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Panorama do agronegócio brasileiro e

mundial nas cadeias produtivas de cana-


de-açúcar e de carnes suína, bovina e de
frango

APRESENTAÇÃO

As cadeias produtivas de cana-de-açúcar, carnes suína, bovina e de frango são muito relevantes
no agronegócio brasileiro e mundial. Todos os produtos são de exportação e o Brasil é um
grande participante mundial nessas cadeias produtivas. A cana-de-açúcar é considerada, nos dias
de hoje, uma das grandes alternativas para o setor de biocombustíveis, pois possui um grande
potencial na produção de etanol, açúcar, bioeletricidade e outros subprodutos. O Brasil é o
maior produtor mundial de cana-de-açúcar, e esse setor possui grande importância para o
agronegócio brasileiro (CONAB, 2015). Na carne bovina, o Brasil é o país que tem a maior
capacidade de aumentar a sua produção, pois possui um sistema de criação quase que todo a
pasto, com menor dependência de grãos, e também altas taxas de produtividade e um custo de
produção mais baixo do que outros países.

O sistema agroindustrial das carnes suínas e de frango possui um eficiente sistema logístico,
uma engenharia genética, um controle ambiental e uma disponibilidade de insumos para ração.
A suinocultura gera cerca de 186.606 empregos diretos e 405.272 empregos indiretos, sendo que
nos empregos diretos, a suinocultura industrial gera 49.932; a suinocultura de subsistência,
50.010; e a agroindústria, 86.663 empregos (ABAPA, 2017). No Brasil, a avicultura é
responsável pelo emprego de mais de 3,6 milhões de pessoas, direto e indireto, e responde por
quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. De acordo com a ABPA, o setor é
representado por dezenas de milhares de produtores integrados, centenas de empresas
beneficiadoras e dezenas de empresas exportadoras.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre o funcionamento e a estrutura dessas


cadeias produtivas do agronegócio brasileiro e mundial, analisará a oferta e demanda mundial e
as perspectivas futuras.

Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar essas cadeias produtivas e suas interfaces.


• Discutir sobre essas cadeias de valor do agronegócio e seus desdobramentos sociais,
econômicos e políticos, do ponto de vista nacional e internacional.
• Interpretar o funcionamento dessas cadeias produtivas e suas perspectivas futuras.

DESAFIO

A UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) é a maior organização representativa, com


mais de 120 companhias associadas do setor sucroenergético brasileiro, sendo responsável por
mais de 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no Brasil. Tem como missão liderar o
processo de transformação do tradicional setor de cana-de-açúcar em uma moderna
agroindústria capaz de competir de modo sustentável no Brasil e no mundo, nas áreas de etanol,
açúcar e bioeletricidade, como também realizar ações de comunicação tanto no exterior quanto
no Brasil.

Se você fosse um executivo de uma grande empresa do setor, o que você faria para
aumentar o consumo de etanol no Brasil e no mundo, considerando que a gasolina vem do
petróleo, uma fonte não renovável e nada sustentável?

INFOGRÁFICO

A cana-de-açúcar é considerada, nos dias de hoje, uma das grandes alternativas para o setor de
biocombustíveis, pois tem um grande potencial na produção de etanol, açúcar, bioeletricidade e
outros subprodutos. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, e esse setor tem
grande importância para o agronegócio brasileiro.

Veja nesse Infográfico a capacidade do setor sucroenergético brasileiro.


CONTEÚDO DO LIVRO

O Brasil é um grande produtor de produtos agrícolas de exportação, quatro produtos


agroindustriais muito demandados no mundo e no Brasil: cana-de-açúcar, carnes bovina,
suína e de frango.

Todos esses produtos têm perspectiva futura de aumento da produção e da exportação, em


especial as carnes de frango, suína e bovina, pois a população mundial aumentará para 9 bilhões
de pessoas até 2050, e o consumo global de carne (bovina, suína e aves) aumentará em 13%,
atingindo 336 milhões de toneladas em 2026/27 — um aumento de 39,3 milhões de toneladas
(USDA). De acordo com o USDA, em 2015, o Brasil era o segundo maior produtor mundial de
carne bovina, com 9,56 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec). Os Estados Unidos
ficaram em primeiro lugar, com 10,81 milhões de toneladas.

O Brasil é o país que tem a maior capacidade de aumentar a produção de carne bovina, pois
possui um sistema de criação quase que todo a pasto, uma menor dependência de grãos e
também altas taxas de produtividade e um custo de produção mais baixo do que outros países.
No Brasil, a avicultura é responsável pelo emprego de mais de 3,6 milhões de pessoas, direto e
indireto, e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A cana-de-açúcar,
além do etanol, também produz açúcar, e o Brasil é o principal produtor e exportador mundial
de açúcar, representando aproximadamente 20% da produção global e mais de 40% das
exportações mundiais (UNICA, 2017).

Leia o capítulo Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de


carne suína, bovina e de frango e cana-de-açúcar, do livro Introdução à gestão do
agronegócio.

Boa leitura.
INTRODUÇÃO
À GESTÃO DO
AGRONEGÓCIO

Maria Flavia Tavares


Panorama do agronegócio
brasileiro e mundial nas
cadeias produtivas de
carne suína, bovina e de
frango e cana-de-açúcar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as cadeias produtivas de carne suína, bovina e de frango


e de cana-de-açúcar, bem como suas interfaces.
 Discutir sobre essas cadeias de valor do agronegócio e seus des-
dobramentos sociais, econômicos e políticos, dos pontos de vista
nacional e internacional.
 Interpretar o funcionamento das cadeias produtivas e suas perspec-
tivas futuras.

