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CURITIBA
2015
DIEGO DE OLIVEIRA CORRÊA
CURITIBA
2015
AGRADECIMENTOS
Os cultivos de microalgas têm ganhado cada vez mais atenção dos setores
industriais e de pesquisa em função da ampla variedade de aplicações para a
biomassa gerada, dentre as quais é possível apontar a geração de biocombustíveis
e a extração de moléculas de alto valor econômico. Aliada a estas vantagens
produtivas, o cultivo de microalgas possui potencial como ferramenta no tratamento
de emissões diversas, realizando a redução dos teores dos gases presentes,
sobretudo o CO2. Com base nessas questões, este trabalho teve por objetivo o
desenvolvimento de cultivos de microalgas utilizando gases de exaustão originados
da combustão em motor diesel. A fim de caracterizar os cultivos foram realizadas
comparações entre experimentos simultâneos utilizando injeção de ar comprimido e
gases de combustão, utilizando diferentes vazões de entrada de gases. Os
resultados obtidos indicam que houve aumento na produção de biomassa de até 2,8
vezes quando comparada a melhor produção com emissões e a biomassa gerada
no cultivo com ar comprimido, da mesma maneira, os resultados de densidade
celular se mostraram superiores nos cultivos que utilizaram gases de exaustão como
fonte de CO2. Além das análises de crescimento, foi caracterizado o potencial de
tratamento dos gases injetados nos sistemas, havendo redução dos teores de CO2
superiores a 20 g.dia-1 e redução diária de NOX de até 87%. Além das analises
experimentais foi desenvolvido um modelo matemático para descrever o crescimento
das microalgas em cultivos realizados em fotobiorreatores com suplementação de
CO2.
FIGURA 5.6 – TROCAS GASOSAS NOS EV COM FASE MEIO LÍQUIDO ............. 57
- Fotobiorreator
- Elemento de volume
- Trifosfato de adenosina
- Fotossistema II
- Gasolina
- Policloreto de vinil
LISTA DE SÍMBOLOS
(1 − )( ) - fração líquida do EV
- dióxido de carbono
- água
- nitrogênio total
- oxigênio
- fósforo total
Q - vazão volumétrica de gases na entrada (L.h-1)
- constante de fotoinibição
() - comprimento do EV (m)
- número de amostras
( )
- pressão dos gases no EV 38 ( atm)
- tempo (h)
() - volume do EV (L)
() - porosidade do EV
( ) - porosidade no EV anterior
( ) - porosidade no EV 37
( ) - dependência da luminosidade
( ) - dependência da temperatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 33
4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 34
5.4.3 Balanço de massa dos gases na fase líquida (CO2; O2 e N2) .......................... 57
5.4.5 Balanço de massa dos gases na fase gasosa (CO2; O2 e N2) .......................... 65
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 94
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 96
18
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 MICROALGAS
A B
A C
2.3.4 Efeitos do pH
O trabalho realizado por Jiang et al. (2012) teve como objetivo determinar a
influência da adição de CO2 no crescimento da microalga Scenedesmus dimorphus
em cultivo autotrófico, utilizando fotobiorreator com volume operacional de 200 mL.
Os autores realizaram cultivos com concentrações de 0,038% (concentração do ar
atmosférico), 2%, 10% e 20% de CO2. Os resultados de produção de biomassa para
a concentração de 0,038% foram significativamente menores quando comparados
com as concentrações de 2 a 20%, indicando que a adição de CO2 aos cultivos
possibilita o aumento da produtividade, sendo que o melhor resultado obtido é
28
3 JUSTIFICATIVA
Com base no exposto até aqui e baseado nas perspectivas de utilização das
microalgas, faz-se necessária a investigação científica e o desenvolvimento do seu
cultivo utilizando os gases de combustão originários de um sistema motogerador
instalado nas dependências do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia
Autossustentável.
4 OBJETIVOS
5 MATERIAIS E MÉTODOS
(BR 10 2013 026395 8). A Figura 5.1 apresenta os fotobiorreatores modelo airlift
utilizados para a realização desse trabalho.
5.1.4 Compressor
M 2 M1
BS (5.1)
Vf
42
Onde:
-1
BS = biomassa seca (g.L );
N max
N (5.2)
N max .t
1 .e
N 0 1
Onde:
-1
N max = densidade celular máxima (cel.mL );
O cálculo dos lipídeos totais foi realizado pela razão entre a variação dos
valores obtidos na extração e a biomassa seca utilizada no procedimento, de acordo
com a seguinte equação.
Lt
V2 V1 .100 (5.3)
b
Onde:
luz
CO2 H 2 O N tot Ptot CHONP O2 (5.4)
Onde:
O2 = oxigênio.
