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INISTRATIVO N. 2/STJ.

AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA


DE AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. INDISPONIBILIDADE. IRREGULARIDADES
CONSTATADAS PELA
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. OFENSA AO ART.
535 DO CPC/1973.
NÃO OCORRÊNCIA. DISCUSSÃO SOBRE ARRESTO. FALTA
DE PREQUESTIONAMENTO
EMBORA OPOSTOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SÚMULA
211/STJ. AUSÊNCIA DE
PERTINÊNCIA COM O ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA
284/STF. ACÓRDÃO BASEADO
NO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO CONSTANTE DOS
AUTOS. SÚMULA 7/STJ.
REVISÃO DE FUNDAMENTO INFRALEGAL. INVIABILIDADE
NA VIA RECURSAL
ELEITA. OFENSA À LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO
DIREITO BRASILEIRO.
FUNDAMENTO AUTÔNOMO NÃO ATACADO. SÚMULA
283/STF. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO EMBORA
OPOSTOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SÚMULA 211/STJ.
RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. No caso em apreço, segundo se extrai do acórdão
recorrido,
cuida-se de ação cautelar preparatória a ação civil pública
em que
foi deferida parcialmente a liminar para decretar,
ressalvando os
bens impenhoráveis, a indisponibilidade de todos os bens
pertencentes a MARCUS ALBERTO ELIAS, nos termos do
art. 12 da Lei
7.347/85, bem como decretar a indisponibilidade parcial e
vinculação
processual dos bens da requerida LAEP INVESTIMENTS
LTDA, ora
recorrente. Interposto agravo de instrumento pela ora
recorrente, o
Tribunal a quo negou provimento ao recurso, mantendo o
decreto de
indisponibilidade de bens na forma fixada na decisão
interlocutória
de primeira instância.
2. A Comissão de Valores Mobiliários juntou aos autos cópia
do
relatório apresentado nos autos do Inquérito Administrativo
CVM nº
09/2013 (IA 09/2013), a qual não pode ser analisada em
sede de
recurso especial, assim como os argumentos quanto a ela
deduzidos
pelo recorrente. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça
não admite, em sede de recurso especial, a juntada de
documentos
novos, uma vez que se trata de recurso excepcional e de
fundamentação vinculada. Caso se permitisse a análise de
documentos
novos, haveria supressão de instância na resolução de
questões que
não foram objeto de prequestionamento. Ademais, haveria,
inequivocamente, análise de fatos e provas nesta Corte
Superior, o
que é vedado nos termos da Súmula 7/STJ. Precedentes:
REsp
1581580/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA,
julgado em 25/08/2020, DJe 18/09/2020; REsp
1442435/SC, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
TURMA, julgado em
17/04/2018, DJe 02/05/2018; AgRg no REsp 1423620/AL,
Rel. Ministro
OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA
TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 18/08/2015.
3. O recorrente informou sua absolvição sumária na ação
penal em
trâmite na 2ª Vara Federal Criminal Especializada em
Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional de São Paulo, a qual foi
mantida em
recente julgado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª
Região. Não se
mostra necessária a retirada de pauta, uma vez que a
confirmação da
sentença de absolvição sumária não tem aptidão para
alterar o
resultado do presente julgamento pelo Superior Tribunal de
Justiça.
Na sentença de absolvição sumária prolatada pela 2ª Vara
Federal
Criminal Especializada em Crimes contra o Sistema
Financeiro
Nacional de São Paulo e no acórdão prolatado pelo Tribunal
Regional
Federal da 3ª Região não foi reconhecida a inexistência
material do
fato nem que estava provado que o réu não concorreu para
a infração
penal, mas a atipicidade das condutas e a inépcia da
denúncia.
Assim, não existe impeditivo à propositura de ação civil,
nos termos
do artigo 66 e 67, III, do Código de Processo Penal.