Introdução
As cadeias produtivas da cana-de-açúcar, carne suína, bovina e de frango
são muito relevantes para o agronegócio brasileiro e mundial. Todos os
produtos são de exportação, e o Brasil é um grande participante mundial
dessas cadeias produtivas. A cana-de-açúcar é considerada, nos dias de
hoje, uma das grandes alternativas para o setor de biocombustíveis, pois
apresenta um grande potencial na produção de etanol, açúcar e bioeletri-
cidade, além de outros subprodutos. Em termos de carne bovina, o Brasil
é o país que tem a maior capacidade de aumentar a sua produção, pois
possui um sistema de criação quase exclusivamente a pasto, com menor
dependência de grãos. Esse sistema é também caracterizado por altas
taxas de produtividade e custo de produção mais baixo relativamente a
2 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

outros países (OUTLOOK FIESP, 2018; FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO


ESTADO DE SÃO PAULO [FIESP], 2018).
O sistema agroindustrial das carnes suínas e de frango conta com
eficiente sistema logístico, engenharia genética, controle ambiental e
disponibilidade de insumos para ração. A suinocultura gera milhares de
empregos diretos e indiretos. No Brasil, a avicultura é responsável pelo
emprego de mais de 3,6 milhões de pessoas, direta e indiretamente,
e responde por quase 1,5% do PIB nacional. De acordo com a ABPA
(2018), o setor é representado por dezenas de milhares de produtores
integrados, centenas de empresas beneficiadoras e dezenas de empresas
exportadoras.
Neste capítulo, você estudará o funcionamento e a estrutura dessas
cadeias produtivas do agronegócio brasileiro e mundial, analisará a oferta
e demanda mundiais e suas perspectivas futuras.

Carnes suína, bovina e de frango e cana-de-


açúcar: cadeias produtivas e suas interfaces

Cana-de-açúcar
Os países estão à procura de opções limpas e renováveis para obter energia
e reduzir o uso de petróleo. Nesse contexto, a cana-de-açúcar surgiu como
alternativa importante para atender essas necessidades. Ela é cultivada em
mais de 100 países e tem potencial para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, diversificar o fornecimento de energia e criar empregos (UNIÃO DA
INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR (UNICA), 2018).
A cana-de-açúcar é considerada, nos dias de hoje, uma das grandes alter-
nativas para o setor de biocombustíveis, pois possui um grande potencial para
a produção de etanol, açúcar, bioeletricidade e outros subprodutos. O Brasil
é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, e esse setor possui grande
importância para o agronegócio nacional (CONAB, 2018).
Os biocombustíveis tornaram-se mais relevante no século XXI. Se con-
siderarmos o contexto de desenvolvimento sustentável, devemos valorizar a
produção de biocombustíveis que não causem danos ao meio ambiente, gerando
postos de trabalho e desenvolvimento tecnológico (TAVARES, 2009). O etanol
(nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido a partir da
sacarose da cana-de-açúcar, da sacarina da beterraba, do amido de milho, do
trigo e da mandioca. O etanol é uma fonte de energia natural, limpa, renovável
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 3

e sustentável. No Brasil, é produzido o etanol hidratado com 5% de água, que


abastece os automóveis flex, e o etanol anidro (0,5% de água), misturado na
gasolina numa proporção de 20% a 25% (UNICA, 2018).

Carne bovina
De acordo com o USDA (UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICUL-
TURE, 2018), em 2015, o Brasil era o segundo maior produtor mundial de
carne bovina, com 9,56 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec). Os
Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com 10,81 milhões de toneladas.
A produção mundial em 2015 foi de R$ 1.644,1 milhões de cabeças, sendo os
principais produtores Índia, Brasil, China e Estados Unidos (USDA, 2018).
A Figura 1 mostra a produção de carne bovina.

Figura 1. Produção mundial de carne bovina.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).

Segundo especialistas do setor, o Brasil é o país que possui a maior capa-


cidade de aumentar a produção de carne bovina, pois possui um sistema de
criação quase inteiramente a pasto, com menor dependência de grãos. Também
4 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

possui altas taxas de produtividade e um custo de produção mais baixo do que


outros países (OUTLOOK..., 2018; FIESP, 2018).
O Brasil possui cerca de 209,13 milhões de cabeças de gado distri-
buídas em 167 milhões de hectares, tendo uma ocupação de 1,25 cabeça
por hectare. O Sistema Agroindustrial da Carne Bovina movimentou,
em 2015, cerca de R$ 483,5 bilhões. Desse montante, R$ 147,03 bilhões
se referem à produção nas fazendas, incluindo insumos para produção,
manutenção e alimentação do rebanho. A indústria movimentou cerca
de R$145,88 bilhões, e o varejo movimentou cerca de R$ 176,36 bilhões
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS
DE CARNE [ABIEC], c2017).

Carne suína
A carne suína é a fonte de proteína animal mais importante no mundo. Em
2013, a produção mundial foi de 107.514 milhões de toneladas. A produção
vem crescendo com o passar dos anos: em 2005, foram produzidas 94.328
milhões de toneladas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA
PRODUTORA EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA (ABIPECS), [2014],
apud SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL (SENAR),
[2015]). A Figura 2 mostra a produção mundial de carne suína no período
de 2005 a 2013.
Existe uma forte concentração na produção mundial. A China responde
por cerca da metade da produção. O restante é produzido, principalmente, na
União Europeia (UE), nos Estados Unidos (EUA) e no Brasil, que é o quarto
maior produtor e exportador, com o montante de 3.370 milhões de toneladas
em 2013 (USDA, 2018). A Figura 3 mostra a produção mundial de carne
suína dos principais países, no ano de 2014.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 5

Figura 2. Produção mundial de carne suína.


Fonte: Adaptada de USDA (2018) e ABIPECS [2014].

Figura 3. Mundo: produção, exportação e importação de carne suína.


Fonte: Adaptada de USDA (2018) e ABIPECS [2014].
6 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Em 2013, o mercado internacional de carne suína movimentou 6.810 milhões


de toneladas, concentrando-se em cinco importadores com aproximadamente
dois terços das importações mundiais: Japão, Rússia, México, Coréia do Sul e
China. Quatro países concentraram 90% das exportações mundiais (USDA,
2018).
Na produção e venda de carne suína, o Brasil ainda tem pouca participação
mundial em comparação às carnes bovina e de frango. O principal motivo são
as barreiras sanitárias impostas por alguns importadores como Japão, México
e Coreia do Sul, Estados Unidos e Canadá. A Figura 4 mostra a produção
brasileira de carne suína no período de 2005 a 2013.

Figura 4. Produção brasileira de carne suína.


Fonte: Adaptada de USDA (2018) e ABIPECS [2014].

Carne de frango
No Brasil, a avicultura é responsável pelo emprego, direto e indireto, de mais
de 3,6 milhões de pessoas, respondendo por quase 1,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional. De acordo com a ABPA (2018), o setor é representado
por dezenas de milhares de produtores integrados, centenas de empresas
beneficiadoras e dezenas de empresas exportadoras.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 7

A importância social da avicultura no Brasil se concentra no interior do


país, principalmente nos estados do Sul e Sudeste, sendo que em muitas ci-
dades a produção de frangos é a principal atividade econômica. Acompanhe
na Figura 5 (ABPA, 2018).

Figura 5. Participação regional na produção de frango (2016).


Fonte: Adaptada de Outlook... (2018) e FIESP (2018).

As cadeias de valor da cana-de-açúcar e


das carnes e seus desdobramentos sociais,
econômicos e políticos

Cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo, cultivada em mais
de 100 países (Figura 6). Representa uma importante fonte de emprego no
meio rural desses países.
8 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 6. Países produtores de cana-de-açúcar.


Fonte: Adaptada de Oleksandr Molotkovych/Shutterstock.com com informações de UNICA (2018).

O Brasil e a Índia respondem, em conjunto, por pouco mais da metade da


cana produzida mundialmente. Tal fato assume especial relevância quando
se consideram possíveis expansões da produção de cana, principalmente pela
grande diferença entre modelos de produção agrícola consagrados no Brasil
(concentrados em grandes produtores) e na Índia (baseados em pequenos
produtores) (USDA, 2018).
Na década passada, houve um grande crescimento da produção de cana-
-de-açúcar, pois havia um crescimento da demanda por etanol no Brasil e
no mundo, consequência do desenvolvimento dos veículos com motores flex
fuel. Havia também a expectativa do governo brasileiro de exportar etanol
para os países que estavam adotando os biocombustíveis em suas matrizes
energéticas. A Figura 7 mostra a produção brasileira de cana-de-açúcar no
período 1980/81 a 2016/17.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 9

800.000
Mil toneladas

600.000
400.000
200.000
0
1
3
5
1980/198

7
1982/198

9
1984/198

1
1986/198

3
1988/198

5
1990/199

7
1992/199

9
1994/199

1
1996/199

3
1998/199

5
2000/200

7
2002/200

9
2004/200

1
2006/200

3
2008/200

5
2010/201

7
2012/201
2014/201
2016/201
Região Centro-Sul Região Norte-Nordeste Brasil

Figura 7. Brasil: produção de cana-de-açúcar.


Fonte: Adaptada de UNICA (2018).

De acordo com a UNICA, o aumento da utilização do uso de combustíveis


renováveis produzidos a partir de cana-de-açúcar pode ajudar a quebrar o
monopólio de um pequeno número de países produtores de petróleo. Apenas
20 nações geram petróleo, mas mais de 100 cultivam cana-de-açúcar. A ex-
pansão da produção de etanol para países produtores de cana aumentaria a
segurança energética global, reduzindo a dependência mundial de fornecedores
de petróleo (UNICA, 2018).
O Brasil é o principal produtor e exportador mundial de açúcar (Figura 8),
representando aproximadamente 20% da produção global e mais de 40% das
exportações mundiais. Durante a safra mais recente, a produção nacional de
açúcar atingiu 38,7 milhões de toneladas (UNICA, 2018).
Aproximadamente dois terços do açúcar produzido no Brasil está destinado
ao mercado externo, especialmente para a Argélia, a Índia, a Indonésia e os
Emirados Árabes Unidos. Praticamente todas as exportações brasileiras são
negociadas em um ambiente de mercado livre (Figura 9). Alguns países de-
senvolvidos oferecem quotas de importação preferenciais no Brasil, mas esses
montantes são extremamente baixos em relação ao volume total de vendas de
açúcar no Brasil (UNICA, 2018).
10 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Mil toneladas 40.000


30.000
20.000
10.000
0
1
3
5
1980/198

7
1982/198

9
1984/198

1
1986/198

3
1988/198

5
1990/199

7
1992/199

9
1994/199

1
1996/199

3
1998/199

5
2000/200

7
2002/200

9
2004/200

1
2006/200

3
2008/200

5
2010/201

7
2012/201
2014/201
2016/201
Região Centro-Sul Região Norte-Nordeste Brasil

Figura 8. Brasil: produção de açúcar.


Fonte: Adaptada de UNICA (2018).

