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Ética no Serviço Público p/ Agente Penitenciário

Federal –DEPEN. Teoria e exercícios


comentados
Prof Daniel Mesquita – Aula 02

AULA 02: Princípios e Ética na


Administração Pública

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À AULA 02 2

2. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2

PRINCÍPIOS BASILARES 3
PRINCÍPIOS DO ART. 37, CAPUT, DA CF. 6
OUTROS PRINCÍPIOS CONSAGRADOS. 15

3. NOÇÕES GERAIS DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 22

REGRAS DEONTOLÓGICAS 25
DEVERES FUNDAMENTAIS 30
CONDUTAS VEDADAS 36

4. COMISSÕES DE ÉTICA 43

PROCEDIMENTO 46

5. RESUMO DA AULA 49

6. QUESTÕES COMENTADAS 59

7. REFERÊNCIAS 62

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1. Introdução à aula 02

Nessa nossa Aula 02 estudaremos: “5 Ética no Setor Público. 5.1


Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal).”.
Entretanto, não podemos encerrar sem revisar uma matéria
fundamental que cai em todos os concursos: os Princípios Básicos da
Administração Pública!
Assim, primeiramente falaremos dos princípios – inclusive o da
moralidade – em seguida entraremos no estudo do Código de Ética do
Servidor Público.
Sem mais delongas, vamos à luta! Rumo à aprovação!

2. Princípios da Administração Pública

Vamos iniciar o nosso estudo falando dos princípios que regem a


Administração Pública, afinal esses princípios devem ser considerados
em qualquer situação da Administração Pública, principalmente quando
o assunto é ética.
A primeira coisa que você deve saber sobre os princípios da
Administração Pública é que o regime jurídico administrativo está
fundado, basicamente, sobre dois princípios: o da supremacia do
interesse público sobre o privado (ou princípio do interesse
público) e o da indisponibilidade, pela administração, dos
interesses públicos.
O segundo ponto que você deve saber sobre os princípios da
Administração Pública é a palavra LIMPE, ou seja, a sigla que designa
os princípios constitucionais expressos no caput do art. 37 da
Constituição, assim redigido:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

Assim, LIMPE = Princípios constitucionais da legalidade, da


impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.
Vistos os pontos fundamentais, que você não pode esquecer nem
por decreto, passamos agora para a análise de cada um dos princípios
do direito administrativo.

Princípios basilares

Como vimos, os princípios basilares são o da supremacia do


interesse público sobre o particular (ou princípio do interesse
público) e o da indisponibilidade.
Pelo primeiro, entendemos que sempre que houver conflito entre
interesse público e o particular deve prevalecer o interesse público, que
representa a coletividade.
A supremacia do interesse público orienta todo o regime jurídico
administrativo. Em decorrência desse princípio, a Administração Pública
goza de poderes e prerrogativas especiais com relação aos
administrados, o que faz com que o poder público possa atuar imediata
e diretamente em defesa do interesse coletivo, fazendo prevalecer a
vontade geral sobre a vontade individual.
Diz-se, portanto, que a relação entre Estado – indivíduo é de
verticalidade. As ordens do Estado se impõem aos indivíduos de forma
unilateral.
Isso não quer dizer que os entes públicos podem fazer o que
bem entendem com os indivíduos. A supremacia não é absoluta, deve
respeitar os direitos individuais e coletivos previstos na Constituição (p.

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ex.: liberdade, propriedade, devido processo legal, moradia, saúde etc)
e devem ser exercidas sempre visando o interesse público.
ALERTA MÁXIMO! ALERTA MÁXIMO!
Nunca se esqueça: o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é limitado também pela proporcionalidade,
ou seja, o ato praticado pelo administrador só será legítimo se o meio
utilizado por ele for adequado para atender ao fim perseguido.
Se ele abusar, tomar uma medida gravosa ao administrado e
desnecessária ou se escolher um meio inadequado, o princípio da
supremacia não vai proteger esse administrador.
Você já ouviu falar em interesse público primário? Existe
interesse público secundário?
Existe sim, meus caros, leia com atenção.
O interesse público primário coincide com a realização de
políticas públicas voltadas para o bem estar social. Pode ser
compreendido como o próprio interesse social, o interesse da
coletividade como um todo.
O interesse público secundário decorre do fato de que o Estado
também é uma pessoa jurídica que pode ter interesses próprios,
particulares. Esses interesses existem e devem conviver no contexto
dos demais interesses individuais. De regra, o interesse secundário tem
cunho patrimonial.
Por fim, não é a toa que o princípio da supremacia do interesse
público é um princípio basilar do direito administrativo. É em razão do
que existe o poder de polícia (que é “o poder de que dispõe a
administração pública para condicionar ou restringir o uso de bens e o
exercício de direitos ou atividades pelo particular, em prol do bem-estar
da coletividade” - Marcelo Alexandrino 2010, p. 239). Além disso, é em
razão dele que se diz que o poder público tem a seu dispor as cláusulas
exorbitantes e pode desapropriar bens particulares.

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Vamos agora ao princípio da indisponibilidade do interesse
público?
Não esmoreça, guerreiro!
Esse princípio decorre da ideia de que os interesses da
Administração não são de uma pessoa ou de um agente, mas de toda a
coletividade. Por isso, eles não podem ser apropriados ou alienados por
ninguém, pois não pertencem a ninguém de forma específica.
Nas palavras de Bandeira de Melo (2010, p. 74), nem mesmo “o
próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade
sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas curá-los – o que
também é um dever – na estrita conformidade do que predispuser a
intentio legis”. Continua o autor, afirmando que a noção de
administração opõe-se à ideia de propriedade.
Importante ter em mente, que a Administração não é titular de
qualquer interesse público. O titular desses interesses é o Estado, pois
este é constituído pelo povo e, como vimos, todo poder emana do povo.
É a partir da indisponibilidade do interesse público que surgem
os princípios da legalidade, da finalidade, da razoabilidade, da
proporcionalidade, da motivação, da responsabilidade do Estado, da
continuidade do serviço público, do controle dos atos administrativos,
da isonomia, da publicidade e da inalienabilidade dos interesses
públicos.

Questão de
concurso

1. (CESPE-2011-STM-Analista Judiciário) Em situações em que


a administração participa da economia, na qualidade de Estado-
empresário, explorando atividade econômica em um mercado
concorrencial, manifesta-se a preponderância do princípio da
supremacia do interesse público.

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Na situação descrita, a Administração deverá concorrer em
igualdade com o particular. Como vimos, em decorrência do princípio da
supremacia do interesse público, a Administração Pública goza de
poderes e prerrogativas especiais com relação aos administrados, o que
faz com que o poder público possa atuar imediata e diretamente em
defesa do interesse coletivo, fazendo prevalecer a vontade geral sobre a
vontade individual. Entretanto, quando o Estado está explorando
atividade econômica em um mercado concorrencial, ele não goza dessa
supremacia, sob pena de acabar com as demais empresas do ramo e
violar o princípio da livre concorrência garantido na Constituição.
É por isso que o art. 173, § 2º, da CF, dispõe que “as empresas
públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”.
Item errado.

Princípios do art. 37, caput, da CF.

Passemos agora a tratar dos princípios do LIMPE.


O princípio da legalidade existe, justamente, para consagrar o
princípio da indisponibilidade do interesse público. Se esse interesse
não pode ser alienado pela Administração, ele deve ser curado, tratado,
cuidado, promovido, nos termos da vontade geral e nos limites
conferidos pelo povo.
E como o povo confere limites aos atos da Administração?
Por meio da edição de leis!
É por isso que o princípio da legalidade significa a subordinação
da Administração às imposições legais.
Diferentemente das ações privadas dos indivíduos, em que
ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei (autonomia da vontade), no princípio da legalidade da

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Administração Pública, esta só pode realizar, fazer ou editar o que a lei
expressamente permite.
Num Estado de Direito, as ações da Administração são definidas
e autorizadas previamente pelo povo, por meio de leis aprovadas pela
vontade geral.
Na jurisprudência do STF, encontramos casos clássicos em que
se decidiu com fundamento no princípio da legalidade. Dentre eles, no
MS 26.955, o Tribunal decidiu que “a alteração de atribuições de cargo
público somente pode ocorrer por intermédio de lei formal”.
Mas e se a lei não define exatamente como o administrador deve
agir?
Nesse caso, o gestor deve observar as demais fontes do direito
administrativo. Ele não pode realizar o ato de modo ilógico ou
incongruente. Deve se pautar nos princípios gerais da Administração
para agir de modo razoável, escolhendo a melhor opção dentre as
hipóteses oferecidas na legislação (princípio da razoabilidade).
Toda competência conferida por lei deve obedecer a certo fim.
Por isso o agir da Administração deve ser adequado ao que se pretende
atingir, ou seja, deve haver uma correlação entre os meios adotados e
os fins almejados (mais uma vez, o princípio da proporcionalidade se
aplica).
Tamanha a importância do princípio da legalidade para a
Administração Pública que Di Pietro (2009, p. 63) afirma que os
princípios fundamentais do direito administrativo são o da legalidade e o
da supremacia do interesse público sobre o particular.
Se a banca afirmar que esses são os princípios basilares do
direito administrativo, a alternativa não estará errada, pois estará
adotando a posição de Di Pietro. Entretanto, o que está sendo cobrado,
como vimos acima, é a posição de Bandeira de Mello, no sentido de que
os princípios basilares são a supremacia do interesse público sobre o

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particular e a indisponibilidade do interesse público, pois é deste último
que surge o princípio da legalidade.
Vamos treinar um pouco?

