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Centro Universitário SENAC

Avaliação de Impactos Ambientais e Processos de Licenciamento Ambiental – EAD


EIA-RIMA: Estrutura geral e Relações

Discente: Thiago Amorim Fiorotti

Docente: Fátima Pereira Pinto

Questão 01

O processo para licenciar um empreendimento tem como característica forçar os


interessados em analisar sistematicamente os possiveis impactos ambientais do projeto e fazer
com que os autores propõem medidas capazes de evitar ou, ao menos, minimizar os efeitos
adversos do plano (TRENNEPOHL, 2020).

De acordo com o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) exposto, o


algorítimo para se obter as licenças ambientias para a Usina Termelétrica Novo Tempo
Barcarena inicia-se pela fase de Viabilidade ambiental do projeto, na qual possui a finalidade
de se obter a Licença Ambiental Prévia (LP). Nesta etapa, os interessados na idealização do
projeto (empreendedores) geralmente contratam consultores capazes de elaborar um Estudo
de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório (EIA-Rima), com diagnósticos rico em
informações sobre os impactos aos meios fisico, biótico e socioeconômico, trazendo uma
visão holística sobre o projeto. Essas informações são de suma importancia para uma eficaz
previsão dos impactos ambientias possiveis e para a avaliação e elaboração de um plano de
gestão ambiental, com medidas de mitigação e compensação adequados.

Após a elaboração e entrega do EIA-Rima ao órgao licenciador, que neste caso é a


Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), este tem o dever de divulgar o
pedido de licenciamento e realizar Audiências Públicas para que a sociedade civil,
organizações não governamentais, pesquisdores e quem se interessar pelo assunto, participem
do encontro e tenham oportunidade para analisar e discorrer sobre a viabilidade e influências
na implementaçao do empeendimento. Posposto a isto, o órgão ambiental decide sobre a
concessão ou não da LP.

Adquirido a LP, os interessados no licenciamento (empreendedores e consultores)


realizam a confecção do Plano Básico Ambiental (PBA), com informações mais profundas
acerca do projeto, detalhando as medidas e programas previstos no EIA. Com isso, é feito a
solicitação junto ao órgão licenciador responsável (SEMAS) para obeteção da Licença
Ambiental da Instituição (LI), que analisará a eficácia do PBA.

Coquistado a LI, os idealizadores da Usina entrarão na fase de Obra propriamente dita,


caracterizado pela elaboração do Projeto Executivo e de Construção. A partir deste instante,
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dar-se-ão a implementação do PBA e Programas de Movimento, pois ocorrerá a maior


demanda de mão de obras para o levantamento fisico do empreendimento. Feito isto, entra-se
com o pedido de Licença de Operação junto ao SEMAS e assim que for liberada, a usina
entrará na fase de operação e poderá produzir, e concomitantemente, atendendo e realizando o
monitoramento das condicionantes ambientais previstas nas etapas de projeto.
Periodicamente a LO deverá ser renovada junto ao órgão licenciador. A licença de Operação
tem um prazo de validade entre 4 a 10 anos, e sua renovação deverá ser solicitada sempre com
uma antecedencia mínima de 120 dias (FARIAS, 2015).

Questão 2

De acordo com o Rima foram apontadas três alternativas tecnógicas para escolha da
engenharia de processo empregada no projeto, são elas: fonte termelétrica de geração de
energia; utilização de um sistema híbrido (ciclo combinado); e gás natural como substrato
energético.

A matriz energética brasileira é bastante complexa e variada. De acordo com o


Balanço Energético Nacional, o Gás Natural reprenta 13% desta matriz ao passo que a
contribuição de centrais hidrelétricas estão na casa dos 12%. Porém, quando analisando esses
dados em geração de energia elétrica disponível, este passa a repesentar 65,2% e aquele
10,5% da matriz brasileira (BRASIL, 2018).

É fato que as energias ditas limpas, tais como eólicas e hidrelétricas por exemplo,
apresentam menores impactos ambientais relacionados à emissão de GEE. Porém estas
formas de geração de energia são dependentes de fatores que nem sempre estarão em plena
disposição para conversão. A variação no regime pluviométrico potencializado pelas
mudanças climáticas, além de problemas relacionados ao assoreamento de reservatórios,
compromentem a disponibilização de energia em centrais hidrelétricas. Com a diminuição no
fluxo natural de rios, a geração de eletrecidade fica comprometida. Silva e colaboradores
mostraram que quanto menor o índice de Padronização de Precipitação, menor a taxa de
geração de energia (SILVA et al., 2016). Nesse mesmo viés, nem todos os dias tem-se a
disponibilidade de raios solares aos parques fotovoltaícos e a incisão de ventos fortes nas
centrais eólicas. Esses fatoes causam intermitência no fornecimento de energia elétrica.
Portanto, a geração de energia por meio de centrais termelétricas ganham destaque, pois
possuem a capacidade de prover energia de forma constante e planejada.

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O princípio básico de funcionamento de uma central termelétrica passa pela conversão


da energia térmica, proveniente da queima dos gases combustíveis (GNL), em energia
mecânica, na qual é posteriormente convertida em eletrecidade. O ciclo combinado consiste
na hibridização de um ciclo movido a turbina a gás (Brayton) e um ciclo a vapor (Rankine),
de forma que o aproveitamento energético seja potencializado consideravelmente (STUCHI;
TACONELLI; LANGHI, 2015).