Figura 9. Principais países exportadores de açúcar brasileiro (período de


abril de 2016 a fevereiro de 2017).
Fonte: Adaptada de Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) (2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 11

O etanol desempenha papel importante na economia brasileira e é utilizado


como combustível nos veículos flex fuel (hidratado). Também é misturado
com a gasolina, para reduzir o preço do combustível e reduzir a emissão de
poluentes (anidro), além de ser utilizado na fabricação de tintas, vernizes, e
solventes (UNICA, 2018). A expectativa da produção brasileira para o etanol
total na safra 2017/18 é de 26,45 bilhões de litros, inferior em 4,9% em relação
à safra passada, que atingiu 27,81 bilhões de litros. Esse decréscimo está re-
lacionado ao aumento observado no consumo da gasolina em 2016, além dos
preços favoráveis do açúcar que incentivaram a produção desta commodity
em lugar da produção do etanol (CONAB, 2018).
No início de 2008, o setor comemorava o crescimento da sua produção e das
exportações que previam a geração de 1 milhão de empregos, investimentos
de US$ 30 bilhões até 2012, perspectivas de gerar o equivalente à capacidade
de uma usina Itaipu e meia em bioeletricidade a partir do bagaço e da palha
disponíveis e movimentação de uma grande indústria nacional de máquinas
e equipamentos (JANK, 2008). Mas, em setembro de 2008, ocorreu a grande
crise financeira mundial, levando ao fim dos investimentos do setor. O crédito
diminuiu bastante, comprometendo a expansão dos canaviais, além do investi-
mento em pesquisas e cuidados fitossanitários. A Figura 10 mostra a produção
de etanol no Brasil. Podemos observar que o período de 1999 a 2007 foi um
momento de crescimento da produção. A partir de 2008, a produção passou
a ser instável, alternando períodos de retração com crescimento moderado.

Figura 10. Brasil: produção de etanol (etanol anidro e hidratado).


Fonte: Adaptada de UNICA (2018).
12 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Todo esse cenário pessimista levou a um endividamento de grande parte do


setor. Ocorreu, também, um aumento dos custos de produção. A recuperação
dos preços internacionais do açúcar e do etanol na safra 2009/2010 não foi sufi-
ciente para a recuperação do setor, levando à venda das empresas endividadas,
compradas por grandes grupos nacionais e internacionais (TAVARES, 2009).
Saíram os grandes grupos familiares e entraram grande empresas multi-
nacionais, tradings e fundos de investimento, que passaram a delinear outra
forma de gestão do setor, buscando a eficiência e se voltando para uma gestão
mais profissional. Desde a safra 2008, estima-se que na reestruturação, o setor
perdeu uma capacidade de moagem de 48 milhões de toneladas de cana e
chegou a uma capacidade de 600 milhões de toneladas na região Centro-Sul
(OUTLOOK..., 2018).
Na Figura 11 observamos que, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, concen-
tram-se a maior parte da produção e das usinas de açúcar e etanol. Em 2017,
a produção total do Brasil foi de 654,7 milhões de toneladas.

Figura 11. Participação de cada região do Brasil na produção de cana-de-açúcar.


Fonte: Adaptada de Outlook... (2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 13

Carne bovina
No Brasil, o consumo de carne de frango é maior do que o de carne suína e
de carne bovina, como pode ser visto na Figura 12. Isso não acontece no
resto do mundo, onde predomina o consumo de carne suína.

Figura 12. Consumo de carnes no Brasil em 2016.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).

Por um bom tempo, o brasileiro achou que a carne suína provocava doenças.
Atualmente, são feitos muitos investimentos nas fazendas e frigorífico que
garantem a qualidade e sanidade da carne. A seguir na Figura 13, acompanhe
o consumo de carne suína no mundo. É preciso considerar a questão cultural e
a diversidade de cortes da carne bovina, mas, neste caso, os frigoríficos estão
produzindo diversos tipos de cortes de carne suína.
14 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 13. Consumo de carnes no mundo em 2016.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).

Mercado interno de carne suína e frango


Relativamente ao modo de produção de suínos e frangos, predomina o sistema
de integração entre indústria e produtores, no qual a indústria fornece insumos
e suporte ao produtor, além de realizar o transporte, o abate, a comercialização
e a exportação. Esse sistema predomina nos estados do sul do Brasil (Rio
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), e responde por cerca de 70% da
produção nacional de suínos e frangos.
O Sistema Agroindustrial das Carnes Suínas e de Frango possui um eficiente
sistema logístico, engenharia genética, controle ambiental e disponibilidade de
insumos para ração. A suinocultura gera cerca de 186.606 empregos diretos e
405.272 empregos indiretos, sendo que, em relação aos diretos, a suinocultura
industrial gera 49.932, a suinocultura de subsistência 50.010 e a agroindústria
86.663 empregos (ABPA, 2018). A Figura 14 mostra a participação de cada
região do Brasil na produção de carne suína.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 15

Figura 14. Carne suína: participação por região do Brasil.


Fonte: Adaptada de FIESP (2018).

Nos últimos dez anos, observamos o crescimento do consumo de carne


suína no Brasil. Em 2005, o consumo era de 1.949 milhões de toneladas; em
2013, este consumo passou a ser 2.771 milhões de toneladas (ABPA, 2018). De
acordo com a ABPA (2018), o consumo doméstico vem crescendo devido ao
aumento populacional, ao aumento do poder aquisitivo, às ações de promoção
da carne suína realizada junto a consumidores e redes de varejo, à busca de
padrões de qualidade na produção e na industrialização, ao desenvolvimento
de cortes especiais e a investimentos em linhas de corte e em logística de frio.
Em 2016, o consumo per capita de carne suína no Brasil foi de 14,4 kg/ano,
que é um valor ainda baixo em relação a outros países, como Hong Kong, que
tem um consumo de 66,50 kg/ano por pessoa. A Figura 15 mostra o consumo
brasileiro per capita de carne suína, no período de 2007 a 2016. Nas Figuras
16 e 17, as estimativas do setor mostram que, nos próximos anos, o consumo
brasileiro será de 16,2 kg/ano.
16 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 15. Brasil: consumo per capita de carne suína.


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).

Figura 16. Consumo mundial per capita de carne suína em 2012.


Fonte: Adaptada de USDA (2018) e ABIPECS [2014].
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 17

Figura 17. Consumo de carne suína (ranking mundial em 2016).


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).

No Brasil, houve um aumento do consumo per capita de carne de frango,


que passou de 37 quilos em 2007, para 47 quilos em 2011. Isso levou a
um aumento da demanda, de cerca de 3 milhões de toneladas, conforme a
Figura 18.
Em 2016, a produção de carne de frango brasileira foi de 12,90 milhões de
toneladas, uma redução de 2,25% em relação a 2015, quando foram produzidas
13,14 milhões de toneladas, conforme mostra a Figura 19. Os Estados Unidos
produziram, nesse ano, 18.261 milhões de toneladas e estão na liderança na
produção mundial de carne de frango, seguido por Brasil e China, com 12.300
milhões de toneladas.
18 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 18. Consumo per capita de carne de frango.


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).

Figura 19. Produção brasileira de carne de frango.


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 19

Quando analisamos as exportações, na Figura 20, observamos que, nos pa-


íses produtores, o volume exportado é menor, em relação ao que foi produzido.

Figura 20. Produção e exportação mundial de carne de frango em 2016.


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).

Do volume total de frangos produzido pelo Brasil em 2016, 66% foi des-
tinado ao consumo interno e 34% às exportações. A Figura 21 mostra as
exportações por produto, de modo que se observa que os produtos mais ex-
portados são os cortes.
20 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 21. Exportações por produtos.


Fonte: Adaptada de ABPA (2018).

Desde 2004, o Brasil é o maior exportador mundial, seguido pelos Estados


Unidos e pela China. Em 2016, as exportações brasileiras de carne de frango
foram de 4,3 milhões de toneladas. Entre os motivos que levaram a esse
crescimento nas exportações brasileiras, podemos destacar a oferta crescente
de grãos, a qualidade do produto, que levou a uma redução das barreiras
sanitárias, e o baixo custo de produção em relação aos países concorrentes.
Destaca-se também o modo de produção cooperativista que ocorre no sul do
país e também o sucesso do modo de produção integrada.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 21

Números da pecuária no Brasil:


 1,8 milhões de propriedades rurais;
 7 milhões de empregos;
 37,3 quilos de consumo por brasileiro/ano;
 560 curtumes;
 4.150 empresas de calçados;
 100 indústrias de armazenagem;
 700 indústrias de carnes e derivados;
 55.000 estabelecimentos de varejo.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (2018).

Perspectivas futuras das cadeias produtivas


de carne bovina, suína e de frango e
de cana-de-açúcar

Cana-de-açúcar
De acordo com o Outlook... (2018), até o período 2026/27, a produção brasileira
de cana-de-açúcar será de 833 milhões de toneladas, um aumento de 27% em
relação ao período 2016/17. A área plantada deverá aumentar em 14% para 9,9
milhões de hectares e a produtividade será de 84 toneladas por hectare, um
crescimento de 11% (Figura 22).
O estudo Outlook... (2018) mostrou, que no período 2016/27, a região
Centro-Oeste aumentará a sua participação na produção brasileira de 21%
para 28%, e a região Sudeste diminuirá a sua participação, passando de 66%
para 65% (Figura 23).
22 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Figura 22. Brasil: produção total de cana-de-açúcar (milhões de toneladas).


Fonte: Adaptada de Outlook... (2018).

Figura 23. Participação de cada região do Brasil na produção de cana-de-açúcar.


Fonte: Adaptada de Outlook... (2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 23

Açúcar

De acordo com a projeção do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2018), a


produção brasileira de açúcar aumentará cerca de 20% no período 2016/17
a 2026/27. Nesse mesmo período, o consumo de açúcar aumentará cerca de
22%, e as exportações também terão um aumento de 35,59% (Figura 24).

50.000
45.000
40.000
Mil toneladas

35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

2021/22

2022/23

2023/24

2025/26

2026/27
Produção Consumo Exportação

Figura 24. Produção, consumo e exportação de Açúcar (mil toneladas).


Fonte: Adaptada de Brasil (2018).

Etanol

De acordo com o Ministério da Agricultura (BRASIL, 2018), atualmente os


preços do açúcar estão em queda, e a tendência será o direcionamento da
produção das usinas brasileiras para o etanol. Essa estratégia das usinas acaba
dificultando o trabalho das projeções (BRASIL, 2018).
24 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

Conforme o USDA (2018), a expansão global da produção de biocombus-


tíveis deverá continuar durante a próxima década, embora a um ritmo mais
lento do que na última metade dessa década. Como resultado, a demanda por
matérias-primas de biocombustíveis também continuará a crescer, mas em um
ritmo mais lento. Os maiores produtores de biocombustíveis são os Estados
Unidos, o Brasil, a União Europeia e a China. Indonésia e Malásia continuam a
aumentar a produção de biodiesel a partir de óleo de palma, e as Filipinas estão
ampliando o uso de copra (polpa seca do coco) para o biodiesel (USDA, 2018).
Na sequência dos Estados Unidos, que importam mais biodiesel e diesel
renovável que o etanol, o Canadá e a UE continuam a ser os maiores impor-
tadores mundiais de biocombustíveis. O bioetanol representa dois terços das
importações de biocombustíveis do Canadá atualmente, mas essa parcela deverá
cair, já que o biodiesel e o diesel renovável têm mais potencial de expansão.
Os Estados Unidos fornecem quase todo o etanol do Canadá, bem como a
maioria de suas importações de biodiesel. Espera-se que as importações da
UE de etanol estejam estagnadas, mas o biodiesel tem espaço para expansão
pelo menos até 2020 (USDA, 2018).
A Argentina, o Brasil e os Estados Unidos são os maiores exportadores
de biocombustíveis do mundo, com a Argentina especializada em biodiesel a
base de óleo de soja, o Brasil em etanol à base de cana e os Estados Unidos em
etanol à base de milho. As exportações da Argentina e do Brasil crescem de
forma constante até 2026, mas são limitadas, já que ambos os países aumentam
o uso doméstico de biocombustíveis. Além disso, a expansão das vendas para
os Estados Unidos e a UE continua a ser limitada (USDA, 2018).
De acordo com a UNICA (2018), o setor pretende trazer tecnologias que
elevem a produtividade dos atuais 7.000-8.000 para 12.000-14.000 litros/ha,
até o final da década. Isso representará um aumento de produtividade acima
de 5% ao ano. Os principais vetores do crescimento serão o melhoramento
genético clássico, a biotecnologia, o manejo agrícola e o etanol celulósico.
A demanda mundial por energia vem aumentando, e o Brasil está retomando
os investimentos em tecnologia e na construção de novas fábricas. Países como
China e Índia, que representam um quarto da população mundial, também
estão investindo em novas unidades de produção de etanol (UNICA, 2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 25

Perspectivas da cadeia pecuária nacional


 A tendência mundial de crescimento da população urbana nos países
emergentes e o aumento da renda familiar tendem a levar a um aumento
contínuo do crescimento do consumo de carne bovina e da demanda
mundial pelo produto.
 Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations
(FAO) (2018), até 2050, a população mundial crescerá de 7 bilhões para
9 bilhões de pessoas, e a oferta de carnes precisará aumentar de 200
para 470 milhões de toneladas.
 O aumento populacional e a evolução econômica dos países em desen-
volvimento levaram a um aumento do consumo per capita de carnes: de
9,02 kg/hab/ano em 2000 para 9,31kg/hab/ano em 2017 (USDA, 2018).
No Brasil, o consumo per capita foi de 38,59 kg em 2015.
 O Brasil está estrategicamente posicionado para suprir essa demanda
adicional, pois possui o maior rebanho de gado comercial do mundo,
é o maior exportador de carne bovina, possui um dos mais baixos
custos de produção entre os maiores produtores mundiais e tem alta
disponibilidade de terras, além de baixas taxas de desfrute, abate/
rebanho (ABIEC, c2017).

Carnes bovina, suína e de frango


As projeções de carnes para o Brasil feitas pelo Ministério da Agricultura
(BRASIL, 2018) mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento
nos próximos anos (Figura 25). Entre as carnes, são estimadas maiores taxas
de crescimento da produção no período 2016/17 a 2026/27 para a carne de
frango, que deverá ter uma variação no período de projeção de 29,5%. Em
relação à carne bovina, estima-se que a variação nesse período seja de 15,8%
ao ano; em relação à carne suína, será de 28,9% (BRASIL, 2018).
26 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

18.000
16.000
14.000
Mil toneladas

12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

2021/22

2022/23

2023/24

2025/26

2026/27
Bovina Suína Frango

Figura 25. Brasil: projeção da produção de carnes.


Fonte: Adaptada de Brasil (2018).

As projeções do consumo realizadas pelo Ministério da Agricultura


(BRASIL, 2018) mostram um aumento no consumo de carne de frango pelos
brasileiros. De acordo com a Figura 26, estima-se que o consumo de carne
de frango terá um crescimento de 29,5%; o consumo de carne bovina terá um
aumento de 15,8%, o de suína, de 28,9%.
Em relação às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de cres-
cimento para os três tipos de carnes analisados. As carnes de frango e suína
lideram as taxas de crescimento anual das exportações para os próximos anos,
sendo estimada uma variação de 37,6% para a carne de frango, 41,8% para a
carne suína e 35% para a carne bovina. A seguir, na Figura 27, acompanhe
o crescimento.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 27

12.000
10.000
8.000
Mil toneladas

6.000
4.000
2.000
0
2016/17
2017/18
2018/19
2019/20
2020/21
2021/22
2022/23
2023/24
2024/25
2025/26
2026/27
Bovina Suína Frango

Figura 26. Brasil: projeção do consumo de carnes.


Fonte: Adaptada de Brasil (2018).

6.000

5.000
Mil toneladas

4.000

3.000

2.000

1.000

0
2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

2021/22

2022/23

2023/24

2025/26

2026/27

Bovina Suína Frango

Figura 27. Brasil: projeção da exportação de carnes.


Fonte: Adaptada de Brasil (2018).
28 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

O Brasil tem exportado carnes para vários países. Em 2012, a carne bovina
foi destinada a 142 mercados, sendo o principal a Rússia. De acordo com a
ABPA (2018), a carne de frango foi destinada a 152 países, sendo a Arábia
Saudita o principal comprador. Finalmente, a carne suína teve 75 países de
destino, sendo a Rússia o principal.
Durante o período de projeção do estudo realizado pelo USDA (2018),
o consumo global de carne (carne bovina, porco e aves) aumentará 13%,
atingindo 336 milhões de toneladas em 2026/27, um aumento de 39,3 milhões
de toneladas. As principais regiões com crescente consumo de carne serão a
Ásia, América do Sul, África do Norte, Oriente Médio e África Subsaariana.
Os cinco países que contam a maior parcela do aumento do consumo de carne
durante o período de projeção são a China, o Brasil, a Índia, os Estados Unidos
e o México (Figura 28).

Figura 28. Países que terão a maior parcela do consumo de carne no período de 2016 a 2027.
Fonte: Adaptada de USDA (2018).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 29

A China, a Índia, o Brasil e os Estados Unidos representam pouco mais


da metade (52%) do aumento do consumo global de carne em 2026/27, com
um aumento conjunto de 20,4 milhões de toneladas. As grandes populações
desses países contribuem significativamente para os aumentos no consumo
global de carne. Entretanto, o aumento do consumo de carne não leva neces-
sariamente ao aumento das importações de carne. Nesses países, segundo o
USDA (2018), o aumento do consumo será acompanhado pelo aumento da
produção doméstica. No Brasil, nos Estados Unidos e na Índia, a produção
de carne cresce mais rápido do que o consumo, o que permite que esses três
países aumentem suas exportações de carne.
O USDA (2018) projeta que a produção e exportação de carne bovina do
Brasil continuarão aumentando na próxima década. A produção total de carne
bovina no Brasil aumentará para quase 12 milhões de toneladas em 2027/28. As
exportações mundiais de carne bovina devem subir 4,2% ao ano, para chegar
a 11.387 milhões de toneladas até o final do período de projeção (Figura 29).

Figura 29. Projeção das exportações e importações mundiais de carne bovina.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).
30 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

O crescimento da indústria de frangos no Brasil nos últimos anos levou


o país a se tornar um dos líderes mundiais no setor (USDA, 2018). As expor-
tações aumentaram cinco vezes desde 2000, com o Brasil, nos últimos anos,
ultrapassando os Estados Unidos como o maior exportador de carne de frango
do mundo. O USDA (2018) estima que a produção brasileira de frangos de
corte atinja 19 milhões de toneladas em 2027/28. As exportações mundiais de
frango devem aumentar 32,2%, atingindo cerca de 14.971 milhões de toneladas
até o final do período de projeção (Figura 30).

Figura 30. Projeção das exportações e importações mundiais de carne de frango.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).

O crescimento no consumo global de carne deverá continuar na próxima


década, levando muitos países a aumentar suas exportações de carne. O con-
sumo de carne de aves cresce mais rapidamente, com uma taxa de crescimento
anual projetada a 2,0%, seguido por carne suína (1,2%) e carne bovina (1%).
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 31

O Brasil é o maior exportador de produtos avícolas, seguido pelos Estados


Unidos, a eu e a Tailândia. De acordo com o USDA (2018), as exportações
brasileiras aumentarão 46%, atingindo 6,4 milhões de toneladas em 2027. O
Brasil será responsável por cerca de 60% do aumento global das exportações
de carne de frango. A União Europeia, os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil
são os maiores exportadores de carne suína do mundo. De acordo com o USDA
(2018), as exportações de carne suína da UE aumentarão 582.000 toneladas
durante o período de projeção, atingindo 3,4 milhões de toneladas em 2027.
As exportações de carne suína dos EUA aumentarão cerca de 18% durante
o período de projeção, passando de 2,68 milhões de toneladas em 2018 para
3,15 milhões de toneladas em 2027.
No período de projeção realizado pelo USDA (2018), as importações
mundiais de carne suína passarão de 7.565 milhões de toneladas para 8.846
milhões de toneladas, e as exportações mundiais de carne suína passarão de
7.985 milhões para 9.553 milhões de toneladas (Figura 31).

Figura 31. Projeção das exportações e importações mundiais de carne suína.


Fonte: Adaptada de USDA (2018).
32 Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne...

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA PRODUTORA EXPORTADORA DE CARNE SU-


ÍNA (ABIPECS). [2014]. Disponível em: <http://abpa-br.com.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE (ABIEC). c2017.
Disponível em: <http://www.abiec.com.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (ABPA). Disponível em: <http://abpa-
br.com.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: <http://
www.agricultura.gov.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Disponível em: <http://www.
conab.gov.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Disponível em:
<https://www.embrapa.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP). DEAGRO - Depar-
tamento do Agronegócio. Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/sobre-a-fiesp/
departamentos/agronegocio-deagro/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). Disponível
em: <http://www.fao.org/home/en/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
JANK, M. S. Na mira do holofote global. AgroAnalysis, v. 28, n. 8, ago. 2008. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/agroanalysis/article/view/36801/35576>.
Acesso em: 02 jun. 2018.
OUTLOOK FIESP: projeções para o agronegócio brasileiro 2027. Disponível em: <http://
apps2.fiesp.com.br/outlookDeagro/pt-BR>. Acesso em: 02 jun. 2018.
SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SECEX). Disponível em: <http://www.comex-
brasil.gov.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL (SENAR). Introdução ao agronegó-
cio: curso técnico em agronegócio. Brasília: SENAR, [2015]. Disponível em: <http://
senar-es.org.br/doc/uc/UC%205%20-%20Introduc%CC%A7a%CC%83o%20ao%20
Agronego%CC%81cio.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2018.
TAVARES, M. F. F. Etanol como uma nova matriz energética? In: TEJON, J. L.; XAVIER,
C. Marketing & agronegócio: a nova geração – diálogo com a sociedade. São Paulo:
Pearson, 2009.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR (UNICA). Disponível em: <http://www.
unica.com.br/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE (USDA). Disponível em: <https://
www.usda.gov/>. Acesso em: 02 jun. 2018.
Panorama do agronegócio brasileiro e mundial nas cadeias produtivas de carne... 33

Leituras recomendadas
ARAUJO, M. J. Fundamentos dos agronegócios. São Paulo: Atlas, 2005.
BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997. v. 1.
GOODMAN, D.; SORJ, B.; WILKINSON, J. Da lavoura às biotecnologias: agricultura e
indústria no sistema internacional. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
MASSILON, A. Fundamentos do agronegócio. São Paulo: Atlas, 2003.
TAVARES, M. F. F. O mercado futuro de suco de laranja concentrado e congelado: um
enfoque analítico. 279 p. Tese (Doutorado em Agronegócios ) – Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/
bitstream/handle/10183/8769/000588633.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 jun. 2018.
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. (Orgs.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares:
indústria de alimentos, indústria de insumos, produção agropecuária, distribuição.
São Paulo: Pioneira, 2000.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Atualmente, os certificados e as garantias de origem são ferramentas essenciais para


comercialização, principalmente quando o destino é o mercado externo. Com a carne suína não
é diferente. Para atender a esse padrão internacional, os suinocultores investem fortemente em
tecnologia nas áreas de genética, manejo, nutrição e gestão, alcançando, assim, o mesmo nível
dos melhores sistemas utilizados em todo o mundo.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, o consumo doméstico vem


crescendo devido:
- ao aumento populacional e do poder aquisitivo;
- a ações de promoção da carne suína, realizada junto a consumidores e redes de varejo;
- à busca de padrões de qualidade na produção e na industrialização;
- ao desenvolvimento de cortes especiais;
- a investimentos em linhas de corte e em logística de frio.

O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína e um dos últimos no


ranking de consumo interno. Apesar do grande avanço industrial do setor, a carne suína perdeu
espaço no mercado interno e, ainda, hoje perde para as carnes de boi e frango na preferência dos
consumidores. Desfazer os tabus que inibem o aumento de seu consumo e realçar as vantagens
de um produto saudável, equilibrado e de fácil preparo, foram os maiores desafios para
convencer os brasileiros a consumirem mais carne suína.

Veja nesta Dica do Professor quais são as ações realizadas através de marketing para estimular o
consumo da carne suína no mercado interno.

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EXERCÍCIOS

1) Uma grande parte do comércio internacional de commodities agrícolas básicas é


impulsionada pelo aumento do consumo de carne e da demanda de alimentos
resultante da produção de gado. O consumo mundial de carne continuará a
aumentar ao longo de 10 anos. É CORRETO afirmar:
A) A Argentina e o Uruguai são os maiores produtores de carne bovina do mundo.

B) O Brasil é o país que tem a maior capacidade de aumentar a produção de carne bovina,
pois possui um sistema de criação quase que todo a pasto, uma menor dependência de
grãos e também altas taxas de produtividade e um custo de produção mais baixo do que
outros países.

C) Os Estados Unidos, apesar de terem um grande rebanho, não são grandes produtores de
carne bovina.

D) O sistema de produção utilizado para a produção de gado é o sistema de integração.

E) Os principais produtores de carne bovina são Irlanda, Brasil, China e Estados Unidos.

2) O aumento da renda e do crescimento populacional impulsiona a forte demanda por


carne suína. É CORRETO afirmar:

A) O Brasil é o maior exportador mundial de carne suína.

B) Os maiores importadores mundiais de carne suína são: Russia, África, México e


Argentina.

C) Os estados que mais produzem carne suína são: Pará e São Paulo.

D) No modo de produção de suínos predomina o sistema de integração entre indústria e


produtores.

E) A carne brasileira não sofre barreiras sanitárias dos principais países importadores como
Japão e Coreia do Sul.

3)
Em relação à cadeia produtiva de frango, é CORRETO afirmar:

A) Um dos motivos pelos quais o Brasil não é grande exportador é porque o produto não tem
qualidade e não é competitivo no mercado internacional.

B) A produção de frango no Brasil é muito pequena, apesar de ter um grade potencial de


crescimento.

C) O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, seguido pelos Estados Unidos e
China.

D) A produção de frango segue o modelo de produção independente: o produtor não tem


envolvimento com a indústria que processa a carne de frango.

E) A produção brasileira de frango se concentra nos estados Bahia e Ceará.

4) Os países estão à procura de opções limpas e renováveis para fornecer energia e


reduzir o uso de petróleo. Dentro desse contexto, pode-se afirmar:

A) Essa é uma grande mentira, pois o mundo nunca deixará de consumir gasolina.

B) A Indonésia e Malásia produzem biocombustível feito a partir de óleo de palma.

C) Os únicos subprodutos feitos a partir de cana-de-açúcar são o açúcar e o etanol.

D) Os Estados Unidos concorrem acirradamente com o Brasil pela liderança na produção e


exportação de cana-de-açúcar.

E) Os maiores produtores de biocombustíveis são: Rússia, China e Estados Unidos.


5) Em relação às perspectivas da cadeia pecuária brasileira, é CORRETO afirmar:

A) O Brasil não terá condições de atender à demanda mundial, pois não é eficiente na
produção de carne bovina.

B) A China será a única importadora de carne bovina, pois a sua população triplicará.

C) O Brasil não tem disponibilidade de terras para criação de gado, impedindo de atender à
demanda mundial.

D) No futuro, a maioria das pessoas no mundo será vegana e não comerá nenhum tipo de
carne.

E) Segundo a FAO, até 2050, a população mundial crescerá de 7 para 9 bilhões de habitantes,
e a oferta de carnes precisará aumentar de 200 para 470 milhões de toneladas em 2050.

NA PRÁTICA

A carne é um alimento presente em todo o mundo, sua utilização varia de acordo com o custo
médio nos países. Citando alguns países, podemos perceber as peculiaridades no consumo e na
produção da cultura frigorífica.

Veja, Na Prática, esse consumo e suas diferenças.


SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Evolução da produção de carne suína no Brasil: uma análise estrutural-diferencial

O artigo apresenta alguns dos conceitos de coordenação de sistemas agroindustriais (SAGs) e de


competitividade entre cadeias, mais especificamente as cadeias de carnes (bovinos, suínos e
aves).

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Conheça a bioeletricidade

O vídeo de animação explica sobre a energia verde e inteligente do Brasil e o processo de


produção da bioeletricidade.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Comercial Safari - campanha "Etanol: uma atitude inteligente"

O vídeo apresentado foi a principal peça da campanha publicitária "Etanol: uma atitude
inteligente", veiculada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em 2008.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

O desafio da coordenação e seus impactos sobre a competitividade de cadeias e sistemas


agroindustriais

O artigo apresenta conceitos de coordenação agroindustriais e suas devidas cadeias.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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