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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED


Bacharelado em Biblioteconomia e Gestão da Informação

AMANDA MACHADO CABRAL


BRUNA BEATRIZ DE MOURA VIEIRA
LARISSA CARVALHO DE SOUSA PARAÍSO
LUISA CRUZ PINTO
MANOELA GHIDI ESMERALDINO
MARIA DO SOCORRO BAPTISTA BARBOSA

O BIBLIOTECÁRIO, O LIVRO E A BIBLIOTECA: trajetórias históricas e


perspectivas.

Florianópolis, 2019
AMANDA MACHADO CABRAL
BRUNA BEATRIZ DE MOURA VIEIRA
LARISSA CARVALHO DE SOUSA PARAÍSO
LUISA CRUZ PINTO
MANOELA GHIDI ESMERALDINO
MARIA DO SOCORRO BAPTISTA BARBOSA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED

O BIBLIOTECÁRIO, O LIVRO E A BIBLIOTECA: trajetórias históricas e


perspectivas.

Trabalho elaborado como requisito parcial para


aprovação nas disciplinas História do Livro e da
Biblioteca e Normalização I, ministradas pelas
professoras Fernanda Sales e Andreia Sousa da
Silva, ambas da 1ª Fase do Curso de Bacharelado
em Biblioteconomia e Gestão da Informação.

Florianópolis, 2019
AMANDA MACHADO CABRAL
BRUNA BEATRIZ DE MOURA VIEIRA
LARISSA CARVALHO DE SOUSA PARAÍSO
LUISA CRUZ PINTO
MANOELA GHIDI ESMERALDINO
MARIA DO SOCORRO BAPTISTA BARBOSA

O BIBLIOTECÁRIO, O LIVRO E A BIBLIOTECA: trajetórias históricas e


perspectivas.

Trabalho elaborado como requisito parcial para


aprovação nas disciplinas História do Livro e da
Biblioteca e Normalização I, ambas da 1ª Fase do
Curso de Bacharelado em Biblioteconomia e
Gestão da Informação.

APROVADO EM: _____/______/2019

PROFESSORAS AVALIADORAS

______________________________________________________
Professora Dra. Fernanda Sales (UDESC)

______________________________________________________
Professora Ms. Andreia Sousa da Silva (UDESC)

Florianópolis, 2019
RESUMO

Este trabalho foi pensado como uma pesquisa bibliográfica acerca do Bibliotecário, do Livro e
da Biblioteca. No decorrer da pesquisa, surgiu a necessidade se se fazer algumas pesquisas de
campo, entrevistando pessoas sobre o conceito que elas têm de livro, e a visão que existe sobre
a função de uma biblioteca. Baseadas nos escritos de Silveira (2014), Nunes; Carvalho (2016),
e outros autores (as) pesquisados, tivemos como objetivo um levantamento histórico acerca dos
três focos de nosso trabalho, e o finalizamos apontando algumas perspectivas acerca do que se
pode esperar em um futuro que se vislumbra problemático diante de tudo que se enfrenta hoje
no país.
Palavras-chave: Bibliotecário. Livro. Biblioteca. História. Perspectivas.
ABSTRACT

This paper was thought as a bibliographic research about the Librarian, the Book and the
Library. During the research the need of interviewing people on their view about the book, and
their conception on the library, made necessary a field research. Based on the writing of Silveira
(2014), Nunes; Carvalho (2016), and other researched authors, we had, as objectives, to make
a historical survey about the three focus of our work, and we ended pointing out some
perspectives about of what it is possible to expect in a future that is coming in a problematic
way before everything that we face nowadays in this country.
Keywords: Librarian. Book. Library. History. Perspectives.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Líber....................................................................................................................................... 12
Figura 2: A palavra "livro" em diversos idiomas. ................................................................................. 19
Figura 3: Página Inicial do Project Gutenberg ...................................................................................... 21
Figura 4: Livros X E-books ................................................................................................................... 21
Figura 5: Como publicar seu livro......................................................................................................... 24
Figura 6: Placa de Argila da Biblioteca de Nínive. ............................................................................... 26
Figura 7: Ilustração imaginária da Biblioteca de Alexandria. ............................................................... 27
Figura 8: Biblioteca acorrentada. Chelsea, Londres, Reino Unido, a biblioteca medieval, contendo uma
"Bíblia de Vinagre" de 1717, um presente de Sir Hans Sloane............................................................. 28
Figura 9: Iluminura do século XII representando a torre e o scriptorium do mosteiro de São Salvador
de Tábara, na Espanha........................................................................................................................... 29
Figura 10: Pesquia do Conselho Federal de Biblioteconomia, 2013..................................................... 33
Figura 11: Suzanne Briet (1894-1989) .................................................................................................. 35
Figura 12: Benjamin Franklin (1706-1790) .......................................................................................... 35
Figura 13: Lewis Carroll (1832-1898) .................................................................................................. 36
Figura 14: Laura Bush (1946 - ) ............................................................................................................ 36
Figura 15: Jorge Luís Borges (1899 - 1986) ......................................................................................... 37
Figura 16: Giocomo Casanova (1725 - 1798) ....................................................................................... 37
Figura 17: Johann Wolfgang Von Goethe (1749 - 1832) ...................................................................... 38
Figura 18: Bárbara Gordon, a Batgirl.................................................................................................... 38
Figura 19: CAL, Inteligência Artificial da Série Doctor Who (Computação Gráfica). ........................ 39
Figura 20: Ian Wolfe representando Atoz, da Série Star Trek .............................................................. 39
Figura 21: Lucien, personagem de Sandman. ...................................................................................... 40
Figura 22: Jocasta Nu, bibliotecária de Star Wars: the clone wars. ................................................... 40
Figura 23: Anthony Stewart Head representando Rubert Giles, da Série Buffy, a caça-vampiros. ...... 41
Figura 24: British Library – Londres (Inglaterra) ................................................................................. 44
Figura 25: Brooklyn Public Library, Brooklyn, New York, United States of America. ....................... 44
Figura 26: Toronto Public Library, Toronto, Ontario, Canada. ............................................................ 45
Figura 27: Biblioteca Pública de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. ...................... 45
Figura 28: Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil. ........................................................................ 49
Figura 29: Calvin e a Biblioteca Escolar 1 ............................................................................................ 50
Figura 30: Calvine a Biblioteca escolar 2 ............................................................................................. 51
Figura 31: Biblioteca Robarts, da Universidade de Toronto, em Toronto, Ontario, Canadá. ............... 55
Figura 32: Biblioteca da Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil. ...... 56
Figura 33: Biblioteca da Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina,
Brasil. .................................................................................................................................................... 56
Figura 34: Biblioteca Acorrentada. ....................................................................................................... 58
Figura 35: Cabinet de lecture - Representado em uma pintura de Johann Peter Hasenclever, The
Reading room ........................................................................................................................................ 59
Figura 36: Bookless library - Biblioteca Digital Nacional da Coréia, em Seoul. Também conhecida
como dibrary (digital + library) ............................................................................................................. 59
Figura 37: Learning Resource centre - Aldham Robarts LRC, Universidade de Liverpool John Moores
University, Inglaterra ............................................................................................................................ 60
Figura 38: Espaço de Learning commons - Biblioteca Tec de Monterrey, Cidade do México ............ 60
Figura 39: Biblioteca verde - Biblioteca nacional de Cingapura. ......................................................... 61
Figura 40: Biblioteca médica - Biblioteca nacional de medicina dos Estados Unidos, Bethesda,
Maryland. .............................................................................................................................................. 61
Figura 41: Biblioteca de sementes – Svalbard global seed vault, Arquipélago Svalbard ..................... 62
Figura 42: Proprietary library – British Museum, Londres, Inglaterra, 1 ............................................. 62
Figura 43: Proprietary library – British Museum, Londres, Inglaterra - 1 ............................................ 63
Figura 44: Cinemateca – Cinemateca Portuguesa: Museu do cinema, Lisboa, Portugal. ..................... 63
Figura 45: Respostas da pesquisa feita pelo aplicativo AMINO. .......................................................... 64
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa Etária dos Participantes .............................................................................................. 13


Gráfico 2: Respostas para a pergunta "Você gosta de Ler?" ................................................................. 14
Gráfico 3: Resposta para a pergunta "Com que frequência você costuma ler?" ................................... 16
Gráfico 4: Respostas da pergunta "Você prefere Livros, Séries, Filmes ou Desenhos?"...................... 17
Gráfico 5: Resposta para a pergunta: "Se você gosta de ler, qual o seu gênero favorito?" ................... 18
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Diferentes Definições de "Livro" ......................................................................................... 12


Quadro 2: Definições de "Livro" para os participantes da pesquisa online .......................................... 15
Quadro 3: Respostas para a pergunta: "Caso você não goste de ler, poderia nos falar por quê?"......... 17
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 O LIVRO .............................................................................................................................. 11
3 O BIBLIOTECÁRIO .......................................................................................................... 25
4 A BIBLIOTECA .................................................................................................................. 42
4.1 A BIBLIOTECA PÚBLICA ........................................................................................ 42
4.2 A BIBLIOTECA NACIONAL .................................................................................... 46
4.3 A BIBLIOTECA ESCOLAR ....................................................................................... 49
4.4 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA .......................................................................... 51
4.5 OUTROS TIPOS DE BIBLIOTECA .......................................................................... 57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 66
10

1 INTRODUÇÃO

Como pensar o livro, a biblioteca e o bibliotecário em tempos tão complexos? Há várias


formas de refletir sobre isso. A minha favorita é ver a biblioteca como a Buffy, a caça-
vampiros1, a vê: o lugar onde se pesquisa para combater o mal, que, nos dias de hoje, é a
ignorância, a intolerância, a desinformação. O bibliotecário, neste contexto, é aquele que orienta
o olhar do leitor, sem doutriná-lo.
Este trabalho busca, a partir dessa ideia acerca da Biblioteca e do Bibliotecário, traçar
um apanhado histórico sobre os três elementos cruciais apontados em nosso título: o
Bibliotecário, a Biblioteca e o Livro. Iniciamos nosso levantamento pelo Livro, dos três
provavelmente o elemento mais antigo. Ao discutirmos tal objeto, apresentamos o resultado de
uma pesquisa informal e de um questionário aplicado por meio de um aplicativo online, cujas
respostas nos dão uma ideia de como se situa o leitor contemporâneo. Fizemos também um
levantamento histórico acerca da importância da linguagem, e da própria história da escrita e
do livro.
Na sequência, discutimos a figura do Bibliotecário, mostrando a história de tal
personagem do mundo antigo à idade moderna, falando também do bibliotecário no Brasil, bem
como da regulamentação desta profissão, para, em seguida, apontar curiosidades acerca de
bibliotecários famosos, e mostrando como a ficção retrata este ser tão importante para quem,
como nós, trabalha neste mundo dos livros e das bibliotecas.
Por fim, tratamos das bibliotecas, iniciando pela Biblioteca Pública, apresentando uma
breve história de tal instituição, discutindo também seu papel social nos dias de hoje, passando
pela Biblioteca Nacional, com um breve histórico desta que é a mais importante biblioteca do
país. A seguir, discutimos então a necessidade e importância da Biblioteca Escolar, a partir da
implementação da Lei 12.244, de 24 de maio de 2010, que obriga sua existência em todas as
escolas brasileiras. Passamos então para a Biblioteca Universitária, fazendo também um
levantamento histórico desta que é o local de pesquisa e estudo para muitos estudantes, de todo
o mundo. Finalizamos nosso trabalho apontando vários outros tipos de Biblioteca, tentando
mostrar que todas têm sua função e sua importância em nossa sociedade, apresentando a opinião
de várias pessoas obtidas por meio de outro aplicativo online.

