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Cordeiro
2023.1
PIELONEFRITE AGUDA:
➢ Introdução:
É a infecção aguda sintomática, geralmente bacteriana, dos rins e da pelve renal. Pode ser não
complicada ou complicada: a primeira ocorre em pacientes com o trato urinário estruturalmente e
neurologicamente normal. Já as ditas complicadas são quando acometem indivíduos com anormalidades
funcionais ou estruturais do TU. O microrganismo mais comum é a Escherichia coli e a via mais comum de
contaminação é a partir da uretra, pela via ascendente. Outros germes incluem: Klebsiella, Proteus,
Pseudomonas, Serratia, Enterobacter e Citrobacter. Enterococcus e S. Aureus são mais raros.
➢ Fatores de risco: Sexo feminino; Atividade sexual; História de ITU prévia; Diafragma com
espermicidas; Menopausa; Não secretor do grupo sanguíneo; Anormalidades renais funcionais ou anatômicas;
Diabetes; Imunossupressão; Gravidez;
➢ Quadro clínico:
- Dor progressiva nos flancos de início abrupto e irradiação para fossa ilíaca.
- Fadiga e queda do estado geral;
- Febre (38-40°) com calafrios e taquicardia; origem em órgão parenquimatoso.
- Prostração;
- Náuseas e vômitos; ocorrem devido a inervação comum do TGI e TGU.
- Evidências de contração de volume;
- Sinal de Giordano: patognomônico;
- Sintomas do trato urinário inferior como disúria, polaciúria e urgência miccional (geralmente
surgem antes do quadro exuberante, já que se trata de uma infecção por via ascendente).
➢ Diagnóstico:
- EAS, cultura e antibiograma. Os principais achados que sugerem infecção são piócitos,
bactérias e nitrito positivo. Com esses achados há 90% de chance de ter ITU
- Exames de imagem: o principal objetivo é afastar processos obstrutivos. USG: é o primeiro
exame a ser solicitado. Veremos um aumento do tamanho do rim e alteração na ecogenicidade do parênquima
renal. TC: raios, alteração da densidade do parênquima renal, borramento da gordura perirrenal e alteração da
perfusão. Cintilografia com DMSA: pode ser feito no acompanhamento para avaliação das escórias renais.
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Algumas infecções podem gerar dilatação do sistema coletor sem a presença de obstrução.
Geralmente são infecções causadas por bactérias anaeróbicas produtoras de gás.
➢ Tratamento:
Não existe uma regra no tratamento oral x venoso. O plano deve ser
individualizado, levando em consideração a gravidade da doença, a presença
de náuseas e vômitos, estado geral do paciente, suporte clínico em casa e
possibilidade de seguimento médico.
➢ Complicações
As principais são sepse e abscesso renal. Em crianças a fibrose e diminuição da função renal s~ão
critérios importante. Se não houve melhora clínica após início de antibioticoterapia adequada, em 72h, sempre
pesquisar abscesso renal. O exame de escolha para pesquisa é a TC (sinal em “anel”). Os pacientes com DM,
litíase, bexiga neurogênica e gravidez possuem maior chance de evolução para abscesso renal.
ABSCESSO RENAL:
O abscesso renal pode ocorrer por via retrógrada ascendente por gram negativos (é a mais comum;
bexiga > rim > pielonefrite > formação de abscesso) ou por via hematogênia. É menos frequente a ocorrência
pela via hematogênica e os germes relacionados a essa via são estafilococos (nesse caso o abcesso é chamado
de carbúnculo renal) e estreptococos com origem cutânea.
O quadro clínico pe semlhante a própria pielonefrite, com febre, calafrios, dor no flanco, náuseas e
vômitos e sintomas baixos. Por isso, o que irá nos nortear é a imagem. A evolução do abscesso renal é para
abscesso perirrenal (ou perinéfrico) e paranéfrico, pois eclode e tende a invadir a região em volta do rim.
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Nos casos de abcesso perinéfricos podemos ter sintomas pleurais como derrame e dor pleurítica, além
de massa na região do flanco e eritema cutâneo.
Esses quadros complicados podem ainda evoluir para uma pionefrose ou hidronefrose infectada.
Situação de possível destruição parcial ou total do parênquima renal com perda de função e risco de vida. O
quadro clínico é composto de febre alta, calafrios, dor no flanco, histórico de cirurgias, litiase e einfecções. O
trtamento é feito com drenagem e atbterapia e por vezes nefrectomia total. São pcts de mau prognóstico.
