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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA

VARA DO TRABALHO DE GOIANÉSIA, GOIÁS.

JAQUELINE ALVES PONTES BRITO, brasileira, casada,


auxiliar de produção, Assistente de Educação Infantil, inscrita sob o RG nº 6234753
SSP/GO e CPF/MF nº 703.045.181-31, residente e domiciliada à Rua 9, qd. 15 lt.18,
Vila Esperança, Barro Alto-GO, CEP: 76390-000, com endereço eletrônico:
jack23112011@gmail.com, vem à presença de Vossa Excelência, por meio de sua
advogada, a qual subscreve, conforme procuração anexa, com escritório à Rua
Américo Borges, n. 45, Bairro Centro, na cidade de Barro Alto-GO, com endereço
eletrônico layanechaves.adv@gmail.com propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de FLORA BRASIL ENGENHARIA E


CONSTRUCAO LTDA, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n.º
30.437.385/0001-10, com endereço sito à Rua 08, s/n, Qd. 37, Lt 01, Bairro Extrema,
Barro Alto, Goiás, CEP 76.380-000, local onde a Reclamada poderá ser notificada,
tendo a alegar os fatos a seguir relatados e a invocar os fundamentos jurídicos que
amparam a sua pretensão.
1 DA JUSTIÇA GRATUITA

Por tratar-se de cidadã provadamente em situação de


hipossuficiência, conforme declaração anexa, requeiro que seja deferido o benefício
da justiça gratuita, em consonância com o que determina os artigos 98 e seguintes,
do Código de Processo Civil, bem como determina a Lei n.º 1.060/50, e em
conformidade com o §3º do art. 790 da CLT e da Súmula 463 do TST.
Deste modo, valendo-se do que se fundamenta o inciso
LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal da República, pede-se preliminarmente a
Gratuidade da Justiça.

2 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A Reclamante, no objetivo de comprovar as questões


alegadas, remeteu todas os elementos comprobatórios dos quais encontra-se apta a
produzir. No entanto, em razão de sua situação de hipossuficiência técnica, verifica-
se a necessidade de inversão do ônus da prova com intuito de provar o alegado trouxe
aos autos todas as provas que era apto a produzir. Entretanto, em razão de sua
hipossuficiência técnica, se faz necessário a inversão do ônus da prova, conforme o
que se descreve no artigo 818, §1º, da Consolidação das Leis Trabalhistas.
Ressalte-se aqui os Princípios da Proteção ao Trabalhador
e da Aptidão da Prova, os quais determinam ser de quem tem condições de cumprir
as comprovações técnicas, o referido ônus probandi. Assim, peticiona-se que a
Reclamada demonstre, pelos meios que se mostrarem necessários, as imperativas
provas.
3 SINTESE DO CONTRATO DE TRABALHO E SEUS DESDOBRAMENTOS
Por meio de divulgação em redes sociais, acerca de vagas
de emprego, divulgada amplamente pela reclamada, a reclamante procurou a
empresa, ao que foi contratada no dia 10 de maio de 2023, por meio de acordo verbal
para exercer o cargo de auxiliar de produção, cujas atribuições se desdobrariam nas
necessidades observadas ao longo da jornada, com relação ao plantio de mudas de
eucalipto, tais como: desenvolver a inserção das mudas nas telas; carregar as caixas
de mudas aos locais adequados; proceder com a capina manual de plantas daninhas;
auxiliar na verificação da efetividade dos agentes químicos contra pestes e fungos,
dentre outros que viessem a se mostrar necessário durante o labor. A CTPS foi
recolhida pelo empregador e devolvida no dia seguinte, sem qualquer anotação. A
reclamada foi informada que deveria verificar no aplicativo de carteira de trabalho
digital, mas, jamais pode constatar a anotação.
O salário acordado entre empregado e empregador foi o de
um salário mínimo vigente mais gratificação sobre a produção individual e adicional
noturno, para cumprir a jornada de segunda a sexta-feira, com início às 17h40min e
fim às 00:00, sem intervalo, e em sábados alternados, com início às 7h e fim às 16h.
Ressalte-se que, na jornada de trabalho com cumprimento
noturno, a empregada apenas tinha o direito de interromper sua produção por 15
minutos, sem bater o ponto, para fazer um lanche. Não sendo permitida qualquer outra
interrupção além dessa. Já no que concerne ao trabalho realizado durante o dia, com
jornada de 9 horas (entre 7 da manhã e 16 da tarde), não lhe era oferecido transporte
para realizar refeição, nem era oferecido qualquer alimentação no local (zona rural),
nem mesmo para ser comprado. Havia, entretanto, a disponibilidade de 1 hora de
intervalo para a que a mesma pudesse se alimentar, ao que se munia de marmita
preparada com antecedência em casa. Deste modo, vê-se caracterizado a função
legalmente impedida do “boia-fria”, vez que a empregadora não ofereceu à reclamada
nenhuma forma viável para garantia de alimentação durante sua jornada, seja por
meio de vale-alimentação, transporte, venda no local ou fornecimento gratuito.
Em tempo, relate-se o fornecimento, à reclamante, de uma
botina já desgastada, luvas também reutilizadas e camiseta de uniforme, apenas,
enquanto equipamentos de proteção individual. Além disso, a empresa não oferece
ambulatório nem tem ambulância à disposição de seus trabalhadores, em que pese
estar situada em local afastado e ter mais de 50 trabalhadores contratados. Em razão
disso, a reclamada denuncia ter passado mal durante seu expediente, pois estaria
com fome e com extremo cansaço após realizar o carregamento das caixas de mudas,
ao que relatou à sua supervisora, tendo como resposta o aconselhamento de “ir para
o banheiro pra ver se o mal passava”, e que retornasse aos seus afazeres com
rapidez.
No dia do primeiro pagamento, a reclamante e suas
colegas perceberam uma diferença muito grande entre o valor recebido e o que foi
combinado na contração, ao que perguntaram ao seu superior, cuja resposta foi de
não conter erro algum.
A reclamante, inconformada com a pesada jornada de
trabalho executada e o valor recebido, decidiu finalizar o contrato, mas, o empregador
buscou reverter a situação, solicitando a mesma que retornasse e fizesse os exames
admissionais necessários à contratação formal, alegando que passaria a efetuar o
pagamento do modo correto. A mesma procedeu com as solicitações do empregado
e retornou aos seus trabalhos.
Ocorre que no dia 6 de junho, às 17h30min, a reclamada
chegou à empresa para cumprir sua jornada e foi interceptada na portaria, impedindo-
a de prosseguir para suas tarefas. Somente às 18h43min, recebeu uma mensagem
de texto, direcionado ao grupo de WhatsApp destinado a comunicações institucionais,
informando o encerramento do turno. O empregador, na oportunidade, fez a demissão
da mesma, impendi-a de bater o ponto e envergonhando-a diante da equipe de
trabalho, que inclusive se manifestou constrangida com a situação. A responsável pelo
RH, inclusive, falou sobre a necessidade de conversarem pessoalmente no outro dia,
a fim de realizar a questão de modo adequado, mas, intransigente, o empregador se
recusou a ter qualquer conversa e dizendo que o encerramento se deu por culpa das
trabalhadoras que não estaria trabalhando o suficiente, o que supostamente
justificaria sua negativa a qualquer diálogo. Toda a conversa pode ser conferida nos
seguintes prints, sendo que sua validade poderá ser conferida por ata notarial em
possível fase probatória.

