Você está na página 1de 7

Universidade do Estado de Santa Catarina – Docente: Profª Drª Marta Kolh

UDESC Discente: Heloisa Cozer Sete


Departamento de Enfermagem – DEnf
Estagio Curricular Supervisionado II – 2020/2

Atribuições do Enfermeiro no CSF

No Brasil, a atuação das atribuições especificas exercidas pela enfermagem é


disposta no Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.498,
de 25 de junho de 1986 (NEVES, 2019). Sem fazer disfunção entre o trabalho do
enfermeiro no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) e os demais níveis de atenção
à saúde, está exposto no decreto que

o exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei nº


7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é
privativo de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e
Parteiro e só será permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de
Enfermagem da respectiva região (DECRETO Nº 94.406/87).

Segundo do Art. 6º da Lei nº7.498/86, são enfermeiros:

I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos


termos da lei;

II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira


Obstétrica, conferido nos termos da lei;

III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma


ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente,
conferido por escola estrangeira segundo as leis do país, registrado em
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como
diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;

IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de


Enfermeiro conforme o disposto na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387,
de 28 de março de 1961.

Tal decreto citando anteriormente, Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961,


“regulamenta o exercício da enfermagem e suas funções auxiliares no território
nacional”, dos quais os mesmos, citados no Art. 2º, são:

a) observação, cuidado e educação sanitária do doente da gestante ou do


acidentado;

b) administração de medicamentos e tratamento prescrito por médico;


c) educação sanitária do indivíduo da família e outros grupos sociais para a
conservação e recuperação da saúde e prevenção das doenças;

d) aplicação de medidas destinadas á prevenção de doenças.

Incluso no Art. 3º presente no Decreto citado anteriormente, os indivíduos


titulados por enfermeiro têm tais direitos:

a) os portadores de diploma expedido no Brasil, por escolas oficiais ou


reconhecidas pelo Gôverno Federal, nos têrmos da Lei nº 775, de 6 de agôsto
de 1949 e seu regulamento;

b) Os diplomados por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis de sue país


e de padrão de ensino equivalente ao estabelecimento no Brasil, após a
revalidação de seus diplomas e registro nos têrmos do Art.1º;

c) Os portadores de diploma de enfermeiro, expedido pelas escolas ou cursos


de enfermagem das fôrças armadas nacionais e fôrças militarizadas, depois
de aprovados nas disciplinas e estágios obrigatórios constantes do currículo
estabelecido pelo regulamento da Lei nº 775-49 aprovado pelo Decreto nº
27.426, de 14 de novembro de 1949, devidamente discriminados por
instruções a serem baixadas pelo Ministério da Educação e Cultura;

d) as pessoas registradas como tal no têrmos dos artigos 2º e 5º do Decreto


20.931, de 11 de janeiro de 1932, e, ate, a promulgação da Lei número 775,
de 6 de agôsto de 1949, aquelas a que se refere o art. 33 parágrafo 2º do
Decreto nº 21.141, de 10 de março de 1932.

Mas assim como o profissional da enfermagem possui direitos, como presente


no Art. 3º, o Art. 14º consolida tais deveres para todo o pessoal da enfermagem

a) respeitar fielmente as determinações prescritas pelo médico;

b) comunicar ao médico as ocorrências do estado do paciente, havidas em sua


ausência;

c) manter perfeita anotação nas papeletas clinicas de tudo quanto se


relacionar com o doente e com a enfermagem;

d) prestar aos pacientes serviços pessoais que lhes proporcionem higiene e


bem-estar, mantendo um ambiente psicológico e físico que contribua para a
recuperação da saúde;

e) cumprir, no que lhes couber os regimentos, instruções e ordens de serviço


específicos da organização em que servirem.

Descrito pelo Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul (2008), o enfermeiro da


Saúde Coletiva desenvolve sua prática em diversas áreas, como estas a assistência de
enfermagem individual, atividades educativas, coordenação de cargos técnicos da
Vigilância Epidemiológica. Além destas já descritas, há também ações relativas ao
gerenciamento da equipe de enfermagem e participação com a equipe de saúde no
planejamento, coordenação e avaliação das ações de saúde (Núcleo de Telessaúde Rio
Grande do Sul, 2008).

Roecker, Budó e Marcon (p. 642, 2011) relatam em seu artigo que a Estratégia
Saúde da Família prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde da
população, de forma integral e contínua, e são desenvolvidas por meio de uma equipe
mínima composta pelo médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico em enfermagem e
Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Segundo Gonçalves (p. 7, 2011), para o melhor gerenciamento de uma Unidade


Básica de Saúde (UBS), com garantia de sucesso de suas ações, necessita-se de um
profissional com conhecimentos e habilidades. Para isto, o que melhor se encaixa é o
enfermeiro, mesmo que sem uma indicação formal, do qual as atividades envolvem
tomadas de decisões e ações administrativas (GONÇALVES, p. 7, 2011).

Além do já afirmado, Gonçalves (p. 7-8, 2011) também relata que, apesar de
assumir ações gerenciais de uma UBS, as atividades assistenciais não são desvinculadas
do enfermeiro, resultando em um acúmulo de funções, que causam sobrecarga
prejudicial ao desenvolvimento de seu trabalho.

Da Silva (p. 72, 2012) afirma que “o gestor também tem de ser hábil para
compor consensos e alianças socialmente construídas, contrapondo-se à racionalidade
gerencial burocratizada, normativa e tradicional”. Para a excelência dos trabalhos
desenvolvidos pela equipe multidisciplinar de saúde, o enfermeiro gerencial tem por
obrigatoriedade

gerenciar, liderar e organizar a operacionalização das ações de sua equipe de


enfermagem, planejando e coordenando as atividades desenvolvidas durante
o período de trabalho, controlando o tempo de realização e dirigindo os
integrantes de sua equipe, delegando atividades a serem desenvolvidas para
melhor satisfazer as necessidades do usuário atendido (MENEGAZ e
VILLAÇA, p. 2, 2015).

Explícito no Protocolo Para Assistência de Enfermagem na Atenção Básica


ESF/UBS (p. 51-52, 2012), são atividades assistenciais do enfermeiro

a. Realizar investigação das doenças sob vigilância epidemiológica no nível


individual e coletivo, solicitando os exames de acordo com a patologia em
evidência.

b. Realizar consulta de enfermagem para identificar e avaliar suspeitos e


casos sob controle das doenças sob vigilância, determinando e executando as
condutas de enfermagem requeridas.
c. Realizar acompanhamento dos pacientes em tratamento de tuberculose.
Solicitar baciloscopia de escarro para sintomático respiratório.

d. Realizar acompanhamento de pacientes com hanseníase, assim como


proceder teste de sensibilidade e exame de baciloscopia do suspeito.

e. Aplicar e supervisionar medidas preventivas e de controle das doenças sob


vigilância conforme normas vigentes: - indicação, conservação e controle de
prazo de validade de vacinas do Programa Nacional de Imunização (PNI); -
planejamento, coordenação, execução, avaliação das campanhas vacinais; -
vacinação de bloqueio; - quimioprofilaxia para doenças transmissíveis; -
indicar profilaxia para raiva humana, conforme preconizado pelo manual do
Prefeitura Municipal de Americana Estado de São Paulo.

f. Visitas domiciliares e convocações a pacientes de risco e faltosos às ações


programáticas.

g.Busca ativa de casos para diagnóstico precoce.

h.Prevenção de incapacidades

i. Contatos com instituições da área para que a unidade seja referência para as
doenças sob vigilância.

j. Acompanhar equipe de vigilância sanitária em inspeção a estabelecimentos


de manipulação de alimentos, creches, escolas, asilos, locais de trabalho e
outras instituições.

k. Notificar casos ou óbitos suspeitos e confirmados de doenças sob


vigilância, utilizando os instrumentos e fluxos de informações do SVE
(sistema de vigilância epidemiológica).

Rezende (2016) afirma o profissional da área da enfermagem desenvolve um


papel de fundamental na modalidade de assistência à saúde, um dos elos da comunidade
com o serviço de saúde, já que são os responsáveis por trabalhar com a vinculação e
proximidade com a população, além de escutar os problemas e anseios dessa população.

Sendo tão importantes quanto, algumas das atividades educativas de


competência do enfermeiro são realizar e participar de capacitações da equipe de
enfermagem de acordo com as necessidades e ações de vigilância, participar de
discussões com a população sobre os problemas de saúde e alternativas de soluções
conjuntas e realizar atividades educacionais para grupos específicos ou instituições
(AMERICANA, p 53, 2012).

Analisando Roecker, Budó e Marcon (p. 642, 2011), além do que aprendemos ao
longo da graduação, entendemos que as ações educativas em saúde são atividades
voltadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando à
melhoria da qualidade de vida e saúde. Os mesmo afirmam que
A educação em saúde pressupõe uma combinação de oportunidades
que favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção, não entendida
somente como transmissão de conteúdos, mas também como a adoção de
práticas educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução de
sua vida. Desse modo, educação em saúde nada mais é que o pleno exercício
de construção da cidadania.

Atividades educativas nada seriam sem as atividades investigativas realizadas


em conjunto com a equipe de ESF, que, em contato com a população, tornam possíveis
atividades educativas para resolução dos mesmos quanto relação aos problemas
enfrentados pelos clientes.

REFERÊNCIAS

NEVES, Úrsula. As atribuições do enfermeiro nas unidades básicas de saúde. Portal


PEBMED, 2019. Disponível em: https://pebmed.com.br/as-atribuicoes-do-enfermeiro-
nas-unidades-basicas-de-saude/. Acesso em: 19 fev. 2021

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. DECRETO N 94.406/87. Regulamenta


a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e
dá outras providências. DECRETO N 94.406/87, Brasília: Conselho Federal de
Enfermagem, ano 1987, 30 mar. 1987. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html. Acesso em: 19 fev. 2021.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CASA CIVIL SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS


JURÍDICOS. Lei nº 7.498/1986., de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a
regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. LEI No 7.498,
DE 25 DE JUNHO DE 1986., Brasília, ano 1986, 25 jun. 1986. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm. Acesso em: 19 fev. 2021

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CASA CIVIL SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS


JURÍDICOS. Lei nº 50.387/1961., de 28 de março de 1961. Regulamenta o exercício da
enfermagem e suas funções auxiliares no território nacional. DECRETO No 50.387, DE
28 DE MARÇO DE 1961., Brasília, ano 1961, 28 mar. 1961. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D50387.htm. Acesso em: 19
fev. 2021.

GONÇALVES, Sirlane Maria de Souza. PAPEL DO ENFERMEIRO NA UNIDADE


BÁSICA DE SAÚDE: ASSISTÊNCIA A SAÚDE OU GERÊNCIA DE AÇÕES?.
2011. 41 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Especialização em Atenção
Básica em Saúde da Família) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
MG, 2011. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2899.pdf. Acesso em: 19 fev.
2021.

MENEGAZ, Layhanna Jacomel; VILLAÇA, Leda Maria de Souza. O ENFERMEIRO


NA GESTÃO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE - REVISÃO DA
LITERATURA. Revista da Saúde da Ajes, Juína, MT, v. 1, ed. 1, 2015. Disponível
em: https://www.revista.ajes.edu.br/index.php/sajes/article/view/112. Acesso em: 19
fev. 2021.

DA SILVA, Fernanda Henrique Cardonia. A ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS


COMO GESTORES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE. Rev. Gest. Sist. Saúde,
[s. l.], v. 1, ed. 1, p. 67-82, 2012. Disponível em:
http://www.revistargss.org.br/ojs/index.php/rgss/article/view/5. Acesso em: 20 fev.
2021.

NÚCLEO DE TELESSAÚDE RIO GRANDE DO SUL. Quais são as rotinas básicas de


enfermagem que devemos implementar em uma unidade de saúde coletiva?. BVS
Atenção Primária em Saúde, [s. l.], 4 ago. 2008. Disponível em:
https://aps.bvs.br/aps/quais-sao-as-rotinas-basicas-de-enfermagem-que-devemos-
implementar-em-uma-unidade-de-saude-coletiva/. Acesso em: 20 fev. 2021.

DE REZENDE, Wilma Braga. O que faz o enfermeiro na ESF – Estratégia Saúde da


Família?: Conheça a importância da Enfermagem na atenção primária à saúde no texto
da enfermeira Wilma Lucia Pereira sobre ESF – Estratégia Saúde da Família. IESPE, [s.
l.], 30 ago. 2016. Disponível em: https://www.iespe.com.br/blog/o-que-faz-o-
enfermeiro-na-esf-estrategia-saude-da-familia/. Acesso em: 20 fev. 2021.

PREFEITURA MUNICIPAL DE AMERICANA (Americana, SP). SECRETARIA DE


SAÚDE. 2012. PROTOCOLO PARA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA
ATENÇÃO BÁSICA ESF/UBS, Americana, SP: Secretaria Municipal de Saúde, 2012.
Disponível em: http://www.saudeamericana.com.br/portal/downloads/prt_enfermagem.
Acesso em: 21 fev. 2021.

ROECKER, Simone; BUDÓ, , Maria de Lourdes Denardin; MARCON, Sonia Silva.


Trabalho educativo do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família: dificuldades e
perspectivas de mudanças. Rev Esc Enferm USP, [s. l.], v. 46, ed. 3, p. 641-649, 20
out. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n3/16.pdf. Acesso em:
21 fev. 2021

Você também pode gostar