1
Buffy, a caça-vampiros, é uma série de televisão estadunidense de drama sobrenatural criada por Joss Whedon
com a Mutant Enemy Productions e com os posteriores coprodutores executivos sendo Jane Espenson, David
Fury, e Marti Noxon. A série estreou em 10 de março de 1997, no The WB e concluiu em 20 de maio de 2003,
na UPN. Boa parte da narrativa se passa na biblioteca da escola pública onde a jovem estuda.
11

2 O LIVRO

Falar de “livro” faz surgir a pergunta: afinal, o que é um livro? Tentamos responder a
essa pergunta de várias maneiras. A Câmera Mineira do Livro aponta duas definições, tiradas,
segundo o site, de um dicionário:

1. Coleção de folhas de papel, impressas ou não, reunidas em cadernos cujos dorsos


são unidos por meio de cola, costura etc., formando um volume que se recobre com
capa resistente.
2. Obra de cunho literário, artístico, científico etc. que constitui um volume [para fins
de documentação, é uma publicação não periódica com mais de 48 páginas, além da
capa.] (CÂMERA MINEIRA DO LIVRO, 2015, online).

O site aponta ainda várias outras definições de livro, o que indica a complexidade de
definir tal termo. É interessante perceber, na segunda acepção da CML, a definição da
quantidade de páginas apropriadas para que um material impresso seja um livro, diferenciando-
o de outros tipos de texto. Acreditamos que tal definição seja bastante relativa, pois alguns
livros, como o livro infanto-juvenil Não posso ter o que eu quero, de Alina Perlman, tem
apenas 32 páginas, e a coletânea de poemas de guerra, War Poems on the Underground: 1914-
1918, editado pelo Conselho Britânico, tem somente 25 páginas, mas não há como negar que
ambos os objetos citados são livros.
Vejamos outra definição de livro, desta vez segundo o jornalista Sérgio Rodrigues
(2017), da revista Veja online:

O latim liber [...] também significava “escrito, obra literária, tratado”,


segundo o dicionário Saraiva, mas esta era apenas uma acepção
secundária. A primeira, a original, era a de “entrecasca das árvores”.
Liber era, em outras palavras, a membrana vegetal encontrada sob a
casca de certas árvores, na qual se escrevia. Acabou servindo mais tarde
para nomear também a entrecasca do papiro, arbusto egípcio com o qual
se fazia o suporte homônimo, uma espécie de papel grosso que foi o
mais usado para escrever e pintar na antiguidade. Desde o início, por
metonímia, a palavra liber veio a significar ainda a obra, o que assim se
escrevia.

A figura abaixo retrata uma árvore cuja casta foi retirada, apontando a posição do
Floema, também chamado Liber:
12

Figura 1: Líber

Fonte:http://segundocientista.blogspot.com/2015/09/resuminho-da-reproducao-das-briofitas.html

Rodrigues (2017) aponta também que “é curioso observar que o inglês book também
nasceu no reino vegetal, da raiz germânica bok (faia)”, ou seja, a relação entre o objeto “livro”
e o reino vegetal é bem presente, a partir do próprio nome.
Mas definir livro vai bem além disso. Em uma pesquisa informal, conversando com
pessoas, Cabral (2019), observou diferentes definições, que colocamos no quadro a seguir:

Quadro 1: Diferentes Definições de "Livro"


NOME IDADE DEFINIÇÃO
Para mim livros são formas de conhecimento e aprendizagem. A partir da leitura
Luísa 19
é possível transformar pessoas e pensamentos.
Nathália 13 Para mim o livro é um negócio com folhas que você lê.
Fabrícia 39 Livro é uma história.
Livro é um instrumento de conhecimento onde são colocadas informações que
Maria Eduarda 18
ficam lá para outras gerações acompanharem.
Bianca 12 [Livro] é um monte de papel que conta uma história.
Margarida 60 [Livros são] novos horizontes e aprendizado.
[Livro é] um objeto que armazena conhecimento ou uma determinada história
Jaques 31
em um certo número de páginas.

Fonte: Cabral, Pesquisa Direta, 2019.

É possível perceber, no quadro acima, que as opiniões sobre o objeto “livro” são bem
variadas, indo de “formas de conhecimento” a “um negócio com folhas”, mostrando que não
há uma unanimidade quando ao seu papel, ou à sua importância. Mas isso não é de estranhar, a
definição de livro não é unanimidade nem entre grandes escritores, como Jorge Luís Borges
(2011, p. 11), para quem o livro é “uma extensão da memória e da imaginação”, enquanto para
13

Oscar Wilde (2012, p. 5) não “existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal
escritos”, ou, como diria o Padre Antônio Vieira (2016, p. 16), “o livro é um mudo que fala, um
surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e não tendo ação em si mesmo,
move os ânimos e causa grandes efeitos.”
Diante de tantas opiniões diferentes, o que se pode notar, com clareza, é a importância
que os autores dão aos livros, e como todos eles, de diferentes formas, entendem a necessidade
da leitura, sem censura ou proibições. Entre os autores citados, é interessante lembrar que Oscar
Wilde foi preso por homossexualismo, e teve seus livros censurados, por serem considerados
obscenos, fato que não ficou restrito ao autor irlandês, mas que aconteceu muitas vezes no
decorrer da história. Por isso, torna-se pertinente entender sua posição quanto à moralidade ou
não do objeto “Livro”.
Além da pesquisa acima citada, a pesquisadora elaborou um questionário em um
aplicativo online, TypeForm.com, não apenas perguntando a opinião das pessoas sobre o objeto
“livro”, mas com um total de 07 (sete) perguntas, que foram respondidas por 17 (dezessete)
pessoas.
Com relação à faixa etária, as pessoas que participaram da pesquisa estão entre 12 e 67
anos, mostrando uma grande diferença de idade, como podemos perceber no gráfico a seguir:

Gráfico 1: Faixa Etária dos Participantes

Qual a sua idade?

1; 6%
12 a 18 anos
3; 18% 5; 29%
19 a 25 anos
26 a 35 anos
1; 6%
36 a 50 anos
Acima de 50 anos
7; 41%

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

Não podemos afirmar que a diferença de idade seja crucial para determinar as ideias das
pessoas acerca dos livros, mas outras respostas talvez nos deem uma visão mais aprimorada.
14

Perguntados se leem, os participantes tinham a opção de responder “Sim”, “Não” ou “Sempre


fujo para longe quando vejo um livro”. Vejamos como tal pergunta foi respondida no gráfico
abaixo:

Gráfico 2: Respostas para a pergunta "Você gosta de Ler?"

Você gosta de ler?

23% SIM

NÃO
12%
65% Sempre fujo para longe
quando vejo um livro.

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

Percebe-se com clareza que a maioria das pessoas gosta de ler. Cruzando os dados entre
um gráfico e o outro, vamos perceber que não há uma relação direta entre idade e o fato de
gostar ou não de ler, pois há pessoas das diversas faixas etárias se posicionando de uma forma
ou de outra.
Perguntados sobre o que acham que seja um livro, foram obtidas as mais diversas
respostas. É muito importante apontarmos aqui que mesmo as pessoas que afirmaram não gostar
de ler, ou que garantiram fugir sempre que veem um livro, articularam uma opinião sobre tal
objeto, demonstrando, de alguma forma, que entendem a necessidade da existência deste
artefato, mesmo que seja apenas para ficar em uma estante, ornamentando uma bela sala de
estar.
Vejamos as opiniões no quadro a seguir, no qual foi mantida a forma como as pessoas
escreveram, nem sempre da forma considerada acadêmica ou culta. Como não é possível
identificar as pessoas, foram todos denominados “Participantes”, e numerados de 1 a 17:
15

Quadro 2: Definições de "Livro" para os participantes da pesquisa online


NOME IDADE DEFINIÇÃO
Participante 01 25 Vida.
Participante 02 67 O livro é um comunicador de expressão e de sentimentos do autor.
Participante 03 12 É um monte de folhas que formam uma história.
Participante 04 47 Uma viagem.
É tudo aquilo que nos traz algo para imaginar, nos proporcionar conhecimentos
Participante 05 20
e prazer de certo modo.
Participante 06 36 Cultura onde não nos deixamos esquecer.
Uma história escrita na qual existe uma que pode ser lido por diversos olhos,
Participante 07 19
sendo ele, com perspectivas diferentes para uma única escrita.
Um compilado de experiências e emoções que alguém, em algum momento
Participante 08 18
passou por ou pensou sobre.
Participante 09 30 Um objeto repleto de conhecimentos e capaz de ampliar a sua vida.
Um objeto que onde por meio de palavras escritas, consegue transmitir qualquer
Participante 10 17
informação e instigar a imaginação.
É um conglomerado de ideias com a finalidade de contar uma história ou
Participante 11 20
explicar alguma coisa.
O livro é algo que abrange nosso conhecimento e também é uma ótima forma
Participante 12 18
de entretenimento.
Participante 13 19 Uma obra.
Participante 14 45 Conhecimento.
Participante 15 22 Um objeto que contém informações organizadas e sintetizadas de forma coesa.
Uma coisa que se pode ler, podendo se aprofundar num assunto ou não,
Participante 16 13
podendo ser de entretenimento também.
Pra mim livros são formas de conhecimento e aprendizagem, a partir da leitura
Participante 17 19
é possível transformar pessoas e pensamentos.

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

Analisando este quadro, podemos perceber que todos têm opinião formada sobre o livro,
e, mesmo para aqueles que disseram não gostar de ler, o livro aparenta ter alguma importância,
como é o caso do / da Participante 17, que não gosta de ler, afirmou que quase nunca lê, mas
reconhece que livros podem transformar pessoas e pensamentos. No entanto, de todas as
opiniões apontadas acima, a que mais nos chama a atenção é a posição do / da Participante 01,
que afirma o que o livro significa para sua pessoa com uma única palavra: “Vida”. Não nos
cabe aqui entrar em detalhes, até por não sabermos quem é tal respondente, mas não podemos
deixar de notar o quanto o livro tem importância e significado para tal pessoa.
Algumas outras pessoas também foram bem sucintas, com os / as Participantes 04, 13 e
14, com respostas também interessantes: “Uma viagem”, “Uma obra”, “Conhecimento”. Sem
ter como perguntar o que cada uma dessas pessoas quis dizer, o que podemos especular é que
“viagem” tem a ver com o fato de que alguns livros podem nos levar a lugares bem diferentes
sem sairmos fisicamente do lugar, enquanto “uma obra” nos remete mais àquele livro que marca
um leitor como o mais importante de um determinado autor (a), a “obra-prima”.
“Conhecimento” talvez seja mais óbvio, visto que esta é uma premissa básica de quem estuda,
ler para adquirir conhecimento.
16

A quarta pergunta do questionário remete à frequência com que os participantes leem,


havendo cinco opções de resposta: “Sempre”, “Quase Sempre”, “Às vezes”, “Quase nunca”, ou
“Nunca”. Vejamos no gráfico abaixo como se comportam os respondentes da pesquisa:

Gráfico 3: Resposta para a pergunta "Com que frequência você costuma ler?"

Com que frequência você costuma ler?

6% 12%
Sempre
18%
Quase sempre
23% Às vezes
Quase nunca
Nunca
41%

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

É interessante perceber, ao analisarmos este gráfico, que mesmo quem afirmou não ler
ainda o faz, embora tenha respondido que quase nunca se dedica à leitura. A resposta mais
frequente foi “às vezes”, o que indica que até mesmo quem gosta de ler nem sempre o faz com
tanta frequência. Somente 01 (hum) pesquisado respondeu que nunca lê, fato que consideramos
positivo, levando em conta que 04 (quatro) responderam que não gostam de ler.
Quanto à quinta pergunta desta pesquisa pelo aplicativo online, “Você prefere Livros,
Séries, Filmes ou Desenhos?”, é possível perceber que, mesmo quem afirmou gostar de ler, na
hora de escolher entre um livro e uma série, seja da televisão, seja de um serviço de streaming,
como Netflix, a escolha recai sobre as séries. Parece-nos algo muito pertinente aos tempos pós-
modernos, imediatistas, nos quais o ato de ler pode ser visto como algo mais entediante, menos
intenso, enquanto as séries provocam reações mais intensas. Vejamos o gráfico com as
respostas a tal pergunta:
17

Gráfico 4: Respostas da pergunta "Você prefere Livros, Séries, Filmes ou Desenhos?"

