Você está na página 1de 12

Os antimodernos

De Joseph de Maistre a Roland Barthes

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 1 07/05/14 11:12


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor Jaime Arturo Ramírez
Vice-Reitora Sandra Regina Goulart Almeida

EDITORA UFMG
Diretor Wander Melo Miranda
Vice-diretor Roberto Alexandre do Carmo Said

CONSELHO EDITORIAL
Wander Melo Miranda (presidente)
Ana Maria Caetano de Faria
Danielle Cardoso de Menezes
Flavio de Lemos Carsalade
Heloisa Maria Murgel Starling
Márcio Gomes Soares
Maria Helena Damasceno e Silva Megale
Roberto Alexandre do Carmo Said

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 2 07/05/14 11:12


Antoine Compagnon

Os Antimodernos
De Joseph de Maistre a Roland Barthes

Laura Taddei Brandini


Tradução

1ª reimpressão

Belo Horizonte
Editora UFMG
2014

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 3 07/05/14 11:12


© 2005, Éditions Gallimard. Título original: Les antimodernes: de Joseph de Maistre a
Roland Barthes
© 2011, Editora UFMG
2014, 1ª reimpr.

Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita
do Editor.

C736a Compagnon, Antoine.


Os antimodernos : de Joseph de Maistre a Roland Barthes / Antoine
Compagnon ; tradução de Laura Taddei Brandini. – Belo Horizonte : Editora
UFMG, 2011.

573 p. : il. – (Humanitas)


Tradução de: Les antimodernes: de Joseph de Maistre à Roland Barthes.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7041-912-5

1. Literatura francesa - História. 2. Modernidade. 3. Literatura - História.


4. Cultura - História. I. Brandini, Laura Taddei. II. Título. III. Série.

CDD: 840
CDU: 840-94

Elaborada pela DITTI – Setor de Tratamento da Informação


Biblioteca Universitária da UFMG

DIRETORA DA COLEÇÃO Heloisa Maria Murgel Starling


COORDENAÇÃO EDITORIAL Michel Gannam
ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa e Euclídia Macedo
DIREITOS AUTORAIS Maria Margareth de Lima e Renato Fernandes
COORDENAÇÃO DE TEXTOS Maria do Carmo Leite Ribeiro
PREPARAÇÃO DE TEXTOS E REVISÃO DE PROVAS Danivia Wolff e
Maria do Rosário A. Pereira
PROJETO GRÁFICO Cássio Ribeiro, a partir de Glória Campos Mangá
FORMATAÇÃO E MONTAGEM DE CAPA Diêgo Oliveira
IMAGEM DA CAPA Malevich, Quadrado Branco em Fundo Branco, 1918 (detalhe)
ATUALIZAÇÃO 1ª REIMPRESSÃO 2014 Cássio Ribeiro
PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac

EDITORA UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 | CAD II / Bloco III
Campus Pampulha | 31270-901 | Belo Horizonte/MG | Brasil
Tel. +55 31 3409-4650 | Fax +55 31 3409-4768
www.editoraufmg.com.br | editora@ufmg.br

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 4 07/05/14 11:12


Sumário

Nota da Tradutora 10

Introdução 11
Os modernos em liberdade

I. AS IDEIAS

1. Contrarrevolução 25
Antimodernos ou contramodernos 26
Antimodernos e reacionários 29
Uma Revolução contrária ou
o contrário da Revolução 32
“A vergonha do espírito humano” 34
A oligarquia da inteligência 40

2. Anti-Iluminismo 49
Burke, apóstolo do realismo 55
Política experimental e metapolítica 56
O “farol obscuro” 63

3. Pessimismo 69
A sociedade contra o indivíduo 74
Resignados à decadência 81
Ser um homem de seu tempo 86
O fim de um antimoderno 88

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 5 07/05/14 11:12


4. Pecado original 93
Punição e regeneração 96
O pecado original continuado 97
Todos culpados 101
Contágio e reversibilidade 103
A morte do rei 108
Um Schopenhauer maistriano 110
A vítima é o carrasco 112

