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ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

Processos Industriais I
Ana Luísa Dutra, Breno Alencar, Izabella Gottschalg e Luiz Vieira

Introdução Matéria-Prima
Biocombustível é definido como todo combustível Ao contrário do etanol 1G, o etanol 2G é produzido a partir
proveniente de matéria-prima renovável, sobretudo de de materiais lignocelulósicos não comestíveis. A biomassa
origem vegetal, que podem substituir, parcial ou totalmente, utilizada como matéria-prima é composta, no geral, de
combustíveis de origem fóssil. Eles são classificados entre celulose (40 - 50%), hemicelulose (25 - 35%) e lignina (15 -
primeira, segunda e outras gerações e o foco deste trabalho é 20%). Os principais materiais utilizados são palha e bagaço
o etanol de segunda geração. de cana-de-açúcar, palha de milho, madeira e sorgo.

Principais Operações de Conversão e Transformação


A produção de bioetanol a partir da biomassa lignocelulósica
inclui 2 principais operações: hidrólise (ou sacarificação), que
consiste na hidrólise da celulose e hemicelulose para produzir
os monômeros de açúcar, seguida pela fermentação desses
componentes, produzindo etanol.
A hidrólise da biomassa ocorre por meio de 2 mecanismos:
hidrólise ácida, em que a maior parte da hemicelulose é
hidrolisada pela adição de ácido, e a hidrólise enzimática,
realizada por enzimas secretadas por fungos, realizando a
hidrólise da celulose. A lignina, por ser um polímero aromático
complexo, é resistente à ação de enzimas, de modo que não
sofre hidrólise e permanece como um precipitado no caldo
dos reatores.
Os açúcares são então enviados para reatores onde são
misturados, em um sistema anaeróbico, com leveduras,
micro-organismos responsáveis pela fermentação. As
reações químicas envolvidas na etapa de fermentação são:

Processo Industrial
O processo produtivo do Bioetanol pode ser dividido A Fermentação ocorre em um sistema em batelada e com
basicamente em: um alto teor de higienização. Nessa etapa uma série de
Pré-tratamento; leveduras, como a famosa Saccharomyces cerevisiae, são
Hidrólise Enzimática; utilizadas para transformar os açúcares de cadeia C5
Fermentação; (provenientes da hemicelulose) e C6 (provenientes da
Destilação. celulose) em etanol.Vale ressaltar que, comumente, essa
A etapa de Pré-tratamento tem 2 principais objetivos. O fermentação dos açúcares C5 e C6 são realizadas
primeiro é a quebra mecânica da biomassa, pois a hidrólise separadamente. No reator, duas soluções são adicionadas,
enzimática é favorecida quando há uma maior área de à solução de substrato orgânicos que contém os açúcares e
contato, além de também ser feita uma separação de o substrato nutritivos, com uma série de elementos
possíveis impurezas grosseiras que possam estar na químicos que servem para o crescimento da cultura de
biomassa. Já o segundo objetivo é realizar uma preparação leveduras. Além disso, é uma etapa muito sensível, então
parâmetros como temperatura, pH, pressão, entre outros
química da biomassa através da hidrólise ácida,
têm que ser mantidos sob extremo controle.
convertendo hemicelulose em açúcar C5.

A etapa de Hidrólise Enzimática é etapa mais chave do Por último, para realização da etapa de Destilação é
processo, pois é onde há a conversão de celulose em necessário realizar uma filtração, para a remoção de
açúcares de diferentes tamanhos que, posteriormente, sólidos como a lignina e levedura. A etapa de destilação
serão tratados por leveduras na fermentação. Além disso, é visa aumentar a concentração do bioetanol, retirando água,
a etapa que mais encarece o processo, pois o Coquetel CO2 solubilizado e também óleos fúseis. Depois dessa
Enzimático necessário para a reação acontecer é solúvel etapa, o bioetanol é reservado e está pronto para a
em água, sendo utilizado apenas uma vez. comercialização.

Principais Aplicações
A produção e o desenvolvimento tecnológico para a produção de etanol de segunda geração visa substituir, parcial ou
totalmente, os combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de
energia. Esse tipo de combustível atua de modo relevante no âmbito da sustentabilidade industrial, pois permite aumentar
os ciclos produtivos de culturas agrícolas como a cana-de-açúcar ao utilizar como matéria-prima resíduos do plantio e de
outros processos produtivos. Além disso, é possível reduzir significativamente a emissão de CO2.

Inovações e Tendências
Os principais desafios envolvidos na produção do etanol de segunda geração estão relacionados com a eficiência
energética e econômica do processo, a escolha dos processos adequados na etapa de pré-tratamento da biomassa,
redução dos custos com enzimas e modificações genéticas e a logística de transporte da matéria-prima. Estudos estão
sendo desenvolvidos para a melhor degradação dos carboidratos das biomassas utilizadas na produção do biocombustível,
por meio da alteração de genes em microorganismos. Por meio da tecnologia, também é possível construir sistemas
virtuais e modelar biorrefinarias integradas para a produção de etanol de primeira e segunda geração.

Referências Bibliográficas
MELO, N. R. Etanol 2G: Processo produtivo e seu contexto atual no Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Química) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2021;
COSTA, A. C. da. Caso de Sucesso. Produção de Etanol. Disponível em:
<https://www.crq4.org.br/sms/files/file/caso_sucesso_aline_costa_etanol2.pdf>. Acesso em: 15 set. 2022;
Fungo nativo do Cerrado brasileiro otimiza produção de etanol 2G. Disponível em: <https://www.inova.unicamp.br/2021/05/fungo-nativo-
do-cerrado-brasileiro-otimiza-producao-de-etanol-2g/>. Acesso em: 15 set. 2022;
CARPIO, R. R.; R. C, GIORDANO; A. R, SECCHI. Modelagem, Simulação eOtimização de uma Biorrefinaria Integrada para a Produção de Etanol
de Primeira e Segunda Geração, p. 4071-4074. São Paulo. Blucher, 2018;
Coquetel enzimático desenvolvido no Brasil potencializa produção de etanol 2G. Disponível em:
<https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/coquetel_enzimatico_desenvolvido_no_brasil_potencializa_producao_de_etanol_2g/1587>.
Acesso em: 15 set. 2022;
RAIZEN. Etanol: entenda o que é, para que serve e como é usado no Brasil! Disponível em: <https://www.raizen.com.br/blog/etanol>.
Acesso em 20 set. 2022.
SILVA, N. L. C. Produção de Bioetanol de Segunda Geração a Partir de Biomassa Residual da Indústria de Celulose. Dissertação de Mestrado
- Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

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