Você prefere Livros, Séries, Filmes ou


Desenhos?

12%
29% Livros
12%
Séries
Filmes
Desenhos
47%

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

Conforme já comentamos anteriormente, a escolha dos respondentes recaiu sobre as


séries, ficando os livros em segundo lugar. Filmes e desenhos ficaram juntos, com 12% (doze
por cento) das escolhas. Considerando as comodidades da vida contemporânea, como a
televisão transmitindo filmes quase que diariamente, chega a ser intrigante que poucas pessoas
tenham escolhido o filme como sua forma favorita de entretenimento. Passa-nos a impressão
de que as séries estão no auge, mas isso é apenas uma especulação, uma vez que não cabe, no
escopo deste trabalho, uma análise dessa questão.
A sexta pergunta do questionário, “Caso você não goste de ler, poderia nos falar o por
quê?” obteve as mais variadas respostas, que colocamos no quadro a seguir:

Quadro 3: Respostas para a pergunta: "Caso você não goste de ler, poderia nos falar por quê?"
NOME IDADE RAZÕES PARA NÃO GOSTAR DE LER
Participante 03 12 Porque é entediante.
Falta de tempo, mas se for algo que eu esteja muito motivado, irei devorar em
Participante 08 18
uma semana.
Não consigo ficar parado muito tempo para ler um livro direito, eu até gosto de
Participante 10 17
ler, mas me dá uma agonia no corpo que torna a leitura insuportável.
Participante 11 20 Sou muito hiperativo e dificilmente prendo minha atenção em livros
Participante 15 22 Menos dinâmico
Depende do livro. Se for chato, é por esse motivo mesmo, mas se for
Participante 16 13
interessante eu leio.
Participante 17 19 Preguiça.

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019


18

Como é possível perceber no quadro acima, a principal causa para a não leitura dos
respondentes não é o fato de não gostarem de ler, mas o fato de considerarem o ato da leitura
um ato que exige um corpo parado, sem movimento, o que provoca a sensação de tédio, e
provoca desconforto. Acreditamos que esta é uma visão muito difundida, a leitura como algo
estático, o que afasta muitas pessoas do ato de ler. Falta, a essas pessoas, aquilo que afirma
Paulo Freire (1989, p. 9):

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Sem esse entendimento, de que a leitura é um ato dinâmico, é uma atividade tão física
quanto mental, não é de surpreender que as pessoas a achem entediante, e tenham preguiça de
encarar a leitura de um livro, mesmo de um livro pequeno, como um livro de poesias, por
exemplo.
A sétima, e última, pergunta do questionário, refere-se ao tipo de leitura preferido por
quem admite gostar de enfrentar o desafio da leitura. Vejamos o gráfico que retrata as repostas:

Gráfico 5: Resposta para a pergunta: "Se você gosta de ler, qual o seu gênero favorito?"

Se você gosta de ler, qual o seu gênero favorito?

NÃO RESPONDERAM 2

OUTROS 2

QUADRINHOS 3

INFANTOJUVENIL 1

FICÇÃO CIENTÍFICA 2

SUSPENSE 3

ROMANCE 4

COMÉDIA 0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Fonte: Cabral, pesquisa via TypeForm, 2019

É curioso observar que a maioria das pessoas preferem ler romances, ficando os
quadrinhos e os suspenses em segundo lugar. Como ninguém disse porque gosta de um estilo
ou outro, tudo que podemos fazer é especular, mas consideramos positiva esta preferência por
romances, talvez seja um sinal de que ainda há lugar para o romantismo neste mundo tão
19

complexo, neste momento tão extremista e polarizado. A figura abaixo é somente para mostrar
como podemos dizer “Livro” em diversas linguagens:

Figura 2: A palavra "livro" em diversos idiomas.

Fonte: https://weheartit.com/amanda_almeida89/collections/726681-books

Antes de se pensar em livros da forma como os conhecemos hoje, é necessário


entendermos como se dá a relação entre o surgimento da linguagem, o posterior surgimento da
escrita, e o aparecimento deste objeto mágico, o livro.
Segundo o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1989, p. 35), a linguagem só teria começado

quando as ideias dos homens começaram a estender-se e a multiplicar-


se, e se estabeleceu entre eles uma comunicação mais íntima,
procuraram sinais mais numerosos e uma língua mais extensa;
multiplicaram as inflexões de voz e juntaram-lhes gestos que, por sua
natureza, são mais expressivos e cujo sentido depende menos de uma
determinação anterior.

Considerando que todas as culturas têm uma forma de explicar o surgimento dos
diferentes idiomas, Silva (2007, p. 2) busca também no filósofo francês uma das formas de
explicar tal fenômeno, afirmando que

O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) supôs que a linguagem


humana teria evoluído gradualmente, a partir da necessidade de
exprimir os sentimentos, até formas mais complexas e abstratas. Para
Rousseau, a primeira linguagem do homem foi o “grito da natureza”,
20

que era usado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo
ou como alívio de dores violentas, mas não era de uso comum.

Saindo da linguagem falada, e partindo para a linguagem escrita, os historiadores, em


geral, apontam o surgimento de tal tecnologia por volta de 4.000 a 3.200 a.C., tendo a escrita
alfabética se iniciado aproximadamente em 1.000 a.C. Darnton (2010, p. 39) aponta que, para
alguns pesquisadores, como Jack Goody, “a invenção da escrita foi o avanço tecnológico mais
importante da história da humanidade. Ela transformou a relação do ser humano com o passado
e abriu caminho para o surgimento do livro como força histórica.”
Como um pequeno resumo da história do livro, podemos afirmar que os primeiros
registros remetem a pergaminhos e papiros, na antiguidade. Na idade média, o poder da escrita
era restrito ao alto clero, que censuravam livros que consideravam perigosos, e proibiam
traduções da Bíblia.
No século XV, Gutenberg, com sua prensa de tipos móveis, se torna a figura central na
divulgação e democratização dos livros e do conhecimento. Mas quem pensa que a prensa de
Gutenberg era semelhante às impressoras de hoje, está bastante enganado. O que o tipógrafo
alemão faz é criar formas de facilitar o trabalho de então, permitindo que muito mais livros
sejam impressos, o que vai permitir a tradução e a propagação dos mais diversos livros,
inclusive os proibidos pela Igreja Católica.
Já no século XX, as modificações se acumulam em uma velocidade muito maior. De
acordo com Pluvinage (2015), em 1949, a professora Ângela Ruiz Robles cria o primeiro leitor
automatizado, que foi o precursor dos e-readers atuais. Embora revolucionário, não se pode
afirmar que era um leitor eletrônico, uma vez que o processo era mecânico e os livros eram
impressos, não digitalizados.
O autor afirma ainda que, no final de 1971, começou a se desenvolver o formato que
hoje é conhecido como o livro digital. O estudante Michael Hart, da Universidade de Illinois,
digita a declaração da independência dos Estados Unidos em seu computador e a disponibiliza
para download na ARPAnet (Advanced Research Projects Agency Network; em português:
Rede da Agência para Projetos de Pesquisa Avançada), primeira rede a implementar o conjunto
de protocolos TCP/IP, além de ter sido também uma rede de contradição de pacotes, tecnologias
que deram origem à Internet. O arquivo foi baixado por seis pessoas e é conhecido atualmente
como o primeiro livro digital da história. Foi o início do Projeto Gutenberg, que hoje tem um
acervo gigantesco de livros digitalizados de domínio público. Segundo o próprio site, ele hoje
dispõe de 59.000 livros digitalizados, todos disponíveis para download ou para leitura online.
21

Figura 3: Página Inicial do Project Gutenberg

Fonte: http://www.gutenberg.org/

Pluvinage (2015) afirma ainda que, em 1981, o primeiro livro digital é publicado
comercialmente. O autor americano Stephen King se tornou um dos pioneiros desta tecnologia,
publicando seu livro Riding the bullet através deste método. Nos tempos atuais, vemos a
“disputa” entre livros impressos e digitais, assim como um aumento nos índices de alfabetização
e no número de leitores.

Figura 4: Livros X E-books

Fonte: http://alguemviuumlivroporai.blogspot.com/2017/02/livro-digital-x-livro-fisico.html

Podemos determinar que existem vários tipos de livros, que podem ser classificados
conforme o gênero ou conforme o formato:
Livros conforme o gênero: referem-se ao conteúdo escrito nos livros
22

• Banda desenhada por formato


• Dicionários
• Enciclopédias
• Gramáticas
• Grimórios
• Incunábulos
• Livros digitais
• Livros inacabados
• Narrativas
• Peças de teatro
• Romances
• Sequências de livros
• Entre outros
Livros conforme o formato: referem-se ao método de fabricação ou aparência dos livros
• Anuário
• Artbook
• Big little book
• Livro de bolso
• Cartas
• Cartilha
• Catálogo Raisonné
• Códice
• Compêndio
• E-texto
• Folioscópio
• Monografias
• Entre outros
A classificação acima não é estática, e é possível encontrar vários outros formatos e
gêneros, considerando que sempre é possível pensar outras narrativas, ou outros temas, sobres
os quais se torna necessário escrever e publicar um livro.
Vejamos agora algumas curiosidades sobre livros, retiradas dos sites Poeme-se,
Livraria Nobel, e Só Literatura:
23

• “Um leitor vive 100 vidas antes de morrer. Um homem que nunca lê vive apenas uma”.
Essa é uma das frases mais famosas do livro de George R.R. Martin, “A Dança dos
Dragões”.
• O primeiro livro feito em uma máquina de escrever é do autor Mark Twain, o
Adventures of Tom Sawyer.
• A primeira obra editada no Brasil foi Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga,
em 1808.
• A Irlanda é o único país a dedicar um dia para um livro. Em 16 de junho ocorre o
Bloomsday, em homenagem a Leopold Bloom, protagonista de Ulisses, de James Joyce.
• A Índia é o país que mais lê no mundo, registrando uma média de 10 horas semanais
para cada leitor.
• Em alguns países continua a ser mais barato comprar uma arma do que um livro.
• Os autores mais roubados foram Charles Bukowski, William S. Burroughs, Jack
Kerouac e F. Scott Fitzgerald, que são os autores mais roubados de sempre das livrarias,
segundo um estudo da Vintage Books & Anchor Books.
• “Bibliosmia” é o nome dado ao prazer em que as pessoas sentem ao cheirar livros
antigos.
• William Shakespeare apenas começou a escrever a poesia que nos deleita hoje porque,
devido ao surto de praga que ocorreu na Europa, todos os teatros de Londres foram
fechados entre 1592 a 1594.
• Até hoje, foram produzidos mais de 400 filmes baseados na obra de William
Shakespeare.
Aqui vamos encerrando nossas discussões sobre esse objeto amado por muitos, talvez
odiado por alguns, mas a quem ninguém consegue ficar indiferente, seja no formato impresso,
no papel, com seu cheiro característico, seja no formato digital, na tela de um leitor, de um
computador ou de um tablet. Enquanto houver linguagem, enquanto houver humanidade,
haverá livros.
Para finalizar esta parte de nosso trabalho, incluímos aqui uma imagem que fala sobre
o processo de publicação de um livro. Esperamos que ela sirva de estimula para que cada um
de nós busque não apenas ler, mas também escrever, transformando nossas experiências em
fantasias, e soltando-as pelo mundo.
24

Figura 5: Como publicar seu livro.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2013/04/1261566-criancas-viram-escritoras-saiba-como-publicar-
seu-livro.shtml
25