Questão de
concurso

2. (CESPE-2011-TJ-ES-Analista Judiciário) O princípio da


legalidade está relacionado ao fato de o gestor público agir somente de
acordo com a lei.
No âmbito da Administração Pública, em razão da própria
indisponibilidade dos interesses públicos, o princípio da legalidade
assume um teor mais restritivo, no sentido de que o administrador, em
cumprimento ao princípio da legalidade, "só pode atuar nos termos
estabelecidos pela lei." Item correto.

Passemos agora à análise dos demais princípios constitucionais


do LIMPE.
Segundo o princípio da impessoalidade a Administração não
pode praticar qualquer ato com vistas a prejudicar ou beneficiar
alguém, nem a atender o interesse do próprio agente, o agir deve ser
impessoal, pois os agentes públicos devem visar, tão somente, o
interesse público.
Por isso que se diz que o princípio da impessoalidade se
confunde com o da finalidade, pois ato administrativo que não visa o
interesse público viola tanto o princípio da impessoalidade como o da
finalidade.
Também se diz que o princípio da impessoalidade se confunde
com o da isonomia, pois ao tratar todos de forma impessoal a
Administração não promove qualquer distinção. Todo cidadão é tratado
de forma igual, com os mesmos direitos e deveres.

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Entretanto, outro aspecto do princípio da impessoalidade é
exclusivo e inconfundível: esse princípio também informa que os atos
realizados no âmbito da Administração não são praticados por Fulano,
Beltrano ou Cicrano, mas pelo órgão ao qual o agente se vincula.
As regras constitucionais que impõem a realização do concurso
público para provimento de cargos na Administração Pública (art. 37,
II) e a que determina que as contratações devem ser precedidas de
licitação (art. 37, XXI) decorrem do princípio da impessoalidade.
Não podemos concluir o princípio da impessoalidade sem
informarmos a vedação constitucional de se utilizar a publicidade
institucional do Estado para realizar promoção pessoal. Essa proibição
encontra previsão expressa no art. 37, §1º, da CF, assim expresso:

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas


dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.

Desse modo, a publicidade deve ter caráter educativo, mas, em


atenção ao princípio da impessoalidade, deve ser rechaçada toda forma
de utilização de publicidade institucional para promoção pessoal de
políticos.
Esse princípio vem sendo muito cobrado em concursos. Vejamos as
seguintes:

Questões de
concurso

3. (CESPE/2011/TJ-ES/Analista Judiciário) O princípio da


impessoalidade trata da incapacidade da administração pública em
ofertar serviços públicos a todos os cidadãos.
Meu caro, o princípio da impessoalidade dispõe que a
Administração não pode praticar qualquer ato com vistas a prejudicar
ou beneficiar alguém, nem a atender o interesse do próprio agente, o

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agir deve ser impessoal, pois os agentes públicos devem visar, tão
somente, o interesse público. Não existe essa definição dada pelo
examinador. Item errado.

4. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscópico) O concurso


público para ingresso em cargo ou emprego público é um exemplo de
aplicação do princípio da impessoalidade.
Se num concurso público a Administração busca selecionar o
melhor preparado, sem observar se ele é o sujeito A ou o B, o item está
correto. Depois de praticarmos, vemos como os itens vão ficando fácil.
Alternativa correta.

Caro amigo, nesse momento você deve ligar o SINAL DE


ALERTA! Pois vamos tratar de um dos princípios mais cobrados nos
últimos concursos: o princípio da moralidade!
O princípio da moralidade impõe ao administrador o dever de
sempre agir com lealdade, boa-fé e ética. Além de obedecer aos limites
da lei, o gestor deve verificar se o ato não ofende a moral, os bons
costumes, os princípios de justiça, de equidade e, por fim, a ideia de
honestidade.
O tema que mais vem sendo cobrado em concursos quanto ao
princípio da moralidade é a Súmula Vinculante 13 do STF, que veda a
prática do nepotismo na Administração Pública.
A partir da edição dessa súmula restou consagrado o
entendimento de que não é preciso de lei em sentido formal para se
punir um indivíduo por nomear parentes para cargos públicos. Isso
porque, essa prática viola frontalmente os princípios constitucionais da
moralidade e da impessoalidade.
Pela importância da SV nº 13, transcrevemos a sua redação:

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“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na
Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Como se vê, a súmula vinculante impede a nomeação de


cônjuge, companheiro ou parente da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica para exercício de cargo em
comissão, de confiança ou de função gratificada em qualquer órgão de
quaisquer dos poderes e de quaisquer dos entes estatais.
A súmula considera prática imoral a nomeação de parentes
colaterais em até terceiro grau.
O texto veda, também, o nepotismo cruzado ao informar que
a súmula alcança as “designações recíprocas”, ou seja, a SV nº 13 veda
a nomeação de um parente de Fulano, que é presidente da FUNASA,
por exemplo, para o exercício de um cargo em comissão no INSS
enquanto, ao mesmo tempo, Beltrano, que é parente do presidente do
INSS, é nomeado para exercício de cargo em comissão na FUNASA.
Muita atenção nesse ponto: após a edição da Súmula Vinculante
em comento, o Supremo Tribunal Federal afirmou que “a nomeação de
parentes para cargos políticos não implica ofensa aos princípios que
regem a Administração Pública, em face de sua natureza
eminentemente política, e que, nos termos da Súmula Vinculante 13,
as nomeações para cargos políticos não estão compreendidas nas
hipóteses nela elencadas” (RCL 6650, divulgado no Informativo STF
524).
Portanto, olho aberto, meus amigos: não ofende o princípio da
moralidade a nomeação de parentes para o exercício de cargo político,
como o de Secretário de Estado, Ministro, presidente de autarquia, etc.

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Outro enfoque do princípio da moralidade é que a sua
inobservância constitui ato de improbidade administrativa (art. 37, §
4º, da CF).
Mas o que seriam “atos de improbidade”?
A Lei nº 8.429/92 responde essa questão ao afirmar que
constitui ato de improbidade:
(a) auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade (=
enriquecimento ilícito – art. 9º);
(b) qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres de entidades públicas (= causam prejuízo ao
erário – art. 10);
(c) qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições (=
atentam contra os princípios da Administração Pública – art. 11).
Apesar da redação clara da lei e da Constituição, que não
excluem qualquer autoridade das sanções pela prática de improbidade,
num julgamento pouco moralizador, o Supremo Tribunal Federal
entendeu que o Presidente da República e os Ministros não
respondem por improbidade administrativa com base na Lei 8.429/92
(RCL 2138: divulgado no Informativo STF nº 471, julgado em
13.06.2007).
Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça entende que “os
prefeitos podem ser processados por seus atos pela Lei nº
8.429/92” (RESP 12433779 – AgRg, julgado em 21.06.2011).
Sobre o princípio da moralidade, vale apreciar as seguintes
questões:

Questões de
concurso

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5. (CESPE/IPOJUCA/Procurador/2009) A vedação do nepotismo
não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que
decorre diretamente dos princípios contidos na CF. No entanto, às
nomeações para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas Estadual,
por ser de natureza política, não se aplica a proibição de nomeação de
parentes pelo Governador do Estado.
Essa questão é de alto grau de dificuldade. A sua primeira parte
está correta, conforme abordamos acima: não é necessária a expedição
de lei formal para coibir o nepotismo. Contudo, a questão se torna
errada em sua segunda parte, pois o cargo de conselheiro de tribunal
de contas não é político, uma vez que ele não participa direta ou
indiretamente das funções governamentais. Foi isso o que decidiu o STF
na RCL 6702 – AgRg na Cautelar. Por isso, a assertiva está errada.

6. (CESPE-2011-TRE-ES-Técnico Judiciário) Contraria o


princípio da moralidade o servidor público que nomeie o seu sobrinho
para um cargo em comissão subordinado de nepotismo.
É uma situação de nepotismo. Lembra da súmula que estudamos?
“se a autoridade nomear seu cônjuge, companheiro ou parente até o 3º
grau para ocupar cargo em comissão ou exercer função de confiança;”
Portanto, item correto.

Vamos em frente, passamos agora ao princípio da


publicidade.
Nas palavras de Zannoni (2011, p. 45), o princípio da
publicidade impõe “transparência aos atos administrativos, sob pena de
ineficácia, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei”.
Se todo poder emana do povo, nada mais lógico do que dar a
mais ampla publicidade aos atos editados pela Administração Pública,
seja por meio de boletins internos, por certidões, pelo diário oficial ou

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mesmo pela internet. É por isso que a Constituição traz em seu bojo o
art. 5º, XXXIII:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de


seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;

Com se percebe da redação do dispositivo, em certos casos, a


própria Constituição impõe o dever do sigilo. Como assim? A própria
Constituição impõe o sigilo?
Isso mesmo, em certos casos a CF impõe o sigilo. São eles: para
proteger a intimidade do indivíduo (art. 5º, X) e para promover a
segurança da sociedade e do Estado.
Outro regramento constitucional relacionado ao princípio da
publicidade é o direito dos indivíduos de petição aos Poderes Públicos
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a
obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal, tudo isso
independentemente do pagamento de taxas (art. 5º, XXXIV).
Se as informações relativas à pessoa do solicitante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público, não forem fornecidas, o indivíduo poderá se valer do
habeas data perante o Poder Judiciário, para que este intervenha e
determine o fornecimento da informação (art. 5º, LXXII, da CF).
Passemos então ao derradeiro princípio expresso no art. 37,
caput, da Constituição Federal, o princípio da eficiência.
Esse princípio consagra a busca de resultados positivos, seja sob
o enfoque do agente público, que deve exercer suas funções da melhor
forma possível, seja sob enfoque da própria estrutura administrativa,
que deve sempre buscar prestar os melhores serviços públicos, com os
recursos disponíveis.

