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Frutas do Brasil Banana Produção, 1

EXIGÊNCIAS
EDAFOCLIMÁTICAS
Ana Lúcia Borges
Luciano da Silva Souza
Élio José Alves

INTRODUÇÃO
A bananeira (Musa spp.) é uma planta CONDIÇÕES EDÁFICAS
monocotiledônea, herbácea (após a colhei-
ta a parte aérea é cortada) e perene, uma vez Topografia
que novos perfilhos nascem da base da De modo geral, quando as condições
planta-mãe. Apresenta caule subterrâneo climáticas são favoráveis, os cultivos po-
(rizoma) de onde saem as raízes primárias, dem ser estabelecidos tanto em encostas
em grupos de três ou quatro, totalizando como em terrenos planos. Contudo, áreas
200 a 500 raízes, com espessura de 5 mm a com declives inferiores a 8% são as mais
8mm, brancas e tenras quando novas e recomendadas; entre 8% e 30% há restri-
saudáveis, tornando-se amareladas e endu- ções; e declives acima de 30% são conside-
recidas com o tempo. O sistema radicular é
rados inadequados. Os terrenos planos a
fasciculado, podendo atingir horizontal-
suavemente ondulados (declives menores
mente até 5 m; no entanto, é mais comum
que 8%) são mais adequados, pois facilitam
de 1 mm a 2 m, dependendo da cultivar e
das condições do solo. É também superfi- o manejo da cultura, a mecanização, as
cial, com cerca de 40% na profundidade de práticas culturais, a colheita e a conservação
10 cm e de 60% a 85% concentrando-se na do solo.
camada de 30 cm. