AFINAL, O QUE OS BEBÊS FAZEM NO BERÇÁRIO?

(Paulo Fochi)

PESQUISAR A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA

- Alguns traços da educação infantil para desenhar contextos de vida coletiva

- Escola de educação infantil: espaço de cuidado, de socialização, de aprendizagem e de educação
- A partir dos anos 70: começa uma importante aposta na contribuição que a escola de educação infantil pode oferecer às crianças
pequenas e suas famílias, que também acentua atuais desafios, como ampliar a oferta de vagas; refletir, prever e aplicar políticas
públicas para essa etapa; e, talvez um dos aspectos mais custosos, pensar na dimensão da qualidade na educação infantil, visto que a
definição do que é qualidade será constituída a partir dos contextos em que estiver inserida.
- Novo papel da escola: “privilegiado lugar das crianças”.
- Funções da educação infantil:
- SOCIAL
- POLÍTICA
- PEDAGÓGICA
PEDAGOGIA COMO CAMPO DO CONHECIMENTO

- A especificidade do conhecimento pedagógico ancora-se nas bases empíricas e na produção teórica já acumulada
- O autor esclarece que o estudo presente no livro se localiza no campo das pedagogias para a pequena infância, tratando de acolher, desde
o ponto de vista metodológico, uma abordagem de pesquisa que nasce de uma experiência educativa, portanto, da própria pedagogia.
Além disso, as pesquisas no campo da educação, com ou sobre crianças pequenas, têm utilizado metodologias oriundas de diversas áreas,
como psicologia, antropologia, sociologia, saúde e filosofia.
- IMPORTANTE: A partir do momento em que a educação das crianças pequenas tornou-se responsabilidade social e coletiva, nasceu a
necessidade de se voltar para a experiência pedagógica e pensar sobre como configurá-la. Hoje, estamos constituindo esse campo do
saber, inventariando modos de criar um estatuto que permita, ao mesmo tempo, atender à complexa estrutura da educação infantil e
“refletir sobre o que se faz na escola com e para as crianças, sem abstrair essa ação do contexto no qual é concretamente realizada”
(BONDIOLI, 2004).
- Os sujeitos de educação infantil não são alunos, mas crianças
- Sobressaem-se as formas como os adultos fazem atribuições aos sujeitos e como naturalizamos a presença dos alunos na sociedade.
As obrigações postas de antemão à categoria aluno determinam certo modo de ser e se comportar, ou seja, a forma de ser aluno é
de ser sujeito em um sistema anterior a ele.
- Proposta: situar a ideia de criança, e não mais de aluno, em contexto de vida coletiva provoca reivindicações relativas:
- Ao respeito à individualidade e contra os movimentos de homogeneização;
- À possibilidade da construção de um espaço, no qual adultos e crianças habitem, de modo que as culturas infantis e adultas
convirjam, deixando de lado o caráter dominante do adulto sobre a criança
- À dimensão humana que reside sobre a ideia de que a criança que chega ao mundo é desejosa de se comunicar e de se relacionar e
está engajada para experimentar o seu entorno.
- Espaços/locais de encontro: assumem significados particulares em razão tanto daquilo que os difere de outros espaços, quanto da
natureza que os constitui e de sua função social (BONDIOLI, 2004).
- Construção social dos espaços: os espaços são constituídos socialmente, pois as normas de permanência e acesso, a convivência, as
interações e as próprias proibições são marcadas pela forma como estão no contexto e pelas narrativas que as constituem.
- Proposta didática para a educação infantil: “Nova Didática”
- Recusa-se a linearidade (currículo, avaliação, planejamento, rotina), marcada pela ideia de previsibilidade (estruturação adulta sobre
a atividade da criança).
- Construção do Projeto Educativo:
- OBSERVAÇÃO
- REGISTRO
- PROJEÇÃO (PROGETAZZIONE)
TRÊS AUTORES PARA COMPOR A INTERLOCUÇÃO TEÓRICA
LORIS MALAGUZZI
- Papel decisivo na educação da região Emilia -
Romagna (Itália) no pós II GM.
- Poema: “As Cem Linguagens”.
- Fala sobre a abordagem da documentação
pedagógica e a reflexão necessária a respeito
da imagem da criança.
- Consciência: as coisas relativas às crianças e
para as crianças somente são aprendidas por
meio das próprias crianças.
- Suas bases: pedagogos, psicólogos, filósofos,
artistas, poetas, antropólogos, linguistas...
- As crianças querem demonstrar aquilo que
sabem fazer. A paixão pelo conhecimento é
intrínseca a elas.
- Criança: capaz, portadora do inédito
- Professores: eram aconselhados
incorporarem em sua prática o hábito da
escrita e a reflexão a partir dela.
- A escola deveria dar testemunho pedagógico
e cultural de sua profissão.
- Por meio da narrativa é que se constrói
sentido à criança (...).
EMMI PIKLER
Experiência de Lóczy (Hoje: Instituto Pikler).
- Postulou conceitos importantes sobre o
desenvolvimento motor dos bebês,
associando-os a aspectos sociais, afetivos e
cognitivos.
- Temas e princípios: atividades de atenção
pessoal (alimentação, sono, higienização);
liberdade e autonomia; a linguagem na
relação educador e criança; crianças que
podem se mover com liberdade são mais
prudentes; bebês não têm necessidade de
intervenção direta do adulto para aprender
novos movimentos; reconhecimento do
valor das relações pessoais estáveis da
criança; construção pela criança da imagem
a positiva de si mesma; o encorajamento e a
manutenção da saúde física da criança, fato
que não só é a base dos princípios
precedentes, mas também é um resultado
da aplicação adequada desses princípios.
JEROME BRUNER
- Psicólogo e professor universitário,
americano.
- Evidencia a necessidade de uma
compreensão biológica e cultural no
desenvolvimento do ser humano, e um dos
grandes temas localizados na sua produção é
o “saber-fazer” na infância.
- Conceitos importantes para a educação:
pensamento, linguagem, narratividade.
- Atenta-se à forma como os bebês adquirem
a linguagem, e a narratividade, como aquilo
que dá sentido ao mundo.
- Preocupado com as formas específicas do
pensamento infantil, propõe a narrativa para
dar sentido ao mundo e à experiência.
CAMINHOS METODOLÓGICOS

- Todo o trabalho de pesquisa é realizado em etapas de observação, registro e progettazione

- OBSERVAÇÃO:
- O campo
- Pesquisador
- Educador
- Bebês
- Ações (ouvir, ver, falar, tocar)
- Tempos
- Espaços e Materialidades

- O objetivo do autor não é direcionar as observações para avaliar o desenvolvimento psicológico infantil (o que a criança normal
deve estar fazendo em uma determinada idade).
 Psicologia do Desenvolvimento

A ideia inicial da psicologia do Malaguzzi

desenvolvimento, da criança universal e
da categorização em limites prefixados Sua abordagem (da documentação
indica estar fortemente associada à pedagógica) é contrária a essa forma,
premissa de observar a criança para
saber se ela já atende, ou não, a um
determinado marco estabelecido. Dessa
x pois diz respeito à tentativa de enxergar
e entender o que está acontecendo no
trabalho pedagógico e o que a criança é
forma, as instituições, como é o caso da capaz de fazer sem qualquer estrutura
escola, são produtoras de resultados predeterminada de expectativas e
das crianças, cabendo a ela a finalidade normas.
de formar a criança para que alcance os
resultados demarcados a priori.