Destarte, o
resultado da ação penal na espécie não impede a
propositura de ação
civil quantos aos mesmos fatos que ensejaram a
propositura da ação
penal, não importando na automática extinção da Medida
Cautelar em
análise. Os argumentos expostos na sentença e no acórdão
penais,
alegadamente desconstitutivos da medida constritiva
determinada na
cautelar, podem ser devidamente apresentados ao Juízo
prolator da
decisão constritiva e, eventualmente, acolhidos. Contudo,
analisar,
em sede de recurso especial, os fundamentos da sentença
e acórdão
penais que não foram analisados nas instâncias ordinárias
igualmente
implica a análise de documentos novos, o que não é
possível em sede
de recurso especial. Conforme acima consignado, a análise
de
documentos novos importaria em supressão de instância na
resolução
de questões que não foram objeto de prequestionamento e
em análise
de fatos e provas nesta Corte Superior, o que é vedado nos
termos da
Súmula 7/STJ.
4. Os fundamentos expostos pelo Tribunal a quo expõem,
com clareza,
os indícios levados em consideração para a manutenção da
medida
constritiva. Assim, forçoso reconhecer que o acórdão
recorrido foi
suficientemente fundamentado, razão pela qual não há
falar em ofensa
ao art. 535 do CPC/73.
5. No caso em concreto, foi decretada a indisponibilidade
de bens (e
não arresto). Assim, não houve o devido
prequestionamento quanto à
alegada ofensa aos arts. 813 e 814 do Código de Processo
Civil de
1973, embora tenham sido opostos embargos de
declaração. Incide,
assim, a súmula 211/STJ a inviabilizar a análise da
insurgência em
face da constatada falta de prequestionamento. Incide,
também, a
súmula 284/STF tendo em vista a falta de pertinência da
discussão,
já que o acórdão tratou de indisponibilidade de bens e o
recurso
especial tratou dos requisitos de outra medida constritiva,
qual
seja, do arresto.
6. Além do mais, com base no conjunto fático e probatório
constante
dos autos, o acórdão recorrido entendeu pela presença dos
requisitos
do decreto da indisponibilidade de bens da pessoa jurídica,
tendo
em vista a instauração de investigação administrativa pela
Comissão
de Valores Mobiliários, tendo em vista a presença de
indícios de que
houve descumprimento aos arts. 3° e 13 da Instrução CVM
358/02 c/c
art. 4° §2°, da Instrução CVM 480/02, bem como ao artigo
155 da Lei
n° 6.404/76 por parte de administradores da LAEP.
7. Estes fundamentos não podem ser revistos na via
recursal eleita,
tendo em vista a impossibilidade de análise, na via do
recurso
especial, do conteúdo de atos normativos de caráter
infralegal. É
também impossível em sede de recurso especial analisar
todas as
evidências coletadas pela CVM no âmbito do exercício do
poder de
polícia em face da súmula 7/STJ.
8. A interpretação do art. 155 da Lei n° 6.404/76, que
também serviu
de base para a manutenção da medida de indisponibilidade
de bens,
não foi devidamente impugnada nas razões do recurso
especial, o que
acentua a impossibilidade de que a alegação seja analisada
no
mérito, tendo em vista a incidência da Súmula 283/STF por
aplicação
analógica.
9. A incidência da lei brasileira no caso em concreto foi
baseada
essencialmente na interpretação do art. 3° da Lei de
Introdução às
Normas do Direito Brasileiro, bem como no art. 8°, III da
Lei n°
6.385/76. Tais fundamentos não foram devidamente
impugnados nas
razões do recurso especial, razão pela qual incide a Súmula
283/STF.
10. A interpretação sistemática do art. 11, § 1º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro e do art. 8°, III
da Lei
n° 6.385/76 não isenta as sociedades empresárias
estrangeiras de
obedecerem ao ordenamento jurídico nacional,
determinando
expressamente a aplicação da lei doméstica a partir do
momento em
que o Governo nacional aprova os atos constitutivos
empresariais
para o exercício de atividades no Brasil.
11. Não houve o devido prequestionamento quanto à
alegada ofensa ao
art. 50 do Código Civil, embora tenham sido opostos
embargos de
declaração. Incide, assim, a Súmula 211/STJ a inviabilizar a
análise
do mérito da insurgência. Observo que tal matéria não foi
suscitada
nas razões dos aclaratórios opostos perante o Tribunal
Regional
Federal a quo, razão pela qual não é contraditório afirmar
que,
ainda que reconhecida a falta de prequestionamento, o
acórdão
recorrido foi devidamente fundamentado.
