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Direito do Trabalho é um ramo de Direito que toma por objecto a actividade laboral,

procurando a persecução da paz social, estabelendo regras e regendo conflitos.


Representa o conjunto de regras jurídicas aplicáveis às relações estabelecidas, por
ocasião do trabalho, entre o empregador e cada uma das pessoas físicas que trabalham
sob a sua autoridade e direcção e às relações colectivas estabelecidas quer entre o
empregador e coligações de trabalhadores e o(s) empregador(es) ou associações de
empregadores.
A importância do Direito do Trabalho resulta desde logo do seu objecto, o trabalho, que
se reflecte nos planos:
* ideológico, como expressão suprema da personalidade humana
* socioeconómico: significa produção e criação de utilidades
* político: força eleitoral dos prestadores de trabalho
Quanto à caracterização do Direito do Trabalho, este põe em causa as tradicionais
dicotomias relativamente às divisões entre Direito público e privado, pessoal e
patrimonial, apresentando assim um carácter híbrido. Integra dois grandes núcleos:
* relação individual de trabalho: relações que se estabelecem entre cada entidade
empregadora e cada trabalhador
* relação colectiva de trabalho: relações entre empresas e associações patrimoniais, por
um lado, e as organizações representativas dos trabalhadores por outro.

A expressão fontes de direito no seu sentido técnico-jurídico, indica os diversos


processos ou modos de formação e revelação das normas jurídicas, cuja matéria é
tradicionalmente regulada no Código Civil.
As fontes do Direito do Trabalho servem para resolver um problema suscitado por este
mesmo. A este respeito, o Direito do Trabalho apresenta uma marcada originalidade
traduzida no facto de um importante conjunto de normas serem criadas pelos próprios
interessados através da negociação colectiva.
Distinguir-se-ão, nas fontes de Direito do Trabalho, duas grandes categorias: as fontes de
carácter internacional e as fontes internas, que são o produto de mecanismos
inteiramente regulados pelo ordenamento jurídico interno de cada país.

Convenções colectivas de trabalho são acordos celebrados entre os organismos


representativos dos trabalhadores e as associações patronais ou entidades patronais
que têm por objecto regulamentar as condições de trabalho do respectivo sector.
Os sujeitos negociais das convenções colectivas de trabalho (CCT) são: do lado
trabalhador, sempre associação(ões) sindical(ais) e, do lado patronal, podem ser
entidade(s) patronal(ais) isolada(s) e/ou associação(ões) patronal(ais). Pelo diferente
posicionamento da parte patronal, as convenções colectivas de trabalho podem
subdividir-se em: (I) Contratos colectivos de trabalho (Cont.C.T.), quando intervém
associação(ões patronal(ais); (II) acordos colectivos de trabalho (ACT), quando intervêm
entidades patronais eventualmente com associação(ões) patronal(ais), negociando para
o âmbito de várias empresas; e (III) acordos de empresa (AE), quando o sujeito é uma
entidade patronal para o âmbito de uma empresa (DL 519-C1/79: artº 2º).

Nos termos do artº 12º, nº 2, “desde que não contrariem as normas (indicadas no nº 1)
e não sejam contrários aos princípios da boa fé, serão atendíveis os usos da profissão do
trabalhador e das empresas, salvo se outra coisa for convencionada por escrito”.
É duvidoso que devam incluir-se os usos da profissão e das empresas entre as fontes de
Direito do Trabalho. Aliás, o nº 2 do artº 12º diz apenas que, verificadas certas
condições, eles são atendíveis. Esta expressão parece ter o sentido de os usos poderem
constituir regalias que certa prática habitual confirmou e de constituírem um elemento
de integração relativamente a aspectos não previstos na lei, nos instrumentos de
regulamentação colectiva ou no contrato individual.

Hierarquia das fontes


Organização dos vários planos da pirâmide hierárquica das fontes de direito do trabalho:

I. Constituição da República - cúpula do sistema das fontes do DT


II. Normas internacionais
III. Lei (incluindo Dec. Lei e Dec. Regional) e Assentos do STJ
IV. Instrumentos de Regulamentação Colectiva (IRC) - Fontes Imediatas
Podem ser de base negocial ou de base administrativa, preferindo o legislador a génese
negocial e fazendo intervir a Administração apenas a título subsidiário (art. 1º e 2º CT)

A. De base negocial: bilaterais de conteúdo, e disciplinam as relações juridico-laborais


a) Convenções colectivas de trabalho (CCT) - acordo de vontades entre empregador e
uma associação sindical cujo procedimento foi previsto no CT (art. 2º 3/ e 482º 1/)
b) Decisões arbitrais
c) Acordos de adesão

B. De base administrativa:
a) Portarias de extensão (PE)
b) Portarias de regulamentação de trabalho (PRT).

Os regulamentos internos (RI), os usos e o contrato individual (CI) não são fontes de
direito, embora deles resultem direitos e obrigações que, se forem num sentido mais
favorável ao trabalhador, prevalecerão tais cláusulas mesmo sobre as fontes de direito.
O nº 1 do artº 13º da LCT dispõe que “as fontes de direito superiores prevalecem
sempre sobre as inferiores, salvo na parte em que estas, sem oposição daquelas,
estabelecem tratamento mais favorável para o trabalhador”.
As normas de direito do trabalho podem ser de três tipos: dispositivas ou supletivas, as
que podem ser afastadas por fontes de direito inferiores (por exemplo, a norma do nº 1
do artº 92º da LCT, sobre o lugar em que deve ser satisfeita a retribuição); imperativas
absolutas, as que não podem ser alteradas por fontes de direito inferiores (por exemplo,
a norma do artº 21 do DL 874/76, sobre os dias feriados); imperativas relativas, as que
podem ser alteradas por fontes inferiores apenas na medida em que estabeleçam
melhores garantias para o trabalhador.
As normas deste último tipo constituem a regra deste ramo do direito.
Nos termos do nº 1 do artº 13º, cada caso concreto é regulado pelas normas aplicáveis
que estabeleçam tratamento mais favorável para o trabalhador, salvo quando exista
norma hierarquicamente superior que veicule imperativo absoluto.

O Direito do Trabalho é um direito imperativo. As normas jurídicas laborais não veiculam


imperativos de modo absoluto, antes se limitam a assegurar garantias mínimas de
protecção ao trabalhador, tornando-se obrigatórias e, portanto, imperativas apenas
nessa medida.
Estas garantias traduzem-se quer no estabelecimento de mínimos (por exemplo, os
salários), quer no estabelecimento de limites máximos (por exemplo, a duração do
trabalho), para além dos quais é irrelevante a vontade das partes.

O contrato de trabalho é o acordo por virtude do qual uma pessoafísica (assalariado,


trabalhador) se obriga, mediante retribuição, a colocar à disposição de outra pessoa,
física ou jurídica, (patrão, entidade patronal, empregador, empresário) a sua actividade,
sob a direcção desta.
O contrato de trabalho não foi estabelecido e se autonomizou do D. Civil com vista a
defender os trabalhadores. Ele existe sim, em defesa de um interesse geral, onde se
inclui toda a comunidade. Não se retiram, pois, consequências nem aplicação da prática
do favor laboratoris. Deve entender-se somente que o legislador consagrou um regme
favorável ao trabalhador.

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