CISTITE AGUDA:
É a principal apresentação de infecção do trato urinário na mulher. A idade mais prevalente é a idade
adulta, nos pacientes com vida sexual ativa. E a principal via de infecção é a via ascendente. A bactéria mais
comum é a E. coli. Nesses casos não complicados teremos um trato urinário normal.
O diagnóstico é clínico e se for uma primoinfecção não há necessidade de exames. Se for um quadro
de reinfecção (+1 num semestre ou +2 num ano) devemos estudar melhor com EAS, cultura e antibiograma.
Geralmente a hematúria da pielonefrite é microscópica, e a hematúria da cistite é microscópica ou
macroscópica.
O tratamento pode ser feito com levofloxacina (500 ou 750mg) dose única ou durante 3 dias;
sulfametoxazol-trimetoprim durante 5 dias; nitrofurantoína durante 5-7 dias.
Na investigação das infecções recorrentes temos que na bacteriúria não resolvida vamos fazer um
tratamento adequado baseado no antibiograma já que a terapia empírica não foi resolutiva. Na persistência
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bacteriana temos que estudar e retirar, muitas vezes cirurgicamente, a fonte da infecção. Na reinfecção
devemos fazer a prevenção clínica ou até tratamento cirúrgico. A profilaxia pode ser feita por atb
(nitrofurantoína ou bactrim em doses menores ou até mesmo após as relações sexuais), estriol intravaginal (se
há hipoestrogenismo), suco de cranberry, supositórios intra-vaginais de lactobacilos (se há alterações da flora),
vacinas e. coli e etc. Recomendar sempre ingestão hídrica, não prender a urina e urinar após as relações sexuais
BACTERIÚRIA NA GESTAÇÃO:
• Introdução:
Representa manifestações clínicas variadas, desde uma bacteriúria assintomática até uma infecção
renal grave podendo evoluir para sepse. As formas de disseminação bacteriana são: ascendente, hematogênica,
linfatogênica e extensão direta.
A pielonefrite pode levar a complicações fetais: trabalho de parto pré-termo, recém-nascidos de baixo
peso, rotura prematura das membranas ovulares, restrição de crescimento intrauterino, paralisia cerebral,
retardo mental na infância, além do óbito perinatal. Por isso a bacteriúria assintomática deve sempre ser tratada
➢ Diagnóstico:
É definida como duas culturas com 100.000 ou mais unidades formadoras de colônia por ml.
Recomenda-se a urocultura no pré-natal ao menos duas vezes em momentos distintos. Geralmente se faz
urinocultura na 1º consulta e na 16º semana.
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➢ Tratamento:
CISTITE NA GESTAÇÃO:
Deve-se orientar sobre higiene e ingesta hídrica. Tratar fatores predisponentes (anemia e infecções
genitais). Após o tratamento, realizar urocultura de controle 7 dias após o término da antibioticoterapia.
• PIELONEFRITE NA GESTAÇÃO:
É comum na segunda metade da gravidez e mais à direita (por dextrorotação do útero), sendo a forma
mais grave de ITU em gestantes. Ocorre como evolução da bacteriúria assintomática não tratada, podendo
evoluir para sepse, choque séptico e insuficiência respiratória. Está associada ao trabalho de parto prematuro,
crescimento uterino restrito, infecção perinatal e óbito fetal e neonatal.
➢ Quadro clínico:
➢ Tratamento:
É definida como a ocorrência de dois ou mais episódios em 6 meses ou três ou mais em um ano. O
tratamento deve ser feito com antibioticoterapia profilática.
➢ Controle de cura:
- Melhora clínica;
- Se em 48 horas não houver resposta terapêutica, deve-se trocar o antibiótico, baseado na urocultura
e no antibiograma;
➢ Controle do tratamento:
➢ Quimioprofilaxia:
* Reduz em até 95% da recorrência de infecção e deve ser acompanhado com uroculturas mensais.
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• Introdução:
A pielonefrite é a infecção bacteriana que mais comumente causa febre de origem obscura em
crianças abaixo de dois anos. Igualmente importante na abordagem diagnóstica de neonatos com suspeita de
ITU é realizar a ultrassonografia morfológica do trato urinário durante a gestação, à procura de anormalidades.
➢ Cascata de eventos:
ITU → multiplicação de patógenos nas vias urinárias (desde o meato uretral até o parênquima renal)
→ inflamação local.
