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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0016212-06.2023.5.16.0007

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 12/03/2023


Valor da causa: R$ 55.399,92

Partes:
AUTOR: HARLEY DE OLIVEIRA LIMA
ADVOGADO: MAXUEL PAULINO SOUSA
RÉU: FAZENDAS MAGNOLIA LTDA
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO


TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DA CIDADE DE SANTA INÊS ESTADO DO
MARANHÃO

HARLEY DE OLIVEIRA LIMA, brasileiro, solteiro, com CPF sob n° 058.623.943-03 e


documento de Identidade RG sob n° 3.855.754 SSDS/PB, residente e domiciliado, no
Sítio Cajazeirinhas, 470, Felizardo, Ipaumirim - CE, CEP: 63340-000, pelo seu
procurador constituído, conforme procuração nos autos em anexo, com escritório
profissional a rua Beliza Marques Galvão, 30, Ed. Empresarial Isabel Marques Feitosa,
Sala 04, Térreo, Centro, Cajazeiras – PB, vêm a presença de Vossa Excelência, com
fundamento na CLT e demais dispositivos legais aplicáveis propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Em face de FAZENDAS MAGNOLIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado com


CNPJ sob n° 063659690018-90, com endereço na Rua da Pedra Branca, 74, Santa Inês
– MA, CEP: 65300-000 conforme razões de fato e de direito a seguir expostas.

Fone: (83) 9 9419 – 7915.


E-mail: maxuelpaulinoadvocacia@gmail.com
Rua Odilon Cavalcante de Albuquerque, Ed. Empresarial Marques Feitosa, Térreo, nº 04, Sala 04 – Centro –
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DA JUSTIÇA GRATUITA

Nos termos do art. 5º, incisos XXXIV e LXXIV, da Constituição Federal,


combinados com as Leis 7.510/86, art. 4º e 1.060/50, além da Lei 8.213/91, art. 129 e
art. 99 do CPC, o reclamante requer que lhe seja concedido os benefícios gratuidade
da justiça.
Especialmente no caso em tela, o reclamante encontra-se desempregado,
conforme faz prova CTPS em anexo, logo, não podendo neste momento, arcar com
custas, despesas processuais, periciais e de honorários advocatícios, requerer o
deferimento da Justiça Gratuita.

DOS FATOS

O Reclamante foi contratado para prestar serviços como vigia para a


empresa Reclamada.
O contrato de trabalho iniciou-se na data de 02/03/2015, com data de
afastamento 04/03/2021, conforme Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, em
anexo.
Nesta mesma data 04/03/2021, também foi tida como data de aviso
prévio indenizado com duração de 48 dias, projetando-se o fim do contrato de trabalho
para o dia 21/04/2021, último dia do aviso prévio.
A remuneração do empregado era de um salário mínimo vigente a
época. Como desenvolvia suas atividades no período noturno havia o acréscimo do
adicional noturno.
Também, recebia além do salário e adicional noturno, adicional de
periculosidade (30%) em virtude de desenvolver suas atividades como vigia no interior
de um depósito de venda e distribuição de gás de cozinha.
O trabalhador foi contratado para exercer as atividades em escala de
12x36hs. Iniciava seu turno as 18:00hs e encerrava as 6:00hs da manhã do dia
seguinte.
Pois bem.
Apesar de ser contratado nos parâmetros acima especificados, na
prática havia trabalho além da jornada, sem intervalos intrajornadas para alimentação e
descanso, alguns dias sem intervalos interjornadas e ainda exercia função diversa em