12. Recurso especial parcialmente conhecido e nã
CESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO N. 2/STJ. AÇÃO CAUTELAR
PREPARATÓRIA DE AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. INDISPONIBILIDADE. IRREGULARIDADES
CONSTATADAS PELA
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. OFENSA AO ART.
535 DO CPC/1973.
NÃO OCORRÊNCIA. DISCUSSÃO SOBRE ARRESTO.
AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO EMBORA OPOSTOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. SÚMULA
211/STJ. FALTA DE PERTINÊNCIA COM O ACÓRDÃO
RECORRIDO. SÚMULA
284/STF. ACÓRDÃO BASEADO NO CONJUNTO FÁTICO E
PROBATÓRIO CONSTANTE
DOS AUTOS. SÚMULA 7/STJ. REVISÃO DE FUNDAMENTO
INFRALEGAL.
INVIABILIDADE NA VIA RECURSAL ELEITA. OFENSA À LEI
DE INTRODUÇÃO ÀS
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. NÃO OCORRÊNCIA.
FUNDAMENTO AUTÔNOMO
NÃO ATACADO. SÚMULA 283/STF. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO
E NÃO PROVIDO.
1. No caso em apreço, segundo se extrai do acórdão
recorrido,
cuida-se de ação cautelar preparatória a ação civil pública
em que
foi deferida parcialmente a liminar para decretar,
ressalvando os
bens impenhoráveis, a indisponibilidade de todos os bens
pertencentes a MARCUS ALBERTO ELIAS, nos termos do
art. 12 da Lei
7.347/85, bem como decretar a indisponibilidade parcial e
vinculação
processual dos bens da requerida LAEP INVESTIMENTS
LTDA, ora
recorrente. Interposto agravo de instrumento pela ora
recorrente, o
Tribunal a quo negou provimento ao recurso, mantendo o
decreto de
indisponibilidade de bens na forma fixada na decisão
interlocutória
de primeira instância.
2. A Comissão de Valores Mobiliários juntou aos autos cópia
do
relatório apresentado nos autos do Inquérito Administrativo
CVM nº
09/2013 (IA 09/2013), a qual não pode ser analisada em
sede de
recurso especial, assim como os argumentos quanto a ela
deduzidos
pelo recorrente. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça
não admite, em sede de recurso especial, a juntada de
documentos
novos, uma vez que se trata de recurso excepcional e de
fundamentação vinculada. Caso se permitisse a análise de
documentos
novos, haveria supressão de instância na resolução de
questões que
não foram objeto de prequestionamento. Ademais, haveria,
inequivocamente, análise de fatos e provas nesta Corte
Superior, o
que é vedado nos termos da Súmula 7/STJ. Precedentes:
REsp
1581580/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA,
julgado em 25/08/2020, DJe 18/09/2020; REsp
1442435/SC, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
TURMA, julgado em
17/04/2018, DJe 02/05/2018; AgRg no REsp 1423620/AL,
Rel. Ministro
OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA
TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 18/08/2015.
3. O recorrente informou a absolvição sumária do Sr.
Marcus Alberto
Elias na ação penal em trâmite na 2ª Vara Federal Criminal
Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro
Nacional de São
Paulo, a qual teria sido mantida em recente julgado pelo
Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, ainda pendente a lavratura
do
respectivo acórdão. Não se mostra necessária a retirada de
pauta
para aguardar a lavratura do acórdão penal pelo Tribunal
Regional
Federal da 3ª Região, uma vez que a confirmação da
sentença de
absolvição sumária não tem aptidão para alterar o
resultado do
presente julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça. Na
sentença
de absolvição sumária não foi reconhecida a inexistência
material do
fato nem que estava provado que o réu não concorreu para
a infração
penal, mas foi declarada a atipicidade das condutas e a
ausência de
justa causa em relação ao tipo do artigo 27-C da Lei
6.385/76.
Assim, não existe impeditivo à propositura de ação civil,
nos termos
do artigo 66 e 67, III, do Código de Processo Penal.