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Isso quer dizer que os serviços públicos devem ser prestados
com presteza, agilidade, perfeição, adequação e efetividade. Devem
atingir os objetivos e metas, utilizando um mínimo de recursos para
obter o máximo de resultados.
Conforme informamos acima, esse princípio foi inserido no caput
do art. 37 apenas com a reforma administrativa de 1998 (EC nº 19).
Essa emenda constitucional não só inseriu o princípio da eficiência na
Constituição, buscou promover uma reforma administrativa do Estado,
de modo que ele deixasse de ser um Estado burocratizado e passasse a
ser um Estado gerencial, focado na persecução de resultados.

Questão de
concurso

7. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscópico) O princípio da


eficiência não está expresso no texto constitucional, mas é aplicável a
toda atividade da administração pública.
Já falamos que esse princípio foi inserido no caput do art. 37 com a
reforma administrativa de 1998 (EC nº 19). Item errado.

Outros princípios consagrados.

Passemos agora a outros princípios consagrados da


Administração Pública, mas que não estão insertos no art. 37, caput,
muito embora alguns deles tenham previsão constitucional em outros
dispositivos.
Começamos pelo princípio da finalidade.
Segundo esse princípio, todas as ações da Administração devem
ser praticadas visando o interesse público. Mais uma vez retomamos ao
fundamento de nosso Estado de Direito: a finalidade perseguida pelo

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gestor é aquela conferida previamente pelo titular do poder – o povo –
através das leis.
Seja a finalidade concebida em sentido amplo (interesse
público), seja a concebida em sentido estrito (definida por lei), ambas
decorrem da vontade geral.
É por isso que Bandeira de Mello afirma que o princípio da
finalidade está contido no princípio da legalidade, pois o primeiro
corresponde à aplicação da lei tal que ela é.
Segundo Meirelles (1998, p. 87-88), o princípio da finalidade se
confunde com o da impessoalidade, na medida em que ambos
caminham para a concretização do que exige a lei e o interesse público
e não a fins pessoais.
Você sabia que há um nome específico para aquele que age em
desvio de finalidade (que age buscando fim diverso do interesse público
ou do fim previsto em lei)?
Há sim, chamamos isso de desvio de poder. A autoridade age
dentro dos limites da sua competência, mas o ato não atende ao
interesse público ou ao fim visado na norma. Por essa razão, o ato não
pode ser sanado, devendo ser extirpado do mundo jurídico pela
anulação.
Voltemos aos princípios!
Ao falarmos do princípio da legalidade, demos uma pincelada nos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que decorrem
daquele.
Pelo princípio da razoabilidade, a Administração deve atuar,
no exercício dos atos discricionários (atos que a lei tenha dado certa
margem de liberdade ao administrador), obedecendo critérios aceitáveis
do ponto de vista racional, ou seja, com bom-senso, prudência e
racionalidade. Assim, esse princípio é um dos limites do ato
discricionário.

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O princípio da razoabilidade ganhou previsão constitucional com
a Emenda Constitucional 45 – que tratou da reforma do Poder Judiciário
– ao inserir, no art. 5º, determinação para que os processos tenham
duração razoável no âmbito administrativo e judicial (inciso LXXVIII).
Outro limite para a discricionariedade que também decorre do
princípio da legalidade é o da proporcionalidade.
Como vimos acima, a Administração deve editar seus atos na
medida necessária para alcançar os fins legais.
A proporcionalidade pode ser entendida como o meio adequado
(exigível ou necessário), ou seja, a relação lógica entre o que se busca
e o instrumento que se edita para o resultado. Nesse enfoque, a
Administração só deve promover algum ato se houver uma necessidade
real para a sua edição. Não pode o poder público, por exemplo,
construir uma ponte em um local onde não há estrada que leve um
veículo até a ponte.
Noutro giro, a proporcionalidade também é apurada sob o
enfoque da proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, pela avaliação
entre o meio utilizado e o fim almejado. Os meios utilizados devem ser
os estritamente necessários para se promover a alteração buscada pelo
poder público. Não se podem tolerar gastos excessivos para a execução
de pequenas tarefas. A Administração não pode, por exemplo, comprar
armas de fogo para exterminar os ratos de um prédio público.
Em regra, o Poder Judiciário não pode interferir no juízo de
discricionariedade do administrador. Se a lei conferiu alguma margem
de liberdade para a prática de determinado ato administrativo é o
gestor quem deve fazer um juízo de conveniência e oportunidade para
preencher a lacuna e praticar o ato.
Esse juízo de conveniência e oportunidade é chamado de mérito
administrativo.
Em situações excepcionais, contudo, o Poder Judiciário,
verificando tratar-se de caso esdrúxulo, pode realizar um critério de

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proporcionalidade e de razoabilidade para avaliar o ato discricionário do
administrador e retirá-lo do mundo jurídico, caso ele seja
desproporcional ou desarrazoado.
Tanto o princípio da razoabilidade como o da proporcionalidade
decorrem do devido processo legal material e da legalidade (art. 5º,
LIV, e 37, caput, da CF).
Embora represente a melhor técnica, alguns doutrinadores
apresentam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade como
sinônimos. Assim, se em sua prova o examinador afirmar que
razoabilidade é a adequação entre meios e fins, assinale correto.
São muitos os princípios, não são? Pois é, a vida de concursando
é dura! Não se preocupe, transporemos esse muro juntos, venha
comigo para os últimos princípios!
A doutrina destaca também o princípio da motivação.
Segundo Di Pietro (2009, p. 80), o princípio da motivação exige
que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito
de suas decisões, justificando-as.
A sua obrigatoriedade se justifica tanto nos atos discricionários
como nos atos vinculados, porquanto o titular do poder – o povo – tem
o direito de saber quais as razões que estão ensejando a edição de atos
pelo poder público. Através da motivação, o cidadão pode impugnar o
ato perante o Poder Judiciário ou questionar o gestor acerca de suas
decisões.
Em suma, a motivação é um instrumento necessário para que o
controle dos atos administrativos seja exercido.
A motivação encontra previsão na CF para os julgamentos do
Judiciário (art. 93, X). As decisões judiciais não fundamentadas serão
nulas.
A CF, entretanto, é omissa em relação aos julgamentos
administrativos. Assim, entende-se que o princípio da motivação é um
princípio constitucional implícito, decorrente dos princípios da

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legalidade, da ampla defesa, do contraditório, do acesso à justiça e do
Estado Democrático de Direito, porquanto é a motivação o elemento
que ensejará o controle dos atos administrativos.
A doutrina majoritária entende que a motivação é obrigatória em
todos os atos administrativos (Di Pietro, 2009, p. 81 e Bandeira de
Mello, 2010, p. 403-404).
Importante consignar, por fim, que a motivação deve ser prévia
ou concomitante à edição do ato.
Vamos tratar agora do princípio da autotutela.
Esse princípio dispõe que a Administração deve exercer o
controle interno de seus próprios atos, anulando-os, quando eivados de
ilegalidade, ou revogando-os, por razões de conveniência e
oportunidade (=mérito).
Indispensável, nesse ponto, a transcrição das Súmulas nºs 346 e
473, ambas do STF:

Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus


próprios atos.
Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

Muito embora as súmulas digam que a Administração “pode”


anular os atos eivados de vícios de legalidade, a doutrina entende que a
autotutela não é uma faculdade, mas um dever. Por isso, onde está
escrito “pode”, você deve ler “deve”.
Mas será que todo ato ilegal será anulado?
Não, o art. 55 da Lei 9.784/99 prevê o instituto da convalidação.
Esse ponto será de suma importância, uma vez que apresentaremos e
comentaremos a redação da Súmula Vinculante nº 3 – QUE CAI EM
TODOS OS CONCURSOS PÚBLICOS!

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Obviamente, a autotutela não é a única espécie de controle dos
atos administrativos no Brasil. Há também o controle exercido pelo
Poder Legislativo, com o auxílio do TCU e o controle jurisdicional.
Lembramos que os atos administrativos podem ser revisados, a
qualquer tempo, pelo Poder Judiciário, desde que este seja provocado e
que, de modo geral, se alegue vício de legalidade.
Alguns autores informam que esse é o princípio do controle
judicial dos atos administrativos.
Como o Brasil adota a jurisdição una (só o Judiciário dá a palavra
final), não é necessário esperar o fim de um processo administrativo
que avalie a legalidade de um ato administrativo para se ingressar
perante o Poder Judiciário questionando o mesmo ato.
Para que não passe em branco outros princípios – que quase
nunca são cobrados em concursos – vou apresentar os conceitos de
cada um deles de forma bem direta:
Princípio da responsabilidade objetiva ou da ampla
responsabilidade do Estado: a Administração deve reparar o dano
causado no administrado em razão da atividade administrativa,
independentemente da existência de dolo ou culpa do agente (art. 37, §
6º, da CF).
Princípio da segurança jurídica: esse princípio tem previsão
constitucional expressa (art. 5º, XXXVI) e também está previsto no art.
2º da Lei nº 9.784/99. Ele veda a aplicação retroativa de nova
legislação ou de sua interpretação, de modo a prejudicar terceiros. Com
isso, resguarda-se a estabilidade das relações, consagra-se a boa-fé e a
confiança depositada pelos indivíduos no comportamento do Estado.
Com relação à confiança, entende-se que, a partir dela, ao
cidadão é conferida uma calculabilidade e uma previsibilidade com
relação aos efeitos jurídicos dos atos administrativos.
Decorrem desse princípio institutos como a decadência e a
consolidação dos efeitos dos atos praticados há muito tempo.