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dias de final de semana sem receber remuneração adicional pelo serviço a mais
prestado, senão vejamos.
Primeiramente, quanto a sua jornada de 12x36hs, o horário de serviço
deveria ser das 18hs às 6hs do dia seguinte. Acontece que na prática o trabalhador
permanecia no seu posto de trabalho até as 8hs da manhã, duas horas a mais por dia
de serviço prestado.
Como já também mencionado, o Reclamante exercia atividade como
vigia no interior de um depósito de distribuição de gás de cozinha. Somente naquele
estabelecimento haviam mais de 20 funcionários, e mesmo já recebendo a empresa
advertência, não controlava a jornada dos trabalhadores por meio de cartão de
ponto.
O Reclamante por trabalhar como vigia noturno naquele período
trabalhava sozinho e todos os dias, mesmo tendo o seu expediente limitado até as 6hs
da manhã era obrigado a permanecer até as 8hs da manhã por que este era o horário
em que todos os outros funcionários chegavam à empresa reclamada para iniciar as
suas atividades, caixas, recepcionistas, entregadores, gerente, etc.
Era, portanto, obrigado a permanecer das 6hs às 8hs aguardando na
empresa para somente após a chegada de todos deixar o seu posto e ir para sua
residência.
Assim, havia o acréscimo diário de 2 horas na sua jornada, sem
remuneração alguma adicional.
Além de extrapolar diariamente a sua jornada, durante todo o período
o reclamante ainda foi obrigado a trabalhar em fins de semana durante o dia, como caixa
e recepcionista na empresa.
Haviam funcionários responsáveis pelo caixa e pela recepção na
empresa, porém, estes somente trabalhavam na semana até o sábado meio dia.
A empresa permanecia funcionando aos finais de semana, e por conta
disso os serviços do reclamante eram requisitados para que ele trabalhasse aos
sábados pela tarde e aos domingos o dia inteiro.
Eram dois vigias que trabalhavam na empresa, o Reclamante e mais
um outro funcionário. Como trabalhava em escala de plantão, uma semana o plantão
caia em um dia de sábado e na outra semana em dia de domingo.
No caso do Reclamante, quando o seu plantão caia na sexta feira,
este deixava o seu posto as 8h da manhã do sábado e neste dia ele não trabalhava,
porém, trabalhava no domingo o dia inteiro no caixa, iniciando as 8hs da manhã.

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No caso acima, ele estendia sua jornada no domingo como caixa o dia
inteiro das 8hs e de forma continuada permanecia na empresa até as 18h e já iniciava
o seu plantão como vigia no domingo à noite, deixando o seu posto somente na segunda
pelas 8hs da manhã.
Quando o seu plantão coincidia no sábado à noite, o Reclamante
iniciava suas atividades como caixa e recepcionista no sábado ao meio dia, horário em
que os funcionários caixa deixavam a empresa, e novamente como aos domingos
encerrava suas atividades no caixa as 18hs e de forma continuada iria para o seu
plantão a noite como vigia até as 8hs da manhã do domingo.
Resumindo, a cada fim de semana de forma intercalada, trabalhava
um sábado durante a tarde inteira e um fim de semana trabalhava um domingo o dia
inteiro, no caixa e como recepcionista. No caso quando trabalhava no caixa aos sábados
somente deixava a empresa no domingo pela manhã e quando trabalhava nos
domingos, o dia inteiro, iniciava pela manhã e somente deixava a sede da empresa na
segunda feira pela manhã.
Apesar da exaustiva sobrejornada o Reclamante não recebia valores
a mais pelo trabalho extra durante os seus plantões normais como vigia, e nem recebia
os salários horas pelos dias de sábados domingos trabalhados, e mesmo após a sua
dispensa imotivada não recebeu valor algum de diferenças salariais ora apresentadas.
Quanto a remuneração somente era paga com os valores referentes
ao salário, adicional de periculosidade e adicionais noturnos, nada mais. Não havia o
pagamento de qualquer valor correspondente ao trabalho excedente como caixa e
recepcionista ou mesmo com relação a horas extras diárias na função de vigia noturno.
Pelas narrativas acima, também resta evidente o desrespeito aos
intervalos interjornadas, vejamos.
A legislação trabalhista aponta que entre uma jornada e outra de
trabalho deve-se respeitar o mínimo de 11horas de intervalo. Nas jornadas de escala de
12x36 o intervalo mínimo de 36h deve também ser respeitado.
No presente caso o Reclamante iniciava suas atividades como caixa
e recepcionista, uma semana no sábado no período da tarde e outra semana no
domingo o período do dia inteiro, e já iniciava sua segunda jornada como vigia, e isso
para a mesma empresa.
Nesse espaço não havia, portanto, o intervalo mínimo de descanso.
Quando trabalhava no sábado à tarde tinha uma jornada de seis horas seguidas e já
iniciava uma segunda jornada de quatorze horas, quando trabalhava no domingo
durante o dia saia de uma jornada seguida de dez horas e iniciava uma outra de mais
quatorze horas seguidas.
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Assim, entre esses períodos havia supressão de intervalo