3 O BIBLIOTECÁRIO

Afinal, quem é esta figura que encontramos sempre que adentramos em uma Biblioteca?
Embora no Brasil tal profissão só tenha sido regulamentada em 1962, conforme discutiremos
adiante, desde a antiguidade mais remota já se falava de alguém que cuidava do espaço
destinado à informação, ao conhecimento.
Martins (2002, p. 282) nos traz a definição de Rouveyre (1899-1900), para quem a
palavra Bibliotecário “designa um funcionário público ou particular encarregado da direção de
uma biblioteca. Deve catalogá-la, cuidar da sua boa administração e da conservação dos livros;
também lhe incumbe a comunicação destes últimos”. Tal concepção, que não se diferencia da
acepção do dicionário, vem se alterando nos tempos contemporâneos, em virtude das próprias
alterações ocorridas no livro e nas bibliotecas. Segundo o Portal do Bibliotecário (2019, p. 1),
a “profissão ganhou novos espaços com o avanço da tecnologia dentro das empresas. Cada vez
mais os profissionais saem dos livros e do papel e conquistam importantes cargos na carreira
digital, como UX (User Experience) e até no combate às Fake News”.
Os sumérios foram a primeira civilização a treinar pessoas para manter registros de
fatos. Os chamados “Mestres dos livros” ou “Guardiões dos tabletes” eram escribas ou
religiosos que eram treinados para lidar com a complexidade dos registros da época. Em 8 a.
C., Assurbanípal cria o primeiro conceito de bibliotecário como profissão, após criar a
biblioteca de Nínive. Seus bibliotecários trabalhavam com tabletes de argila sobre literatura,
história, astronomia, matemática, gramática, linguística, dicionários, registros comerciais e leis.
Todos os tabletes eram organizados e catalogados em ordem lógica por título ou assunto, com
etiquetas de identificação. Segundo Turci (2014, p. 1), a Biblioteca de Nínive é “um dos mais
importantes legados da Mesopotâmia para a história”, e “era composta por uma coleção de mais
ou menos 25 mil plaquetas de argila (material usado para escrita na época), com textos em
cuneiforme, muitos deles bilíngues, em sumeriano e acádico.” A autora afirma ainda que tal
biblioteca “guardava compilações de diversos tipos de texto: cartilhas sobre o mundo natural,
geografia, matemática, astrologia e medicina; manuais de exorcismo e de augúrios; códigos de
leis; relatos de aventuras e textos religiosos.” Nessa biblioteca ficava a famosa Epopeia de
Gilgamesh, narrativa épica que traça as aventuras da figura semilendária Gilmanesh, que teria
sido rei da cidade-estado de Uruk, por volta de 2.700 a. C, e tudo que se sabe a respeito dele se
encontram nessa epopeia, registrada em 12 placas de argila encontradas na Biblioteca de
Nínive. A imagem a seguir mostra uma das placas encontrada na Biblioteca, na qual há uma
lista de sinônimos.
26

Figura 6: Placa de Argila da Biblioteca de Nínive.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/Library_of_Ashurbanipal_synonym_list_tablet.jpg

Dizem as más línguas que Alexandre, o Grande, ficou encantado com a Biblioteca de
Nínive, e resolveu fundar sua própria biblioteca. Sendo isto verdadeiro ou não, o fato é que a
criação da Biblioteca de Alexandria, entre 285-246 AC, foi um marco para a história dos livros
e das bibliotecas, pois disso resultou na criação do Pinakes, uma espécie de catálogo
bibliográfico, feito por Callimachus. Outros bibliotecários presentes nesta biblioteca foram
Demetrius, Zenodotus, Erasthotenes, Apollonius, Aristophanes e Aristarchus, todos grandes
pensadores da época, o que fazia da biblioteca um espaço realmente único.
Segundo Rodrigues et al (2013, p. 84), na Biblioteca de Alexandria “o bibliotecário
tinha um papel muito importante, pois as suas funções transcendiam as obrigações habituais”.
27

Os autores afirmam também que, além de “ser encarregado de reorganizar as obras dos autores,
atuava também como tutor dos príncipes reais, orientando-os nas leituras que deveriam fazer”.
Dessa forma, o bibliotecário tinha um papel de destaque, e “deveria possuir uma cultura
humanista e ser um filólogo”. Não é à toa, portanto, que tantos nomes de peso ali exerceram tal
função.

Figura 7: Ilustração imaginária da Biblioteca de Alexandria.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2307486

Na Idade Média, surgem os monastérios como mantenedores das bibliotecas e


informação, e ocorre a criação e o aumento da popularidade do códex de pergaminho. Além
disso, cria-se o sistema Lectern, por meio do qual os livros eram acorrentados a mesas por
28

motivos de segurança. É dessa época também que começa a organização e classificação de


livros por ordem alfabética, com inventário feito por meio de uma checklist básica. A imagem
abaixo mostra uma biblioteca acorrentada, oriunda do período medieval.

Figura 8: Biblioteca acorrentada. Chelsea, Londres, Reino Unido, a biblioteca medieval, contendo uma "Bíblia
de Vinagre"2 de 1717, um presente de Sir Hans Sloane.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=13015889

Este método viria a ser substituído alguns anos depois pelos Librarius, bibliotecários da
época, que implementaram um método mais complexo e formal de catalogação e organização.
Segundo Rodrigues et al (2013, p. 84), nessa época predominaram as bibliotecas ligadas a
ordens religiosas, tanto no Ocidente, como no Oriente. Para os autores, os “mosteiros e

2
A “Bíblia de Vinagre” é uma versão da Bíblia do Rei James impressa em 1717 por John Baskett, que alcançou o
título de "o mais excelente impressor para sua majestade, o rei", em 1709. Então, por que o apelido, a Bíblia do
Vinagre? O cabeçalho do capítulo 20 de Lucas deveria ter "A parábola da vinha" em vez disso, tem "a parábola
do vinagre", daí o título de “Bíblia do Vinagre”. INTRIGUING HISTORY. The Vinegar Bible. Disponível em:
https://www.intriguing-history.com/the-vinegar-bible/. Acesso em: 15 jun. 2019. (nossa tradução).
29

conventos foram os responsáveis pela preservação da antiga cultura greco-romana e definiam-


se como bibliotecas. Para Santos (2013, p. 6), todos “os grandes mosteiros possuíam um
scriptorium, oficina de copistas em que o trabalho era distribuído aos monges”. Entretanto, não
era possível, ao leitor comum, figura rara em um período de extremo analfabetismo, acessar o
acervo, que era fechado ao público em geral, visto que os monges consideravam que a biblioteca
era a guardiã dos livros.

Figura 9: Iluminura do século XII representando a torre e o scriptorium do mosteiro de São Salvador de Tábara,
na Espanha

Fonte: https://www.intriguing-history.com/the-vinegar-bible/

O ressurgimento das faculdades no século XIV resultou no aumento do número de


bibliotecas universitárias e da contratação de cada vez mais bibliotecários. A realeza e a nobreza
também passaram a montar bibliotecas particulares como sinal de status. De acordo com
Rodrigues et al (2013, p. 84), entre “os séculos XIII e XV, importantes mudanças intelectuais
e sociais afetaram a Europa, uma delas foi o surgimento das universidades”. Tal evento provoca,
como já dissemos, uma necessidade maior de profissionais, tanto para trabalhar nas bibliotecas
que começam a se expandir, como para atender os estudantes universitários. Com essa
30

finalidade, afirma os autores, “foi criado o primeiro catálogo unificado, contendo o nome dos
autores e obras, bem como a indicação das bibliotecas onde poderiam ser encontradas tais
obras”. Santos (2013, p. 8) considera que foi justamente a partir da criação das bibliotecas
universitárias que “o bibliotecário surgiu de fato como o organizador da informação e [...] no
Renascimento consolidou seu papel como disseminador do conhecimento”.
Rodrigues et al (2013, p. 84) apontam ainda que o Renascimento “desperta nos homens
de letras o interesse em organizar bibliotecas com coleções de livros raros e importantes a fim
de aumentar o seu prestígio junto aos seus pares e súditos”. Entre tais “homens de letras”
incluem-se Francisco Petrarca3 e Giovanni Boccacio4, aristocratas europeus, que constroem
bibliotecas com o apoio de papas, da realeza e da nobreza. Estes patronos enviavam agentes
para recuperar manuscritos em monastérios, que eram então levados até as bibliotecas e lá
armazenados. A maioria dos manuscritos eram restritos ao público, mas as bibliotecas em si
eram consideradas públicas.
O século XVI nos traz figuras como Conrad Gessner, naturalista e bibliotecário suíço,
que, segundo Araujo (2017), cria a Bibliotheca Universalis, uma lista com o objetivo de juntar
os nomes de todos os livros já publicados. O autor afirma ainda que

As contribuições de Gesner estão presentes em inúmeras áreas do


conhecimento para além da Bibliografia, como a Botânica, Zoologia,
Medicina, Filologia, Linguística, Teologia, Paleontologia etc. Isto
resulta, na contemporaneidade, em um conjunto de estudos
denominados Estudos Gesnerianos, que se ocupam de investigar as
contribuições de um dos grandes cientistas do período moderno
(ARAÚJO, 2017, p. 67).

Outra figura de destaque da época é Gabriel Naudé, bibliotecário francês, cujo nome é
comumente associado à publicação primeira monografia sobre a profissão de bibliotecário, Avis
pour dresser une bibliothèque (1627). Amorim (2010, p. 12), no entanto, afirma que as
contribuições de Naudé vão muito além deste manual, pois, como aponta a autora, “a maioria
das obras de Gabriel Naudé há rico material de conteúdo político que revela seu pensamento

3
Francisco Petrarca foi um poeta, orador e escritor humanista italiano. Um dos precursores do Renascimento
italiano, bem como o fundador do Humanismo, a Petrarca está atribuída a criação e disseminação da forma fixa
literária chamada “soneto” (poema formado por catorze versos). TODAMATÉRIA. Francesco Petrarca. In:
Literatura. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/francesco-petrarca/. Acesso: 15 jun. 2019.
4
Giovanni Boccaccio foi um intelectual, poeta e crítico de literatura italiano. Ele era filho de um comerciante e,
desde cedo, nutriu o interesse pela literatura. Boccaccio é considerado um humanista. Ele escreveu diversas
obras importantes, entre elas o Decamerão, diversos poemas e biografias. Com sua obra, Boccaccio se tornou o
primeiro autor realista de destaque da literatura universal. GRUPO ESCOLAR. Giovanni Boccaccio. Biografias.
Disponível em: https://www.grupoescolar.com/pesquisa/giovanni-boccaccio.html Acesso em: 15 jun. 2019.
31

filosófico, baseado em uma crítica racional, colocando-o como homem de pensamentos além
de seu tempo”.
Ainda do período iluminista, já no século XVII, citamos John Dury, primeiro teórico
literário escocês, e que, segundo Crippa (2014, p. 82), foi o encarregado da organização da
biblioteca universitária de Oxford durante a revolução inglesa. Para a autora, Dury no século
XVII, assim como Gessner, no século XVI, apresentava “uma forte preocupação à circulação
da informação por meio dos catálogos e, principalmente, o papel essencial do bibliotecário
enquanto mediador”. Ele é também autor de duas cartas sobre os deveres dos bibliotecários,
que foram publicadas sob o nome The reformed librarie-keeper, em 1650.
No mesmo século podemos mencionar também o filósofo e matemático alemão
Gottfried Leibniz, que, em mais de uma ocasião, trabalhou como bibliotecário em algumas
cortes. Em tal função, ele chegou a organizar, como aponta Gomes (2017, p. 42), “catálogos
ordenados sistematicamente, adotando em alguns casos esquemas já desenvolvidos por outros,
como Gesner, Draud e Naudé, seu contemporâneo. Fez um exaustivo estudo das iniciativas de
classificação em bibliotecas”. Embora conhecendo contribuição anterior, Leibniz desenvolveu
seu esquema de forma independente.
É ainda no século XVI que Sir Thomas Bodley cria a Oxford’s Bodleian Library, a
primeira biblioteca funcional dos tempos modernos. No site da biblioteca percebemos que a
Universidade de Oxford já tinha uma grande biblioteca, mas que, sem recursos próprios, estava
em vias de ter suas atividades encerradas, quando Sir Bodley assume consigo mesmo o
compromisso de reorganizá-la e assim fez, modernizando-a a ponto de servir de exemplo para
muitas outras bibliotecas. Em suas próprias palavras:

montei minha equipe na porta da biblioteca em Oxon; estando completamente


persuadido de que, em minha solidão e na superação dos assuntos da Commonwealth,
eu não poderia me ocupar com melhor propósito do que reduzindo aquele lugar (que
então em toda parte estava arruinado e gasto) para o uso público dos estudantes
(BODLEY, Sir. Thomas, 1598, apud UNIVERSITY OD OXFORD, 2019, p. 4)