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Princípio da especialidade: as entidades da administração
indireta não podem se desviar de seus objetivos definidos em lei
instituidora.
Princípio da tutela ou do controle: esse princípio decorre do
princípio da especialidade, pois dispõe que a Administração Pública
direta fiscaliza as atividades exercidas pela Administração indireta.
Repare bem: o princípio da tutela ou do controle está mais ligado
ao princípio da especialidade do que ao princípio da autotutela ou do
controle judicial dos atos administrativos.
Princípio da continuidade do serviço público: os serviços
públicos prestados pelo Estado decorrem das demandas do Estado
Social de prover os serviços básicos à população. Em razão disso, eles
não podem ser interrompidos. Ao analisar a possibilidade do corte da
energia elétrica em razão do não pagamento, o STJ entendeu que a
concessionária pode interromper o fornecimento do serviço, mediante
aviso prévio (AG 1200406 – AgRg). A Corte Superior, contudo,
observando o princípio da continuidade do serviço público, não autoriza
o corte de energia elétrica em unidades públicas essenciais, como em
escolas, hospitais, serviços de segurança pública etc. (ERESP 845982).
 é possível cortar energia elétrica por falta de
pagamento, desde que tenha aviso prévio;

Princípio da continuidade
 Não é possível cortar energia, por falta de
pagamento, de prédios públicos que prestam
serviços públicos essenciais.

Princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido


processo legal: ao administrado é assegurado o direito de ser
informado dos atos de um procedimento, de se manifestar em prazos
razoáveis, indicar provas e recorrer.
Já o devido processo legal deve ser entendido sob o seu aspecto
formal (regularidade do procedimento) e material (justiça da decisão).

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Esse princípio é de suma importância, pois ele (e o direito de petição)
fundamenta a Súmula Vinculante nº 21, segundo a qual:

“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de


dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”.

Princípio da juridicidade: o administrador não deve ater-se


apenas à letra fria da lei, mas sim à análise de todo o ordenamento
constitucional. É com a noção de juridicidade que se abandona um
conceito primário de legalidade, satisfeito com o cumprimento nominal
e simplista de regras isoladas. Parte-se em busca da observância
íntegra do direito, compreendido este como um conjunto de normas
dentre as quais se incluem os princípios expressos e implícitos, bem
como as regras específicas do ordenamento.

3. Noções gerais de ética no serviço público

Agora que você já tem o panorama geral dos princípios da


Administração Púbica, vamos ao estudo da ética no serviço público.
Mas o que é ética afinal?
Não pense você que ética é algo novo, recente. Não! Muito pelo
contrário a ética vem do grego “ETHOS” que significa modo de ser, o

caráter. Quando os romanos fizeram a tradução do “ethos” para o latim


“mos”, que significa costume, a ética tornou-se indissociável do
costume.
O estudo da ética vem desde os séculos VII e VI a.C. Mas ainda
hoje é um tema atual, tendo em vista que a ética é inerente ao ser
humano, não podendo de forma alguma ser dissociada da moral.
Dessa forma, podemos entender que o ser humano é
responsável pela ética na Administração Pública, tendo em vista que a
ética é indissociável do seu ser, pelo menos na teoria! Para dar eficácia

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a esse conceito, a Administração Pública instituiu normas, códigos que
orientam o exercício da ética no Serviço Público.
Dentre os códigos instituídos pela Administração Pública está o
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal criado em 1994, mediante Decreto nº 1.171.
O decreto foi enfático ao não deixar que as regras éticas
ficassem só no papel. Determinou a implementação das regras de
conduta em 60 dias, inclusive com a constituição de uma Comissão de
Ética, integrada por três servidores titulares de cargo efetivo ou
emprego permanente.
Observe:

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e


indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena
vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva
Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de
cargo efetivo ou emprego permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à
Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a
indicação dos respectivos membros titulares e suplentes.

IMPORTANTE que você adentre no estudo do Código de Ética


com a definição de “servidor público” trazida no decreto em mente.
Veja:
Servidor público, quanto a apuração do comprometimento ético,

é todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato


jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que
ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder
estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais que exerçam atribuições delegadas pelo poder
público, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do
Estado.
Perceba que o conceito é amplíssimo!

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Aborda aquele que presta serviço em decorrência de ato jurídico
ou contrato. O serviço prestado pode ser permanente, temporário ou
excepcional. Pode ser prestado de forma gratuita ou onerosa. O
servidor pode estar ligado até mesmo indiretamente a qualquer órgão
da administração direta ou indireta.
E mais!
Até mesmo aqueles vinculados às entidades paraestatais ou em
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado estão sujeitos ao
Código de Ética.
Apresentadas essas lições introdutórias, vamos entrar agora no
estudo dos dispositivos do Decreto 1.171.
Como o nosso foco é concurso, não fugiremos do que o
examinador irá cobrar: a literalidade da lei. Como a minha meta é a sua
aprovação irei destacar os pontos mais relevantes da norma afim que
você acerte todas as questões sobre o tema.
Contudo, coloque o texto do decreto 1.171 ao lado da aula para
você não deixar passar nada em branco.
Vamos lá?

Questão de
concurso

8. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil ) Para fins de


apuração do comprometimento ético, entende-se como servidor público
todo aquele que ocupa cargo efetivo na administração pública.
Pessoal, para responder as questões de ética SEMPRE adote os
conceitos trazidos pelo decreto. E como vimos:
Servidor público, quanto a apuração do comprometimento
ético, é todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado
direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as

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autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais que
exerçam atribuições delegadas pelo poder público, as empresas públicas
e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde
prevaleça o interesse do Estado.
Gabarito: Errado.

Regras Deontológicas

Primeiramente o que vem a ser deontologia? No contexto em


estudo deontologia quer dizer o conjunto de regras e princípios que
regulamentam a atividade do Servidor Público do Poder Executivo, mais
especificamente aquelas relacionadas aos seus deveres. Como bem
explicado pelo professor Wagner Rabello Jr:

“Deontologia é a ciência ou tratado dos deveres de um ponto de


vista empírico. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo
filósofo inglês Jeremy Bentham, em 1834, quando disse que a
deontologia seria a „ciência do que é justo e conveniente que o
homem faça, dos valores que decorrem do dever ou norma que
dirige o comportamento humano‟. Designa, portanto, o conjunto
de regras e princípios que ordenam a conduta do homem,
cidadão ou profissional; é a ciência que trata dos deveres a que
são submetidos os integrantes de uma profissão” (curso de ética
profissional para o Senado, p. 16,
www.estrategiaconcursos.com.br).

O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder


Executivo Federal, assim, lista uma série de “regras deontológicas” que,
na verdade, são valores que se espera que sejam buscados, sempre
pelos servidores públicos no desempenho de suas atividades funcionais.
Eles representam o padrão ético desejável na Administração Pública

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Federal. Tais valores são: dignidade, decoro, honra, zelo, honestidade,
eficácia, consciência dos princípios morais, bem comum, cortesia, boa
vontade, respeito ao cidadão, etc. (Morais, 2009).
Afinal, quais são as regras ou os valores éticos? Vamos a eles:

I - A Dignidade, o Decoro, o Zelo, a Eficácia e a Consciência dos


princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público,
seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da
vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.

Percebe como o estudo dos princípios é importante? O princípio


da moralidade, como vimos, impõe ao administrador o dever de sempre
agir com lealdade, boa-fé e ética. Lembre-se que está atrelada a
honestidade.
Assim, da leitura do inciso I extraem-se as seguintes palavras de
ouro no estudo da ética: Dignidade, o Decoro, o Zelo, a Eficácia e a
Consciência dos princípios morais.
Adiante:

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de


sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o
justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas
no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção
entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o
bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do
servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos
direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como
contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como
elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como
conseqüência, em fator de legalidade.

Quero chamar a sua atenção para o inciso IV, em que o


legislador atentou-se em destacar que o servidor público paga tributos e
a sua remuneração é paga por tributos que o próprio servidor contribui.

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Perceba como a ética e a moral estão enraizadas a conduta do
servidor público e como a moralidade deve estar presente na aplicação
do direito, especialmente na finalidade do ato.
Como a norma determina que a moralidade esteja presente em
todos os atos do servidor, o próprio texto menciona que ela é fator de
legalidade.
Seguindo.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve


ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu
maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se
integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

Repare: o maior patrimônio do servidor é o êxito de seu


trabalho, pois o que ele realiza para o serviço público é revertido para
ele mesmo em benefícios sociais.
Com relação ao inciso VI, o dispositivo anota que a vida privada
do funcionário, na medida em que interfere no serviço, pode interessar
à Administração, podendo o servidor ser punido disciplinarmente pela
má conduta fora do cargo.
Como bem observa José Cretella Júnior (1999, p. 84), a violação
dos deveres do funcionário pode ocorrer por faltas cometidas fora do
serviço, mas que repercutam sobre a honra e a consideração do agente,
a ponto de, por ressonância, refletir-se no prestígio da função pública.
Vejamos, com atenção, outros incisos.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou
interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados
em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade
de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade,
ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum,
imputável a quem a negar.
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade . O servidor não pode omiti-la
ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada

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ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se
sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma
Nação.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao
serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa
que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano
moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não
constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado,
mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu
tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que
compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não
caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de
seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim,
evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de
desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo
imprudência no desempenho da função pública.
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é
fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à
desordem nas relações humanas.
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura
organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de
todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande
oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

Desses incisos, destacamos que, se o servidor violar o princípio


da publicidade, deixando de divulgar informações não sigilosas,
incorrerá em infração ética. Mesmo que o ato praticado tenha sido um
equívoco, este não pode ser escondido, pois todos os cidadãos têm
direito à verdade.
O simples “tratar mal” o cidadão – inclusive fazê-lo esperar em
grandes filas ou atrasar a prestação de um serviço – enseja dano moral
a ele. Por isso, o servidor deve tratar com urbanidade e respeito
aqueles que pagam seus vencimentos indiretamente.
Vejam um exemplo de infração ética!

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Imagem extraída do: http://www.alagoastempo.com.br

Também incorrerá em falta ética o servidor que deteriora o


patrimônio público.
Outro fato que enseja a infração ética é a ausência injustificada
ao serviço.
Vamos a mais questões de concurso sobre o tema, confira.

Questões de
concurso

9. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) É dever do


servidor público guardar sigilo sobre assuntos da repartição que
envolvam questões relativas à segurança da sociedade.
Como acabamos de estudar:

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou


interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em
processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de
qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
negar.

Gabarito: Certo

10. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) Fatos e atos relativos à


conduta do servidor no dia a dia de sua vida privada não podem ser
considerados para acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida

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funcional, em razão de terem ocorrido ou sido praticados fora do local
de trabalho.
Vimos que:

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se


integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

Gabarito: Errado.

Deveres fundamentais

Para que toda essa ideologia de valores seja alcançada, o Código


de Ética prevê qual é a forma de agir ideal do Servidor Público.
Oliveira Morais, em obra editada pela ESAF, disponível em
http://www.esaf.fazenda.gov.br/esafsite/biblioteca/livraria_dn_arquivos
/Etica_e_conflito_de_interesses.pdf, faz a divisão dos deveres
fundamentais do servidor da seguinte forma:
São deveres que refletem a integridade da função pública e a
busca dos valores que norteiam seu exercício:
II desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou

emprego público de que seja titular;


III exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento,

pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações


procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
IV ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade
do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas
opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

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V jamais retardar qualquer prestação de contas, condição
essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu
cargo;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços
públicos;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os
usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano
moral;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura
em que se funda o Poder Estatal;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores,
benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais,
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer
ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências
cabíveis;
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a
melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do
bem comum;
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço
e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível,

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com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa
ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
direito;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que
lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos
legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos
jurisdicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou
autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que
observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação
expressa à lei;
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre
a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
cumprimento.
Para que você não se perca no estudo, podemos traduzir todos
esses deveres nos seguintes pontos:
 eficiência no trabalho (cumprindo ordens com rapidez e
segurança) e na prestação dos serviços públicos (não
retardar);
 bom caráter, cortesia e respeito (ao cidadão e ao chefe);
 resistir às ordens dos superiores contrárias à ética e
denunciá-las;
 “dedurar” atos contrários ao interesse público;
 estudar (para melhorar o serviço e para manter-se
atualizado);
 facilitar a fiscalização e o controle na Administração;
 cautela ao exercer prerrogativas;
 observar nas atividades o interesse público e a legalidade;
 divulgar o Código de Ética

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Se você ler esses pontos com atenção, verificará que neles estão
contidos todos os deveres até aqui apresentados.
Há apenas um dever que não foi representado nesse resumo, o
item “j”.
Você sabe que o servidor público tem o direito à greve. Contudo,
faço-lhe a seguinte pergunta: É considerado ético o servidor público
entrar e permanecer em greve?

O Decreto em estudo afirma que a greve não afronta a ética,


mas o servidor deve zelar, no exercício do direito de greve, pelas
exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva. Ou
seja, a vida e a segurança pública não podem ser ameaçadas no
exercício do direito de greve do servidor.
Vistos os deveres que refletem a integridade da função pública,
passemos aos deveres que refletem as “bo as manei ras ” no
ambiente de trabalho:
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público;
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua
ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente
em todo o sistema;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
exercício da função.

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Percebam: o servidor grosso com os usuários dos serviços
públicos, que falta ao serviço, mal vestido e porcalhão no ambiente de
trabalho está violando diversos deveres não só de educação e higiene,
mas éticos!

Imagem extraída do: http://mundodaclo.blogspot.com.br/2010/12/area-de-trabalho.html

Questões de
concurso

11. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) O servidor público


deve abster-se de exercer sua função, poder ou autoridade com
finalidade estranha ao interesse público, mesmo não cometendo
qualquer violação expressa à lei.
Entre os deveres que refletem a integridade da função pública
e a busca dos valores que norteiam seu exercício, vimos:
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou
autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que
observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação
expressa à lei;
Gabarito: Certo.

12. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) Para obedecer a seus


superiores, o servidor não poderá abster-se de exercer sua função,
poder ou autoridade, mesmo que a finalidade da ordem por ele recebida
seja estranha ao interesse público.

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Essa acabamos de responder! Mais uma vez:
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou
autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que
observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação
expressa à lei;
Gabarito: Errado.

13. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) O servidor que, por


desconhecimento das atualizações legais, pratica ato de acordo com
normas e legislações já alteradas não age em desacordo com o referido
código de ética.
É dever do servidor público: q) manter-se atualizado com as
instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
onde exerce suas funções!!!
Por isso, o servidor não pode alegar desconhecimento de uma
norma. Ao assim proceder, ele fere sim o Código de Ética.
Gabarito: Errado.

14. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da


Informação) Jair sempre procurou manter-se atualizado com as
instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
público onde exerce suas funções. Nesse caso, o servidor age de acordo
com o que dispõe o mencionado código de ética.
Pessoal, as questões vão se repetindo!
Como você acabou de ler: É dever do servidor público manter-se
atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação
pertinentes ao órgão onde exerce suas funções.
Gabarito: Certo.

15. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da


Informação) A servidora pública Jane, irritada com o fato de uma colega

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ter sido designada para fiscalizar o seu trabalho, não fez nada para
prejudicar ou facilitar o trabalho de fiscalização. Nessa situação, a
atitude de Jane é aceitável, visto que não há qualquer obrigação da sua
parte em facilitar o trabalho de fiscalização.
O servidor não pode simplesmente ficar neutro diante dessa
situação, ele deve sim facilitar a fiscalização e o controle na
Administração. Por isso, Jane não pode mesmo prejudicar o trabalho de
seu colega, mas deve facilitar!
Gabarito: Errado.

Condutas vedadas

As condutas vedadas são, na verdade, um apanhado geral de


condutas já reprovadas por leis penais, por leis que vedam atos de
improbidade ou por leis que cuidam da disciplina do servidor.
Vejamos cada uma das condutas previstas no inciso XV do
Decreto nº 1.171/94, acrescidos dos pertinentes comentários feitos por
José Leovegildo Oliveira Morais, publicados pela ESAF (2009, p. 113), e
de outros comentários próprios.
Vamos lá!
É vedado ao servidor:

II o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

José Morais: “conforme as circunstâncias, essa conduta pode


configurar o crime de corrupção passiva previsto no art. 317 do Código
Penal.”.
Acrescento que essa conduta pode ensejar, também, o crime de
prevaricação (art. 319 do Código Penal: Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal).

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Além disso, é evidente que essa vedação representa também um
ato de improbidade, previsto no art. 11 da Lei nº 8.429/92, pois o
agente público, ao usar o cargo para favorecer a si próprio ou a outrem
estará violando o dever de imparcialidade.

III prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos


que deles dependam;

José Morais: “essa conduta pode configurar crime contra a honra


(calúnia, difamação e injúria) e, também, resultar em ação de
indenização por danos morais, cuja responsabilidade pode ser imputada
ao poder público ou ao próprio servidor.”
Acrescento que a norma visa proteger tanto o cidadão quanto
outros servidores.

IV ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração


a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

José Morais: “essa conduta pode configurar o crime de


condescendência criminosa previsto no art. 320 do Código Penal.”
Esse crime é assim previsto no CP: Deixar o funcionário, por
indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente.
Também representa ato de improbidade, uma vez que o servidor
estará violando o seu dever de lealdade à instituição (art. 11 da Lei nº
8.429/92).

V usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por


qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

José Morais: “essa conduta pode configurar crime de


prevaricação previsto no art. 319 do Código Penal.”

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Também está expresso no dispositivo que o lesado poderá
buscar do Estado reparação do dano moral ou material causado se o
seu direito foi retardado ou dificultado pelo servidor.
Mais uma vez, o ato de improbidade estará presente, pois
violado o dever de imparcialidade. Além disso, constitui-se em ato de
improbidade “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício” (art. 11, II, da Lei nº 8.429/92);

VI deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu


conhecimento para atendimento do seu mister;

José Morais: “trata-se de um dever do servidor que, se não


observado, pode configurar infração de natureza administrativa
disciplinar.”
Observe, caro aluno, que esse dispositivo decorre diretamente
do princípio da eficiência. Se o servidor dispõe de meios tecnicamente
adequados para a prestação do serviço, a não utilização desses recursos
representa conduta eticamente vedada.

VII permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou


interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os
jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou
inferiores;

José Morais: “essa conduta reflete o princípio da impessoalidade


no serviço público. Pode configurar, dependendo das circunstâncias,
crime de prevaricação previsto no art. 319 do Código Penal.”
Na hora da prova, lembre-se sempre: o interesse buscado pelo
servidor é o interesse público. Além disso, o agir deve ser impessoal.
Violado o dever de imparcialidade, surge também o ato de
improbidade (art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92).

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VIIIpleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda


financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

José Morais: “essa conduta pode configurar crime de corrupção


passiva previsto no art. 317 do Código Penal.”
O servidor público percebe vencimentos do Estado para executar
seu trabalho com imparcialidade. A percepção de qualquer auxílio do
particular representa, em última análise, violação ao princípio da
impessoalidade, pois a missão do servidor não estará sendo cumprida
de forma isenta e imparcial.
Além disso, constitui ato de improbidade – que importa em
enriquecimento ilícito – “receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público” (art. 9º, I, da Lei nº 8.429/92).

IX alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para


providências;

José Morais: “essa conduta pode configurar crime de falsidade


ideológica previsto no art. 299 do Código Penal.”

X iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços


públicos;

José Morais: “essa conduta pode configurar ato de improbidade


administrativa previsto no art. 11 da Lei no 8.429/1992.”

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Isso porque, constitui ato de improbidade “praticar ato visando
fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na
regra de competência;” (art. 11, I, da referida lei).

XI desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

José Morais: “essa conduta pode configurar ato de improbidade


administrativa previsto no art. 10, inciso XIII, da Lei no 8.429/1992 e
infração disciplinar de natureza grave, prevista no art. 117, inciso XVI,
da Lei no 8.112/1990.”
Na verdade, o ato de improbidade que corresponde a esse ato
aético é o previsto no art. 9º, IV, da Lei nº 8.429/92 (ato que importa
em enriquecimento ilícito). Veja o que diz o dispositivo: “utilizar, em
obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades.”
Perceba que a utilização de trabalho de servidor público para
interesse particular enseja enriquecimento ilícito por parte do servidor,
pois ele está se valendo de recursos do Estado, deixando assim de
desembolsar dinheiro seu para a atividade privada.

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer


documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

José Morais: “essa conduta pode configurar ato de improbidade


administrativa previsto no art. 9º, inciso XII, da Lei nº 8.429/1992 e
infração disciplinar prevista no art. 117, inciso II, da Lei nº
8.112/1990.”

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Importante observar que é ato de improbidade “usar, em
proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.”

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu


serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

José Morais: “essa conduta pode configurar ato de improbidade


administrativa previsto no art. 11, inciso VII, da Lei nº 8.429/1992.”
Esse inciso da lei de improbidade assim prevê: “revelar ou
permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar
o preço de mercadoria, bem ou serviço”.
Além disso, ainda que não prevista essa conduta no rol dos atos
de improbidade, o uso de informações privilegiadas em benefício
próprio implica em grave violação ao dever de lealdade às instituições.

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;

José Morais: “essa conduta pode configurar justa causa para


rescisão do contrato de trabalho quando se tratar de servidor regido
pela Consolidação das Leis do Trabalho, conforme art. 482, letra “f”,
desse estatuto.”
Na Lei nº 8.112/90, essa conduta poderia representar
“incontinência pública” a ensejar a demissão do servidor, nos termos do
art. 132, V, da lei.

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a


honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a


empreendimentos de cunho duvidoso.

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Esses são típicos exemplos de atos da atividade privada que
influenciam na imagem do sujeito como um servidor público. Um
delegado de polícia, por exemplo, não pode estar envolvido com o jogo
do bicho ou com fazendas que exploram o trabalho escravo. Um
servidor do Ministério do Meio Ambiente não pode se associar àquele
que explora madeira ilegalmente.
Esses são apenas alguns exemplos em que o servidor estaria
incorrendo em vedação ética ao ligar seu nome à instituição que atenta
contra a moral ou ao exercer atividade profissional aética.
Com base nesses ensinamentos, vamos à seguinte questão:

Questões de
concurso

16. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) Cláudio é servidor


público e, para aumentar a sua renda, comercializa, em seu ambiente
de trabalho, mas fora do horário normal de expediente, cópias de CDs e
DVDs. Nessa situação, a conduta de Cláudio não pode ser considerada
imprópria ao serviço público, pois envolve uma atividade que não
guarda relação direta com as atribuições de seu cargo.
É vedado ao servidor:

b) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

O servidor não pode usar do seu cargo para obter favorecimento


em seu comércio, sem contar que ele está vendendo cópias de CD e
DVD, o que proibido por lei.
Gabarito: Errado.

17. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) É vedado ao servidor


público alterar o teor de documentos recebidos e que devam ser
encaminhados para providências, ainda que motivado por seu espírito

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de solidariedade e com a intenção de corrigir equívoco de forma ou de
conteúdo.
Como estudado em aula, é vedado ao servidor:

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para


providências;

Tal conduta pode ainda configurar crime de falsidade ideológica


previsto no art. 299 do Código Penal.
Gabarito: Certo.

4. Comissões de Ética

Em todos os órgãos da Administração Pública Federal que


exerçam atividades delegadas pelo poder público devem existir uma
Comissão de Ética.
Algumas peculiaridades sobre aplicação encontram-se no
Decreto Lei 6.029/2007. O artigo 5º desse decreto estipula que cada
Comissão de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de 1994, será
integrada por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre
servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo
dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não
coincidentes de três anos.
Resumindo:

• 3 titulares + 3 suplentes
• Servidores/empregados do
quadro permanente
FORMAÇÃO DA • Designação do dirigente
máximo
COMISSÃO DE ÉTICA
• Mandatos não coincidentes = 3
anos

O Decreto nº 1.171/94 prevê apenas uma competência da


Comissão de Ética, qual seja, a de fornecer, aos organismos

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encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e
fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios
da carreira do servidor público.
As principais competências da Comissão de Ética, entretanto,
estão previstas no Decreto nº 6.029/07.
A primeira que devemos destacar é a de apurar condutas em
desacordo com as normas éticas.
E essa apuração pode ser iniciada tanto de ofício ou a partir do
recebimento de uma denúncia.
Outra importante competência dessa comissão é a sua atuação
como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de
seu respectivo órgão ou entidade ou para dirimir dúvidas a respeito da
interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos.
Também não podemos deixar de mencionar a competência de
acompanhar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação,

capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina.


Essas atribuições, acrescidas de outras, estão previstas no art.
7º do Decreto 6.029/07, assim redigido:
Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do
art. 2o:
I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de
seu respectivo órgão ou entidade;
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo:
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu
aperfeiçoamento;
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e deliberar
sobre casos omissos;
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as
normas éticas pertinentes; e
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que
estiver vinculada, o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação,
capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina;
III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder
Executivo Federal a que se refere o art. 9o; e
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração
Federal e comunicar à CEP situações que possam configurar descumprimento

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de suas normas.

Assim, não se esqueça que a Comissão de Ética também


funciona como instância consultiva!
Na sua atividade de apuração de condutas em desacordo com
normas éticas, a Comissão de Ética pode aplicar sanção?
ATENÇÃO PARA ESSE PONTO! O inciso XXII do Decreto nº
1.171/94 autoriza a Comissão de Ética a aplicar apenas a pena de
censura.
A fundamentação para a aplicação dessa penalidade constará do
respectivo parecer, assinado por todos os integrantes da Comissão de
Ética, com ciência do faltoso.

Questão de
concurso

18. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) A instituição


de comissão de ética é obrigatória em todos os órgãos da administração
direta do Poder Executivo federal, sendo facultativa nos órgãos da
administração indireta.
Eu disse que em todos os órgãos da Administração Pública
Federal que exerçam atividades delegadas pelo poder público devem
existir uma Comissão de Ética. Mas confira o que diz o Código de Ética:

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica
e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a
ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público,
competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de
censura.

Gabarito: Errado.

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Procedimento

Não podemos encerrar esse tópico sem apresentarmos alguns


aspectos procedimentais do trabalho da Comissão de Ética na
apuração de prática supostamente aética. É bem provável que esse
ponto não seja cobrado em sua prova, pois o edital não prevê a
cobrança do Decreto 6.029/07. Contudo, como o tema está relacionado
à ética do servidor público, melhor pecarmos pelo excesso do que pela
falta de conteúdo – você também deve pensar assim, para não ficar “na
mão” do examinador.
Primeiramente, destacamos que o trabalho da Comissão de Ética
deve ser célere e, nos termos do art. 10 do Decreto 6.029/07, deve
observar os seguintes princípios:

 proteção à honra e à imagem da pessoa investigada;


 proteção à identidade do denunciante, que deverá ser
mantida sob reserva, se este assim o desejar; e
 independência e imparcialidade dos seus membros na
apuração dos fatos, com as garantias asseguradas neste
Decreto.

A proteção à honra, à imagem e à identidade do denunciante se


justifica na medida em que uma apuração de infração ética investigará,
em última análise, se o servidor praticou ato contrário à moral, ao
dever de probidade ou à dignidade. Além disso, numa fase
investigatória, não há culpado até que se ultime o devido processo
legal, com a participação do acusado, que poderá oferecer defesa e
produzir provas.
Assim, não haverá declaração de ocorrência de ato aético até
que se ultime o procedimento. Se não há essa conclusão no curso do
processo, não se pode divulgar o nome do servidor envolvido. Por isso o

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processo deve seguir com a chancela de “reservado”, até que esteja
concluído.
Isso, contudo, não quer dizer que o processo é sigiloso para o
próprio investigado. Pelo contrário! Ele pode saber de tudo! Confira o
seguinte dispositivo do Decreto nº 6.029/07:

Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o


direito de saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o teor da
acusação e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo
que ainda não tenha sido notificada da existência do procedimento
investigatório.
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos
autos e de certidão do seu teor.

Entrando, agora, de forma efetiva no procedimento, repetimos


que ele começa de ofício ou em razão de denúncia fundamentada.
Essa denúncia pode ser oferecida por qualquer cidadão, agente
público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de
classe.
Interessante notar que poderá figurar como investigado não só o
servidor ou o agente público, mas também o órgão ou setor específico
de ente estatal.
Em respeito ao contraditório e à ampla defesa, o investigado
será notificado para se manifestar, por escrito, no prazo de 10 dias.
Além da manifestação por escrito nesse prazo, o investigado
poderá também produzir provas documentais.
O Decreto nº 6.029/07 não prevê a possibilidade de produção de
prova testemunhal, mas como bem observa MORAIS (2009, p. 120),
“existem fatos que somente podem ser provados mediante prova
testemunhal. Nessas hipóteses, por certo, a prova testemunhal há de
ser admitida, sob pena de violação do contraditório e da ampla defesa,
garantias que esse mesmo Decreto afirma devam ser asseguradas”.

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A Comissão de Ética, por outro lado, tem autonomia para
requisitar documentos que entender necessários à instrução probatória,
podendo, até mesmo, solicitar parecer de especialista.
Sempre que juntados aos autos algum documento pela Comissão
de Ética, o investigado deve ser notificado a se manifestar sobre ele
também no prazo de 10 dias.
Concluída a instrução processual, a Comissão de Ética proferirá
decisão conclusiva e fundamentada.
Se a Comissão concluir pela falta ética, poderá aplicar apenas a
sanção de censura, como vimos acima.
Mas é só isso que a Comissão pode fazer, professor? Caso seja
verificado que o servidor recebeu dinheiro para editar um ato
administrativo, ele vai ficar impune?
Calma, meu amigo. Eu falei que a única sanção aplicável
diretamente pela Comissão de Ética é a censura.
Contudo, o Decreto nº 6.029/07 autoriza a Comissão de Ética a
tomar as seguintes medidas:

 Se o investigado é ocupante de cargo ou função de confiança,


a Comissão pode encaminhar sugestão de exoneração do
mesmo à autoridade superior;
 Encaminhamento do processo à Controladoria-Geral da União
ou às unidades específicas de correição nos órgãos ou
Ministérios, para exame de eventuais transgressões
disciplinares;
 Recomendação de abertura de procedimento administrativo,
se a gravidade da conduta assim o exigir.

Como se vê, a Comissão, por ato próprio, só pode aplicar a


censura. Contudo, se o fato for grave, ela pode encaminhar os autos à
autoridade competente para inaugurar o processo disciplinar ou

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recomendar a exoneração do ocupante de cargo em comissão ou,
ainda, recomendar a abertura de processo administrativo.
A esse respeito, veja o que a obra publicada pela ESAF conclui
(MORAIS, 2009, p. 118):

Quando uma Comissão de Ética constatar que os fatos submetidos à sua


análise configuram, em tese, ilícito de natureza penal ou civil, ato de
improbidade administrativa ou infração disciplinar, deve encaminhar cópia dos
autos às autoridades competentes para apurar infrações dessa natureza, sem
prejuízo das medidas de sua competência (art. 17 do Decreto no
6.029/2007). Isso significa dizer que as Comissões de Ética devem sempre
apurar os fatos submetidos à sua apreciação que, em tese, configurem
infração de natureza ética, independentemente de configurarem, também,
ilícitos de outras naturezas.

Repare bem para o que foi dito na parte final do quadro: “as
Comissões de Ética devem sempre apurar os fatos submetidos à sua
apreciação que, em tese, configurem infração de natureza ética,
independentemente de configurarem, também, ilícitos de outras
naturezas”.
Assim, se a questão afirmar que não será apurado o fato
supostamente aético pela Comissão de Ética se esse fato já estiver
sendo apurado por uma comissão disciplinar em um processo
administrativo disciplinar, a questão estará errada!

5. Resumo da aula

Meu caro, se você ler esse resumo na semana que antecede a


prova, você vai refrescar o seu cérebro e toda a matéria apresentada
nessa aula virá como um raio na hora de responder as questões do
concurso. Siga essa dica e sucesso!
Agora, se você não estudou nossa aula e acha que vai passar
lendo só esse ponto da aula: boa sorte.

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Quanto aos princípios, não se esqueça: o regime jurídico
administrativo está fundado, basicamente, sobre dois princípios: o da
supremacia do interesse público sobre o privado (ou princípio do
interesse público) e o da indisponibilidade, pela administração, dos
interesses públicos.
O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é
limitado pela proporcionalidade, ou seja, o ato praticado pelo
administrador só será legítimo se o meio utilizado por ele for adequado
para atender ao fim perseguido.
O segundo ponto que você deve saber sobre os princípios da
Administração Pública é a palavra LIMPE, ou seja, a sigla que designa
os princípios constitucionais expressos no caput do art. 37 da
Constituição.
O princípio da legalidade significa subordinação da
Administração às imposições legais. A Administração Pública só pode
realizar, fazer ou editar o que a lei expressamente permite.
Segundo o princípio da impessoalidade a Administração não
pode praticar qualquer ato com vistas a prejudicar ou beneficiar
alguém, nem a atender o interesse do próprio agente, o agir deve ser
impessoal, pois os agentes públicos devem visar, tão somente, o
interesse público. O princípio da impessoalidade se confunde com o da
finalidade e da isonomia (=igualdade).
O princípio da moralidade impõe ao administrador o dever de
sempre agir com lealdade, boa-fé e ética. Não se esqueça da súmula
vinculante nº 13:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na
Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

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Princípio da publicidade: impõe “transparência aos atos
administrativos, sob pena de ineficácia, ressalvadas as hipóteses de
sigilo previstas em lei”. Em certos casos a CF impõe o sigilo. São eles:
para proteger a intimidade do indivíduo (art. 5º, X) e para promover a
segurança da sociedade e do Estado.
Cuidado: há vedação constitucional de se utilizar a publicidade
institucional do Estado para realizar promoção pessoal.
Princípio da eficiência: consagra a busca de resultados
positivos. Passagem de um Estado burocratizado para um Estado
gerencial, focado na persecução de resultados.
Princípio da finalidade: todas as ações da Administração
devem ser praticadas visando o interesse público.
O princípio da finalidade se confunde com o da impessoalidade,
na medida em que ambos caminham para a concretização do que exige
a lei e o interesse público e não a fins pessoais.
Princípio da proporcionalidade: a Administração deve editar
seus atos na medida necessária para alcançar os fins legais. A
proporcionalidade pode ser entendida como o meio adequado (exigível
ou necessário), ou seja, a relação lógica entre o que se busca e o
instrumento que se edita para o resultado. Além disso, há também a
proporcionalidade em sentido estrito.
Princípio da autotutela: a Administração deve exercer o
controle interno de seus próprios atos, anulando-os, quando eivados de
ilegalidade, ou revogando-os, por razões de conveniência e
oportunidade (=mérito).
Vamos agora ao resumo de ética!
IMPORTANTE que você adentre no estudo do Código de Ética
com a definição de “servidor público” trazida no Decreto 1.171/94 em
mente. Veja:
Servidor público, quanto a apuração do comprometimento ético,
é todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato

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jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que
ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder
estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais que exerçam atribuições delegadas pelo poder
público, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do
Estado.
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal lista uma série de “regras deontológicas” que, na
verdade, são valores que se espera que sejam buscados, sempre pelos
servidores públicos no desempenho de suas atividades funcionais.
Afinal, quais são essas regras ou os valores éticos? Vamos a
eles:
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor
público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos,
comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da
honra e da tradição dos serviços públicos.
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal
e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o
oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o
desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o
fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a
moralidade do ato administrativo.

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IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos
pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso
se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se
integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de
sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em fator de legalidade.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-
estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse
trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e,
portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim,
os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a
serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui
requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
negar.
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da
opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade
humana quanto mais a de uma Nação.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao
serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma
pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-
lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem
pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má

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vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às
instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que
dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços
para construí-los.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de
solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou
ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos
usuários dos serviços públicos.
XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e,
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o
acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função
pública.
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de
trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase
sempre conduz à desordem nas relações humanas.
XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura
organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e
de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a
grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da
Nação.
Com relação aos deveres fundamentais, lembramos que eles
são divididos entre os que refletem a integralidade da função pública e
os que refletem as boas maneiras no ambiente de trabalho.
Os do primeiro grupo estão relacionados aos seguintes pontos:
 eficiência no trabalho (cumprindo ordens com rapidez e
segurança) e na prestação dos serviços públicos (não
retardar);

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 bom caráter, cortesia e respeito (ao cidadão e ao chefe);
 resistir às ordens dos superiores contrárias à ética e
denunciá-las;
 “dedurar” atos contrários ao interesse público;
 estudar (para melhorar o serviço e para manter-se
atualizado);
 facilitar a fiscalização e o controle na Administração;
 cautela ao exercer prerrogativas;
 observar nas atividades o interesse público e a legalidade;
 divulgar o Código de Ética
Não se esqueça que o Decreto em estudo afirma que a greve não
afronta a ética, mas o servidor deve zelar, no exercício do direito de
greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança
coletiva. Ou seja, a vida e a segurança pública não podem ser
ameaçadas no exercício do direito de greve do servidor.
Com relação aos deveres do grupo das boas maneiras no
ambiente de trabalho, temos:
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público;
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua
ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente
em todo o sistema;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
exercício da função.
Lembremos agora do estudo das condutas vedadas, que são,
na verdade, um apanhado geral de condutas já reprovadas por leis
penais, por leis que vedam atos de improbidade ou por leis que cuidam
da disciplina do servidor.
XV - E vedado ao servidor público;

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a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo,
posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
para outrem;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores
ou de cidadãos que deles dependam;
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de
sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou
material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu
alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas
hierarquicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor
para o mesmo fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
encaminhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse
particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado,
qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

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m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito
interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou
de terceiros;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
habitualmente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a
moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
empreendimentos de cunho duvidoso.
Com relação à Comissão de Ética, vimos que cada Comissão de
que trata o Decreto no 1.171, de 1994, será integrada por três
membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e
empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente
máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não
coincidentes de três anos.
As principais competências da Comissão de Ética estão previstas
no Decreto nº 6.029/07.
A primeira que destacamos é a de apurar condutas em
desacordo com as normas éticas.
Outra importante competência dessa comissão é a sua atuação
como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de
seu respectivo órgão ou entidade ou para dirimir dúvidas a respeito da
interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos.
Também não podemos deixar de mencionar a competência de
acompanhar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação,
capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina.
E não se esqueça: O inciso XXII do Decreto nº 1.171/94 autoriza
a Comissão de Ética a aplicar apenas a pena de censura.
Não podemos encerrar esse tópico sem apresentarmos alguns
aspectos procedimentais do trabalho da Comissão de Ética na
apuração de prática supostamente aética.