A escolha para utilizar o gás natural liquefeito (GNL) como fonte energética para a
termelétrica está diretamente relacionada aos produtos de combustão desta subtância. Para
atender aos acordos internacionais, tais como a COP-23, no qual ratificou-se o acordo de París
para a atenuação na emissão de gases do efeito estufa, e para evitar a contaminação por
particulados a longo prazo na população local, a escolha pelo GNL faz todo o sentido. Se
comparada aos combustíveis fosseis (petróleo e carvão), a queima de GNL libera uma
quantidade consideravelmente inferior de gás carbônico ao ambiente, visto que a cadeia
carbonica do GNL é menor e menos complexa que dos derivados fósseis (GIODA, 2018).
Além disto, ao ser oxidada, o GNL não emite particulados inaláveis (MP10) que tem a
capacidade de desenvolver doenças respiratórias graves na população, e nem compostos
derivados de enxofre, que são capazes de produzirem o efeito de chuvas ácidas.

Questão 3)

De acordo com o Rima, os impactos socioeconômicos do empreendimento serão de


influencia direta (Barcarena) e influencia indireta (Barcarena e Abaetetuba). Desde a década
de 1970, as regiões supracitadas vem crescendo e se desenvolvendo com a implementação de
siderúrgicas e usinas de geração elétrica. Apesar de a UTE Novo Tempo estar localizada no
municipio de Barcarena, será em Abaetetuba o maior impacto observado no que tange a
expansão populacional urbana e rural, visto que lá a cidade possui melhores estruturas
comerciais e urbana (CELBA; GIN, 2017).

Em um primeiro momento, a construção civil da Usina estima a criação de 700


empregos diretos e 2.000 empregos indiretos. Já em um segundo estágio do projeto, a
expectativa é de que sejam mantidos 60 funcionários diretos da UTE e 180 indiretos. Esta
demanda cria uma enorme esperança local, visto que além dos empregos criados, gerarão
rendas e receitas para a região. O resultado para este cenário é o desenvolvimento regional,
melhoria na mobilidade urbana e a tendência de novos empreendimentos se intalarem no
local. Por outro lado, ocorrem também os impactos negativos desse crescimento, como uma
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maior circulação de veículos e aumento significativo na geração de resíduos urbanos


(CELBA; GIN, 2017).

Concomitantemente a geração de empregos, há uma perspectiva de desenvolvimento


estrutural da região, pois os municípios receberão impostos volumosos como o ISS e ICMS,
por exemplo. Atualmente os moradores de Barcarena, Abaetuba, Vila do Conde, Vila de
Itupanema e Paramajó, que foram entrevistados pelos consultores do projeto UTE Novo
Tempo, se queixam da falta de infraestrutura urbana local, educação, saúde, transporte e
segurança pública. Segundo eles, sempre que precisam resolver algo de maior complexidade,
precisam deslocar-se até Belém. A região carece de uma melhor estrutura de saúde pública.
Em Barcarena, por exemplo, há um grande volume de casos de doenças que envolvem o
sistema circulatório e respiratório. Marinho e colaboradores (MARINHO et al., 2016)
mostraram o perfil de morbidade por doenças de veiculação hidrica e respiratórias, onde as
crianças (de oa a 4 anos) são as principais impactadas, em valores percentuais de 350 casos
em 2012. Já em Abaetuba, destacam-se as internações por doenças infecciosas e parasitárias.
Esses dados podem ser relacionados ao precário sistema de tratamento de água, esgoto e
coleta de lixo. De acordo com Piratoba e colaboradores (PIRATOBA et al., 2017)

Por fim, o crescimento local despertará o interesse na vinda de migrantes de outras


regiões, fazendo com que ocorra uma valorização imobiliária e de outros setores da economia
local. A geração de renda aumenta necessariamente a demanda por bens e servicos, como
restaurantes, farmácias, padarias, vestuario, e também na valorização dos imóveis para
locação, compra e venda. De acordo com o consórcio, esses impactos podem ser classificados
como positivos, e esses indicadores serão acompanhados por um Plano de Monitoramento
Socioeconômico.

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Referências

BRASIL. Balanço Energético Nacional 2018. . Brasilia: Ministério de Minas e Energia.


Disponível em: <http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-303/topico-419/BEN2018__Int.pdf>. ,
2018

CELBA; GIN. Relatório de Impacto Ambiental: Usina Termelétrica - UTE Novo Tempo
Barcarena. . Barcarena: [s.n.]. , 2017

FARIAS, Talden. Licenciamento ambiental: aspectos teóricos e práticos. 5. ed. Belo


Horizonte: Fórum, 2015. v. 1.

GIODA, Adriana. Comparação Dos Níveis De Poluentes Emitidos Pelos Diferentes


Combustíveis Utilizados Para Cocção E Sua Influência No Aquecimento Global. Química
Nova, v. 41, n. 8, p. 839–848, 2018.

MARINHO, Jamile Salim et al. Doenças infecciosas e parasitárias por veiculação hídrica e
doenças respiratórias em área industrial, Norte do Brasil. Cadernos Saúde Coletiva, v. 24, n.
4, p. 443–451, 2016.

PIRATOBA, Alba Rocio Aguilar et al. Caracterização de parâmetros de qualidade da água na


área portuária de Barcarena, PA, Brasil. Ambiente & Água - An Interdisciplinary Journal of
Applied Science, v. 9, n. 3, 2017.

SILVA, Juliany Martins et al. Correlação Entre o Índice Padronizado de Precipitação e


Geração de Centrais Hidrelétricas de Pequeno Porte. Revista Brasileira de Energia
Renováveis, 2016.

STUCHI, Gabriel; TACONELLI, Mauricio; LANGHI, Victor. Geração termelétrica:


principais componentes e tipos de centrais termelétricas. 2015. 147 f. USP, 2015. Disponível
em: <http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180500/tce-14032016-
175537/publico/Stuchi_Gabriel_Augusto_Domingos_tcc.pdf>.

TRENNEPOHL, Terence. Manual de Direito Ambiental. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020. v. 8.

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