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Deste modo, através de uma perspectiva da antropologia, seus estudos mostram a

realidade do Brasil. Em Relativizando, sua forma de ler a realidade social corresponde a uma
valiosa forma de introduzir a antropologia social. Ao lado desta visão mais compreensiva do homem
em sociedade, Da Matta procurou construir esta obra com uma linguagem simples, mostrando
exemplos e ilustrações tiradas diretamente da sua experiência pessoal e da  sociedade brasileira.
A obra corresponde uma perspectiva e um ponto de vista daquilo que, Da Matta
ver, como o coração da disciplina Antropologia Social. O básico desta postura é uma
visualização encontrada todas as vezes que ocorre a relação entre o implícito com o
explícito e se relativiza o familiar e o exótico, ele utiliza esta noção em sua obra. A obra
“relativizando” trata-se de uma atitude positiva e valorativa, expressa pelo autor,
quando pretende entender de forma honesta o exótico, o distante e o diferente, o
“outro”.
No inicio do livro aborda pesquisas sobre os Apinayé e os Gaviões. Começa
discorrendo sobre a antropologia no campo das ciências, constituindo comparando as
ciências sociais e ciências naturais. Sendo estas compostas por acontecimentos que se
repetem, e por isso as teorias podem ser examinadas, enquanto aquelas, as ciências
sociais; estudam com fatos complexos, almeja observar fatos realizados pelos homens, e
fatos que não estão mais acontecendo entre nós, ou que não podem ser reproduzidos em
condições controladas, ainda que possam ser realizadas observações. São atos, que
podem acontecer em diferentes locais, por isso pode haver modificações do se
significado.
Conforme Da Matta; a antropologia social tem três campos de interesse
determinados: uma delas é o estudo do homem enquanto ser biológico, com um
caminho evolutivo definido. Essa é a área da chamada antropologia biológica, ou física.
O segundo campo está relacionado ao estudo do homem no tempo, por meio das
cristalizações, marcas das suas relações sociais e valores naquilo que utilizou durante o
tempo, que corresponde ao estudo arqueológico. O terceiro campo é a antropologia
social, cultural ou etnologia, que ultrapassa estudo do homem que produz e transforma a
natureza é a maneira de ver do homem enquanto componente de uma sociedade e de um
dado princípio de valores. A expressão da compreensão do mundo real sob a qual se
acha.
Da Matta discute sobre os fatores biológicos que são diferentes dos sociais,
aonde se expõe que o biológico é alguma coisa inerente, que a consciência não controla,
o homem apenas dar respostas aos fatores naturais.
A obra ainda discute a diferença entre social e cultural, sendo os dois,
interligados. A cultura é uma tradição, que é transmitida de geração a geração, o que
torna uma sociedade singular, distinta da outra. Pode haver cultura sem sociedade, por
meio de cristalizações, artefatos deixados por ela. Entretanto não há uma sociedade sem
cultura, necessária para individualizá-la. O social e cultural estão relacionados, mas
nenhum reproduz totalmente o outro. O antropólogo social dar início aos seus estudos
através da observação dos sistemas sociais, compreendendo-os e, portanto abordando os
valores.
Da Matta ainda aborda a “fábula das três raças” ou o “problema do racismo à
brasileira”, com a finalidade de apresentar como o ponto de vista sociológico acha
oposição na sociedade brasileira, pelo motivo de teorias deterministas, como as racistas.
Na sociedade brasileira o indígena, o afrodescendente e o europeu correspondem
a um esquema de um triangulo, onde se vinculam, compondo outras, o negro e o índio
sendo à base do triângulo e o branco o ápice. Essa vinculação acontece por que na
sociedade brasileira ocorre uma hierarquização natural, na qual o branco vai estar
sempre em condições de superioridade. Nos Estados Unidos não importa se o negro, ou
o índio tenha riqueza, eles nunca serão iguais ao branco.
Outra discussão da obra é em relação ao método para fazer o trabalho de campo
na antropologia social, Da Matta defende que o antropólogo deve aprender a ouvir o
nativo, e a enxergar os costumes como o “selvagem” percebe, para compreender a
lógica da sociedade a partir da perspectiva dele.
Uma das dificuldades que os pesquisadores enfrentam ao realizarem a pesquisa
de campo é o rito de passagem, no qual acontece isolamento do pesquisador de sua
sociedade e passa a fazer parte de outra, acontecendo uma ressocialização, deixando os
seus preconceitos, por meio da assimilação dos costumes do outro grupo social,
transformando o exótico em familiar e o familiar em exótico. Da Matta utilizou o
familiar como alguma coisa que poderia ser parte do universo social habitual. Para
transformar o familiar em exótico é necessário que haja um questionamento para
posicionar os acontecimentos do mundo habitual à distância, do mesma maneira ocorre
com o exótico, encontrando nele o conhecido e o familiar.
No epílogo Da Matta descreve sobre suas experiências, porque ele decidiu ser
antropólogo social, como ele realizou as suas atividades de campo, mencionando os
estudos feitos com a tribo Apinayé, com a tribo dos Gaviões e descreve sobre os grupos
Jê do Brasil Central.
Ao defender a relativização, Da Matta entra em choque com as ideias
etnocêntricas. Desta forma, a possibilidade de haver uma compreensão do “outro, na sua
forma de agir, pensar, sentir, sem que haja preconceitos, centralizando nas diferenças,
sem hierarquização.
Nisso consiste a transformação do familiar em exótico e do exótico em familiar,
desenvolvida pela prática etnográfica do trabalho de campo; ou seja, trata-se da
possibilidade de reconhecer na cultura do “outro”  formas diferenciadas de soluções
para problemas comuns aos homens e, ao mesmo tempo, de descobrir, quando se olha
para a própria cultura, certo grau de falta de visão cultural por estarmos habituados a ver
como natural o social e o histórico a partir dos “pré-conceitos” e ideias etnocêntricas.

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