Segue a transcrição da conversa, onde a cor verde é


destaque para a fala do empregador, amarelo para as falas da reclamante:

[6/7 18:43] +55 62 9939-1404: @⁨ +55 62 8168-0132⁨ não


estamos tendo produção a noite
[6/7 18:43] +55 62 9939-1404: Vamos encerrar o turno !
[6/7 18:43] +55 62 9939-1404: Ok
[6/7 18:43] jack23112011: Ok
[6/7 18:44] +55 62 9939-1404: Tomar providências amanhã!
[6/7 18:44] +55 62 9460-0795: Ok
[6/7 18:44] Filha❤: Tô indo embora ent
[6/7 18:44] jack23112011: Então iremos bater o ponto e
retornaremos a nossa casa
[6/7 18:44] +55 62 8168-0132: Vamos conversar primeiro!
[6/7 18:44] +55 62 9939-1404: Nao
[6/7 18:44] +55 62 9939-1404: Já conversei de mais
[6/7 18:44] +55 62 8168-0132: Decidido?
[6/7 18:44] +55 62 9939-1404: Sim
[6/7 18:44] +55 62 8168-0132: Ok!
[6/7 18:46] +55 62 8168-0132: Não é assim que resolve as
coisas ♀♀♀
[6/7 18:48] +55 62 9460-0795: Também acho muita falta de
profissionalismo conversar com os funcionários assim pelo
celular sem ter nenhuma reunião para nos comunicar
porque está nos mandando embora sem justa causa
[6/7 18:48] jack23112011: Mais vcs deveriam ver que somos
poucas pessoas e fazemos oque podemos mais não tem uma
vez que somos reconhecidos e outra falaram que iam até
contratar mais pessoas e acho ué isso deveria ser conversado
com a gente e não por mensagem pois quando nos contrataram
conversarmos pessoalmente ok
[6/7 18:49] +55 62 8168-0132: Gente, eu sou contratada igual
vocês tá, só entendam isso!
[6/7 18:50] +55 62 9460-0795: Estamos colocando a culpa em
você meu bem
[6/7 18:50] jack23112011: Não falei pra vc não gata e sim para
o responsável pela contratação
[6/7 18:50] +55 62 8168-0132: Vou ver oque vai ser feito
[6/7 18:51] +55 62 8168-0132: Só tô me explicando mesmo   
[6/7 19:36] Elismar Motorista: Tem alguém trabalhando a noite??
[6/7 19:37] Elismar Motorista: Quero saber pra levar
[6/7 19:37] jack23112011: Ainda estamos aqui
[6/7 19:37] Elismar Motorista: Certo
[6/7 19:37] Elismar Motorista: 12:00 chego ai
[6/7 19:37] +55 62 9460-0795: Ok
[6/7 19:37] jack23112011: Ok
[7/7 15:09] +55 62 8168-0132: Gente, hoje vocês não a noite?
[7/7 15:09] +55 62 8168-0132: Vão**
[7/7 15:15] jack23112011: Eu não vou nao
[7/7 15:19] Filha❤: Eu tbm n vou
[7/7 15:21] +55 62 8168-0132: Gente, infelizmente sim, o turno
da noite vai ser suspenso por um tempo indeterminado, o nosso
superior tá decidido, mas quem tiver disponibilidade de vir
durante o dia, pode vir, ok?
[7/7 15:34] Filha❤: Tirando oq ele disse ontem pras meninas
da tarde
[7/7 15:35] Filha❤: Não foi só uma pessoa que me disse ,
acho que o mínimo era vim falar com o turno da noite já que
o problema era nós
[7/7 15:35] jack23112011: Falou mesmo que o turno da noite
não servia pra nada não vou sitar nomes pq não acho
correto
[7/7 15:35] +55 62 8168-0132: O chefe disse?
[7/7 15:35] Filha❤: Tbm n vou citar
Acordei com o celular igual pipoca hj , das coisas que me
disseram
[7/7 15:35] Filha❤: Sim
[7/7 15:35] jack23112011: Duas
[7/7 15:37] Filha❤: Só quero meu salário
Queria um pedido de desculpas tbm , mais se pra demitir
tem que mandar msg imagina pra pedir desculpa
[7/7 15:37] jack23112011: Não agradeço por nada porque na
realidade não vi nenhuma oportunidade boa aí e sim falta de
respeito com a gente 
[10/7 11:13] jack23112011: Olá querida bom dia que dia
iremos receber os dias que trabalhamos

Destaque-se, ainda, ao final da conversa, o relato da


requerente acerca da demora em realizar o pagamento das verbas ou mesmo de
prestar informações acerca do devido acerto.
O pagamento dos dias trabalhados, apenas, foi realizado
por pix, no dia 11 de julho, no valor de R$ 558,00.

DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Em que pese a reclamante ter sido contratada pela
reclamada para exercer suas funções com habitualidade, pessoalidade, subordinação
e mediante remuneração no valor de R$ 1.320,00, trabalhando de segunda a sexta-
feira das 17h40min as 00h e aos sábados alternados das 07h00min às 16h totalizando
40 horas semanais. A reclamada não providenciou o indispensável registro da CTPS
da empregada, o que deveria ter sido feito em respeito ao art. 29 da CLT, visto que
todos os requisitos para o reconhecimento da relação de emprego estão presentes
entre o Reclamante e a Reclamada, conforme art. 3º da CLT.
Isto posto, restando evidente o vínculo de emprego, requer
o seu reconhecimento, com a consequente anotação da CTPS do Reclamante, bem
como o recolhimento dos depósitos fundiários de todo o período trabalhado, o qual
teve início no dia 10.05.2023 e se findou no dia 06.07.2023, com data projetada para
o aviso prévio em 06.08.2023.

4 - DA DISPENSA IMOTIVADA
A reclamante foi avisada de sua dispensa por meio de
aplicativo de mensagens, conforme se demonstra nos prints aqui apresentados, não
tendo a reclamada dado quaisquer motivos para tal, não cumpriram aviso prévio e
nem tiveram as verbas rescisórias quitadas.

5- SALDO DE SALÁRIO
A reclamante ficou sem receber o valor de R$285,12
(duzentos e oitenta e cinco reais e doze centavos) referente ao saldo de salário do
mês de julho, quando foi dispensada no dia 06.08.2023, tendo trabalhado 06 dias no
mês. Faz-se necessário a condenação da reclamada ao pagamento.

6- DA INSALUBRIDADE
Durante todo o período contratual a Reclamante laborou
em condições insalubres. Todavia, nada foi pago nesse sentido e não eram fornecidos
todos os Epi’s necessários a atividade.
Nesse contexto, incidiu em colisão ao preceito contido na
Legislação Obreira (CLT, art. 189 c/c art. 192). Do mesmo modo à Constituição
Federal (CF, art. 7º, inc. XXIII)
A atividade desenvolvida pelo Reclamante exigia contato
direto com agrotóxicos, sem o uso de Epis adequados. De mais a mais, igualmente
era exposta a calor intenso, bem acima da razoabilidade.
Não obstante a Reclamante haver trabalhado nessas
condições, durante todo o período laboral, esse não recebera qualquer EPIs
específicos essa finalidade, apenas uniforme e botinas usados, o que infringe o artigo
191 da CLT, em seu inciso II:

São consideradas atividades ou operações insalubres


aquelas que, por sua natureza, condição ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a gentes nocivos á
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos (art. 189, CLT).

Nesse compasso, o labor realizado pela Reclamante se


enquadra na NR-15, anexo XIII, da Portaria 3.214/78 do MTE, ou seja, como de
trabalho realizado enfrentando agentes químicos. O anexo XIII visa proteger os
empregados em labor no qual exista trabalho em contato com agentes químicos, em
ambientes nocivos à saúde da obreira.

6.1 REFLEXOS DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE


Ante o que fora exposto, impõe-se a conclusão de
que a reclamante laborou, em verdade, em ambiente insalubre (CLT, art. 189).
É consabido que o adicional de insalubridade, por ser de
natureza salarial, deve incidir nas demais verbas trabalhistas. É o que se destaca, a
propósito, do verbete contido na Súmula 139 do Egrégio TST:
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Enquanto percebido, o
adicional de insalubridade integra a remuneração para
todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 da SBDI-1 - inserida
em 01.10.1997) (incorporada a Orientação Jurisprudencial
nº 102 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

Nesse compasso, a reclamada deve ser condenada a


pagar as diferenças correspondentes ao adicional de insalubridade, no grau máximo,
com reflexos em aviso prévio, férias com 1/3, depósitos do FGTS e 13º salário.

7- DO SALÁRIO FAMÍLIA

Logo que foi admitida, a Reclamante informou à


Reclamada que tinha (01) filho, nascido em 23.11.2011, conforme cópia da respectiva
certidão de nascimento (em anexo). Assim, considerando que o salário mensal pago
jamais sequer alcançou o salário mínimo, faz jus ao recebimento de cotas de Salário-
Família nos termos dos arts. 65 da Lei 8.213/91 e 84 do Decreto 3.048/99.
Desta forma, REQUER a condenação da Reclamada ao
pagamento do salário-família durante todo o período do contrato de trabalho,
conforme valores constantes da Tabela disponibilizada pelo Ministério da Previdência
Social, no valor de R$59,82 por filho, totalizando o valor de R$ 119,64 (cento e
dezenove reais e sessenta e quatro centavos)

8- DO ADICIONAL NOTURNO
Tendo em vista que a reclamante sempre trabalhou em
horário noturno sem nada receber, a mesma faz jus nos termos do art. 73, caput e §
2º, da CLT, as horas trabalhadas das 22hs às 5hs devem ser remuneradas com o
acréscimo de 20%.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao
pagamento do adicional noturno, no importe de 20% sobre o valor da hora diurna pelo
02h diária e 10hs semanais, que corresponde a 40hs mensais laborados até as 00hs,
bem como seus reflexos em verbas contratuais e rescisórias, chegando ao montante
estimado de R$ 120,80 (cento e vinte reais e oitenta centavos.), devendo a reclamada
juntar os cartões de ponto de todo o período laborado, sob pena de ter reconhecida a
jornada alegada na inicial.

9- DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO


Tendo em vista a inexistência de justa causa para a
rescisão do contrato de trabalho, surge para a Reclamante o direito ao Aviso Prévio
indenizado, prorrogado o término do contrato para o dia 06.08.2023, uma vez que o
§1º do art. 487, da CLT, estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo
empregador dá direito ao pagamento dos salários do respectivo período, integrando-
se ao seu tempo de serviço para todos os fins legais.
Assim sendo, o período de aviso prévio indenizado,
corresponde a mais 30 dias de tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13º salário,
FGTS, haja vista o tempo que a reclamante laborou para a reclamada, tendo seu
contrato rescindido indiretamente pela empregadora.
A Reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso
Prévio indenizado no montante de R$1.320,00 (um mil trezentos e vinte reais).

10- DAS VERBAS RECISÓRIAS DEVIDAS

1 – 13º SALÁRIO
Em relação ao 13º salário, a empregada não recebeu nada
sobre o período que trabalhou entre os meses de maio e agosto de 2023, período pelo
qual faz jus ao recebimento da verba nas seguintes proporções:
13º salário proporcional (3/12 avos) – R$356,40
Assim, requer que a Reclamada seja condenada a pagar
a quantia de R$356,40 (trezentos e cinquenta e seis reais e quarenta centavos) a título
de 13º salário referente ao período total tralhado pelo empregado.
2 - FÉRIAS + 1/3 CONSTITUCIONAL
Impõe-se a condenação da Reclamada ao pagamento das
férias adquiridas pelo empregado referente aos períodos abaixo descritos:
Férias proporcionais (3/12): R$330,00
1/3 sobre férias proporcionais: R$110,00
Isto posto, requer a condenação da Reclamada ao
pagamento do valor de R$ 440,00 (quatrocentos e quarenta reais) a título de férias
proporcionais + 1/3 referente ao período trabalhado pelo Reclamante.
3 FGTS + 40%
A reclamante laborou por meses para a reclamada e não
teve sua CTPS assinada e, consequentemente, nunca obteve em seu nome nenhum
recolhimento de FGTS em sua conta vinculada.
Tendo em vista todos os meses que o reclamante laborou
para a reclamada, ele faz jus ao recebimento de todos os depósitos de FGTS que
deveriam ter sido feitos entre maio e agosto de 2023, no valor R$ 362,21 (trezentos
e sessenta e dois reais e vinte e um centavos)

10- DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

O pagamento das verbas rescisórias não foi realizado,


restando descumprida a norma imposta pelo §6º do art. 477 da CLT.
Sobre tal tema, o E. Tribunal Regional do Trabalho da 18ª
Região tem decido nos seguintes moldes:
MULTA DO ART. 477 DA CLT. DISPENSA IMOTIVADA.
RECONHECIMENTO EM JUÍZO. O reconhecimento de
que nem todas as verbas rescisórias devidas foram pagas
no prazo legal - ainda que o tema fosse permeado de
fundada controvérsia cuja solução tenha demandado o
socorro à via judicial - enseja a incidência da multa prevista
no art. 477, §8º, da CLT. TRT18, RO - 0010355-
71.2013.5.18.0007, Rel. PAULO PIMENTA, 2ª Turma,
26/03/2015. g. n.

Isto posto, requer que seja a reclamada condenada ao


pagamento da multa no valor equivalente à maior remuneração do Reclamante, ou
seja, R$1.320,00 ( um mil trezentos e vinte reais), devidamente corrigida, nos
termos do art. 477, §6º e §8º da CLT.

11- DA APLICAÇÃO DO ART. 467 DA CLT


Tratando-se de verbas incontroversas, tem-se pelo devido
pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT, que assim dispõe:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho,


havendo controvérsia sobre o montante das verbas
rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena
de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.

Portanto, considerando que as verbas referentes a


VERBAS RESCISÓRIAS, quais sejam 13º salário proporcional, férias proporcionais
acrescidas do terço constitucional, FTGS + 40%, saldo salarial e aviso prévio
indenizado, não foram pagas ao final do contrato, devido o pagamento da multa de
50% (cinquenta por cento), conforme precedentes sobre o tema:
MULTA DO ART.467 DA CLT. INCIDÊNCIA. BASE DE
CÁLCULO. Sendo infundada a controvérsia e não tendo
sido efetuado pagamento em audiência, cabe a incidência
da multa do art.467 da CLT. Não há equívoco ao incluir
salários vencidos, aviso prévio e indenização
compensatória na base de cálculo dessa multa, porquanto
se considera verba rescisória toda parcela devida ao
trabalhador no momento da rescisão. (TRT-1, 0100453-
54.2018.5.01.0281 - DEJT 2019-08-01, Rel. MARIA
HELENA MOTTA, julgado em 09/07/2019
MULTA DO ART.467 DA CLT. BASE DE CÁLCULO.
INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. A indenização de
40% sobre o saldo do FGTS deve ser incluída na base de
cálculo da multa do art. 467 da CLT, porquanto se
considera verba rescisória toda parcela devida ao
trabalhador no momento da rescisão. (TRT-1, 0100440-
36.2018.5.01.0061 - DEJT 2019-10-09, Rel. MARIA
HELENA MOTTA, julgado em 02/10/2019).

Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas


rescisórias não foram pagas no prazo legal, impondo-se a penalidade em razão da
mora.
Por estas razões, requer que a Reclamada seja condenada
a pagar as parcelas incontroversas acrescidas de 50% (cinquenta por cento), caso
não sejam pagas em primeira audiência, o que totaliza R$ 1.737,91 (um mil
setecentos e trinta e sete reais e noventa e um centavos)

12 DOS DANOS MORAIS

12.1 DOS DANOS MORAIS PELO RISCO POR EXCESSO DE PESO CARREGADO
POR MULHER NO TRABALHO
Carregar peso excessivo é uma limitação legal prevista na
Consolidação das Leis Trabalhistas, sob pena de indenização pela exposição ao risco.
A hermenêutica da questão é pacifica, a exemplo do seguinte julgado:

DANO MORAL. CARREGAMENTO DE PESO SUPERIOR


A 25KG. CONFIGURAÇÃO. Restando comprovado que a
trabalhadora carregava, durante a sua jornada de trabalho,
peso superior ao limite máximo legalmente permitido, ela
faz jus à indenização pretendida. (TRT-1 - RO:
00103608220135010002 RJ, Relator: RILDO
ALBUQUERQUE MOUSINHO DE BRITO, Data de
Julgamento: 09/06/2014, Terceira Turma, Data de
Publicação: 16/06/2014)

Fazia parte das funções contínuas de trabalho exercidas pela


reclamante o carregamento de caixas de mudas para plantio. As caixas continham
200 (duzentas) mudas. Um pacote com 100 tubetes pesa aproximadamente 1kg (um
quilo), referentes à soma de 10 gramas por tubete, some -se isto ao substrato, de 100
a 200 gramas, para um volume de 55ml por tubete. Cada muda apresenta 30 cm,
podendo variar de 130 a 230 gramas por muda. Assim, ao analisar o peso por tubetes
e mudas, o peso carregado pela empregadora poderá variar entre 26 e 30 kg 1.
Desta forma, vê se transgredida a determinação dada pela
CLT, em seu artigo 390:
Art. 390 - Ao empregador é vedado empregar a
mulher em serviço que demande o emprego de força
muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho
continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho
ocasional.

1
Conste-se que os referidos pesos foram aferidos com base nas descrições dos objetos carregados, por meio
de entrevista com especialista no assunto, afim de aferir previamente a possibilidade e veracidade da denúncia
feita pela cliente.
Pede-se, pelo risco sofrido durante os meses trabalhados
e a título de indenização por transgredir determinações trabalhistas, dano moral no
valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

12.2 DA DISPENSA VEXATORIA E DO ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO.

Conforme já especificado acima, a reclamante foi dispensada de forma


vexatória pela reclamada, não tendo direito a uma explicação digna, sendo humilhada
e se sentindo constrangida perante os demais colegas de trabalho, configurando
abuso por parte do empregador, que comprovadamente tinha outros meios para
realização da dispensa, mas, preferiu a via vexatória, pública e virtual. É como tem
entendido o ordenamento jurídico:

VÍNCULO EMPREGATÍCIO. IMPROCEDÊNCIA. DANO


MORAL. DEMISSÃO VIA WhatsApp. A dispensa sem justa
causa pode configurar prática ilícita se o empregador agir
de forma abusiva. Assim, configurado excesso do
empregador ao demitir empregado via WhatsApp, deve
ser mantida a sentença que condenou a reclamada ao
pagamento da indenização respectiva. O valor arbitrado,
no entanto, deve ser pautado pelos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, de acordo com as
provas produzidas nos autos. Recurso conhecido e
parcialmente provido.
(TRT-11 - RO: 00013904120145110015, Relator: MARIA
DE FATIMA NEVES LOPES, Data de Julgamento:
10/12/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: 16/12/2015)

Em que pese a possibilidade de realização da dispensa via aplicativo de


smartphone, tendo em vista a hodierna usabilidade, principalmente no âmbito
empresarial, há que se destacar a necessidade de razoabilidade em sua utilização
além de equilíbrio da finalidade para a qual se destina. O ordenamento jurídico tem
compreendido a possibilidade de realização da dispensa por meio do aplicativo, no
objetivo de facilitar a comunicação e gerar conforto para as partes envolvidas, mas, a
lei preserva os direitos dos indivíduos, pois liberdade e modernidade jamais poderão
superar a necessidade de se resguardar a intimidade e de se garantir a relação de
respeito e cordialidade entre as pessoas. Assim, essa dispensa não guarda
justificativa plausível, vez que a reclamante encontrava-se dentro da empresa no
momento da demissão, mais precisamente, na área de fora do escritório onde se
localizam os trabalhos dos recursos humanos. Ainda assim, nenhum supervisor,
chefe, secretário ou qualquer funcionário estava presente para noticiar o feito.
Ademais, questiona-se a decisão de finalizar os trabalhos referentes ao turno da
reclamante ter sido tomada de modo repentino, para que a informação não pudesse
ter sido repassada durante o dia, para que a trabalhadora pudesse dirigir-se ao
escritório em horário administrativo, onde poderia ser comunicada do desligamento
de modo minimamente respeitoso e legal. Ademais, esta ação impediria até mesmo a
reclamada de dirigir-se em período noturno e permanecer à esmo na empresa, como
ocorrido:

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. DISPENSA


NOTICIADA POR APLICATIVO WHATSAPP. DANO
MORAL. 1. Garantido ao empregador o direito potestativo
de rescisão do contrato de trabalho, dele decorre a
responsabilidade pelas consequências de eventual abuso
no seu exercício. 2. É importante lembrar que se está
diante de fato cujas implicações na esfera humana requer
incontinente que a comunicação da dispensa se dê de
forma urbana e respeitosa, observando padrões éticos
e evitando dano à honra e boa fama do empregado e
evidente constrangimento, cuidado desprezado pela
reclamada. 3. Confirmado que a reclamante teve ciência
da rescisão do contrato por mensagem dirigida à terceiro
em grupo de Whatsapp integrado por empregados da
reclamada e seus superiores, em tom de piada ou júbilo,
por seguida de risos. 4. Demonstrada intolerável
indiferença em face do previsível sofrimento íntimo
impingido ao empregado, em momento de fragilidade
pessoal. 5. De posse imediata das provas pelas quais os
fatos se manifestaram, bem como o direto contato com os
atores sociais, sejam eles o agressor, a vítima e eventuais
circunstantes que vieram como testemunhas, nos afigura
com solar clareza que é a primeira instância que tem
melhores condições para bem valorar a compensação
pecuniária devida, ficando às instâncias revisoras tão
somente um crivo acessório de prudência, razoabilidade ou
proporcionalidade. Não há ponto em se trocar um arbítrio
por outro, um sentir ou subjetividade por outra. Negado
provimento.
(TRT-1 - RO: 01002414320205010061 RJ, Relator:
ROSANE RIBEIRO CATRIB, Data de Julgamento:
30/03/2022, Terceira Turma, Data de Publicação:
27/04/2022)

Intolerável que o empregador espere, no conforto de sua casa, o momento mais


tardio possível, para comunicar o fechamento de um turno inteiro por falta de
produção. Ignóbel a decisão de comunicar publicamente a dispensa à distância, sem
nenhum respeito à reclamada. INEXORÁVEL. Observe, excelência, que mesmo
diante da tentativa de conversa, o empregador simplesmente resolve: “Não! Já
conversei demais”. Este acontecimento por si conta de sua ilegalidade, quão pífia
demonstrou ser a integridade moral da colaboradora, aos olhos de seu empregador.
É pacífico:

DISPENSA VEXATÓRIA - DANOS MORAIS. Conquanto se


reconheça a possibilidade da rescisão desfundamentada do
contrato de trabalho por ato unilateral patronal, dada a ausência
de regulamentação integral o inciso I do artigo 7º da CRFRB/88,
tal procedimento deve ser realizado da forma menos
gravosa ao empregado, não se podendo aceitar que a
comunicação da extinção se dê forma pública, tampouco
constrangedora. Com efeito, a ordem jurídica vigente veda a
prática de atos abusivos de direitos (artigo 187 do Código Civil),
devendo seus titulares praticá-los na medida de suas
finalidades, sob pena de responderem pela extrapolação
ilícita.(TRT-3 - RO: 00362201414003005 MG 0000362-
73.2014.5.03.0140, Relator: Marcio Ribeiro do Valle, Oitava
Turma, Data de Publicação: 24/11/2015):

DISPENSA ARBITRÁRIA E VEXATÓRIA. DANO MORAL


CONFIGURADO. O empregador tem o direito de rescindir o
contrato de trabalho.É fato. Contudo, referida dispensa deve se
pautar pelo respeito entre as partes contratantes e sem que
haja ofensa à integridade moral e física do empregado. Claro
está que o poder de comando do empregador sofre
algumas limitações, decorrentes dos direitos individuais
fundamentais constitucionalmente amparados ao
empregado, enquanto ser humano. Logo, o direito
potestativo de despedir nãopode ser potencializado a
ponto de colocar-se em plano secundário o respeito à
dignidade humana elevado à estatura constitucional. (TRT-
2 - RO: 886200535102000 SP 00886-2005-351-02-00-0,
Relator: VALDIR FLORINDO, Data de Julgamento: 09/05/2006,
6ª TURMA, Data de Publicação: 12/05/2006)

Conforme demonstrado nas ementas citadas, o entendimento acerca da


necessidade de se resguardar a intimidade e a determinação legal de que qualquer
que seja a dispensa, deve se dar de modo honroso e discreto estão presentes nas
decisões jurídicas atemporalmente. Isso demonstra que os princípios que regem os
limites de poder nas relações entre empregadores e seus subordinados não sofrem
mutação quanto à obrigação de se empreender com respeito à dignidade humana.
Nem sofrerá.
Pese acoplado a este entendimento o fato de a ação do empregador não ter se
limitado à dispensa em comento. É usual que o mesmo aja de forma vexatória,
inclusive em reuniões onde cita nomes de empregados bons como exemplo, e
aproveita para destacar o que o mesmo compreende como “maus funcionários”, tendo
como parâmetro para o juízo em questão o simples alcance de metas. Quando, na
fala do empregador, o mesmo aduz “já ter conversado demais”, a referência é
justamente a essas ocasiões, pois, compreende não ser necessário o diálogo com as
colaboradas, vez que a produção realizada por elas não lhe agrada suficientemente
ao ponto de por elas ter o respeito devido.
O assédio moral no trabalho é prática rotineira. Além de atuar com constante
falta de respeito à honra e à intimidade dos colaboradores, o empregador se omite de
promover o respeito nas relações verticais dentro de seu estabelecimento, de forma a
tornar-se necessário que constantemente os trabalhadores tenham que se defender
entre si, e como podem. A empresa reclamada, por meio de seu administrador, reitera
em todas as oportunidades que cada um deve responder por si, não sendo ele o
responsável por administrar a conduta de seus subordinados.
Para além destes costumes, ressalte-se que o mesmo tem o costume de expor
publicamente, na entrada do estabelecimento, um ranking com o nome dos
trabalhadores e suas metas alcançadas.
A meta é observada como moeda de barganha para a continuidade do contrato,
embora não faça parte da remuneração original, mas, seja vista salarialmente como
mera premiação. Incoerente. Prova da ameaça é a motivação do fechamento do turno
ter sido justamente por ausência do cumprimento de metas estabelecidades
unilateralmente e posterior ao contrato:
DANO MORAL. EXPOSIÇÃO PÚBLICA DE RANKING
NOMINAL DE DESEMPENHO DOS EMPREGADOS.
ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL. ESPÉCIE DE
DANO IN RE IPSA . O exercício do poder diretivo do
empregador voltado a obter resultados econômicos
positivos não autoriza a que sejam utilizados mecanismos
capazes de constranger os trabalhadores e estimular de
forma exacerbada a competitividade no ambiente laboral,
sob pena de configuração de assédio moral organizacional.
Entre esses mecanismos está a publicização de ranking
nominal de empregados por resultados ou produção,
discriminação que detém, por si, o potencial de causar
constrangimento e desconforto perante os colegas àqueles
que não obtiveram resultados suficientes para figurar entre
os mais bem classificados. Tal postura do empregador
constitui, para além de mero aborrecimento a que todos os
trabalhadores estão sujeitos, em maior ou menor grau,
verdadeira prática desagregadora do tecido social no
ambiente de trabalho, pois estimula a desconfiança, a
competitividade e a rivalidade entre os empregados por
meio de manipulação emocional insidiosa e pretensamente
impessoal. Nessas hipóteses, prescinde-se da
comprovação particular de prejuízo, sendo este presumido
em relação a todos os trabalhadores expostos. Recurso da
autora a que se dá provimento parcial para condenar as rés
a pagar indenização por dano moral. PAGAMENTOS A
LATERE . VERBAS DENOMINADAS PRÊMIO PELO
EMPREGADOR. FINALIDADE DESVIRTUADA.
PARCELAS SALARIAIS DISSIMULADAS. NATUREZA
SALARIAL RECONHECIDA. O prêmio de que trata o § 4º
do art. 457 da CLT deve ser pago pelo desempenho
excepcional do trabalhador, atrelado a fato pessoal que
qualifica distintivamente a prestação de seus serviços
quando comparado ao ordinariamente esperado de todos
os empregados. A expressão "ainda que habituais"
constante do §2º do art. 457 deve ser compreendida, sob
este enfoque, como o pagamento habitual condicionado ao
desempenho ou dedicação superiores de um trabalhador
específico comparativamente à expectativa comum, já que,
ao menos em tese, nada impede que um empregado
obtenha desempenho além do esperado por período
prolongado de tempo. Para que a natureza salarial de uma
verba (regra) seja afastada pela natureza indenizatória
(exceção) é necessário disposição expressa, por meio de
lei, norma coletiva ou norma interna, que preveja a hipótese
de sua incidência, forma de pagamento e critérios de
cálculo, e que estes sejam estritamente obedecidos. Não é
dado ao empregador retirar determinada verba do campo
de incidência dos reflexos salariais e das normas tributárias
por ato puramente potestativo. Se o pagamento de
determinada verba, independente da denominação que a
ela se dê, ocorre com fulcro em desempenho situado no
âmbito do que é ordinariamente esperado, o pagamento
correspondente deve ser considerado salário. A tentativa
de caracterizar estes pagamentos como verba
indenizatória, com fundamento no § 4º do art. 457 da CLT,
nada mais significa do que distorcer a real finalidade da
norma, o que não pode ser admitido. Recurso da da autora
a que se dá provimento para reconhecer a natureza salarial
da parcela.

Diante de toda essa violência e abuso de poder, requer-se


a condenação da reclamada em danos morais, a titulo de indenização pela dispensa
vexatória e pelos maus tratos sofridos em ambiente de trabalho, e buscando cumprir
a lei, no sentido de coibir a continuidade de ações eivadas de indignidade, no valor
de R$10.000,00 (dez mil reais).

13 DA NÃO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES APONTADOS NA


INICIAL

A indicação dos valores na petição inicial, relativas aos


pedidos formulados, são meras estimativas, cuja função é de fixação do procedimento
(sumário, sumaríssimo ou ordinário), podendo atingir patamares maiores ou menores
no momento da sentença e (ou) liquidação de sentença.
A disposição contida no art. 840 da CLT, modificado pela
Lei nº. 13.467/2017, não determina que o valor do pedido necessariamente seja
liquidado/exato, mas que deverá indicar valor, que pode ser até mesmo estimado.
A quantificação dos pedidos da inicial representa apenas
uma estimativa necessária para a definição do valor de alçada/rito do processo, até
porque, o valor da condenação é atribuído, provisoriamente, para efeito de cálculo das
custas processuais, conforme o disposto no art. 789 da CLT e na Tese Jurídica
Prevalecente nº 16, do E. TRT3.
O C. Tribunal Superior do Trabalho na Instrução Normativa
41/2018, art. 12, parágrafo 2º, dispõe que “o valor da causa será estimado,
observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo
Civil”. g. n.
Dessa maneira, no caso de eventual condenação da
Reclamada, requer-se que os valores da condenação possam ser superiores aos
indicados pela parte Reclamante na exordial, sem qualquer vinculação e/ou limitação
aos valores atribuídos na peça inicial.