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O processo deve seguir com a chancela de “reservado”, até que
esteja concluído. Isso, contudo, não quer dizer que o processo é sigiloso
para o próprio investigado. Pelo contrário! Ele pode saber de tudo!

Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o


direito de saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o teor da
acusação e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo
que ainda não tenha sido notificada da existência do procedimento
investigatório.
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos
autos e de certidão do seu teor.

Entrando, agora, de forma efetiva no procedimento, repetimos


que ele começa de ofício ou em razão de denúncia fundamentada.
Poderá figurar como investigado não só o servidor ou o agente
público, mas também o órgão ou setor específico de ente estatal.
Em respeito ao contraditório e à ampla defesa, o investigado
será notificado para se manifestar, por escrito, no prazo de 10 dias.
Além da manifestação por escrito nesse prazo, o investigado
poderá também produzir provas documentais e, segundo a doutrina,
testemunhais.
A Comissão de Ética, por outro lado, tem autonomia para
requisitar documentos que entender necessários à instrução probatória,
podendo, atém mesmo, solicitar parecer de especialista.
Sempre que juntados aos autos algum documento pela Comissão
de Ética, o investigado deve ser notificado a se manifestar sobre ele
também no prazo de 10 dias.
Concluída a instrução processual, a Comissão de Ética proferirá
decisão conclusiva e fundamentada.
Se a Comissão concluir pela falta ética, poderá aplicar apenas a
sanção de censura, como vimos acima.
O Decreto nº 6.029/07 autoriza a Comissão de Ética a tomar,
ainda, as seguintes medidas:

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 Se o investigado é ocupante de cargo ou função de confiança,
a Comissão pode encaminhar sugestão de exoneração do
mesmo à autoridade superior;
 Encaminhamento do processo à Controladoria-Geral da União
ou às unidades específicas de correição nos órgãos ou
Ministérios, para exame de eventuais transgressões
disciplinares;
 Recomendação de abertura de procedimento administrativo,
se a gravidade da conduta assim o exigir.
Por fim, as Comissões de Ética devem sempre apurar os fatos
submetidos à sua apreciação que, em tese, configurem infração de
natureza ética, independentemente de configurarem, também, ilícitos
de outras naturezas.

6. Questões comentadas

1. (CESPE-2011-STM-Analista Judiciário) Em situações em que


a administração participa da economia, na qualidade de Estado-
empresário, explorando atividade econômica em um mercado
concorrencial, manifesta-se a preponderância do princípio da
supremacia do interesse público.
2. (CESPE-2011-TJ-ES-Analista Judiciário) O princípio da
legalidade está relacionado ao fato de o gestor público agir somente de
acordo com a lei.
3. (CESPE/2011/TJ-ES/Analista Judiciário) O princípio da
impessoalidade trata da incapacidade da administração pública em
ofertar serviços públicos a todos os cidadãos.
4. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscópico) O concurso
público para ingresso em cargo ou emprego público é um exemplo de
aplicação do princípio da impessoalidade.

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Federal –DEPEN. Teoria e exercícios
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5. (CESPE/IPOJUCA/Procurador/2009) A vedação do nepotismo
não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que
decorre diretamente dos princípios contidos na CF. No entanto, às
nomeações para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas Estadual,
por ser de natureza política, não se aplica a proibição de nomeação de
parentes pelo Governador do Estado.
6. (CESPE-2011-TRE-ES-Técnico Judiciário) Contraria o
princípio da moralidade o servidor público que nomeie o seu sobrinho
para um cargo em comissão subordinado de nepotismo.
7. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscópico) O princípio da
eficiência não está expresso no texto constitucional, mas é aplicável a
toda atividade da administração pública.
8. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil ) Para fins de
apuração do comprometimento ético, entende-se como servidor público
todo aquele que ocupa cargo efetivo na administração pública.
9. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) É dever do
servidor público guardar sigilo sobre assuntos da repartição que
envolvam questões relativas à segurança da sociedade.
10. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico)Fatos e atos relativos à
conduta do servidor no dia a dia de sua vida privada não podem ser
considerados para acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida
funcional, em razão de terem ocorrido ou sido praticados fora do local
de trabalho.
11. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) O servidor público
deve abster-se de exercer sua função, poder ou autoridade com
finalidade estranha ao interesse público, mesmo não cometendo
qualquer violação expressa à lei.
12. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) Para obedecer a seus
superiores, o servidor não poderá abster- se de exercer sua função,
poder ou autoridade, mesmo que a finalidade da ordem por ele recebida
seja estranha ao interesse público.

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Federal –DEPEN. Teoria e exercícios
comentados
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13. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) O servidor que, por
desconhecimento das atualizações legais, pratica ato de acordo com
normas e legislações já alteradas não age em desacordo com o referido
código de ética.
14. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da
Informação) Jair sempre procurou manter-se atualizado com as
instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
público onde exerce suas funções. Nesse caso, o servidor age de acordo
com o que dispõe o mencionado código de ética.
15. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da
Informação) A servidora pública Jane, irritada com o fato de uma colega
ter sido designada para fiscalizar o seu trabalho, não fez nada para
prejudicar ou facilitar o trabalho de fiscalização. Nessa situação, a
atitude de Jane é aceitável, visto que não há qualquer obrigação da sua
parte em facilitar o trabalho de fiscalização.
16. (CESPE - 2008 - TST - Técnico Judiciário) Cláudio é servidor
público e, para aumentar a sua renda, comercializa, em seu ambiente
de trabalho, mas fora do horário normal de expediente, cópias de CDs e
DVDs. Nessa situação, a conduta de Cláudio não pode ser considerada
imprópria ao serviço público, pois envolve uma atividade que não
guarda relação direta com as atribuições de seu cargo.
17. (CESPE - 2011 - EBC – Técnico) É vedado ao servidor
público alterar o teor de documentos recebidos e que devam ser
encaminhados para providências, ainda que motivado por seu espírito
de solidariedade e com a intenção de corrigir equívoco de forma ou de
conteúdo.
18. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) A instituição
de comissão de ética é obrigatória em todos os órgãos da administração
direta do Poder Executivo federal, sendo facultativa nos órgãos da
administração indireta.

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Gabarito:
1. E 10. E
2. C 11. C
3. E 12. E
4. C 13. E
5. E 14. C
6. C 15. E
7. E 16. E
8. E 17. C
9. C 18. E

7. Referências

ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo


Descomplicado. 18ª Ed., São Paulo, Método, 2010.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Intervenção no VI Fórum da
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CAETANO, Marcelo. Princípios Fundamentais de Direito
Administrativo. Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1977.
CARVALHO, Antonio Carlos Alencar. Manual de processo
administrativo disciplinar e sindicância. 2ª Ed. Fórum, Belo Horizonte,
2011.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
Administrativo, 13ª Ed., Lumen Juris Editora, Rio de Janeiro, 2005.
CRETELLA JÚNIOR, José. Prática de processo administrativo. 3ª
Ed. São Paulo, Revista dos Tribunais.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª Ed.
Editora Atlas, São Paulo, 2009.

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Ética no Serviço Público p/ Agente Penitenciário
Federal –DEPEN. Teoria e exercícios
comentados
Prof Daniel Mesquita – Aula 02
GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo, 13ª Ed., Editora
Saraiva, São Paulo, 2008.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo, Tomo I, 3ª Edição,
Salvador, 2007, Jus Podivm.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 23ª
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Administrativo, 27ª Ed., Malheiros Editores, São Paulo, 2010.
MORAIS, José Leovegildo Oliveira. Ética e conflito de interesse no
serviço público, Brasília: ESAF, 2009.
TALAMINI, Daniele Coutinho. Revogação do Ato Administrativo,
Malheiros Editores, 2002.
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24ª edição, São Paulo: Malheiros Editores, 2005.
ZANCANER, Weida. Da Convalidação e da Invalidação dos Atos
Administrativos, 3ª Ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2008.
ZANNONI, Leandro. Direito Administrativo – Série Advocacia
Pública, Vol. 3, Ed. Forense, Rio de Janeiro, Ed. Método, São Paulo,
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Informativos de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em
www.stf.jus.br, e do Superior Tribunal de Justiça, em www.stj.jus.br.

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