5. Sublime 117
Puritas impuritatis 118
Metapolítica do carrasco 120
Romantismo e reação 130
O dândi 135
O ódio ao sublime 138

6. Vituperação 143
Genealogia de um estilo 146
Oximoro e antimetábole 149
O espírito antimoderno 152
A paixão pela língua 155

II. OS HOMENS

1. Chateaubriand e Joseph de Maistre 161


atrás de Lacordaire
O Chateaubriand do Génie du christianisme 163
Lacordaire e Montalembert, heróis românticos 167
Chateaubriand e as conferências de Notre-Dame de Paris 174
Entre De Maistre e Chateaubriand 177

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 6 07/05/14 11:12


Um predicador sob influência 183
A reação contra Lacordaire 187

2. Antissemitismo ou antimodernismo, 197


de Renan a Bloy
O judeu, agente do modernismo 200
O antissemitismo dos filossemitas 206
O filossemitismo dos antijudeus 212

3. Péguy entre Georges Sorel 225


e Jacques Maritain
As figuras do antimoderno segundo Georges Sorel 228
Péguy contra o “mundo moderno” 232
“O mundo dos que dão uma de espertos” 236
Pascal, herói antimoderno 243
Bergson instrumentalizado 248
Benda, o “anti-Bergson” 257
Maritain, antimoderno, ultramoderno ou moderno 260

4. Thibaudet, o último crítico feliz 269


A Terceira República em forma de homem 270
Uma crítica em imagens 274
O anti-Brunetière 278
Com Mallarmé e Flaubert 282
Entre crítica criadora... 285
...e história da paisagem literária 286
O único e a série 290
Pluralista ou dualista? 292
O momento político 297

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 7 07/05/14 11:12


5. Julien Benda, 307
um reacionário de esquerda na NRF
Péguy ou Benda? 311
Contra o “literaturismo” 313
Por um outro partido da inteligência 320
O pretenso clérigo 324
O peregrino do absoluto 330
O antifascista da NRF 336
O racional do Talmud 340
Um bebedor de sangue 348
O judeu odioso 360
Paulhan contra Benda,
ou dois antimodernos em confronto 364
Os modernos e a língua dos hurões 371
Benda ou o espírito NRF 378

6. Julien Gracq entre André Breton e 383


Jules Monnerot
Monnerot ou Blanchot, sim ou não 385
Correr atrás do ônibus 398
Novo e reacionário 407

7. Roland Barthes em São Policarpo 417


A última aula 418
Segunda leitura 420
Morte da literatura 422
Na retaguarda da vanguarda 428
A vacina da vanguarda 432
Vanguarda e ódio da linguagem 437
Barthes, o marxista, e Paulhan, o reacionário 439
Mais Bossuet que Diderot 444
A redenção pelo poema 449

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 8 07/05/14 11:12


Conclusão
Os reacionários sedutores 455
Amor fati 456
Quem perde ganha 458

Notas 463

Nota bibliográfica 553

Índice onomástico 555

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 9 07/05/14 11:12


Nota da tradutora

Traduzir Os antimodernos significou reproduzir o pensamento de


Antoine Compagnon, veiculado em uma linguagem salpicada de expres-
sões e ditos populares – o que faz a particularidade desse ensaísta e
professor especialista em Literatura Francesa: suas ideias e sua erudição
são ventiladas através de rajadas de coloquialismos e de imagens triviais,
aproximando a teoria das universidades do dia a dia de todo o mundo.
Traduzir Os antimodernos, contudo, é também traduzir todos os
autores a quem Compagnon dá voz para expor e analisar a tradição
da antimodernidade que percorre a história da literatura francesa. As
hipérboles de Chateaubriand, as repetições de Péguy, as imagens
regionais de Thibaudet, o texto rebuscado de Benda, a frase difícil de
Gracq, os fragmentos de Barthes, tão pessoais, dentre muitos outros,
por sua pluralidade, constituem um desafio de tradução e um atrativo
a mais para os leitores. Como tradutora, coloco-me tanto ao lado dos
leitores do livro, pois lendo-o descobri qualidades que certamente outros
leitores já descobriram e descobrirão, quanto ao lado do autor, buscando
refletir sua maneira de se expressar e apreender seu raciocínio com
precisão. Para tanto, pude contar com a atenção e os esclarecimentos
pacientes do próprio Antoine Compagnon e de seu assistente, Matthieu
Vernet, aos quais registro meu agradecimento.
No corpo do texto aparecem traduzidos os títulos das obras que
foram publicadas no Brasil; estão em francês os títulos daquelas – muito
numerosas – que ainda aguardam a iniciativa de um tradutor ou de uma
casa editora. Que essa espera não se prolongue muito, que essas obras
possam em breve circular no Brasil, pois são um verdadeiro tesouro à
espera de mais leitores brasileiros.