46
Onde:
T = dependência da temperatura;
I 0 = dependência da luminosidade;
T a bT cT 2 (5.6)
I0
I 0 (5.7)
I2
k I0 I 0 0
kiI 0
Onde:
I 0 = intensidade luminosa;
CO2
CO2 (5.8)
CO2
2
k CO2 CO2
kiCO2
Onde:
N tot
N tot (5.9)
k N N tot
tot
Ptot
Ptot (5.10)
k P Ptot
tot
Onde:
EV 1 (entrada de gases)
dX i X i .vliq1
. X i (5.11)
dt Li
Onde:
t = tempo (h).
EV 9 (bifurcação inferior)
EV 21 (bifurcação superior)
EV 22 (saída de gases)
EV 1 (entrada de gases)
dZ i Z i .vliq1 YZ
. X i (5.18)
dt Li X
Onde:
EV 9 (bifurcação inferior)
Uma vez que o elemento de volume 9 está localizado na junção dos tubos
fechando a circulação do reator, apresenta dois termos de entrada e apenas um
termo de saída de nutrientes no EV, assim como um termo de consumo de
nitrogênio e fósforo para produção de biomassa.
EV 21 (bifurcação superior)
EV 22 (saída de gases)
EV 1 (entrada de gases)
dS i
dt
klas( S ) . H S .PSent .M S S i klab( S ) . i H S .Gi .R.T .M S S i .1 i
S i .vliq1 YS
.. X i
Li X
(5.25)
Onde:
YZ
= coeficiente de rendimento gases/biomassa (g S.g biomassa-1);
X
-1
H S = constante de Henry dos gases solubilizados (L.atm.mol );
= porosidade do EV;
(5.27)
YS
. . X i
X
EV 9 (bifurcação inferior)
Por estar localizado na junção dos tubos, o EV9 apresenta para o fluxo de
massa dois termos de entrada e um de saída do elemento de volume nos três
primeiros termos do lado direito da equação; seguidos de um termo de transferência
de massa bolha/líquido e um termo de geração ou consumo de gases.
EV 21 (bifurcação superior)
EV 22 (saída de gases)
dS i S i1 .vliq1
klab( S ) . i H S .Gi .R.T .M S S i .1 i
dt Li
(5.31)
YS
klas( S ) . S i H S .PS n .M S X
.. X i
Vgas
i (5.32)
Vtot
A fração líquida é dada pela razão entre o volume ocupado pelo meio líquido
e o volume total do EV, ou simplesmente pela subtração da porosidade do volume
total do EV
Vliq
1 i (5.33)
Vtot
Onde:
(i ) = porosidade do EV;
EV 1 (entrada de gases)
d i
Q gas
3
klas j . H j .P j ent .M j S i .1 i
dt Vi j 1 j
(5.34)
3 klab j . i H j .Gi .R.T .M j S i .1 i vliq1 . i
j 1 j Li
Onde:
Q gas = vazão volumétrica de gases na entrada (L.h-1);
EV 9 (bifurcação inferior)
EV 21 (bifurcação superior)
EV 22 (saída de gases)
Como dito nas seções anteriores, a maior parte dos gases injetados entra no
sistema na forma de bolhas no EV 1 e são solubilizadas no interior do reator
conforme se deslocam pelos demais elementos de volume. Sendo assim, o Balanço
de massa para os gases (CO2; O2 e N2 = G) componentes da mistura na fase
gasosa é dado pelas equações a seguir.
66
EV 1 (entrada de gases)
dGi G d Q gas PG
kla s( G ) . H G .PGent .M G S i .1 i
i . i .% G ent . ent
dt i dt i .Vi RT i .M G
(5.41)
klab( G ) .H G .Gi .R.T .M g S i .1 i vliq1
.Gi
MJ Li
Onde:
EV 9 (bifurcação inferior)
EV 21 (bifurcação superior)
EV 22 (saída de gases)
dGi Gi d i vliq1 vliq1 klab( G ) .H G .Gi .R.T .M g Si .1 i
. .Gi1 .Gi (5.47)
dt i dt Li Li MJ
EV 38 (fase gasosa)
Fgas i
3
klaS ( j ) S j 22 H j .Pj .M j .1 22 .V22 3
vliq1
. i1 .G j 22 (5.48)
j 1 Mj j 1 Li 1
70
EV 38 (fase gasosa)
x x
2
i
i 1
S (5.50)
n 1
Onde:
S = desvio padrão;
n = número de amostras.
p > 0,05 significa que não houve diferença significativa entre os valores
das médias das amostras;
p < 0,05 significa que houve diferença significativa entre os valores das
médias das amostras.
