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PUBLICAÇÃO CSIRO

Ciência de Culturas e Pastagens, 2014, 65, 1132–


1137 http://dx.doi.org/10.1071/CP13319

O valor das pastagens melhoradas para a produção de carne bovina brasileira

Liana JankA,B, Sanzio C. BarriosA, Cacilda B. do ValleA, Rosangela M.


SimeãoA e Geovani F. AlvesA

AEmbrapa Gado de Corte, Embrapa, Rua Rádio Maia, 830, 79106-550, Campo Grande, MS, Brasil.
B
Autor correspondente. E-mail: liana.jank@embrapa.br

Abstrato. O Brasil é um país agrícola, com 190 Mha de pastagens que sustentam 209 milhões de cabeças de gado. Menos de 10% do gado é engordado em
confinamentos, enquanto o gado criado em pastagens tem uma vantagem competitiva para exportação, eliminando os riscos apresentados pela doença da vaca
louca (encefalopatia espongiforme bovina) e considerações relacionadas com o bem-estar animal. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina desde
2004 e possui o maior rebanho comercial do mundo. Em 2011, 16,5% da sua produção foi exportada, e o setor pecuário contribuiu com 30,4% do produto
nacional bruto do agronegócio e 6,73% do PIB total. Muitos programas de melhoramento genético de forrageiras, principalmente na Embrapa, têm contribuído
para o desenvolvimento de pastagens melhoradas, sendo as cultivares de Brachiaria brizantha, B. decumbens, B. humidicola e Panicum maximum as principais
pastagens utilizadas no país. Todas apresentam reprodução apomítica, o que significa que há poucas cultivares ocupando áreas muito grandes e contínuas,
sugerindo risco ao sistema produtivo. É o caso de B. brizantha cv. Marandu, que ocupa cerca de 50 Mha. A indústria brasileira de sementes forrageiras tropicais
também é importante, sendo o Brasil o principal exportador de sementes, abastecendo todos os países da América Latina. Devido à degradação das pastagens,
cerca de 8 Mha são renovados ou recuperados a cada ano.

As forragens também são utilizadas e plantadas todos os anos em sistemas integrados lavoura-pecuária e sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta.
Hoje em dia, estes sistemas ocupam 4 Mha. As pastagens melhoradas são, portanto, um grande trunfo no Brasil, não apenas para a cadeia produtiva da carne
bovina, mas também para a indústria de laticínios.

Palavras-chave adicionais: cultivares forrageiras, germoplasma, seleção.

Recebido em 7 de setembro de 2013, aceito em 13 de dezembro de 2013, publicado online em 11 de março de 2014

Introdução A área total de pastagens no país é de 190 Mha: 74 Mha de pastagens nativas,
99 Mha plantados com Brachiaria spp. e 17 Mha plantados com cultivares de outras
O Brasil é essencialmente um país agrícola com 190 Mha de pastagens, 74 Mha
espécies (ANUALPEC 2008).
nativas e 116 Mha cultivadas (ANUALPEC 2008). A área de pastagem é igual à
Brachiaria spp. representam uma grande área (85%) de pastagens cultivadas no
soma das áreas agrícolas, florestais e arborizadas (IBGE 2010). A vasta área de
país; B. brizantha cv. O capim Marandu Paliçada, lançado pela Embrapa em 1984,
pastagens e o rebanho bovino colocam o Brasil como o maior ou segundo maior
ainda ocupa uma grande área (~50 Mha) e é considerado a maior monocultura do
produtor de carne bovina do mundo, competindo apenas com os Estados Unidos.
mundo em área. De acordo com levantamentos técnicos não oficiais, estima-se que
Em 2012, o Brasil produziu 9,4 milhões de toneladas de peso carcaça equivalente.
o país renove e/ou recupere cerca de 8 Mha de pastagens todos os anos, dos quais
Desde 2004, o país tem sido o maior exportador mundial de carne bovina, com 1,69
cerca de 80% são com cultivares de Brachiaria. Além disso, as gramíneas são
~Mt de peso carcaça equivalente à carne bovina exportada em 2012 (ABIEC 2013).
plantadas em cerca de 4 Mha para sistemas integrados de produção agrícola e
O Brasil exporta carne fresca para 92 países, principalmente Rússia (27%), Egito
pecuária, ou sistemas agrícolas, pecuários e florestais (José 2012).
(14%) e Hong Kong (11%); carne processada para 106 países, principalmente União
Europeia (49%) e Estados Unidos (16%); e miudezas bovinas e outros cortes para
71 países, principalmente Hong Kong (64%) e Angola (4%)