Destarte, o
resultado da ação penal na espécie não impede a
propositura de ação
civil quantos aos mesmos fatos que ensejaram a
propositura da ação
penal, não importando na automática extinção da Medida
Cautelar em
análise. Os argumentos expostos na sentença e no acórdão
penais,
alegadamente desconstitutivos da medida constritiva
determinada na
cautelar, podem ser devidamente apresentados ao Juízo
prolator da
decisão constritiva e, eventualmente, acolhidos. Contudo,
analisar,
em sede de recurso especial, os fundamentos da sentença
e acórdão
penais que não foram analisados nas instâncias ordinárias
igualmente
implica a análise de documentos novos, o que não é
possível em sede
de recurso especial. Conforme acima consignado, a análise
de
documentos novos importaria em supressão de instância na
resolução
de questões que não foram objeto de prequestionamento e
em análise
de fatos e provas nesta Corte Superior, o que é vedado nos
termos da
Súmula 7/STJ.
4. Os fundamentos expostos pelo Tribunal a quo expõem,
com clareza,
os indícios levados em consideração para a manutenção da
medida
constritiva. Assim, forçoso reconhecer que o acórdão
recorrido foi
suficientemente fundamentado, razão pela qual não há
falar em ofensa
ao art. 535 do CPC/73.
5. No caso em concreto, foi decretada a indisponibilidade
de bens (e
não arresto). Assim, não houve o devido
prequestionamento quanto à
alegada ofensa aos arts. 813 e 814 do Código de Processo
Civil de
1973, embora tenham sido opostos embargos de
declaração. Incide,
assim, a Súmula 211/STJ a inviabilizar a análise da
insurgência em
face da constatada falta de prequestionamento. Incide,
também, a
Súmula 284/STF tendo em vista a falta de pertinência da
discussão,
já que o acórdão tratou de indisponibilidade de bens e o
recurso
especial tratou dos requisitos de outra medida constrititiva,
qual
seja, do arresto.
6. Além do mais, com base no conjunto fático e probatório
constante
dos autos, o acórdão recorrido entendeu pela presença dos
requisitos
do decreto da indisponibilidade de bens da pessoa jurídica,
tendo
em vista a instauração de investigação administrativa pela
Comissão
de Valores Mobiliários, tendo em vista a presença de
indícios de que
houve descumprimento aos arts. 3° e 13 da Instrução CVM
358/02 c/c
art. 4° §2°, da Instrução CVM 480/02, bem como ao artigo
155 da Lei
n° 6.404/76 por parte de administradores da LAEP.
7. Estes fundamentos não podem ser revistos na via
recursal eleita,
tendo em vista a impossibilidade de análise, na via do
recurso
especial, do conteúdo de atos normativos de caráter
infralegal. É
também impossível em sede de recurso especial analisar
todas as
evidências coletadas pela CVM no âmbito do exercício do
poder de
polícia em face da Súmula 7/STJ.
8. A interpretação do art. 155 da Lei n° 6.404/76, que
também serviu
de base para a manutenção da medida de indisponibilidade
de bens,
não foi devidamente impugnada nas razões do recurso
especial, o que
acentua a impossibilidade de que a alegação seja analisada
no
mérito, tendo em vista a incidência da Súmula 283/STF por
aplicação
analógica.
9. A incidência da lei brasileira no caso em concreto foi
baseada
essencialmente na interpretação do art. 3° da Lei de
Introdução às
Normas do Direito Brasileiro, bem como no art. 8°, III da
Lei n°
6.385/76. Tais fundamentos não foram devidamente
impugnados nas
razões do recurso especial, razão pela qual incide a Súmula
283/STF.
10. A interpretação sistemática do art. 11, § 1º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro e do art. 8°, III
da Lei
n° 6.385/76 não isenta as sociedades empresárias
estrangeiras de
obedecerem ao ordenamento jurídico nacional,
determinando
expressamente a aplicação da lei doméstica a partir do
momento em
que o Governo nacional aprova os atos constitutivos
empresariais
para o exercício de atividades no Brasil.
11. Recurso especial parcialmente conhecido e

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