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Resumo Da Unidade I
Resumo Da Unidade I
PÓS-GRADUAÇÃO
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
SÍNTESE DA UNIDADE I
Autora: Profa. Dra. Luciana Costa
Nesse sentido, passamos a ter uma organização do sistema político por regras jurídicas,
o que pretensamente levaria à proteção do indivíduo, agora visto como um cidadão (e não mais
um súdito, submetido apenas à vontade do governante), em face do governante. É nesse
contexto que alguns constitucionalistas ressaltarão a importância de desvincularmos tal
conceito de constituição com a existência de outras formas de constituição que surgiram ao
longo do tempo.
Assim, à luz de uma teoria clássica do Estado e da Constituição, é possível afirmar que a
compreensão ampla de Constituição, como elemento que organiza o político e o social, já existia
no âmbito da Antiguidade. Porém, falar em constituição a partir da modernidade implica,
necessariamente, observarmos uma estruturação que só é possível a partir da assunção do
Estado de Direito, após os movimentos liberais do século XVIII. Dessa forma, constituições
modernas estão associadas a um instrumento político-jurídico de organização do subsistema
social e do subsistema político, permitindo, inicialmente, uma disciplina do poder político pelo
direito e a proteção da autonomia privada através da positivação dos direitos fundamentais. Tal
estruturação, conforme já observamos, sofrerá os impactos da alteração da ideologia oriunda
do Estado de Bem-Estar Social e do constitucionalismo democrático.
Ressaltam-se, entretanto, algumas reflexões críticas que são necessárias à luz dos
fundamentos lançados pela respectiva teoria clássica da constituição: a) É possível falarmos em
um conceito estático de constituição, de uma pretensa forma hegemônica de se caracterizar as
constituições, muitas vezes sem distinção do constitucionalismo europeu e latino-americano,
ignorando a historicidade ínsita à sua existência? Em caso negativo, quais são os limites impostos
aos ensinamentos oriundos de uma teoria da constituição com claro predomínio do pensamento
europeu? b) Paradoxamelmente à primeira reflexão é possível atrelarmos o conceito de
constituição aos limites espaciais rígidos do território de um determinado Estado? Se é verdade
que a Constituição materializa a soberania de um Estado, como justificar as reais trocas entre
sistemas constitucionais de diferentes níveis (transconstitucionalismo e a busca de uma razão
transversal)?
Sugiro, neste momento, que você assista ao primeiro vídeo da Unidade. Sobre a
questão do transconstitucionalismo, há uma entrevista interessante do professor Marcelo
Neves, publicada no site conjur, cujo link é: http://www.conjur.com.br/2009-jul-12/fimde-
entrevista-marcelo-neves-professor-conselheiro-cnj (Links para um site externo)
II- Classificação das normas constitucionais:
Ao final deste tópico, gostaria de propor alguns apontamentos para reflexão: a) Quais
são os pontos críticos da classificação apresentada por José Afonso da Silva? Será que os direitos
fundamentais, ainda que os de primeira geração, considerados normas de eficácia plena não
podem, na atualidade, sofrerem restrições? Seriam direitos fundamentais absolutos?
b) Como o constitucionalismo social e o constitucionalismo brasileiro pós-88 compreendem
as normas de natureza programática? c) O que distingue as regras dos princípios na
atualidade?
Assista ao vídeo 2 da presente unidade, bem como leia os textos acima recomendados.
III- Constituição e Tempo
E continua:
...irretocável a lição de Jorge Miranda, para quem tal fenômeno, mais do que
uma mera recepção, representa uma novação do direito ordinário anterior,
visto que as normas infraconstitucionais recebidas sob a égide da nova
constituição sujeitam-se aos princípios materiais da ordem constitucional
superveniente. (SARLET: 2016, 199)
1- Quanto ao conteúdo:
A- Constituições Materiais- Tal critério trabalha com uma premissa: a existência
de um conteúdo específico para os textos constitucionais, geralmente identificado
com as normas de da organização do estado e disciplina dos direitos
fundamentais. Essas normas podem estar ou não escritas em um documento
político. Todas as demais normas que não apresentassem o respectivo conteúdo,
ainda que presentes em um texto codificado, seriam normas constitucionais
somente pelo aspecto formal. Por essa classificação chegaríamos a três tipos de
espécies constitucionais:a) normas formal e materialmente constitucionais; b)
normas apenas formalmente constitucionais; c) normas materialmente
constitucionais. Destaque-se que a compreensão de constituição, nesse sentido,
nos leva a compreensão das constituições em rede ou do chamado bloco de
constitucionalidade, ou seja, a percepção de uma Constituição composta de
diversas normas, cuja identidade é apresentada pelo conteúdo. O que torna
complexo e criticável tal classificação é observar um conteúdo invariável de
Constituição, passível de ser aplicado em qualquer tempo ou espaço.