Ele inspirou uma nova geração de bibliotecários, conhecidos como protobibliothecarius


bodleianus, o que resultou em melhoras nas bibliotecas da época como menor seletividade nos
acervos e a inclusão de livros para o entretenimento.
No século XVIII, na França, Hubert-Pascal Ameihon e Joseph Van Praet selecionam e
identificam mais de 300.000 livros e manuscritos que viraram propriedade do povo na
Biblioteca Nacional da França. Durante a revolução francesa, os bibliotecários se tornaram os
responsáveis pela seleção de livros para o uso de todos os cidadãos da nação. Com essa ação,
32

surge o conceito da biblioteca moderna: a extensão de serviços da biblioteca para o público


geral, independente de condição social ou educação.
Na Idade Moderna, já em meados do século XIX, ocorre a profissionalização da
biblioteconomia, com a criação do primeiro curso da área, em 1887, no Columbia College, hoje
University of Columbia, com a ajuda de Melvil Dewey, que lá trabalhava como bibliotecário
(SANTOS; RODRIGUES, 2013).
Em 1870, mulheres eram encorajadas a se tornarem bibliotecárias, pois se acreditava
que esta era uma profissão ideal para o sexo feminino. Em 1920 o número de bibliotecários do
sexo masculino era igual ao número de bibliotecárias, mas as mulheres se tornaram a maioria
novamente em 1930 e em 1960 ocupavam 60% do mercado de trabalho. Entretanto, mesmo
com uma maioria de mulheres na profissão, cargos de chefia continuam a ser exercidos por
homens (SOUSA, 2014)
No Brasil, a profissão do Bibliotecários foi regularizada pela Lei nº 4.084, de 30 de
junho de 1962, e aqui colocamos alguns de seus artigos mais marcantes:
.
Art 1º A designação profissional de Bibliotecário, a que se refere o quadro das
profissões liberais, grupo 19, anexo ao Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943
(Consolidação das Leis do Trabalho), é privativa dos bacharéis em Biblioteconomia,
de conformidade com as leis em vigor.
Art 2º O exercício da profissão de Bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só será
permitido:
a) aos Bacharéis em Biblioteconomia, portadores de diplomas expedidos por Escolas
de Biblioteconomia de nível superior, oficiais, equiparadas, ou oficialmente
reconhecidas;
b) aos Bibliotecários portadores de diplomas de instituições estrangeiras que
apresentem os seus diplomas revalidados no Brasil, de acôrdo com a legislação
vigente.
Parágrafo único. Não será permitido o exercício da profissão aos diplomados por
escolas ou cursos cujos estudos hajam sido feitos através de correspondência, cursos
intensivos, cursos de férias etc.
(...)
Art 6º São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização, direção e
execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais, municipais
e autárquicas e emprêsas particulares concernentes às matérias e atividades seguintes:
a) o ensino de Biblioteconomia;
b) a fiscalização de estabelecimentos de ensino de Biblioteconomia reconhecidos,
equiparados ou em via de equiparação.
c) administração e direção de bibliotecas;
d) a organização e direção dos serviços de documentação.
e) a execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros
raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de bibliografia e
referência.
Art 7º Os Bacharéis em Biblioteconomia terão preferência, quanto à parte relacionada
à sua especialidade nos serviços concernentes a:
a) demonstrações práticas e teóricas da técnica biblioteconômica em estabelecimentos
federais, estaduais, ou municipais;
b) padronização dos serviços técnicos de biblioteconomia;
33

c) inspeção, sob o ponto de vista de incentivar e orientar os trabalhos de


recenseamento, estatística e cadastro das bibliotecas;
d) publicidade sôbre material bibliográfico e atividades da biblioteca;
e) planejamento de difusão cultural, na parte que se refere a serviços de bibliotecas;
f) organização de congresso, seminários, concursos e exposições nacionais ou
estrangeiras, relativas a Biblioteconomia e Documentação ou representação oficial em
tais certames.” (BRASIL, 1962, p. 1-2)

Os artigos acima mencionados são aqueles que lidam diretamente com a profissão.
Acreditamos que atualmente algumas alterações tenham sido feitas, para que seja possível
incluir, como bibliotecário e bibliotecária, as pessoas graduadas por meio de cursos à distância,
permitidos pela Lei
Em pesquisa realizada em 2013 pelo CFB – Conselho Federal de Biblioteconomia,
foram contabilizados 34805 bibliotecários registrados, dos quais 18374 ainda estavam ativos.

Figura 10: Pesquisa do Conselho Federal de Biblioteconomia, 2013

Fonte:http://crb10.blogspot.com/2013/07/total-de-bibliotecarios-no-
brasil.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=facebook&m=1

A quantidade de bibliotecários e bibliotecárias na ativa não é suficiente para dar conta


da outra lei da qual trataremos a seguir, que obriga a contratação de profissionais de
34

biblioteconomia nas bibliotecas escolares, ou seja, a lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, que
estabelece que todas as instituições de ensino públicas e privadas devem contar com bibliotecas
supervisionadas por bibliotecários formados. Vejamos aqui todos os artigos da lei:

Art. 1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino


do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros,
materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a
consulta, pesquisa, estudo ou leitura.
Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo,
um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino
determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar
orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas
escolares.
Art. 3º Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para
que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja
efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário,
disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de
1998. (BRASIL, 2010, P. 1)
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Neste trabalho ainda falaremos da Biblioteca Escolar, mas podemos nos antecipar para
falar da dificuldade de implementação desta lei, que já tem 9 anos e a realidade brasileira está
muito aquém do que se desejaria. Talvez agora, com vários cursos à distância sendo ofertados,
consiga-se finalmente formar a quantidade suficiente de bibliotecários e bibliotecárias para
alcançar todas as escolas do país. Quem sabe, assim, todas venham a ter, de fato, suas
bibliotecas.
Mostrando um aspecto mais leve de nosso trabalho, vamos falar agora de pessoas que
exerceram a função de bibliotecário ou bibliotecária ao longo da História, lembrando que
muitos deles foram importantíssimos para a construção desse campo do conhecimento. Assim,
ao colocar aqui suas fotos, ou desenhos, estamos prestando uma pequena homenagem àqueles
que, dispondo de muito menos tecnologia, conseguiram catalogar, classificar, criar sistemas,
definir objetos de estudo, aprimorar estudos anteriores, enfrentar barreiras de gênero, para
cumprir o que acreditavam ser seus papeis na História. Esses bibliotecários e bibliotecárias
enfrentaram adversidades, frente à diversidade de atribuições e atuações que deles e delas se
esperava, e conseguiram ultrapassar os limites de seus tempos, permitindo que hoje, nessa nossa
sociedade da informação, tenhamos uma possibilidade cada vez maior de novos caminhos que
venham a suprir as necessidades da comunidade na qual o profissional da biblioteconomia se
insere. Vejamos quem são tais pessoas:
Suzanne Briet, também conhecida como “Madame documentação”. Autora do
tratado “Qu'est-ce que la documentation?”
35

Figura 11: Suzanne Briet (1894-1989)

Fonte: https://siscopac.wordpress.com/2015/03/03/documentacion-bibliotecas-suzanne-briet/

Benjamin Franklin, editor, jornalista, filantropo, político, cientista e


abolicionista americano. Criou a Library Company of Philapdelphia, em 1731, e foi o
responsável pela criação da Library of the Pennsylvania Hospital, a Pennsylvania State Library
e a biblioteca da Universidade da Pensilvânia. Sua biblioteca particular continha mais de 4.276
livros. Também fez contribuições para as bibliotecas de Harvard e Yale.

Figura 12: Benjamin Franklin (1706-1790)

Fonte:https://www.theatlantic.com/national/archive/2013/10/what-does-benjamin-franklin-have-to-do-with-
obamacare/280735/
36

Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Trabalhou como sub-
bibliotecário na Universidade de Oxford, onde também dava aulas de matemática.

Figura 13: Lewis Carroll (1832-1898)

Fonte: https://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw01891/Lewis-
Carroll?LinkID=mp01321&role=sit&displayNo=60&rNo=2

Laura Bush, ex primeira dama dos Estados Unidos. Formada em


biblioteconomia pela Universidade do Texas, trabalhou na biblioteca pública de Austin e em
bibliotecas do sistema educacional público do Texas. Durante seu tempo como primeira dama
estabeleceu o National Book Festival.

Figura 14: Laura Bush (1946 - )

Fonte: http://mentalfloss.com/article/21437/quick-10-10-surprising-former-librarians
37

Jorge Luis Borges, autor de Ficções e O Aleph. Trabalhou na biblioteca pública


de Buenos Aires, de onde quase foi removido durante a Segunda Guerra Mundial por Juan
Perón. Foi escolhido para o cargo de diretor da Biblioteca Nacional da Argentina, mas recusou
o cargo.

Figura 15: Jorge Luís Borges (1899 - 1986)

Fonte: https://blog.estantevirtual.com.br/2016/06/14/cinco-livros-de-jorge-luis-borges/

Giacomo Casanova, conhecido como o maior sedutor de toda a história.


Trabalhou por 13 anos como bibliotecário no castelo do Conde Waldstein em Duchcov, na
República Checa, onde catalogou mais de 40.000 livros e escreveu sua autobiografia, Histoire
de ma vie.

Figura 16: Giocomo Casanova (1725 - 1798)

Fonte:http://dc.clicrbs.com.br/sc/vozes/noticia/2015/07/thiago-momm-giacomo-casanova-nao-se-resume-as-
mulheres-que-conquistou-4795397.html
38

Johann Wolfgang Von Goethe, autor de Fausto e Os sofrimentos do jovem


Werther. Trabalhou na biblioteca de Weimar, na Alemanha, onde ficou conhecido pela sua
meticulosidade em organização e catalogação.

Figura 17: Johann Wolfgang Von Goethe (1749 - 1832)

Fonte: https://www.posterlounge.co.uk/johann-wolfgang-von-goethe-pr123208.html

Nem só da História vive a Biblioteconomia. Vejamos agora vários bibliotecários e


bibliotecárias da ficção, alguns dos quais nos inspiraram a fazer este curso tão fascinante.
Barbara Gordon, conhecida como Batgirl, personagem dos quadrinhos do
Batman. Trabalhava na biblioteca pública de Gotham.

Figura 18: Bárbara Gordon, a Batgirl

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/435652963927804122/?lp=true
39

CAL, personagem da série Doctor Who, é uma inteligência artificial capaz de


acessar todo o conteúdo da biblioteca do TARDIS.

Figura 19: CAL, Inteligência Artificial da Série Doctor Who (Computação Gráfica).

Fonte: https://tardis.fandom.com/wiki/Charlotte_Lux

Atoz, personagem da série Star Trek. Habitante do planeta Sarpeidon, era um


bibliotecário que guardava o Atavachron, um portal do tempo que o permitia acessar partes
diferentes da história.