interjornada.
Também não havia durante o trabalho realizado nos sábados à tarde
ou nos domingos o dia inteiro intervalos para almoço e descanso.
Não havia pausas por que aos sábados o reclamante permanecia no
caixa e realizando atendimentos por telefone, sozinho. Os funcionários que durante esse
período ali permaneciam era entregadores externos, não havia como o reclamante
abandonar a recepção da empresa e da mesma forma nos dias de domingo não havia
como deixar a recepção por que não havia ninguém para ocupar o posto durante o
descanso.
Por todas as condições de trabalho é que vem o reclamante requere
o pagamento de todas as horas extras não pagas, durante a jornada normal como vigia
de 02 horas diárias com acréscimo de 50%, bem como o pagamento das horas
trabalhadas aos sábados à tarde e aos domingos durante todo o dia estas últimas
remuneradas com acréscimo de 100%, além da supressão do intervalo interjornada
acima apontado.

DA VERBAS DEVIDAS

DAS HORAS EXTRAS

• Das horas extras função de vigia em escala 12X36.


Conforme apontado o reclamante foi contratado com remuneração de
um salário mínimo vigente a cada período, com desenvolvimento de trabalho noturno
em estabelecimento de distribuição e armazenamento de gás de cozinha recebia além
do salário adicional noturno e adicional de periculosidade.
Sua jornada normal deveria ser de 12 horas de trabalho, porém, era
obrigado a extrapolar diariamente sua jornada em 02 horas.
O reclamante iniciava a jornada as 18hs e encerava somente as 8hs
do dia seguinte. Isso por que, os funcionários da empresa reclamada somente
chegavam as 8hs da manhã e o reclamante não poderia deixar a empresa sem vigia as
6hs da manhã, então permanecia por mais duas horas em todos os dias trabalhados.
O horário acima foi trabalhado durante toda a contratualidade.
Para fins de cálculos das referidas horas extras, 02 por dia trabalhado,
considera-se a jornada e os dias trabalhados mensalmente, 15 dias, e o período não
atingidos pela prescrição quinquenal março de 2018 até o afastamento março de 2021

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e levando-se em consideração a progressão salarial ano a ano e os adicionais pagos,


salário base + adicional de periculosidade + adicional noturno, nos termos da sumula
264 do TST, tem-se os presentes parâmetros e valores como devidos:

• Horas extras normais 2018: 30 horas mensais = 300horas =


R$ 3.463,00 (três mil quatrocentos e sessenta e três reais).
• Horas extras normais 2019:30 horas mensais = 360horas =
4.349,10 (quatro mil trezentos e quarenta e nove reais e
dez centavos);
• Horas extras normais 2020: 30 horas mensais = 360 horas =
R$ 4.554,30 (quatro mil quinhentos e cinquenta e quatro
reais e trinta centavos);
• Horas extras normais 2021: 90 horas mensais = R$ 1.198,01
(mil cento e noventa e oito reais e um centavo).

Assim, levando-se em conta o horário a mais trabalhado em cada


escala de plantão, no total de duas horas em cada um deles, tem-se com devido
considerando o período não prescrito, o total de R$ 13.564,31 (treze mil quinhentos e
sessenta e quatro reais e trinta e um centavos).