B- Constituições Formais- Seria o peculiar modo de existir de um Estado
previsto sob a forma de documento (escrito), solenemente estabelecido pelo
Poder Competente. Aqui não importa o conteúdo. Dessa forma, todas as normas
inseridas, expressamente ou implicitamente, na CRFB/88 são consideradas
normas constitucionais. No mesmo sentido, conteúdos não previstos na CRFB/88
não são considerados constitucionais. Destaque-se que os tratados internacionais
aprovados em conformidade com o artigo 5º, §3º, são EQUIPARADOS às normas
constitucionais; os demais, ainda que tenham conteúdos constitucionais, não
seriam considerados NORMAS CONSTITUCIONAIS, pois não fazem parte do texto
formal da Constituição.
2- Quanto à forma:
A-Constituições Escritas- Seria a Constituição elaborada por um Poder
Competente que, de uma única vez, promulga um documento que disciplina a
organização do Estado, dos poderes constituídos, estabelece a forma de exercício
destes, os seus limites, bem como disciplinam direitos fundamentais. Canotilho,
lembrando o seu efeito estabilizador, as descreve como constituições
instrumentais. Essa Constituição nasce tanto de lutas políticas inglesas, quanto da
doutrina do contrato social de ROSSEAU, que acreditava ser mais relevante
concretizar em um pacto as normas de convivência entre governantes e
governados. Essas constituições ganham relevo face às constituições costumeiras
em face à crença na superioridade do direito escrito, ao menos sob a égide do
positivismo jurídico (considerado fonte mais racional do que o costume, gerador
de arbitrariedades) e, especialmente, face ao modelo de cidadania que ela poderia
promover em termos de educação. As constituições escritas apresentam-se da
forma codificada ou não. As constituições codificadas apresentam-se, geralmente,
através de um preâmbulo, parte introdutória (Opções políticas e princípios
fundamentais do Estado), parte orgânica (organização dos poderes constituídos e
regras de competência), parte dogmática, disposições gerais e transitórias.
B-Não escrita- A Constituição não é representada por um documento único, mas
baseia-se em costumes, na jurisprudência, em textos esparsos. Esse seria o
exemplo da Constituição inglesa.
4- Quanto à origem:
5- Quanto à estabilidade:
A- Rígidas- Constituições que apresentariam um procedimento mais solene para
serem alteradas; além disso, possuem um núcleo rígido representado pelas
cláusulas pétreas. A Constituição Brasileira de 1988 é rígida.
B- Flexíveis- A alterabilidade das constituições é feita da mesma forma que a legislação
infraconstitucional.
C- Semi-flexíveis- Constituições que mesclam as duas técnicas: uma parte, definida pelo
Constituinte, deve ser alterada de forma solene; as demais regras podem ser alteradas
da mesma forma que a legislação ordinária.
D- Super-rígidas- Alguns autores, tal como Alexandre de Moraes, separam o conceito de
constituição rígida da compreensão de constituição super-rígida. O conceito de
constituição super-rígida estaria atrelado à existência de cláusulas pétreas; as
constituições rígidas seriam assim identificadas apenas pela existência de um
procedimento solene para a sua alteração.
E- Imutáveis- Seriam constituições imodificáveis. Tal compreensão não se aplica nas
democracias ocidentais contemporâneas.
6- Quanto à extensão:
A- Analíticas: Constituições que emergem, sobretudo, no âmbito do
constitucionalismo social, demarcando o avanço do sistema jurídico em relação
aos demais subsistemas sociais. São constituições expansivas que demarcam a
intervenção do Estado no âmbito do domínio econômico e social.
B- Sintéticas: Constituições que não são detalhistas, apresentando, geralmente,
apenas as diretrizes de organização do sistema político e proteção dos direitos
fundamentais, sobretudo os de primeira geração. As Constituições liberais
apresentavam-se, sobretudo, na forma de constituições sintéticas.
7- Outras classificações: