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AHNEP

ARTUR HORTA NÚCLEO DE ESTUDOS EM PSICANÁLISE

CURSO LIVRE DE PSICANÁLISE


PROFESSOR LEANDRO

JOÃO CARLOS DE MATTOS BORGES

RESUMO TEXTO
A INVENÇÃO DA CRIANÇA DA PSICANÁLISE: DE SIGMUND
FREUD A MELANIE KLEIN

SÃO PAULO
2021
Resumo sobre o Artigo Referência: CORSO, Diana Myriam Lichtenstein. A Invenção da Criança
da Psicanálise: De Sigmund Freud a Melanie Klein. Estilos da Clínica.

Com a “descoberta” da sexualidade infantil (perverso-polimorfa), Freud provoca uma


enorme onda de protestos. Ele mesmo se refere a isso, assinalando que a infância era encarada
como inocente e isenta dos intensos desejos do sexo, e não se pensava que a luta contra o demônio
da sensualidade começasse antes da agitada idade da puberdade, onde tais atividades sexuais
ocasionais, conforme tinha sido impossível desprezar nas crianças, eram postas de lado como
indícios de degenerescência ou de depravação prematura, ou como curiosa aberração da natureza.
Ao propor uma criança dotada de uma sexualidade (perverso-polimorfa), Freud aponta para um
sujeito que escapa ao controle da educação, pois não é possível domesticar as pulsões de vida,
pulsões sexuais e de auto conservação e pulsões de morte.
Como o próprio texto evidência, Certamente Freud não descobriu a infância, ele apenas a
"complicou", desvendando o caráter interno deste processo, fazendo da moral a herdeira do amor
dos pais (constituição do superego), colocando os desejos parentais no lugar de molde do ideal, a
fôrma com a qual o sujeito se mede, e fazendo de tudo isto um imprevisível processo inconsciente
sujeito a suscitar a neurose e outros sofrimentos. Freud acreditava no poder liberador das palavras
que curam. O problema é que justamente por sua visão complexa da subjetividade, da
imprevisibilidade dos efeitos das vivências, Freud baniu qualquer sonho de objetividade possível
na construção educativa de um novo homem.
Já para Melanie Klein, o berço da sua teoria é precisamente o sonho pedagógico da
educação psicanaliticamente orientada de seu filho Erich. Ao iniciar esse texto de 1921, O
desenvolvimento da criança, Melanie Klein ressalta a importância do esclarecimento sexual às
crianças. Destaca que essa conduta era uma prática comum adotada, nessa data, nas escolas, com
a intenção de proteger as crianças dos perigos da ignorância nesse assunto durante a puberdade. A
psicanálise participava, por meio do esclarecimento sexual, da educação das crianças,
preocupando-se com o desenvolvimento destas.
A proposta de esclarecimento às crianças por meio do conhecimento psicanalítico tem
como objetivo educá-las desde os primórdios da infância, sobretudo levando em consideração o
momento do desenvolvimento no qual a criança está inserida. É a perspectiva da criança em
desenvolvimento que podemos reconhecer nesse primeiro momento. Este primeiro momento
pedagógico tinha o mote de uma apresentação do discurso da criança como confirmação das teorias
freudianas sobre a sexualidade infantil, porém, num segundo momento, já presente o objetivo
terapêutico, a criança não era objeto de curiosidade, mas sim de preocupação.
Ainda é citado no texto que Pais e mães desempenham seu ofício sem nenhum tipo de
automatismo hereditário. A paternidade se instaura encarando os seus antepassados como uma terra
de fertilidade duvidosa, regada de neurose, sobre a qual plantar suas próprias convicções. Assim
as teorias infantis, teorias confeccionadas pela criança e utilizadas para compreender o mundo, quer
sejam as sexuais, como descoberto por Freud, quer sejam as hipóteses cognitivas como teorizado
por Piaget, são o instrumento por excelência do vir a ser da criança.
No texto cita que o obra de Melanie chega justamente em um momento histórico no qual
o sexo e a morte começavam a ser encobertos no discurso psicanalítico, a marca da repetição sobre
o imensurável desejo e a pulsão de morte perdiam espaço conceituai na medida em que teóricos
supostamente ponderados os atribuíam a excessos senis do mestre.
Podemos reconhecer, na leitura desse fragmento de Melanie Klein, o interesse pelos
recursos educativos utilizados como instrumentos capazes de proporcionar um melhor
desenvolvimento da criança no processo terapêutico. No caso do menino Fritz, esse recurso é
claramente identificado por meio do esclarecimento dos fatos dados e revelados para ele no
tratamento.
Para Ana Freud, a consciência da doença era inexistente nas crianças, a queixa vinha dos
pais. A transferência, que permitiria a confiança na análise e no analista também impossível, pois
não julgava possível a neurose de transferência na infância visto que "a velha edição ainda não se
esgotou". Já para Melanie o debate rumava por outros caminhos, pois, defensora que era de uma
intervenção mais analítica que terapêutica, denunciava em Anna os descaminhos de quem muito
se preocupa com a consciência, quer seja da doença ou de qualquer outra coisa.

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