• Das horas extras supressão dos intervalos interjornadas.


Conforme narrado nos fatos o reclamante trabalhando no seu cargo e
horário de trabalho como vigia em uma escala de 12x36, tinha seu intervalo de
interjornada suprimido.
Quando deveria ter 36 horas de descansos, aos sábados ora aos
domingos tinha seu descanso interrompido, quando era obrigado a trabalhar em outra
função em outro horário.
Quando trabalhava aos sábados como recepcionista e caixa o horário
de trabalho se iniciava as 12hs e encerrava-se as 18hs momento em que iniciava o seu
plantão como vigia. Daí extraísse que estaria suprimindo-se 6 horas de seu intervalo de
descanso.
Quando trabalhava aos domingos como recepcionista e caixa o
horário de trabalho se iniciava as 08hs da manhã e se estendia até as 18hs quando
iniciava o seu plantão como vigia. Neste caso suprimindo-se 10 horas de seu intervalo
de descanso.

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A CLT em seu art. 66 determina que:

Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo


de 11 horas consecutivas para descanso.

No caso de escala de revezamento, como no presente caso, a


supressão de intervalo interjornada deve ser remunerada como hora extraordinária com
o respectivo adicional, é o que contém destacado no enunciado da Súmula 110 e OJ n°
335 do SBDI -1 do TST:

OJ nº 355 do SBDI-1 - TST

INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS


EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA
CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ
14.03.2008)
O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da
CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art.
71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a
integralidade das horas que foram subtraídasdo intervalo, acrescidas
do respectivo adicional.

Assim também em é o entendimento dos tribunais:

0012493-60.2017.5.03.0048 (AP)
17/09/2021. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 1520.
Disponibilização:
Boletim: Não.
Órgão Julgador: Setima Turma
Relator(a)/Redator(a): Paulo Roberto de Castro
HORA EXTRA - INTERVALO
Tema:
INTERSEMANAL

INTERVALO INTERSEMANAL. SUPRESSÃO PARCIAL. HORAS


EXTRAS DEVIDAS. O chamado intervalo intersemanal nada mais é
do que a soma do intervalo interjornadas de 11 horas (artigo 66 da
CLT) e do descanso semanal remunerado de 24 horas (artigo 7º,
inciso XV, da CR; artigo 1º da Lei n. 605/1949 e artigo 67 da CLT). O
direito ao repouso semanal remunerado de 24 horas não afasta a
observância do intervalo de 11 horas. Assim, devem ser pagas, como
extras, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal, ante a
supressão do intervalo entre jornadas. Inteligência da Súmula 110 e
OJ 355 da SDI-I, ambas do TST.

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PJe: 0010759-45.2018.5.03.0014 (ROT)


25/05/2020. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 833.
Disponibilização:
Boletim: Não.
Órgão Julgador: Terceira Turma
Relator(a)/Redator(a): Marcus Moura Ferreira
Tema: HORA EXTRA - INTERVALO INTERJORNADA

INTERVALO INTERJORNADA - ART. 66 DA CLT -


INOBSERVÂNCIA. O desrespeito ao art. 66 da CLT, que assegura o
intervalo mínimo de 11 horas entre as jornadas de trabalho, não
constitui mera infração administrativa e confere ao empregado o
direito de receber as horas extras correspondentes ao tempo de
descanso suprimido, nos termos do entendimento sedimentado na OJ
355 da SDI-1 do TST, segundo a qual "O desrespeito ao intervalo
mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por
analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na
Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas
que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo
adicional".

PJe: 0010486-29.2014.5.03.0104 (ROT)


06/04/2017. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 1599.
Disponibilização:
Boletim: Sim.
Órgão Julgador: Oitava Turma
Relator(a)/Redator(a): Sercio da Silva Pecanha
Tema: HORA EXTRA - INTERVALO INTERSEMANAL

INTERVALO INTERSEMANAL. VIOLAÇÃO. PAGAMENTO COMO


EXTRA DAS HORAS SUPRIMIDAS. A partir da interpretação
sistemática dos artigos 66 e 67 da CLT, conclui-se que o empregado
faz jus ao intervalo intersemanal de 35 horas, consistente no
somatório do intervalo interjornada de 11 horas (art. 66 da CLT) e do
descanso semanal remunerado de 24 horas (art. 67 da CLT).
Comprovada a violação do intervalo em questão, faz jus o laborista
ao pagamento, como extras, das horas suprimidas, a teor do disposto
na Súmula 110, do TST c/c OJ 355 da SDI-I/TST.

No caso vertente todas as horas de intervalo interjornada devem ser


devidamente compensadas como extras num total de 06 horas aos sábados, e 10
horas aos domingos, isso contabilizado em semanada intercalados o que gera duas
jornadas do tipo em cada mês, ou seja, havia mensalmente a supressão de 32 (trinta e
duas) horas mensais. Assim restam devidos os seguintes valores com base em cada
remuneração de cada período do trabalhador, com salário e adicionais:

▪ 2018 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 3.864.00


(três mil oitocentos e sessenta e quatro reais).

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▪ 2019 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 4.639.04


(quatro mil seiscentos e trinta e nove reais e quatro
centavos);
▪ 2020 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 4.857.92
(quatro mil oitocentos e cinquenta e sete reais e noventa e
dois centavos)
▪ 2021 supressão de intervalo interjornada 32 horas- R$ 1277.88
(mil duzentos e vinte e sete reais e oitenta e oito centavos).

Assim, visando o recebimento de todos os valores a título de


inerjornadas suprimidos [e que requer o reclamante o pagamento total, com base nos
parâmetros apresentados do valor total de R$ 14.638.84 (quatorze mil seiscentos e
trinta e oito reais e oitenta e quatro centavos).

DOS SALÁRIOS NÃO PAGOS POR EXERCICIO DE FUNÇÃO EXTRA

Conforme apresentado e comprovado pelos documentos em anexo o


reclamante além de desenvolver suas atividades habituais como vigia, era ainda
obrigado a exercer durante suas folgas, junto a mesma empresa e no esmo
estabelecimento a função em substituição de recepcionista e caixa.
A empresa Reclamada funcionava também aos finais de semana, e
nesta função somente havia funcionários durante a semana. A partir do sábado meio
dia os vigias eram obrigados a assumir a função fora do seu turno, porém, sem
recebimento de valor correspondente a essa segunda jornada e em desrespeito aos seu
descanso da jornada como vigia.
A cada semana, o reclamante exercia a função de recepcionista e
caixa aos sábados das 12hs às 18hs e na semana seguinte aos domingos das 8hs às
18hs sem intervalo.
Levando-se em conta a sua remuneração salário + adicional de
periculosidade 30% o reclamante deveria receber mensalmente o valor correspondente
e esse valor não era pago.
Ainda, considerando - se o fato de que trabalhava por 10 horas
seguidas aos domingos tem o reclamante direito ao recebimento do valor da hora normal
com acréscimo de 100% (cem por cento).
Havia somente a emissão de um contracheque referente a função de
vigia, a função de recepcionista e caixa não era remunerada e nem contabilizada para

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pagamento de adicionais e reflexos em FGTS, Férias + 1/3 e 13° salários, restando


devido o seu pagamento, nos seguintes parâmetros.

▪ Horas trabalhadas 2018 – 32 ao mês– R$ 3.283,54 (três mil


duzentos e oitenta e três reais e cinquenta e quatro
centavos).
▪ Horas trabalhadas 2019 – 32 ao mês – R$ 4.111,87 (quatro mil
cento e onze reais e oitenta e sete centavos);
▪ Horas trabalhadas 2020 - 32 ao mês – R$ 4.305,66 (quatro mil
trezentos e cinco reais e sessenta e seis centavos)
▪ Horas trabalhadas 2021 - 32 ao mês – R$ 1.132,66(mil cento e
trinta e dois reais e sessenta e seis centavos).