A ITU na infância merece atenção especial, sendo que o objetivo final deve ser a erradicação. Pois,
levam a complicações agudas e crônicas, dentre elas: disseminação sistêmica (sepse), lesão do parênquima
renal, HAS e insuficiência renal.
- Clearance bacteriano / lavagem bacteriana no ato miccional: necessita de uma perfeita integridade
anatomofuncional.
- Condições urinárias que inibem o crescimento bacteriano: baixo pH, alta concentração de ureia e
amônia, lisozima, IgG e IgA.
➢ Fatores de risco:
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- Sexo feminino: fatores anatômicos como o comprimento curto da uretra e a sua proximidade com
a região perineal tornam as meninas particularmente vulneráveis à infecção urinária.
- Não circuncisados: nos meninos, a pele prepucial facilita a colonização da glande peniana,
favorecendo a ascensão de bactérias pela uretra e instalação de ITU.
- Refluxo vesicuretral: o refluxo de urina da bexiga em direção aos ureteres e rins impede o
clareamento microbiano adequado, facilitando a permanência e ascensão destes germes através do urotélio.
• Epidemiologia:
- Meninos: até 1 ano de vida (é a única fase da vida que é mais frequente no sexo masculino). Ocorre
mais comumente naqueles não circuncidados. Relação (meninos/meninas): 2,8-5,4 para 1.
- Meninas: a época de maior incidência é ao redor de 5 anos pois ainda há treinamento do controle
esfincteriano. Após o primeiro ano de vida, a prevalência entre os sexos é 1:10 (meninos/meninas).
• Quadro clínico:
- Pielonefrite aguda: febre, dor lombar ou abdominal, sinal de Giordano positivo, mal-estar, náuseas,
vômitos e ocasionalmente diarreia.
- Cistite: polaciúria, disúria, estrangúria, incontinência urinária, dor suprapúbica, alterações na cor,
volume e odor da urina.
- Sepse ou toxemia;
- Alterações da temperatura;
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- Distensão abdominal;
- Irritabilidade;
O que chama atenção é dor a palpação abdominal, urina com odor fétido e choro às micções, já que
as manifestações clínicas são inespecíficas nessa classe.
Nos pré-escolares, escolares e adolescente, os sinais se tornam mais típicos de infecção do trato
urinário.
- Estrangúria e enurese;
- Náuseas e vômitos;
• Diagnóstico:
Nas crianças, há dificuldade diagnóstica, pois os sintomas são inespecíficos e os métodos confiáveis
são invasivos (como punção suprapúbica e cateterismo vesical).
Os meios de coleta são: - Cateterismo vesical; - Saco coletor; - Punção supra-púbica. A partir da
coleta, faz-se EAS, urinocultura e TSA.
➢ Tipos:
- USG renal; - Uretrocistografia miccional: exame invasivo contrastado da bexiga e uretra, que
pesquisa refluxo vesicoureteral (é a patologia mais comum nas crianças do sexo feminino entre 1 e 5 anos de
idade).- Urografia excretora; - Cintilografia: a cintilografia com tecnécio marcado é pouco disponível e
dispensável na maioria dos casos. Mas, afirma com segurança o comprometimento do parênquima. - Estudos
urodinâmicos;
➢ Indicação:
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• Tratamento:
- ITU não complicada, baixa e afebril (cistite ou uretrite): tratamento ambulatorial VO. O tratamento
pode ser alterado caso não tenha melhora clínica após 48 horas.
Recém nascido com sepse urinária + comprometimento do estado geral → tratamento IV hospitalar.
Criança > 1 mês com ITU febril + bom estado geral → tratamento VO ambulatorial.
Cefixima VO
Amoxacilina-clavulanato VO
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- Bacteriúria assintomática:
Criança sadia sem qualquer indicio de lesão renal ou anormalidade anatômica e funcional → não
deve ser tratada.
• Quimioprofilaxia:
É utilizada para ITU recorrente em casos selecionados: refluxo ureteral grave; uropatia obstrutiva;
cálculo renal; bexiga neurogênica.
• Prognóstico:
A cura espontânea é rara, sendo que o prognóstico depende do tempo do diagnóstico e se houve a
correção dos fatores predisponentes. Geralmente, nas formas não complicadas o prognóstico é bom. A
pielonefrite crônica pode levar a sequelas permanentes, como HAS e insuficiência renal crônica.
PROSTATITE:
➢ Introdução:
Está associada com ITU, principalmente as formas recorrentes. É incomum em jovens. Tem início
súbito de sintomatologia sistêmica e urinária. Acontece infiltração inflamatória com edema e hiperemia.
➢ Etiologia:
Única ou polimicrobiana. A maioria dos casos ocorre por E.coli. Outras bactérias gram negativas
(Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Pseudomonas e Serratia spp.) também podem levar à infecção. Os
enterococos são pouco frequentes, anaeróbios e gram positivos são raros. A via de contaminação mais comum
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é a via uretral. Se há um refluxo intra-prostático, ocorrerá uma proliferação bacteriana nos ácinos prostáticos.
➢ Quadro clínico:
Febre (a próstata é um órgão parenquimatoso, por isso causa febre), calafrios, mal estar geral,
artralgia e mialgia, dor perineal > retal > lombar e sintomas irritativos (polaciúria, urgência e disúria). É um
pct que procura o pronto socorro com retenção urinária. A dor é majoritariamente perineal mesmo que se
irradie para região lombar eventualmente. Se esse pct ejacular/transar, terá dor no ato.
Ao toque retal: próstata aumentada de volume, edemaciada, dolorosa, temperatura local aumentada.
É preciso ressaltar que o toque retal nos pcts com esse quadro deve ser feito (quando feito) de forma muito
cuidadosa já que a próstata é parenquimatosa e está infectada. Se o órgão estiver amolecido e o examinador
fizer uma mobilização vigorosa da região pode ocorrer bacteremia e consequente sepse urinária. O toque não
é necessário para o diagnóstico, o diagnóstico é clínico.
➢ Diagnóstico:
- Teste de Mears & Stamey (não pode ser feito na prostatite aguda, só na prostatite crônica)
Esse exame determina a origem da dor que o paciente está apresentando ao urinar (se é da uretra, da
próstata ou da bexiga). São colhidos 4 frascos de urina: o jato inicial (U1), o jato médio (U2), a secreção
prostática (SP) e o jato após massagem prostática ou masturbação (U3). É um exame feito nos casos de disúria
indeterminada. Se há alteração no primeiro jato é provável que a injúria seja na uretra. Se há no jato médio,
bexiga. Se há na secreção prostática e/ou jato após massagem prostática, próstata.
Essa alteração consiste na contagem de nº de colônia. Se em U1 > 10 piócitos por campo. U2 com o
dobre de piócitos de U1. SP com cultura positiva. U3 com mais piócitos que U1. (trecho adaptado da transcrição antiga).
➢ Tratamento
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Ao chegar um paciente no pronto socorro com prostatite bacteriana aguda e retenção urinária aguda,
deve-se evitar a manipulação da próstata com passagem de cateterismo via uretral. Então nesses casos, deve-
se fazer a cistostomia suprapúbica. Em casos selecionados ou quando a cistostomia não for possível, pode-se
fazer o cateterismo uretral, mas sempre evitar a manipulação da próstata. Nesse caso usar um cateter mais
fino, calibre 16, para evitar atrito e dano prostático. “Se no toque retal há dor não deve-se passar cateter uretral”
Se o pct se encontra com sepse, imunodeprimido ou com retenção urinária devemos fazer internação
hospitalar. Para a atbterapia pareteral dispomos de quinolonas, ampicilina e aminoglicosídeos.
O abcesso prostático quando ocorre é também por e. coli. Ao toque pode-se perceber uma flutuação.
O diagnóstico é feito por USG, mas lembrar que não se pode fazer por via transretal devido a disseminação
bacteriana. A TC também pode ser feita. O tratamento consiste em drenagem e atbterapia.
A crônica tem um quadro mais arrastado: dor/desconforto perineal (que o paciente não sabe
caracterizar muito bem), sem febre, próstata normal ao toque e sem alterações na USG. O paciente apresenta
disúria (mais comum) e polaciúria, como desconforto urinário importante, e também uma dor perineal que o
incomoda e faz com que procure atendimento médico. Além de dor ao ejacular.
O tratamento da prostatite bacteriana crônica é mais prolongado (no mínimo 30 dias) do que o
tratamento da prostatite bacteriana aguda. Algumas vezes há necessidade de ressecção da próstata para abrir
os ácinos e tratar a infecção crônica da próstata, que causa bastante desconforto.
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- É rara. Existem 3 tipos: específica (fúngica ou viral) e inespecífica. A inespecífica pode ainda
ser subdivida em eosinofílica (reação alérgica exacerbada ao antígeno) e não eosinofílica (reação anormal ao
líquido prostático extravasado).