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 10 07/05/14 11:12


Introdução
Os modernos em liberdade

No old stuff for me! No bestial copyings


of arches and columns and cornices! Me,
I’m new!
Avanti!
William Van Alen,
Arquiteto do Chrysler Building
em Nova York 1929.

O moderno se contenta com pouco.


Valéry

Quem são os antimodernos? Balzac, Beyle, Ballanche,


Baudelaire, Barbey, Bloy, Bourget, Brunetière, Barrès, Bernanos,
Breton, Bataille, Blanchot, Barthes... Nem todos os escritores
franceses cujos nomes começam com B, mas, a partir da letra
B, um número imponente de escritores franceses. Nem todos os
campeões do statu quo, os conservadores e reacionários até o
último fio de cabelo, nem todos os atrabiliários e os frustrados
com seu tempo, os imobilistas e os ultracistas,1 os resmungões e os
ranzinzas, mas os modernos melindrados pelos Tempos modernos,
pelo modernismo ou pela modernidade, ou os modernos que o
foram a contragosto, modernos atormentados ou modernos
intempestivos.

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 11 07/05/14 11:12


Por que chamá-los de antimodernos? Primeiro, para evitar a
conotação depreciativa geralmente associada às outras denomi-
nações possíveis dessa tradição essencial que percorre os dois
últimos séculos de nossa história literária. Em seguida, porque
os verdadeiros antimodernos são, também, ao mesmo tempo,
modernos, ainda e sempre modernos, ou modernos contra sua
vontade. Baudelaire é o protótipo, sua modernidade – foi ele
quem inventou a noção – sendo inseparável de sua resistência ao
“mundo moderno”, como o qualificava um outro antimoderno,
Péguy. Ou talvez o protótipo de sua reação contra o moderno
que existia nele mesmo, de seu ódio de si enquanto moderno.
Assim, não escolheu Manet, seu amigo e igual, como “pintor da
vida moderna”, mas Constantin Guys, artista ultrapassado pela
invenção da fotografia, enquanto escrevia a Manet: “(...) você é
só o primeiro na decrepitude de sua arte.”2
Os antimodernos – portanto, não os tradicionalistas, mas os
autênticos antimodernos – não seriam outros senão os modernos,
os verdadeiros modernos, aqueles que o moderno não engana,
aqueles que sabem. Primeiramente, pensa-se que eles deveriam
ser diferentes dos modernos, mas logo se vê que são os mesmos,
os mesmos vistos sob um outro ângulo, ou os melhores dentre
eles. A hipótese pode parecer estranha; precisa ser verificada.
Acentuando a antimodernidade dos antimodernos, vai-se mostrar
sua real e perene modernidade.
O termo antimoderno foi utilizado algumas vezes, sobretudo
por Charles du Bos e Jacques Maritain nos anos de 1920, antes
de cair em desgraça. Du Bos observava em seu Journal em 1922:

Nesta manhã tentei fazer com que meus alunos sentissem o emprego
tão extraordinário, tão totalmente antimoderno que Pascal faz da
palavra coração, o coração, para Pascal, é um órgão de conhecimento
antes e até mesmo mais do que um órgão de sensibilidade, quando
ele diz: é pelo coração que conhecemos as três dimensões do espaço.3

12

OS ANTIMODERNOS_MIOLO REIMPRESSÃO 2014.indb 12 07/05/14 11:12

Você também pode gostar