Benefícios econômicos, sociais e ambientais das forragens


melhoradas Outras vantagens
(ABIEC 2013).
O rebanho bovino do Brasil é de 209 milhões de cabeças (IBGE 2010), o maior competitivas da carne bovina brasileira são os custos de produção, que são mais
rebanho bovino comercial do mundo; grande parte da produção é destinada ao baixos do que em outros países, permitindo ao Brasil ser um grande player no
mercado interno, e apenas 18% da produção foi para exportação em 2012. A maior mercado internacional de carnes. Apesar do aumento nos custos de produção nos
parte do gado é criada a pasto, observando as condições de bem-estar animal, e últimos anos, para o gado de corte de tecnologias de alto e baixo consumo de
apenas 10% dos abates em 2012 foram de animais terminados em confinamento. insumos e para confinamentos, principalmente devido aos altos custos de fertilizantes,
(ABIEC 2013). Isso confere uma diferenciação à carne bovina brasileira, evitando mão de obra e maquinário, etc. (Torres 2012), a indústria da carne bovina gera fatura
riscos associados à encefalopatia espongiforme bovina. US$ 50 bilhões e emprega cerca de 7,5 milhões de brasileiros.

Em 2011, o setor pecuário contribuiu com 30,4% do faturamento bruto

Compilação de periódicos CSIRO 2014 www.publish.csiro.au/journals/cp


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Valor das pastagens melhoradas para a produção brasileira de carne bovina Ciência de colheitas e pastagens 1133

produto nacional (PIB) do agronegócio brasileiro e agricultores a adotarem tecnologias para proteger o solo, aumentar
contribuiu com 6,73% do PIB brasileiro (CEPEA 2011). produtividade e mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
Isto realça a importância económica e social deste sector Entre as metas estipuladas no programa ABC está a
para o país. recuperação de 15 Mha de pastagens degradadas e estabelecimento de
A carne brasileira, produzida principalmente a pasto, tem sido 4 Mha em sistemas lavoura-pecuária-floresta (CNA 2012).
constantemente, mas incorretamente, rotulados na mídia internacional como O mercado brasileiro de sementes forrageiras em 2011 teve um faturamento
a principal fonte de desmatamento, entre outros fatores. Na verdade, de cerca de US$ 600 milhões, o que equivale a 2,5% do
a área ocupada pela pecuária diminuiu nos últimos anos mercado global de sementes e ainda tem potencial de expansão (José
enquanto a produtividade aumentou. Segundo dados do 2012).
censo agropecuário de 1995 e 2006 (IBGE 2006), o Brasil perdeu Da produção total de sementes das principais forrageiras tropicais,
17,6 Mha de pastagem. No mesmo período, as áreas de grãos (primeiro Brachiaria ssp. e P. máximo representaram 83,8% e
safra) e a cana-de-açúcar aumentaram 10,5 Mha. Além disso, o 13,5%, respectivamente, da área total de produção de sementes em
taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal está constantemente 2011–12 (Tabela 1) e por 99% da receita, respectivamente.
diminuindo. Em 2012, foi desmatada 84% menos área do que a taxa Estes dados demonstram que grande parte da receita da indústria
registrado em 2004, segundo levantamento do Instituto Nacional provém da comercialização de sementes destes dois gêneros. Outro
para Pesquisas Espaciais (INPE 2012). Em contrapartida, o número de gêneros de forrageiras tropicais de importância econômica (Andropogon,
cabeça de gado brasileiro cresceu 22% no período 2001-11, um Arachis, Cajanus, Cynodon, Paspalum, Pennisetum e
ganho significativo na produtividade da pecuária brasileira. Em 2001, para Stylosanthes) têm uma pequena participação no mercado de sementes. Não há
por exemplo, a produtividade foi de 38,4 kg peso carcaça/ha.ano, estatísticas sobre a área coberta por cada espécie de pastagem no Brasil.
enquanto em 2010 foi de 53,9 kg peso carcaça/ha.ano. Esses A única informação disponível provém de uma pesquisa realizada por uma empresa privada
dados demonstram claramente que é possível para o Brasil produzir consultoria e publicado em Nogueira (2012), em que
mais carne e leite, com menos área e de forma mais sustentável. 52 mil km2 de área de pastagem no Brasil foram cobertos e a pastagem
O Brasil possui recursos naturais significativos (como clima, terra gêneros registrados. O resultado foi que 68,2% da área de pastagem está
e água) para manter a produção, e muitas tecnologias bem coberto por cultivares de B. brizantha, 9,1% por outras Brachiaria
adaptado ao nosso sistema de produção. Contudo, uma ação essencial espécies (B. decumbens, ruziziensis e humidicola), 10,2% por
manter a sustentabilidade do sector pecuário e aumentar P. máximo, 5,8% por Andropogon gayanus, 5,8% por outros
ganhos de produtividade é o investimento na recuperação de áreas degradadas espécies e 0,8% por pastagens nativas.
pastagens. Este é um grande desafio a partir de agora, já que ~47% O Brasil também é o maior exportador de sementes forrageiras tropicais do
das pastagens apresentam algum grau de deterioração (Nogueira e mundo, com os principais destinos da América Latina (especialmente
Aguiar 2013). Entre as ações governamentais implementadas para México, Colômbia e Venezuela), África e Ásia. Braquiária
incentivar a recuperação de pastagens degradadas é o ABC spp. são as espécies mais solicitadas, representando >80% da
programa (Programa de Redução de Emissões de Efeitos Estufa volume total exportado em 2010.Brachiaria brizantha cv.Marandu
Gases na Agricultura), com o objetivo de fornecer fundos para e B. decumbens cv. Basilisk foi responsável por mais da metade de

