresponde ao
entendimento de Marx sobre o significado do conhecimento: produzir o concreto de pensamento, ou seja,
reconstruir, em pensamento, o concreto real. O acesso a esse conhecimento do objeto em suas múltiplas
determinações permite afastar as explicações fantasiosas ou unilaterais e fragmentárias, fornecendo à
consciência um conteúdo objetivo que, retroagindo sobre a prática, a torna mais consistente, coerente,
orgânica e eficaz. É isso o que cabe à teoria crítica da educação fazer: resgatar, no plano da consciência,
as características essenciais da educação, que se fazem presentes em sua prática há séculos e que as
teorias correntes, não as alcançando ou delas se afastando, acabam por desvirtuar seu sentido,
contribuindo para sua alienação. Eis por que afirmei que o primeiro momento do processo de elaboração
de uma teoria verdadeiramente crítica é a aproximação das características estruturais do objeto, de modo
a apreendê-lo em sua concreticidade.
Os três momentos da
construção teórica
SEGUNDO: Contextualização crítica das teorias hegemônicas
O papel da teoria pedagógica marxista é desmontar as teorias hegemônicas contextualizando-as histórica,
social e epistemologicamente. Historicamente, a desmontagem implica mostrar quando, como e em que
contexto surgiram e se desenvolveram; socialmente, cabe indicar a que interesses ocultos elas servem e
como justificam esses interesses; epistemologicamente, a desmontagem evidenciará seus pressupostos,
a concepção sobre a qual se apoia, a lógica de sua construção com as incoerências, inconsistências e
contradições que a caracterizam. Tudo isso sem deixar de reconhecer seus possíveis acertos e eventuais
contribuições, que serão incorporados ao serem superados. A desmontagem das teorias hegemônicas se
movimenta na luta pela hegemonia, que consiste em um processo de desarticulação-rearticulação: trata-
se de desarticular dos interesses dominantes expressos nas teorias hegemônicas aqueles elementos que
estão articulados em torno deles, mas não lhes são inerentes, e rearticulá-los em torno dos interesses
populares que, expressos na teoria crítica, adquirem a consistência, a coesão e a coerência de uma
concepção elaborada
Introdução: A Pedagogia Histórico-Crítica como teoria pedagógica marxista
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Os três momentos da
construção teórica
TERCEIRO: Sistematização da teoria pedagógica marxista
A Pedagogia Histórico-Crítica, posicionando-se como uma teoria marxista da educação vem desenvolvendo
projetos que, sempre tendo a educação como ponto de partida e ponto de chegada, envolvem:
a) O aprofundamento de determinados aspectos teóricos nos campos da filosofia e das chamadas
ciências da educação e, especificamente da pedagogia.
b) A investigação de problemas no campo da política educacional.
c) A investigação de aspectos relativos aos níveis e modalidades de ensino no âmbito da educação
básica e da educação superior.
d) A análise crítica das tentativas que vêm sendo encetadas de aplicação da pedagogia histórico-
crítica nos vários campos de atuação educativa no contexto brasileiro