74
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2000 *
*
1500 *
*
1000
500
0
0 1 2 3 6 7 8 9 10 13 14
t (dias)
3750 3750
3500 ar comp 3500 emissão 1
3250 3250
3000 3000
2750 2750
2500 2500
2250 2250
Xc (104cel.mL-1)
Xc (104cel.mL-1)
2000 2000
1750 1750
1500 1500
1250 1250
1000 1000
750 750
500 500
250 250
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
t (dias) t (dias)
3750 3750
3500 emissão 2 3500 emissão 3
3250 3250
3000 3000
2750 2750
2500 2500
2250 2250
Xc (104cel.mL-1)
Xc (104cel.mL-1)
2000 2000
1750 1750
1500 1500
1250 1250
1000 1000
750 750
500 500
250 250
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
t (dias) t (dias)
2,20
ar comp emissão 1 *
2,00 emissão 2 emissão 3 *
* * *
1,80 * *
* * *
1,60 * * *
* *
*
1,40 * *
* *
1,20
Xb (g.L-1)
*
**
1,00 *
0,80
*
* *
0,60
***
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 6 7 8 9 10 13 14
t (dias)
2,20 2,20
ar comp emissão 1
2,00 2,00
1,80 1,80
1,60 1,60
1,40 1,40
Xb (g.L-1)
Xb (g.L-1)
1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20 0,20
0,00 0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
t (dias) t (dias)
2,20 2,20
emissão 2 emissão 3
2,00 2,00
1,80 1,80
1,60 1,60
1,40 1,40
Xb (g.L-1)
Xb (g.L-1)
1,20 1,20
1,00 1,00
0,80 0,80
0,60 0,60
0,40 0,40
0,20 0,20
0,00 0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
t (dias) t (dias)
no início um rápido crescimento. Esse padrão deve-se a uma primeira fase de rápida
divisão e aumento da densidade celular, o que não reflete no rápido aumento da
biomassa, ou seja, primeiro as células multiplicam-se, depois passam a ganhar
massa e acumular substâncias de reserva. Novamente é possível indicar que o CO2
presente nos gases potencializou os resultados de geração de biomassa, ainda que
de uma maneira mais gradual quando comparados com os resultados de densidade
celular obtidos.
ar comp 0 1 2 3
11 11 6 7 8 9
10,5 10 13 14
10,5
10 10 emissão 1
9,5 9,5
9 9
pH
pH
8,5 8,5
8 8
7,5 7,5
7 7
0 1 2 3
6,5 6 7 8 9
6,5
10 13 14 6
6
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
t (horas) t (horas)
0 1 2 3 0 1 2 3
11 6 7 8 9 11 6 7 8 9
10,5 10 13 14 10 13 14
10,5
10 emissão 2 10 emissão 3
9,5 9,5
9 9
pH
8,5 pH 8,5
8 8
7,5 7,5
7 7
6,5 6,5
6 6
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
t (horas) t (horas)
biodiesel, uma vez que considera todas as substâncias de matriz lipídica das
células, tais como membrana celular, reserva energética, pigmentos fotossintéticos,
entre outros. Ainda que os valores não reflitam a quantidade de ácidos graxos
presentes na biomassa, a quantificação do teor de lipídeos totais foi realizada com a
finalidade de definir, em linhas gerais, o potencial da microalga utilizada na geração
de biodiesel.
para “emissão 1”; 14,6±0,7% para “emissão 2”; e 13,8±0,8% para “emissão 3”.
Quando considerados apenas esses valores, nota-se que não houve diferença entre
a composição lipídica dos diferentes cultivos, exceto para “emissão 1”. A Tabela 6.4
apresenta os resultados dos teores de lipídeos encontrados nos cultivos.
80
entrada emissão 1
emissão 2 emissão 3
70
60
50
*
NOX (ppm)
* *
40 *
* * **
* **
30
* *** * **
* * **
* * *
* *
20 *
*
10 *** *
0
0 1 2 3 6 7 8 9 10 13 14
t (dias)
de injeção de gases nos cultivos (8 horas) e nos finais de semana, havia injeção
somente de ar comprimido.
2,5
2,25
1,75
1,5
Xb(g.L-1)
1,25
0,75
0,5
modelo
0,25
experimental
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
t(dias)
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CHU, S. P. The influence of the mineral composition of the medium on the growth of
planktonic algae. Journal of Ecology, v. 30, p. 284-325, 1942.
CHUI, S-Y. et al. Microalgal biomass production and on-site bioremediation of carbon
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Bioresource Technology. v. 102, p. 9135-9142, 2011.
PIRES, J. C. M. et al. Carbon dioxide capture from flue gases using microalgae:
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Editora Artmed. 3ª edição. Porto Alegre,
2006.
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