Assim quanto aos salários pelas horas trabalhadas em função diversa


para a reclamada no mesmo estabelecimento resta devido o total acima especificado
em cada um dos períodos com o acréscimo de 30% sobre o valo a título de adicional de
periculosidade, qual seja R$ 16.683,84 (dezesseis mil seiscentos e oitenta e três
reais e oitenta e quatro centavos).

DA INVERSÂO DO ÔNUS DA PROVA

No caso presente, necessário se faz a mitigação do art. 818 da CLT e a regra


disposta no art. 333 do CPC, a fim de ser invertido o ônus da prova em favor do
reclamante, em razão das dificuldades deste em produzir provas diante de sua
evidente hipossuficiência e em homenagem ao princípio da aptidão para a prova que
norteia o Direito do Trabalho.
A inversão do ônus da prova, tem fundamento no art. 7º, XXII, CF, art. 157 da
CLT e art. 19, § 1º, Lei 8.213/91, Convenção n° 155 da OIT, Portaria 3.214 do MTE,
tendo este como objetivo a busca da VERDADE REAL que se norteia em princípio de
justiça, e, no Direito do Trabalho acresce-se o princípio da hipossuficiência do
trabalhador.
Nesse sentido, é o empregador quem deve comprovar a quitação de todas as
verbas requeridas com provas desconstitutivas do direito do reclamante.
O reclamante não possui acesso as documentações necessárias,
contracheques de pagamento, referentes aos seus salários de todo o período, motivo
pelo qual a empresa em posse de todas as documentações do Reclamante deve as

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trazer aos autos para fins de comprovação de pagamento sob pena de presunção de
veracidade das alegações do Reclamante, o que desde já se requer.
Também, a presente Reclamada possui no seu estabelecimento número
superior a vinte funcionários sendo, portanto, obrigada a realizar o controle de jornada,
motivo pelo qual se requer também como forma de prova que esta traga aos autos
folha de ponto ou outra forma de controle de jornada a que tenha aderido.
Assim, levando-se em consideração tal fato, direciona-se o ônus da prova ao
empregador a fim de comprovar a real jornada do Reclamante durante todo o período
não atingido pela prescrição quinquenal ora tomada como parâmetro para
requerimento das verbas aqui postas.
Requer assim, a inversão do ônus da prova, sendo que não possui o
Reclamante acesso a documentação comprobatória mínima para atestar o seu direito
acima especificado.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Conforme disciplinado no art. 791 –A da CLT, ao advogado serão devidos


honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15%
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
Desse modo, requer a condenação da reclamada em honorários de
sucumbência em patamar razoável a complexidade da causa.

DOS PEDIDOS

Levando-se em consideração os fatos e fundamentos acima


apresentados, requer a Vossa Excelência:

a) Que seja deferido ao reclamante os benefícios da gratuidade de justiça.


b) Que seja a reclamada condenada nas obrigações pecuniárias de
pagamento com referência as verbas remuneratórias ora pleiteadas a
saber:
• horas extras em virtude da jornada extra na função de vigia no total de
duas horas diárias:

Fone: (83) 9 9115-5374.


E-mail: maxuelpaulinoadvocacia@gmail.com
Rua Odilon Cavalcante de Albuquerque, Ed. Empresarial Marques Feitosa, Térreo, nº 04, Sala 04 – Centro –
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12 Maxuel Sousa Advogado e Associados

▪ Horas extras normais 2018: 30 horas mensais = 300horas =


R$ 3.463,00 (três mil quatrocentos e sessenta e três reais).
▪ Horas extras normais 2019:30 horas mensais = 360horas =
4.349,10 (quatro mil trezentos e quarenta e nove reais e dez
centavos);
▪ Horas extras normais 2020: 30 horas mensais = 360 horas =
R$ 4.554,30 (quatro mil quinhentos e cinquenta e quatro reais
e trinta centavos);
▪ Horas extras normais 2021: 90 horas mensais = R$ 1.198,01
(mil cento e noventa e oito reais e um centavo).
TOTAL: R$ 13.564,41 (treze mil quinhentos e sessenta e quatro
reais e quarenta e um centavos).

• Pagamento de horas extras convertidas por supressão de intervalos


interjornadas referentes ao desrespeito do tempo de repouso mínimo do
reclamante conforme sua jornada de revezamento 12x36 nos termos da
súmula 110 e OJ 355 do SDI 1 do TST:
▪ 2018 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 3.864.00 (três
mil oitocentos e sessenta e quatro reais).
▪ 2019 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 4.639.04 (quatro
mil seiscentos e trinta e nove reais e quatro centavos);
▪ 2020 supressão de intervalo interjornada 32 horas – R$ 4.857.92 (quatro
mil oitocentos e cinquenta e sete reais e noventa e dois centavos)
▪ 2021 supressão de intervalo interjornada 32 horas- R$ 1.277,88 (mil
duzentos e vinte e sete reais e oitenta e oito centavos).
TOTAL: R$ 14.638.84 (quatorze mil seiscentos e trinta e oito reais e
oitenta e quatro centavos).

• O pagamento da verba remuneratória com respeito ao trabalho realizado


na função de caixa recepcionista aos sábados durante o período da tarde
e aos domingos, com adicional de 100% no período diurno nos limites
especificados:
▪ Horas trabalhadas 2018 – 32 ao mês– R$ 3.283,54 (três mil duzentos e
oitenta e três reais e cinquenta e quatro centavos).
▪ Horas trabalhadas 2019 – 32 ao mês – R$ 4.111,87 (quatro mil cento e
onze reais e oitenta e sete centavos);
▪ Horas trabalhadas 2020 - 32 ao mês – R$ 4.305,66 (quatro mil trezentos
e cinco reais e sessenta e seis centavos)

Fone: (83) 9 9115-5374.


E-mail: maxuelpaulinoadvocacia@gmail.com
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▪ Horas trabalhadas 2021 - 32 ao mês – R$ 1.132,66(mil cento e trinta e


dois reais e sessenta e seis centavos).
TOTAL: R$ 16.683,84 (dezesseis mil seiscentos e oitenta e três reais
e oitenta e quatro centavos).

Todas as verbas ora pleiteadas acima dever ser pagas com reflexos em
férias + 1/3 13º salários, FGTS com multa de 40% e demais reflexos, bem como
com a devida correção e atualização até o efetivo pagamento.
Todos os valores acima são apresentados por MERA ESTIMATIVA, para
fins de estipulação de valor da causa não comportando qualquer vinculação com
o valor efetivamente devido a ser apurado em liquidação.
c) Que seja realizado o desconto de valores já comprovadamente recebidos,
sendo para tanto necessária a reclamada apresentar documentação
comprobatória de pagamento das respectivas verbas.
d) Para tanto requer a inversão do ônus da prova nos termos já
especificados, sendo necessário ainda que a reclamada por manter
no seu estabelecimento mais de 20 funcionários apresente folha de
ponto e controle de jornada do reclamante.
e) A condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais nos termos
do art. 719 –A da CLT;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos testemunhal, documental e depoimento pessoal da reclamada, o que
desde já se requer, e o que mais for necessário para elucidação dos fatos.
Dá-se a causa, o valor por mera estimativa com acréscimo de percentual
médio de 35 % para compensação de reflexos ora pleiteados totalizando o valor
de causa em R$ 55.399,92 (cinquenta e cinco mil trezentos e noventa e nove
reais e noventa e dois centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Cajazeiras – PB, 12 de março de 2023.

Maxuel Paulino Sousa


OAB/PB 25.264.

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Número do documento: 23031217430349400000018432055

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