Figura 20: Ian Wolfe representando Atoz, da Série Star Trek

Fonte: http://davewrotethis.blogspot.com/2012/03/mr-atoz.html
40

Lucien, personagem dos quadrinhos Sandman. Bibliotecário responsável por um


acervo constituído de todos os livros existentes, inacabados ou meramente pensados do
universo.

Figura 21: Lucien, personagem de Sandman.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/157626055682503828/?lp=true

Jocasta Nu, da série animada Star Wars: The clone wars. Bibliotecária chefe
dos arquivos Jedi, morreu defendendo sua biblioteca.

Figura 22: Jocasta Nu, bibliotecária de Star Wars: the clone wars.

Fonte:https://thewookieegunner.com/2014/03/23/the-women-of-the-lost-missions/jocasta-nu-star-wars-the-
clone-wars-the-lost-missions/
41

Rupert Giles, personagem da série Buffy, a caça vampiros. Trabalhava na


biblioteca escolar do colégio Sunnydale Highschool, onde lutava contra o mal por meio dos
livros.

Figura 23: Anthony Stewart Head representando Rubert Giles, da Série Buffy, a caça-vampiros.

Fonte: https://funnyjunk.com/A+centaur+in+disguise/funny-pictures/4948049/51

Encerramos aqui nossas discussões acerca do Bibliotecário e de seu papel, tanto na


História como na Ficção. No item a seguir, falaremos das Bibliotecas, razão de ser da existência
dos personagens aqui retratados.
42

4 A BIBLIOTECA

São muitos os tipos e as finalidades das bibliotecas. Por causa disso, dividimos esta parte
de nosso trabalho em 04 (quatro) subitens: a Biblioteca Pública; a Biblioteca Nacional; a
Biblioteca Escolar; a Biblioteca Universitária; e outros tipos de biblioteca.

4.1 A BIBLIOTECA PÚBLICA

De acordo com Suaiden (2000), somente os Jesuítas tinham interesse em estimular a


leitura, que nunca fez parte de planos governamentais. Entretanto, mesmo com um ambiente
desfavorável, em 5 de fevereiro de 1811, Pedro Gomes Ferrão de Castello Branco solicitou a
aprovação de um projeto para a fundação de uma Biblioteca, o que talvez tenha sido o primeiro
projeto que se tem registro, tendo em vista o acesso ao livro no Brasil, segundo o autor. Em 4
de agosto de 1811, o projeto foi aprovado, e a Biblioteca foi inaugurada no Colégio dos Jesuítas.
Logo após esse período os governos estaduais começaram a tomar iniciativas de criar
mais bibliotecas estaduais pelo país. Por falta de visão administrativa do governo, estas
bibliotecas acabaram ficando com uma infraestrutura precária, como acervos desatualizados,
compostos geralmente por doações, instalações duvidosas, carências de recursos humanos etc.
Por conta destes fatos, as Bibliotecas acabaram sendo vistas, por seus possíveis públicos, como
um local de castigo ou então um espaço de elite reservado para os eruditos (SUAIDEN, 2000).
Em 1926, foi inaugurada a Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade, que acabou
sendo um marco importante para a cultura brasileira, e servindo de exemplo para a América
Latina.
Freitas (2000) aponta que as Bibliotecas Públicas têm um importante papel para a
disseminação da informação, o que as transforma, assim, em um lugar acessível, possibilitando
o uso de tal espaço por diferentes classes sociais, sem discriminação de etnia, nacionalidade ou
condição social. “Não importa o quanto de informação está disponível ao alcance de um
indivíduo ou de uma sociedade – se ela não é usada, torna-se inútil” (SARACEVIC e WOOD,
1981, p. 12-13, apud Freitas, 2010, p. 7.)
A Biblioteca pública, como local de informação, deve se adaptar com as necessidades
informacionais dos usuários que a frequentam. Como gerador de conhecimentos, ela deve trazer
fontes de informação e conhecimento que proporcione a inclusão social e a prática da cidadania.
43

Sendo um espaço gratuito de informação, tem como maior dever disponibilizar


informação da melhor forma possível, sempre atendendo as necessidades dos usuários, pois é
através dela que o povo consegue suprir a carência informacional presente na sociedade para
ter uma melhor construção do conhecimento, algo de extrema importância para a mudança da
sociedade.
O papel da Biblioteca pública vai além de gerar informação para a sociedade. Elas ainda
acabam tendo um compromisso de promover uma maior integração com a sociedade através da
informação, como forma de conscientizar o público ao prazer da leitura e a disponibilidade de
informação existente.
Segundo Freitas; Silva (2014), a “Inclusão Social corresponde a trazer aquele que, por
algum motivo, é excluído socialmente para uma sociedade que participe de todos os aspectos e
dimensões da vida – o econômico, o cultural, o político, o religioso e todos os demais, além do
ambiental.” Dessa forma, continuam as autoras, é “fundamental que a biblioteca pública
trabalhe buscando o desenvolvimento intelectual, cultural e social da comunidade a qual
atende.”
Nas imagens a seguir, temos algumas das importantes bibliotecas públicas do mundo,
iniciando com a Biblioteca Britânica, de Londres, Considerada a 2ª maior biblioteca do mundo
e a 1ª maior biblioteca pública do mundo em questão de acervo, tendo mais de 150 milhões de
exemplares e obras raras, como manuscritos de Jane Austen, James Joyce, Leonardo da Vinci e
dos Beatles. Na sequência, temos a Biblioteca Pública do Brooklyn, em Nova York, Estados
Unidos, que exerce um papel social importantíssimo, oferecendo cursos de idiomas, assistência
jurídica aos cidadãos e aos imigrantes, além de concertos musicais, clubes de leitura etc. A
terceira foto é da Biblioteca Pública de Toronto, no Canadá, que também oferece diversos, todos
gratuitos, em benefício da comunidade, como: obter um cartão de biblioteca gratuito; utilizar
um dos computadores disponíveis em todas as cem filiais da biblioteca, com acesso à internet,
editor de texto e muitas bases de dados; ligar-se à rede de wi-fi gratuita em todas as filiais da
biblioteca; requisitar livros, filmes e muito mais, seja pessoalmente numa filial ou pela internet.
Há materiais disponíveis em mais de 40 línguas; conversar com um assistente de integração que
pode ajudá-lo a arranjar emprego, tirar carta de condução e muito mais; ter aulas para aprender
e praticar inglês; fazer o download de diversos recursos eletrônicos para adultos e crianças;
participar dos nossos programas sobre uma variedade de temas, incluindo como iniciar um
pequeno negócio, histórias contadas para crianças e busca de emprego.
44

Figura 24: British Library – Londres (Inglaterra)

Fonte: http://www.cazadoresdebibliotecas.com/2014/06/biblioteca-britanica-british-library.html

Figura 25: Brooklyn Public Library, Brooklyn, New York, United States of America.

Fonte: Acervo pessoal de Maria do Socorro Baptista Barbosa, 2016.


45

Figura 26: Toronto Public Library, Toronto, Ontario, Canada.

Fonte: Acervo Pessoal de Maria do Socorro Baptista Barbosa, 2015.

Talvez menor, mas não menos importante, incluímos aqui uma foto da Biblioteca
Pública de Santa Catarina, situada na Rua tenente Silveira, no Centro de Florianópolis.

Figura 27: Biblioteca Pública de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Fonte:http://www.cultura.sc.gov.br/noticias/1424-noticias-biblioteca-publica-de-sc/21821-aniversario-de-165-
da-biblioteca-publica-segue-com-atracoes-culturais-ate-o-sabado
46

4.2 A BIBLIOTECA NACIONAL5

A Biblioteca Nacional é o órgão responsável pela execução da política governamental


de captação, guarda, preservação e difusão da produção intelectual do País. Com mais de 200
anos de história, é a mais antiga instituição cultural brasileira.
Possui um acervo de aproximadamente 9 milhões de itens e, por isso, foi considerada
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura como uma das
principais bibliotecas nacionais do mundo. Para garantir a manutenção desse imenso conjunto
de obras, a Biblioteca Nacional possui laboratórios de restauração e conservação de papel,
oficina de encadernação, centro de microfilmagem, fotografia e digitalização.
O acervo da Biblioteca Nacional cresce constantemente a partir da lei do depósito legal
– que assegura o registro e a guarda da produção intelectual nacional, além de possibilitar o
controle, a elaboração e a divulgação da Bibliografia Brasileira corrente, bem como a defesa e
a preservação da língua e da cultura nacionais –, além de doações e aquisições.
A Biblioteca Nacional se caracteriza como uma biblioteca “nacional” por:
Ser beneficiária do instituto do Depósito Legal
Elaborar e divulgar a bibliografia brasileira corrente, através dos Catálogos online
Ser o centro nacional de permuta bibliográfica, com campo de ação internacional
História da Biblioteca Nacional:
1808 - Chegada do acervo inicial:
Início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil, com a chegada de D. João VI e sua
corte ao Rio de Janeiro, como consequência da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão
Bonaparte. Junto com a comitiva desembarcaram cerca de 60 mil peças, entre livros,
manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas.
1810 - Fundação da Real Biblioteca:
Por decreto de 27 de julho, o acervo foi acomodado nas salas do Hospital da Ordem
Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. Em 29 de outubro, data oficial
da fundação da Real Biblioteca, um novo decreto determinava que “nas catacumbas do Hospital
do Carmo se erija e acomode a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-
se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido
estabelecimento”

5
Todas as informações sobre a Biblioteca Nacional foram retiradas do próprio site da biblioteca:
https://www.bn.gov.br/
47

1810 - Abertura aos estudiosos:


O decreto de 29 de outubro determina que a Real Biblioteca seja aberta aos estudiosos.
1814 - Abertura ao público para consultas:
Franqueamento ao público da Real Biblioteca, que antes era restrita apenas a estudiosos,
mediante consentimento régio.
1821 - Parte do acervo volta a Portugal:
Família Real regressa a Portugal e leva de volta os Manuscritos da Coroa.
1822 - Biblioteca ganha novo nome:
A Real Biblioteca passa a ser denominada Biblioteca Imperial e Pública.
1825 - Aquisição pelo Brasil:
A Biblioteca é adquirida pelo Brasil, por 800 contos de réis, quantia, então, considerada
exorbitante. A compra foi regulamentada pela Convenção Adicional ao Tratado de Paz e
Amizade, celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29 de agosto.
1855 - Biblioteca ganha novo prédio:
Frei Camillo de Monserrat, então dirigente da Biblioteca, recebe as chaves do novo
prédio adquirido pelo Governo Imperial para a Biblioteca, localizado à Rua da Lapa, hoje Rua
do Passeio, que atualmente abriga a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ.
1858 - Mudança para a rua da Lapa:
Depois de três anos de reformas internas, o novo prédio é inaugurado e aberto ao público
sem as melhorias pleiteadas por frei Camillo. O gás de iluminação não estava ligado, não
haviam sido feitas as obras necessárias para a segurança das portas dos armários e não foi
comprado, como prometido, o terreno contíguo ao jardim da Biblioteca para um possível
desdobramento do seu espaço.
1876 - Nome definitivo:
A instituição passa a se chamar definitivamente Biblioteca Nacional, depois de ser
denominada de Real Biblioteca e Biblioteca Imperial e Pública.
1902 - Melhorias na organização do acervo:
São instituídos o Catálogo Coletivo das bibliotecas da cidade, a catalogação cooperativa
e a Classificação Decimal Universal (CDU). É lançado o Boletim Bibliográfico, dentro das
normas da CDU, que evoluiu para a atual Bibliografia Brasileira.
1910 - Novo prédio na Avenida Central:
48