14 - DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA


Em virtude do art. 1º, da Lei nº. 8.906/94 do Estatuto da Advocacia, do art. 133
da Constituição e a luz do art. 20 do CPC, que torna indispensável a atuação do
advogado na justiça, requer o reclamante a condenação da reclamada ao pagamento
dos honorários advocatícios a serem definidos por Vossa Excelência.

15- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Assim, face ao exposto, com base na Constituição Federal,
CLT, Enunciados do TST e demais disposições legais aplicáveis à espécie, requer a
total procedência da presente ação e a condenação no pagamento das parcelas
seguintes devidamente atualizadas:

 concessão da Justiça Gratuita por Declaração de


Hipossuficiência, nos termos dos arts. 98 e 99
(especialmente seu § 3º) do do CPC, por interpretação
conforme a Constituição, ou pela declaração de
inconstitucionalidade do § 4º do art. 790 da Lei 13.467/17
pela via difusa;
 Saldo de salário no valor de R$285,12 (duzentos e
oitenta e cinco reais e doze centavos )
 recebimento do adicional de insalubridade, referente
a todo o período trabalhado, definido através de perícia
técnica, calculado pelo valor do salário base do
empregado, no percentual de 40%, bem como a integração
na remuneração para todos os efeitos legais, e incidência
em todas as verbas de direito (v.g.: 1/3 sobre férias
proporcionais, gozadas, ou recebidas indenizadamente,
13º salário proporcional e recebidos ou vencidos, aviso
prévio, FGTS, multa de 40% e INSS), totalizando
preliminarmente o valor de R$2.045,04 (dois mil e
quarenta e cinco reais e quatro centavos)
 Recebimento do salario família suprimido do período
trabalhado no valor de R$119,04 ( cento e dezenove reais
e quatro centavos)
 recebimento do adicional noturno no valor
aproximado de R$120,80( cento e vinte reais e oitenta
centavos)
 recebimento do aviso prévio indenizado no valor de
R$1.320,00( um mil trezentos e vinte reais)
 recebimento das verbas rescisórias devidas no valor
total de R$1.158,61 ( um mil cento e cinquenta e oito
reais e sessenta e um centavos)
 aplicação da multa do art 477 da CLT no valor de
R$1.320,00 ( um mil trezentos e vinte reais)
 aplicação da multa do art. 467 CLT acrescido de
50% no valor de R$ 1.737,91( um mil setecentos e trinta
e sete reais e noventa e um centavos)
 danos morais pelo risco de excesso de peso no valor
de R$5.000,00 ( cinco mil reais)
 danos morais pela dispensa discriminatória no valor
de R$10.000,00 ( dez mil reais)
 a incidência de juros legais moratórios;
 a incidência de correção monetária pelo índice
IPCA-E, de acordo com o entendimento consolidado no E.
TST;
 que sejam remetidos ofícios para a Delegacia
Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, e
à Receita Federal, informando as irregularidades
noticiadas, para que sejam tomadas as medidas cabíveis,
uma vez que a situação do Reclamante pode estar se
repetindo com outros funcionários da Reclamada;
 que a incidência de imposto de renda, se devida em
decorrência do recebimento acumulado das verbas, seja
suportada pela Reclamada;
 a condenação da Reclamada em de honorários
advocatícios de sucumbência, em percentual a ser definido
por Vossa Excelência, calculados sob o valor final da
liquidação, nos termos do que dispõe o artigo 791-A da
CLT;
 inversão do ônus da prova conforme art 818 CLT,
para que a reclamada seja intimada a juntar os
comprovantes de todo o pacto laboral.

Todos os cálculos acima apresentados representam uma


estimativa para fins de distribuição, devendo ser
apurados em regular liquidação de sentença, e acrescidos,
ainda, de reflexos e juros e correção monetária, até a data
do efetivo pagamento.

16 DOS REQUERIMENTOS FINAIS

E para que venha ao final obter a satisfação dos seus direitos, requer ainda as
seguintes providências processuais:

1. notificação da Reclamada para apresentar a


defesa que entender cabível, sob pena de revelia;
2. a designação de audiência inaugural;
3. a produção de todos os meios legais de prova,
ainda que não especificados na legislação processual (art.
369 do CPC), como a oitiva de testemunhas, a realização
de perícia técnica de exame, vistoria, avaliação, juntada ou
pedido de exibição de documento ou coisa, e todos os
demais em direito admitidos.
4. o depoimento pessoal do representante legal da
Reclamada, ou de preposto que tenha conhecimento
dos fatos, sob pena de confissão quanto à materia de
fato;
5. a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita,
uma vez que o Reclamante encontra-se atualmente em
situação econômica que não lhe permite pagar as custas
do processo e os honorários sem prejuízo do sustento
próprio e da família;
Dá-se à causa o valor de R$ 23.079,52 ( vinte e três mil e
setenta e nove reais e cinquenta e dois centavos).

Termos em que pede e espera deferimento.

Barro Alto - GO, data do protocolo eletrônico.

LAYANE APARECIDA FERREIRA CHAVES


OAB/GO n.º 69.738

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