Tabela 1. Área de produção de sementes em 201–12, preço médio das sementes em 2012 e quantidade de sementes exportadas em
2010 das principais cultivares forrageiras tropicais
Fonte: UNIPASTO, pess. com.

Espécies Cultivar Área (ha) Preço (R$/kg) Exportar


(kg) (%)

Braquiária decumbens Basilisco 12 706 18,00 917 575 24h90


Brachiaria ruziziensis Kennedy 7295 13,00 210 0,01
Brachiaria humidícola Comum 25 747 85,00 324 184 8,80
Brachiaria humidícola Llanero 5330 45,00 100 224 2,72
Brachiaria brizantha Marandú 55 688 14,00 1 259 128 34.17
Brachiaria brizantha Xaraés 10 697 19,00 413 894 11.23
Brachiaria brizantha BRS Piatã 6385 19,00 50 920 1,38
Brachiaria brizantha MG-4 1820 19,00 – –

Brachiaria brizanthaA Mulato II 1548 40,00 – –

Pânico máximo Mombaça¸ 12 616 30h00 378 512 10,27


Pânico máximo Tanzânia 2912 30h00 216 870 5,88
Pânico máximo Massai 4819 60,00 18 350 0,50
Pânico máximo Aruana 77 50,00 3410 0,09

Planaltina 2294 25h00 – 0,25


Andropogon gayanus
Stylosanthes spp. Campo Grande 1838 9h00 256 0,01
mandarim – – 1290 0,04
Cajanus cajan
– – 460 0,01
Calopogonium mucunoides Comum
Total 151 772 3 685 283 100,00

AHíbrido interespecífico B. brizantha B. ruziziensis B. decumbens.


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1134 Ciência de colheitas e pastagens L. Jank et al.

o volume exportado em 2010 (Tabela 1). Das cultivares divulgadas, P. intensificação de pastagens no país devido à altíssima produtividade e
maximo cv. Tanzânia e cv. Massai e Cajanus cajan cv. qualidade dessas cultivares. Eles foram rapidamente adotados pelos
Os Mandarim aumentaram as suas exportações em 2010 em comparação agricultores e o uso desta espécie é hoje generalizado. Todas essas
com 2009. cultivares resultaram em aumento da eficiência de pastoreio e, em 2006, foi
No passado, o Brasil sempre importou ou introduziu novos ecótipos necessário apenas 1,1 ha por cabeça.
coletados na África ou cultivares desenvolvidas no exterior, na tentativa de Estas capacidades de suporte são valores médios para o país, considerando
aumentar a capacidade de suporte das pastagens e, assim, aumentar a as estações chuvosa e seca; sob uma gestão melhorada, são alcançadas
produtividade animal. Entretanto, a introdução acidental do capim-da-índia capacidades de suporte consideravelmente mais elevadas.
Panicum maximum cv. A colonização via comércio de escravos no século
XIX foi vantajosa para a indústria brasileira de carne bovina, não só porque A coleção P. Maximum foi introduzida no país como resultado de duas
resultou em maior produtividade animal, mas também porque permitiu o expedições organizadas pelo Institut de Recherche pour le Développment
rápido estabelecimento de pastagens por sementes e por avião no norte do (IRD) francês exclusivamente para a coleta desta espécie, que reuniram
país. >380 acessos apomíticos e 23 plantas sexuadas. Esse acervo e os acessos
recebidos de outras instituições de pesquisa do mundo foram transferidos
Estatísticas de 1940 mostram que eram necessários cerca de 2,56 ha para a Embrapa em 1984 por meio de um acordo de cooperação.
para cada cabeça de gado. Entre 1968 e 1972, o Brasil importou grande
quantidade de sementes de Brachiaria decumbens cv. Basilisco da Austrália A segunda expedição, organizada exclusivamente para a coleta de uma
estimulado por programas governamentais de incentivo à formação de espécie apomítica, foi organizada pelo Centro Internacional de Agricultura
pastagens. Este ecótipo era originário de Uganda e foi registrado na Austrália Tropical (CIAT) e reuniu cerca de 800 acessos de 23 espécies em 1984-85.
em 1973 (Oram 1990). Devido à sua grande adaptabilidade a solos pobres e Posteriormente, a Embrapa recebeu parte dessa arrecadação.
ácidos, facilidade de propagação por sementes, boa vantagem competitiva
contra plantas daninhas e bom desempenho animal em comparação com
campos nativos, esta cultivar rapidamente cobriu grandes extensões de
Programas de
áreas nos cerrados brasileiros e tornou-se uma monocultura.
melhoramento Os principais programas de melhoramento em andamento
Essa cultivar foi a primeira cultura plantada nos Cerrados brasileiros, que no Brasil estão nos Centros da Embrapa. Entretanto, alguns outros programas
então se tornou o armazém de grãos do Brasil, e também contribuiu para de melhoramento genético têm sido desenvolvidos no Brasil em universidades,
uma grande diminuição na área de pastagem necessária per capita (Fig. 1) . principalmente no Rio Grande do Sul, ou em institutos de pesquisa como o

Porém, problemas como suscetibilidade à cigarrinha, fotossensibilidade Instituto de Zootecnia e o Instituto Agronômico de Campinas em São Paulo.
principalmente em bezerros desmamados, sobrepastoreio e falta de
adubação levaram a extensas áreas de pastagens degradadas.

Em 1984, B. brizantha cv.Marandu, uma introdução anterior, foi lançada


(Nunes et al. 1984). Esta cultivar foi muito mais produtiva que a cv. Basilisco
e era resistente às cigarrinhas. Substituiu gradualmente B. decumbens e, por
sua vez, tornou-se a nova monocultura, que continua até hoje, cobrindo cerca
de 50 Mha.
Na década de 1980, o Brasil recebeu sua primeira coleta de forragem 6
apomítica, Panicum maximum, que foi extensivamente coletada em seu local 11
de origem na África (Savidan et al. 1989). 4
A avaliação desta coleção levou à liberação de P. maximo cvv. 1
Tanzânia e Mombaca depois¸ de 1990, o que resultou em grande
3

Número de hectares/cabeça 7
2
3,0 5
9
2,5
Norte
2,0 Nordeste
Centro Oeste

1,5 Sudeste
8 10 Sul
1,0

0,5 Figura 2. Centros de Pesquisa da Embrapa que possuem bancos de


germoplasma forrageiro e/ou desenvolvem programas de melhoramento
0,0
genético forrageiro. 1, Embrapa Acre; 2, Embrapa Gado de Corte; 3, Embrapa
1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2006 Cerrados; 4, Planaltos Costeiros da Embrapa; 5, Embrapa Gado de Leite; 6,
Embrapa Centro-Norte; 7, Embrapa Pantanal; 8, Embrapa Sul Pecuária e
Figura 1. Número de hectares por cabeça de gado no Brasil. (Fonte: IBGE Ovinocultura; 9, Embrapa Pecuária Sudeste; 10, Embrapa Agricultura
2013.) Temperado; 11, Embrapa Semiárido Tropical.
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Valor das pastagens melhoradas para a produção brasileira de carne bovina Ciência de colheitas e pastagens 1135

Estado paulista. Porém, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o plantas sexuadas e acessos apomíticos de elite) ou entrecruzados para
foco é a criação de forrageiras de estação fria; o Instituto de Zootecnia melhorar a população sexual (seleção recorrente intrapopulacional, IRS).
avalia apenas cultivares criadas para outras instituições; e o Instituto No caso de melhoramento híbrido (RRS), melhoramento da população
Agronômico de Campinas descontinuou seu programa. sexual (IRS) e cruzamentos diretos, obtêm-se populações de até 2.000
Assim, os principais programas de melhoramento genético estão na Embrapa. híbridos em cada caso e os híbridos apomíticos mais vigorosos passam
Atualmente, o CIAT está disponibilizando algumas cultivares para a próxima etapa.
selecionadas para experimentos de pastejo animal no Brasil, por meio de
um acordo de cooperação com a Dow AgroSciences LLC, com o objetivo Na Etapa I, os acessos mais vigorosos do germoplasma ou os melhores
de saturar o mercado brasileiro com novos híbridos de Brachiaria . Até o híbridos (100-200 genótipos) são avaliados em regime de corte mais
momento, cv. Mulato II foi liberado, mas a área semeada ainda é pequena detalhadamente, agora considerando um conjunto maior de caracteres
(Tabela 1). (estresses bióticos e abióticos, produção de sementes, resposta a
A Embrapa também detém os principais bancos de germoplasma do nutrientes , etc.) não avaliados na etapa anterior.
país (Fig. 2). A Embrapa Gado de Corte possui bancos de germoplasma de Os 20-25 genótipos selecionados seguem para a próxima fase – ensaios
Brachiaria spp., P. maximum e Stylosanthes spp. e é responsável pelos regionais – Fase II, na qual o desempenho dos genótipos é avaliado sob
programas de melhoramento genético de três espécies de Brachiaria (B. diferentes colheitas em diferentes locais, a fim de determinar o seu
brizantha, B. decumbens e B. humidicola), P. maximum e Stylosanthes desempenho em diferentes condições ambientais (para identificar genótipos
spp. (principalmente S. capitata e S. macrocephala). A Embrapa Cerrados com ampla adaptação e/ou específico para determinadas condições). Os
é responsável pela criação de A. gayanus e S. guianensis. A Embrapa genótipos selecionados nesta etapa, ou seja, um número reduzido de
Gado de Leite mantém os bancos de germoplasma de Pennisetum spp. e genótipos (1-3) são então avaliados em experimentos maiores sob pastejo
Cynodon spp. e é responsável pela sua criação e pela criação de B. (Estágio III) para determinar o desempenho animal (ganho de peso
ruziziensis. A Embrapa Acre detém o banco de germoplasma do amendoim individual e por área ou produção de leite). Uma vez identificados os
forrageiro Arachis spp. (A. pintoi, A. repens e A. glabrata). A Embrapa genótipos superiores, eles são registrados e protegidos, é feito um plano
Pecuária Sudeste detém o banco de germoplasma de Paspalum spp. e de comercialização e posteriormente liberados como cultivares (Fig. 3).
Cajanus e é responsável pela sua criação. Outros bancos de germoplasma
dentro da Embrapa também estão disponíveis e organizados, por exemplo,
germoplasma de capim-buffel (Pennisetum ciliare) na Embrapa Semiárido As etapas da Figura 3 levam pelo menos 2 anos cada, e adicionando 1
Tropical e vários bancos regionais na Embrapa Pantanal, Embrapa ano para multiplicação de sementes entre cada etapa, todo o processo
Cerrados, Embrapa Meio-Norte e Embrapa Tabuleiros Costeiros. As leva de 8 a 10 anos. Iniciado o processo, sempre há genótipos em vários
forrageiras de estação fria têm seu banco de germoplasma na Embrapa estágios de avaliação, o que se transforma em uma linha de produção,
Pecuária e Ovinocultura Sul. Este Centro também mantém o programa de com liberações em curto, médio e longo prazo, em resposta a novas
melhoramento genético de luzerna (alfafa) (Medicago sativa). A Embrapa limitações nas cultivares existentes (do Valle et al. 2009 ) . Considerando
Agricultura Temperada detém o germoplasma do azevém (Lolium todo o processo, fica claro que o foco do programa de melhoramento na
multiflorum), sendo responsável pelo seu melhoramento. etapa inicial é a obtenção de novos genótipos, na etapa intermediária é a
seleção e na etapa final é a recomendação para liberação de genótipos
superiores previamente selecionados. O número de genótipos em avaliação
Com pesquisas em seleção e melhoramento de forrageiras desde o diminui à medida que as etapas avançam, passando de um grande número
início da década de 1980, a Embrapa e parceiros formaram bases sólidas de genótipos com desempenho altamente variável para um pequeno
para o desenvolvimento de novas cultivares, o que é fundamental para a número de genótipos com desempenho superior (elite) para todas as
obtenção de novos genótipos, uma vez que todas as cultivares disponíveis características em melhoramento. À medida que as etapas avançam,
atualmente apresentam limitações passíveis de melhoramento por meio de aumenta também a colaboração interdisciplinar, onde diversos profissionais
melhoramento (Miles 2007; do Valle et al. 2009). (entomologistas, fitopatologistas, especialistas em tecnologia de sementes,
fertilidade, manejo de pastagens, transferência de tecnologia) se inserem
para atingir um objetivo comum, que é a liberação de uma nova cultivar
Desenvolvimento de (Fig. 4).
cultivares O desenvolvimento de cultivares de forrageiras tropicais é um
processo no qual diversas etapas devem ser cumpridas para se chegar a Brachiaria spp. e os programas de melhoramento genético de P.max ,
um genótipo superior, que seja candidato a uma nova cultivar. que têm um histórico de lançamento de cultivares em comparação com
Para exemplificar esse processo, usaremos como exemplo o outros gêneros forrageiros, estão passando por uma mudança de
desenvolvimento de uma cultivar de gramínea forrageira tetraploide paradigma. Até agora, o principal método de obtenção de novas cultivares
apomítica (Brachiaria e/ou P. maximum) (Fig. 3). O processo começa com era a seleção de acessos apomíticos superiores diretamente dos bancos
a disponibilização do germoplasma e sua caracterização quanto ao modo de germoplasma, o que é um processo finito em termos de identificação de
reprodutivo, nível de ploidia, diversidade genética e busca genética, entre genótipos superiores do pool. Recentemente foram adotadas estratégias
outros. Os acessos apomíticos (tetraplóides) são avaliados em pequenas de melhoramento visando a obtenção de híbridos superiores (Fig. 3),
parcelas, enquanto os acessos sexuados (diplóides) devem sofrer tornando assim todo o sistema mais eficiente e infinito.
duplicação cromossômica para que possam ser cruzados com genótipos
apomíticos para obtenção de híbridos. Plantas sexualmente duplicadas O desenvolvimento de novas cultivares forrageiras agora também pode
(tetraplóides) são então usadas como genitores femininos em cruzamentos se beneficiar do uso da biotecnologia para proporcionar precisão e agilidade
com acessos apomíticos (seleção recorrente recíproca, RRS, e cruzamentos no apoio aos programas de melhoramento genético, por meio da
diretos entre acessos superiores). identificação de híbridos, da busca de marcadores moleculares ligados à apomixia,
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1136 Ciência de colheitas e pastagens L. Jank et al.

Reprodução

Superior
Híbridos sexuais

1 localização

Híbridos sexuais
superiores
Estacas ou
sementes

1 localização
Produção, sementes, estresses nutritivos, bióticos
(pragas, doenças) e abióticos (Al, inundações), resposta a
nutrientes Semente

Multiplicação

1 Local/Bioma
(corte VCU)

Semente

Multiplicação

1 Local/Bioma
(VCU pastoreando
Registro e Proteção
Plano de marketing)

Nova cultivar Liberação e adoção

Figura 3. Esquema geral de melhoramento genético das etapas e número de genótipos envolvidos no desenvolvimento de
uma cultivar de gramínea forrageira tropical (tetraplóide apomítica). (Diagrama de Sanzio Carvalho Lima Barrios.)

resistência à cigarrinha, tolerância à má drenagem do solo, seca,


Interdisciplinaridade
sombreamento, frio, toxicidade do alumínio no solo e resistência ao
Menos Mais
rompimento das sementes. A estratégia de seleção genômica ampla
(Genome Wide Selection) deve ser adotada a médio/longo prazo para
ajudar os programas de desenvolvimento de cultivares a serem mais
sosreviD

eficientes. Mais pesquisas são necessárias para que isso se torne uma
Reprodução
realidade.
odacifisreviD

Lançamentos de cultivares
Estágio I
O melhoramento genético de forrageiras tropicais é uma atividade muito
sopitóneG

recente se comparado ao melhoramento de culturas de grãos como


Ensaios
soja e milho, ou de forragens de clima temperado, por exemplo. No
sooprietómnúeN
d
g

regionais
entanto, foram alcançados progressos significativos na investigação e
Estágio III
desenvolvimento de cultivares (do Valle et al. 2009; Jank et al.
2011). Em relação às principais gramíneas forrageiras (Brachiaria spp.
e P. maximum), os esforços dos programas de melhoramento genético
Criação Recomendação de seleção
da Embrapa resultaram na liberação de B. brizantha cvv. Xaraés (2003),
BRS Piatã (2007) e BRS Paiaguás (2013); B. humidicola cv. BRS Tupi
Objetivos do programa de melhoramento
(2012); e P. máximo cvv. Tanzânia (1990), Mombaca¸ (1993), Massai
Figura 4. Gráfico integrado dos elementos (componentes) envolvidos nas etapas (2000) e BRS Zuri (2014). Liberações de outros gêneros incluem feijão
de desenvolvimento das forrageiras tropicais. (Diagrama de Sanzio Carvalho bóer Cajanus cajan cv. BRS Mandarim (2009); Paspalum atratum cv.
Lima Barrios.) Pojuca (2000);
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Valor das pastagens melhoradas para a produção brasileira de carne bovina Ciência de colheitas e pastagens 1137

cultivares de Pennisetum spp.-cvv. Reconhecimentos


Pioneiro (1996), BRS Canará (2012) e anão BRS Kurumi (2012); e
Os autores agradecem à Associação de Fomento à Pesquisa em Melhoramento de
Estilosanthes cv. BRS Campo Grande (2000). Amendoim forrageiro
Forrageiras (Unipasto) pela gentileza de fornecer informações técnicas sobre a
Arachis pintoi cv. O BRS Mandobi foi registrado em 2008, protegido em indústria de sementes no Brasil.
2011 e tem previsão de soltura em 2014. As gramíneas de estação
fria liberadas pela Embrapa são o Sorghum sudanense BRS Estribeiro Referências
(2013) e o azevém BRS Ponteio (2010). O CIAT liberou B. brizantha
cv. Mulato II em 2005, mas sua área de utilização ainda é pequena. ANUALPEC (2008) 'Anuário da pecuária brasileira.' (Economia Informa
FNP: São Paulo)
¸
ABIEC (2012) Estatísticas: mercado mundial. 2012. Associação Brasileira das
As variedades da Embrapa têm participação significativa no mercado
Indústrias Exportadoras de Carnes. Disponível em: http://www.abiec. com.br/
interno de sementes de pastagens tropicais (participação de mercado);
download/stat_mercadomundial.pdf ABIEC
a participação foi de 78% em 2011–12 e é certo que continuará como
¸
(2013) Estatísticas: balanço da pecuária. ¸ Indústrias
2013. Associação Brasileiradas
os programas amadureceram e as atividades nos diversos programas Exportadoras de Carnes. Disponível em: http://www.abiec. com.br/texto.asp?
intensificaram-se. id=8
O balanço social da Embrapa, realizado anualmente para avaliar o CEPEA (2011) PIB do Agronegócio Brasileiro—Dados de 1994 a 2011.
impacto das tecnologias desenvolvidas no desempenho do setor Centro de Estudos Avançados ¸em Economia Aplicada —ESALQ/ USP.
agropecuário, mostrou que em 2012 B. brizantha cvv. Marandu e BRS Disponível. Disponível em: http://cepea.esalq.usp.br/pib/ CNA
Piatã, P. máximo cvv. (2012) 'Guia de financiamento para agricultura de baixo carbono.' (Confederação
¸ e Pecuária do Brasil: Brasília, DF) do Valle CB, Jank L,
da Agricultura
Tanzânia e Mombaca, e Stylosanthes
¸ cv. Campo Grande contribuiu
Resende RMS (2009) O melhoramento de forrageiras tropicais no Brasil. Revista
com >64% do impacto econômico (aumento de produtividade) de todo
Ceres 56, 460–472.
o programa da Embrapa (Embrapa 2013).
¸
Embrapa (2013) 'Balanço social 2012. ' (Empresa brasileira de pesquisa
Agropecuária: Brasília, DF).
¸ o agronegócio (Federação
FIESP/ICONE (2012) Outlook Brasil 2022. Projeções para
¸
das Indústrias do Estado de São Paulo/Instituto de Estudos do Comércio e
Projeções para o futuro
¸
Negociações Internacionais: São Paulo)
Num futuro próximo, espera-se que a população mundial aumente IBGE (2006) Censo agropecuário. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
significativamente. Estima-se que em 2050 o mundo terá 9 mil milhões Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/pro tabl.asp?
de pessoas. Com este cenário, será necessário um aumento significativo c=1031&z=t&o=11&i=P IBGE (2010)
Pesquisa Pecuária Municipal (1974–2010). Instituto Brasileiro de Geografia e
na produção de proteínas (carne e leite). O Brasil possui o maior
Estatística. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?
rebanho bovino comercial do mundo e inúmeras oportunidades para
z=t&o=24&i=P&c=73 INPE (2012) Projeto
aumentar a produtividade e, consequentemente, a lucratividade sem
Prodes:Monitoramento daflorestaBrasileira por satélite .
abrir novas áreas para pastagens cultivadas. Segundo projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Disponível em: http://www.obt.
agronegócio, descritas no Outlook Brasil 2022 (FIESP/ICONE 2012), inpe.br/prodes/index.php
as exportações de carne bovina, que representaram 16,5% da produção Jank L, Valle CB do, Resende RMS (2011) Melhoramento de forrageiras tropicais.
brasileira em 2011, aumentarão para 23% em 2022, sendo uma Melhoramento de culturas e biotecnologia aplicada 11, 27–34. doi:10.1590/
influência importante no crescimento deste setor. S1984-70332011000500005

Na verdade, as exportações de carne bovina em 2012 já aumentaram José MR (2012) Forrageiras: uma grande parceira para o agronegócio.
Associação
¸ Brasileira de Sementes e Mudas Anuário 2012, 22–23.
para 18% (ABIEC 2013). Aumentos na produtividade e maior eficiência
Miles JW (2007) Apomixia para desenvolvimento de cultivares em gramíneas
produtiva deverão aumentar a produção animal sem exigir um aumento
forrageiras tropicais. Crop Science 47 (Suplemento 3), S238 – S249. doi:10.2135/
significativo no número de cabeças ou na área de pasto. Para atender
cropsci
à demanda projetada e manter o crescimento, o rebanho bovino
2007.04.0016IPBS Nogueira MP (2012) Rally da Pecuária faz diagnóstico de nossas pastagens.
brasileiro deverá aumentar para 227 milhões de cabeças até 2022, Balde Branco. Dezembro de 2012, pp.
significando uma taxa de crescimento de 0,4% ao ano entre 2012 e ¸
NogueiraMP, Aguiar D de A (2013) Por uma intervenção mais racional: Rally da
2022. Se a mesma lotação de 2010 for mantida, Seriam necessários Pecuária detecta intenção de¸ reforma além da necessidade. Revista
197,8 Mha de pastagem. DBO 10, 116–118.
Porém, a projeção para área de pastagens em 2022 é de 176,3 Mha. Nunes SG, Boock A, Penteado MI de O, Gomes DT (1984) Brachiaria brizantha cv.
Deveria ser possível produzir mais carne e leite e, ao mesmo tempo, Marandú. Documentos Embrapa, nº 21. Embrapa/ CNPGC, Campo Grande,
reduzir a área necessária em 21,4 Mha, através da intensificação da MS, Brasil.
Oram RN (1990) 'Registro de cultivares de plantas herbáceas australianas.' 3ª ed.
produção com melhores forragens, melhor gestão e sistemas integrados
Autoridade Australiana de Registro de Plantas, Divisão da Indústria Vegetal.
de produção agrícola-pecuária-forrageira.
(CSIRO: East Melbourne, Vic.)
A utilização de pastagens mais produtivas e de melhor qualidade
Savidan YH, Jank L, Costa JCG, do Valle CB (1989) Breeding Panicum maximum
implica metodologias e ferramentas de criação mais eficientes, no Brasil: I. Recursos genéticos, modos de reprodução e procedimentos de
programas de criação dinâmicos e transferência eficiente de tecnologia, melhoramento. Eufítica 41, 107–112. doi:10.1007/BF00022419 Torres A (2012)
resultando numa produção progressivamente melhor de carne e leite a A pecuária brasileira na última década. Revista
partir das pastagens. JCMaschietto 10, 14–15.

www.publish.csiro.au/journals/cp

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