É inaugurado o novo prédio da Biblioteca Nacional, exatamente 100 anos depois da


fundação e instalação da instituição na Rua Direita. Projetado pelo construtor e engenheiro
general Francisco Marcelino de Souza Aguiar, o edifício tem capacidade para um milhão e meio
de livros impressos e todo o acervo de manuscritos, estampas etc. Possui salas de leitura e
estudo para o público, divisões e gabinetes de trabalho para o pessoal da administração e outras
dependências. O elegante edifício tem estilo eclético, no qual se mesclam elementos
neoclássicos e de art nouveau, com estruturas de aço e dentro de todas as exigências técnicas
da época.
1915 - Primeiro Curso de Biblioteconomia:
É criado o primeiro Curso de Biblioteconomia, dentro da própria Biblioteca Nacional,
para especializar os funcionários. O curso, cujas atividades foram iniciadas em 1915, foi o
primeiro da América Latina e o terceiro no mundo. Seguia o modelo da École de Chartres, na
França, que era o melhor da época. Além do ensino teórico, havia a parte prática, que era feita
na própria Biblioteca.
1946 - Nova forma de catalogação:
É adotado um dos métodos de catalogação mais revolucionários da época, de acordo
com o modelo da American Library Association, o Catálogo Dicionário.
1978 - Implantação do sistema ISBN:
É implantado o sistema ISBN, de numeração internacional do livro, que beneficia
autores e editores. Para atender ao alto índice de solicitações de informações legais, é instalado
na Biblioteca um terminal de processamento de dados ligado diretamente ao sistema do Senado
Federal, em Brasília.
1978 - Novo formato de catalogação:
São lançadas as bases do formato CALCO (Catalogação Legível por Computador),
metodologia a ser adotada em nível nacional, com vistas à compatibilidade de normas para a
troca de informações em nível internacional.
1996 - Software de automação bibliográfica:
A Biblioteca adquire seu próprio software de automação bibliográfica.
1996 - Software de automação bibliográfica:
A Biblioteca adquire seu próprio software de automação bibliográfica.
2014 - Nova plataforma para os catálogos:
É adquirido o software Sophia de automação bibliográfica e iniciada a migração dos
catálogos para uma nova plataforma.
49

Vejamos a seguir uma foto da Biblioteca Nacional, com seu prédio imponente, que por
si só já chama atenção, e nos convida a visitá-la.

Figura 28: Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.

Fonte: https://www.bn.gov.br

4.3 A BIBLIOTECA ESCOLAR

Torna-se essencial, nos dias de hoje, discutir a problemática das bibliotecas escolares,
aquele que deveria ser um lugar de sonho e magia, atraindo as crianças e adolescentes para o
mundo da leitura.
Nas escolas, as bibliotecas são mais difíceis de serem organizadas por não possuírem
um bibliotecário fixo, mesmo com a Lei Nº 12.244 de 24 de maio de 2010 estando em pleno
vigor, e, sim, um professor que está aguardando a aposentadoria, que utiliza o espaço como
forma de preencher seu horário de trabalho, estando fora da sala de aula. Como ele não tem o
conhecimento do profissional bibliotecário, termina afastando os frequentadores daquele local.
Além disso, temos o agravante de que a maior parte dos livros oferecidos na biblioteca escolar
são os didáticos, enquanto, na realidade, o interesse dos estudantes do ensino médio e
50

fundamental são livros infanto-juvenis, revistas, gibis, leituras apropriadas para esta faixa
etária.
A biblioteca escolar seria, na verdade, um espaço para diversos tipos de conhecimento,
mas que a sociedade, aparentemente, não está preparada para ter. Os avanços tecnológicos, as
crescentes produções e demandas da sociedade da Informação vêm contribuindo para a
evolução da profissão do bibliotecário e das bibliotecas. Assim, a biblioteca escolar começa a
evoluir trazendo novos livros e um novo espaço para professores e alunos, possibilitando, assim
que se torne um lugar incrível de sonhos e magias.
Marcolino; Castro Filho (2014, p. 16) afirmam que é preciso considerar que “a
biblioteca escolar atua com a coletividade” e

deve refletir e compreender o verdadeiro valor que representa para sua comunidade
diversificada. Culturalmente, ao longo do tempo essa comunidade atendida tende a
rever seus conceitos, pensamentos e formas de agir. A boa leitura, aquela que lhe é
construtiva, aos poucos contribui para a construção de novas realidades.

Assim pensando, é realmente necessário que nossa sociedade reveja a forma como
encaramos a Biblioteca Escolar: faz sentido não ter a figura de um bibliotecário presente? Faz
sentido que a biblioteca escolar fique fechada para que as crianças não estraguem os livros? Faz
sentido a proibição de entrar na biblioteca escolar para não desarrumar o espaço? Situações
assim que presenciamos em muitas bibliotecas espalhadas pelas escolas do Brasil precisam ser
questionadas, repensadas, combatidas, e modificadas, os mais urgentemente possível.
Vejamos agora algumas imagens de Calvin, com pequenas charges sobre a Biblioteca
escolar:

Figura 29: Calvin e a Biblioteca Escolar 1

Fonte: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8674/1/Perfil%20profissional.pdf
51

Nesta charge, é possível perceber com uma criança pode interpretar, de forma enganosa,
a figura do bibliotecário, apontando para o que já comentamos, que as bibliotecas escolares
precisam ter pessoas preparadas para lidar com este público.

Figura 30: Calvin a Biblioteca escolar 2

Fonte: https://www.flickr.com/photos/61095250@N03/
Nesta segunda charge, percebe-se um despreparo por parte do bibliotecário que atende
ao telefone, que não sabe como atender às demandas de Calvin, que, acertadamente, questiona
sobre o uso das verbas públicas.

4.4 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Segundo Nunes; Carvalho (2016, p. 179):

As bibliotecas universitárias são instituições de ensino superior e estão


voltadas para atender as necessidades de todos os membros da
comunidade acadêmica da qual fazem parte, mas num processo
dinâmico, onde cada uma de suas atividades não é desenvolvida de
maneira estática e mecânica, mas com o intuito de agir interativamente
para ampliar o acesso à informação e contribuir para a missão da
universidade.

A primeira sensação que nos vem, ao ler esta citação, é que há uma forte relação entre
as bibliotecas universitárias e a comunidade acadêmica, ou seja, mesmo que a universidade seja
pública, a biblioteca daquela universitária será destinada à comunidade acadêmica, estudantes,
professores e técnicos, embora possa atender toda a comunidade para consulta.
As autoras afirmam ainda que a abrangência e o papel que as bibliotecas universitárias
desempenham em prol do “desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social” estão, de
52

forma direta, conectados “à função da universidade na sociedade como agente catalizador e


difusor do conhecimento científico advindo das contribuições dos pesquisadores, docentes e
discentes” (NUNES; CARVALHO, 2016, p. 174). Por serem espaço de difusão do
conhecimento por excelência, as bibliotecas universitárias, bem como todas as mais variadas
unidades de informação, tem se transformado com o passar do tempo com a finalidade de acatar
não somente as necessidades de informação do público, mas também como forma de
acompanhar as mudanças “no campo das tecnologias da informação e comunicação, assim
como as mudanças de nível comportamental dos usuários, cada vez mais conectados” (NUNES;
CARVALHO, 2016, p. 174).
Para Serafim (2016, p. 2), o gestor de uma biblioteca universitária deve estar preparado
para vários desafios da moderna sociedade da informação. Afinal, afirma o autor, as bibliotecas
universitárias estão se transformando de forma muito rápida, o que altera a própria forma de
gestão. Assim, torna-se imprescindível “acompanhar as novas formas de gestão e adaptá-las
para que elas possam desempenhar, da melhor maneira possível, seu papel de atender as
necessidades informacionais de seus usuários”. Torna-se, portanto, na opinião do autor,
fundamental que os bibliotecários, que trabalham como gestores, notem as mudanças que vêm
acontecendo na sociedade contemporânea, “a um ritmo cada vez mais acelerado, o que os obriga
a refletirem sobre as mudanças que afetam o gerenciamento das bibliotecas universitárias em
que atuam”. Surge, de alguma forma, um novo fazer bibliotecário: “administrar e capacitar
pessoas ou procurar pessoas capacitadas”.
Para entender melhor como se situa uma biblioteca universitária, é interessante que
vejamos um pouco de sua história, que começam junto com as próprias universidades. As
bibliotecas universitárias foram sendo criadas à medida que as primeiras universidades surgiam
desde os Séculos X a XII, tais como as de Bolonha, Paris e Oxford. Mesmo ainda resultando
de uma tradição monacal, tendo em vista o grande número de bibliotecas vinculadas aos
mosteiros e às congregações religiosas, as bibliotecas universitárias atendem diretamente às
necessidades de bibliografia descrita nos currículos dos cursos superiores.
Essa necessidade por leitura, e leitura impressa, marca também a evolução bibliográfica
vista a partir do Século XV, superando tradições e barreiras relativas ao objeto livro e a
fidelidade de seus conteúdos.
Segundo Martins (1996), considerando-se que as primeiras universidades têm forte
influência religiosa das ordens eclesiásticas, é a partir do Século XV que as universidades e
suas bibliotecas universitárias começam um processo de laicização, como nas bibliotecas da
Universidade de Oxford e de Paris. A partir da Idade Média, as bibliotecas universitárias passam
53

para uma nova fase, que, para as bibliotecas universitárias a partir do Século XV, apresenta-se
como um reflexo da corrente humanista que invade a Europa, e que ocorre em paralelo à
explosão bibliográfica promovida pela invenção da imprensa feita por Gutenberg em 1453.
Assim, o Renascimento, como movimento de oposição ao domínio religioso que
fundamenta o conhecimento difundido nas universidades criadas na Europa ao longo de toda a
Idade Média fortemente apoiadas pela Igreja Católica, também conhecido como movimento
Humanista, pretende, ao se fortalecer, criticar a orientação escolástica que vinha das instituições
universitárias, pautando sua atuação na transmissão do conhecimento.
No Brasil, as bibliotecas começam a ser criadas a partir do período colonial nos colégios
dos jesuítas. O grande golpe dessas bibliotecas ocorre com a expulsão dos jesuítas em 1759,
quando boa parte dos seus acervos acaba abandonada e dilapidada. Aliando-se a esse fato a
ausência de prensas no Brasil e o controle na circulação dos livros operado a partir da Reforma
Pombalina, não restam muitas bibliotecas, a não ser coleções de intelectuais e de particulares
ao longo dos Séculos XVIII e XIX (MORAES, 2006, apud NUNES; CARVALHO, 2016, p.
184).
A chegada da família real Portuguesa em 1808 ao Rio de Janeiro marca um período
importante: o príncipe D. João VI traz consigo a Biblioteca Real Portuguesa, instalando-a no
Rio de Janeiro, cria, assim, a primeira biblioteca real do Brasil, atualmente conhecida como
Biblioteca Nacional (BN), assim como as academias de ensino superior, que visam atender às
necessidades de pessoas formadas para ocupar os cargos públicos.
Ao longo do Século XX várias outras iniciativas surgiram visando a elevar o nível
educacional brasileiro como um dos projetos da Nova República que se instala em 1889. Assim,
empreendem-se reformas educacionais que visam aumentar o nível de instrução da população
e para isso criam-se as primeiras universidades, a exemplo da Universidade de Manaus em 1909
e da Universidade do Rio de Janeiro em 1920, a qual passa a denominar-se Universidade do
Brasil em 1937, e a Universidade da Bahia em 1946, e com elas a criação das bibliotecas
universitárias.
A Biblioteca universitária mudou para melhor ao longo do tempo, refletindo as
mudanças sociais e buscando, cada vez mais, atender o seu usuário. Sendo que a história, os
períodos como o Renascimento, Revolução Francesa, atingiram diretamente as Bibliotecas
Universitárias, caminhando junto com elas.
Michelângelo Vianna (2003, apud SILVEIRA, 2014, p. 71) resume em três grandes
períodos a evolução das bibliotecas universitárias:
54

O primeiro é a Biblioteca Tradicional, que inicia com as primeiras universidades no


século XII e vai até́ o início da automação, no século XX. O foco estava no acervo,
na sua preservação e ordenação. O empréstimo era feito em fichas, e o catálogo
também era impresso ou em fichas, além de só́ poder ser consultado dentro da
biblioteca. Todos os processos eram manuais e precisavam do suporte em papel para
serem realizados.
O segundo período é o da Biblioteca Automatizada, o qual inicia e termina no século
XX. Este é o momento dos catálogos on-line. O empréstimo é automatizado e o acervo
está disponível na forma impressa e virtual. O foco principal desse período é reduzir
o trabalho manual, automatizando os processos.
Finalmente, o terceiro e último período começa a partir do século XXI, e é chamado
de Biblioteca Ubíqua e de Uso Autônomo, com o surgimento das U-Library
(Ubiquitous Library) ou M-Library (Mobile Library).Esse período é caracterizado
pelo uso de softwares para adquirir, localizar emprestar e acessar a informação de
forma local ou remota, e por direcionar o foco para a informação, formas de acesso
on-line e, principalmente, para a autonomia dos usuários no que se refere à pesquisa
e à produção de conhecimento. O catálogo evoluiu, e agora é possível pesquisar e ter
acesso on-line a qualquer acervo disponível, tornando a biblioteca acessível em tempo
integral.

Considerando os tempos pós-modernos em que vivemos, e os muitos desafios da


sociedade da informação, é preciso entender que os desafios de uma biblioteca universitária
também são grandes. Segundo os escritores do site SophiA:

Os desafios para uma biblioteca universitária são grandes e transcendem o fato de


disseminar o aprendizado além da sala de aula - a biblioteca como um todo é parte
essencial de uma instituição de ensino, dispondo de diferentes meios para transmitir a
informação, seja impresso, digital, audiovisual ou outro.
Entre os desafios podemos citar a agregação de conhecimento ou de gerenciamento
por parte do seu corpo técnico, bem como o desafio de se adequar às normas, diretrizes
e leis que o MEC e o INEP exigem que sejam cumpridas e atendidas, trazendo assim
um padrão mínimo de qualidade e unidade para esses espaços.
Para alcançar a excelência no que se propõe a fornecer, a gestão da biblioteca
universitária deve ter conhecimento de que esse local não é imutável e nem isolado
do resto da instituição, devendo conversar com todo o seu corpo técnico, pedagógico
e estudantil, e utilizar a tecnologia disponível juntamente com um bom software para
a gestão desse espaço é essencial. (SOPHIA, 2017, p. 3)

Podemos então perceber que estamos adentrando um mundo cada vez mais complexo,
para o qual precisamos estar bem preparados. Segundo Silveira (2014, p. 74):

Passaram-se muitos anos de história para que as universidades e as bibliotecas


universitárias chegassem onde se encontram hoje, nesse modelo que se preocupa mais
com as necessidades do usuário do que com o suporte informacional. Mas ainda existe
um longo caminho a percorrer.
As bibliotecas universitárias internacionais que utilizam Information Commons
conseguem suprir as necessidades dos usuários de maneira muito mais eficiente,
oferecendo serviços variados e recursos de tecnologia; acompanharam a evolução da
Sociedade da Informação e buscaram formas de qualificar o atendimento.
A figura do bibliotecário é extremamente importante no processo de transformação
pelo qual as bibliotecas universitárias brasileiras devem passar para se adaptar a essa
nova sociedade. É o profissional que vai garantir ao usuário novas possibilidades de
criação e pesquisa além de uma otimização dos serviços.
Percebe-se que Information Commons vai além de apenas disponibilizar tecnologia,
esse recurso. O suporte está disponível através de uma variedade de meios, incluindo:
55

auxílio à pesquisa e tecnologia, consultas individuais com especialistas no assunto,


trabalho de pesquisa e workshops ocasionais de interesse especial, além dos serviços
tradicionais, serviços de suporte e apoio à pesquisa e à aprendizagem. Para
implementar esse apoio, também são oferecidos uma ampla variedade de
equipamentos e recursos de tecnologia, tais como: assegurar o livre acesso às ideias e
a oportunidade de usá-las.
Estes commons caracterizam-se por valores e leis, organizações físicas e
infraestruturas de comunicação, recursos e práticas sociais que promovam o
compartilhamento, comunidade e liberdade de informação, e também destaca o papel
do bibliotecário no processo de pesquisa. Bibliotecas universitárias não são apenas
espaços de pesquisa e leitura, podendo ir além desse rótulo, promovendo a troca de
conhecimento, reuniões, atividades em grupo ou, então, apenas um lugar para o
estudante passar algum tempo.
Um dos objetivos do Information Commons é que o usuário passe o maior tempo
possível dentro da biblioteca, pois a biblioteca é vista como um espaço de
convivência.
As bibliotecas universitárias brasileiras tendem a modernizar o empréstimo e
processamento técnico, mas não costumam ousar no que se refere a serviços.
As possibilidades são imensas, requerem suporte financeiro e apoio de profissionais
de outras áreas, principalmente da informática. As bibliotecas precisam se adaptar a
essa nova realidade por de duas atitudes principais: incluir serviços de Tecnologia da
Informação e Comunicação e aumentar as formas de comunicação com os usuários.
Afinal, são eles que estão ditando essa mudança.

Depois de tanta discussão, o que podemos afirmar é que as Bibliotecas Universitárias


são parte importante da vida acadêmica, e que devemos frequentá-la, mesmo neste tempo de
conectividade, quando podemos fazer nossas pesquisas em casa. Os espaços da biblioteca não
são apenas para pesquisa, mas também para socialização, convivência, construção e
solidificação de amizades, além, obviamente, de estudo e leitura. A seguir, algumas fotos de
Bibliotecas Universitárias:
Figura 31: Biblioteca Robarts, da Universidade de Toronto, em Toronto, Ontario, Canadá.

Fonte: Acervo pessoal de Maria do Socorro Baptista Barbosa, 2015.


56

Figura 32: Biblioteca da Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil.

Fonte: Acervo pessoal de Bruna Vieira, 2019.

Figura 33: Biblioteca da Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Fonte:
https://www.udesc.br/cead/noticia/udesc_informa_horarios_da_biblioteca_e_do_restaurante_da_sede_do_campu
s_i_nesta_semana

A seguir, veremos uma listagem de vários outros tipos de biblioteca.


57

4.5 OUTROS TIPOS DE BIBLIOTECA

Bibliotecas de associações
Bibliotecas acadêmicas
Bookless libraries – Bibliotecas sem livros físicos com acervo totalmente digital
Centro de empréstimos
Cabinets de lecture – Centros utilizados pela população nos séculos XVIII e XIV em
que era feito o acesso a documentos públicos mediante pagamento de uma taxa
Biblioteca acorrentada – Biblioteca onde os livros de encontram presos às estantes por
meio de correntes
Biblioteca circulante
Biblioteca corporativa
Biblioteca de dados/repositório de dados
Biblioteca digital
Biblioteca distribuída – Biblioteca mantida por membros de um grupo que efetua
empréstimos por meio de uma base de dados na internet
Biblioteca verde – Biblioteca criada com o intuito de se diminuir o impacto causado no
meio ambiente
Biblioteca híbrida – Biblioteca onde se encontram tanto livros físicos como livros
digitais
Learning commons – Bibliotecas com espaços compartilhados para a aprendizagem por
meio da tecnologia, educação à distância, criação de conteúdos, aula particular, entre
outros
Learning resource centre – Modelo de bibliotecas escolares e universitárias do Reino
Unido
Biblioteca das coisas – Bibliotecas de empréstimo compostas de outros materiais além
de livros, como laptops, câmeras, ferramentas, acessórios de cozinha, brinquedos,
instrumentos musicais etc.
Biblioteca médica
Biblioteca de multimídia
Biblioteca nacional
One person library/biblioteca de uma pessoa só – Biblioteca que funciona com um só
bibliotecário
58

Biblioteca prisional
Biblioteca privada
Proprietary library – Biblioteca que funciona com doações de seus patronos e
assinaturas de seus usuários
Biblioteca de referência
Biblioteca de pesquisa
Biblioteca de sementes – Biblioteca que contém sementes de espécies vegetais
Biblioteca de slides
Biblioteca universal
Videoteca
Cinemateca
Veremos agora fotos de alguns dos tipos de biblioteca acima mencionados.

Figura 34: Biblioteca Acorrentada.

Fonte: https://www.revolvy.com/page/Chained-library
59

Figura 35: Cabinet de lecture - Representado em uma pintura de Johann Peter Hasenclever, The Reading room

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=18774432

Figura 36: Bookless library - Biblioteca Digital Nacional da Coréia, em Seoul. Também conhecida como dibrary
(digital + library)

Fonte: http://lugar.ezaap.com/digital-library.html
60

Figura 37: Learning Resource centre - Aldham Robarts LRC, Universidade de Liverpool John Moores University,
Inglaterra

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=18183359

Figura 38: Espaço de Learning commons - Biblioteca Tec de Monterrey, Cidade do México

Fonte: http://www.edchatnz.com/reading-room/category/all/3
61

Figura 39: Biblioteca verde - Biblioteca nacional de Cingapura.

Fonte: https://he.m.wikipedia.org/wiki/%D7%A7%D7%95%D7%91%D7%A5:The_Courtyard,_NLB_Bldg.JPG

Figura 40: Biblioteca médica - Biblioteca nacional de medicina dos Estados Unidos, Bethesda, Maryland.

Fonte: https://ca.m.wikipedia.org/wiki/Fitxer:United_States_National_Library_of_Medicine_1999.jpg
62

Figura 41: Biblioteca de sementes – Svalbard global seed vault, Arquipélago Svalbard

Fonte: https://medium.com/saving-seeds/part-3-2ff6b4b6ef0e

Figura 42: Proprietary library – British Museum, Londres, Inglaterra, 1

Fonte: https://thereaderwiki.com/en/British_Museum
63

Figura 43: Proprietary library – British Museum, Londres, Inglaterra - 1

Fonte: http://www.quirkynomads.com/tourist-attractions-london/

Figura 44: Cinemateca – Cinemateca Portuguesa: Museu do cinema, Lisboa, Portugal.

Fonte:
https://fa.m.wikipedia.org/wiki/%D9%BE%D8%B1%D9%88%D9%86%D8%AF%D9%87:Bobines_de_Filme_
na_Cinemateca_Portuguesa..png
64

A pesquisadora Luísa Cruz Pinto (2019) realizou uma pesquisa pelo aplicativo AMINO,
online, perguntando: “Afinal, o que é uma biblioteca?” Vejamos as respostas que foram obtidas:

Figura 45: Respostas da pesquisa feita pelo aplicativo AMINO.

Fonte: Pinto, Pesquisa Direta, 2019.


65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sempre fascinante falar de livros e bibliotecas. O que podemos concluir deste trabalho:
1. Por mais que as noções sobre livros sejam diferentes, há uma ideia que perpassa todas
as outras: livro traz conhecimento, o que faz da leitura uma ação fundamental.
2. Mesmo quem não tem muita noção sobre a função da biblioteca, a entende como
fator de diferença em uma comunidade.
3. No Brasil de hoje, com tantas contradições, e diferenças sociais gritantes, é cada vez
mais importante a valorização da leitura e da biblioteca pública. É nesse contexto que a figura
do Bibliotecário ou da biblioteca pública. É nesse contexto que a figura do Bibliotecário ou da
Bibliotecária se torna crucial, pois é ele ou ela que recebe o/a consulente no espaço da
biblioteca, ou seja, é a face mais visível daquele espaço muitas vezes incompreendido.
66

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instituições de ensino do País. Disponível em:
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