- Sintomas: são agudos, com febre, calafrios e sintomas irritativos. Ao exame físico, a próstata
encontra-se endurecida, firme e fixa.
- Diagnóstico: biópsia prostática. É um diagnóstico de exclusão.
- Tratamento: antibiótico; corticoide (eosinofilica). Se não houver resposta ao tratamento, está
indicada a ressecação.
ORQUITES E EPIDIDIMITES:
➢ Introdução:
Síndrome (conjunto de sinais e sintomas) escroto agudo: uma das patologias que devem ser
lembradas é a orquiepididimite (processo inflamatório infeccioso do epidídimo e testículo). Além disso,
devem ser lembrados: trauma testicular, tumores testiculares, torção do cordão espermático, torção dos
apêndices (epididimário e testicular), hidrocele e varicocele.
• Epididimite:
A epididimite aguda é mais comum que a orquiepididimite. O mais comum, então, é que a infecção
ocorra no epidídimo e a partir daí pode disseminar para o testículo (epididimite > orquite). Uma exceção é a
caxumba, que acomete inicialmente o testículo, podendo evoluir para acometimento do epidídimo.
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➢ Quadro clínico:
- Dor na região da bolsa testicular + aumento de volume do epidídimo + espessamento do cordão inguinal.
➢ Diagnóstico:
- USG: mostrará a hidrocele, espessamento do epidídimo e testículo normal. Deve ser feito sempre.
➢ Tratamento:
- Atbterapia (de acordo com a idade/patógeno, de 10 a 14 dias) + anti-inflamatório + repouso.
Pode ser utilizado gelo também.
➢ Complicações:
- Formação de abcessos e infertilidade.
• Informações gerais sobre as orquiepididimites: (informações não abordadas na aula exceto as grifadas)
➢ Diagnóstico:
- Dor escrotal intensa, que pode irradiar para a região inguinal e para o flanco: principal
manifestação.
- Aumento da bolsa testicular ou hidrocele;
- Uretrite, cistite ou prostatite, que podem se apresentar antes ou concomitante à dor escrotal;
- Ao exame físico: bolsa escrotal aumentada e vermelha, dificuldade em distinguir epidídimo e
testículo no período de infecção aguda;
➢ Diagnóstico:
- Hemograma e bioquímica dos parâmetros de inflamação: leucocitose com desvio para esquerda
nos casos bacterianos; linfocitose com leucopenia nos casos virais.
- Testes diagnósticos para N. gonorrhoeae (coleta do material uretral para coloração por gram e
cultura) e C. trachomatis (sorologia IgM e IgG).
- Coloração por Gram e cultura de urina;
- Sorologia para sífilis: principalmente FTAbs.
- Teste para HIV;
- Confirmação diagnóstica: USG com doppler da bolsa escrotal (epidídimo aumentado com
aumento do fluxo sanguíneo e hidrocele reativa); cintilografia com radionuclídeo (pouco utilizada por menor
disponibilidade nos serviços de emergência). Essa hidrocele (presença de líquido acumulado entre as túnicas
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vaginal e parieral) que acontece nesses processos inflamatórios infecciosos é reacional e tende a regredir com
o tratamento.
➢ Diagnóstico diferencial:
O diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com torção testicular aguda e trauma. A
presença de fluxo sanguíneo à ultrassonografia com doppler ou a captação de marcadores no centro do
testículo exclui torção. Na torção é possivel tentar a detorção manual (movimento de abrir o livro) bitesticular.
O sinal de Prehn é positivo quando há melhora da dor com a elevação do testículo. Porém esse sinal
positivo não exclui com certeza a torção. Muitas vezes, os pacientes com orquiepididimite não deixam ser
examinados, pois é um processo muito doloroso.
A USG é um exame que ajuda muito nas patologias da bolsa testicular. A USG com doppler tem um
valor muito importante quando há hipervascularização ou ausência total de fluxo. Porém, quando há
hipovascularização, gera uma dúvida entre
orquiepididimite e torção. Na dúvida, trata
como torção (tratamento cirúrgico). Se tratar
como orquiepididimite e for uma torção, o
paciente perde o testículo.
O exame ideal para diferenciar essas 2 patologias é a cintilografia (no processo inflamatório, há uma
captação muito grande de radionuclídeos), mas nem sempre é disponível.
➢ Tratamento: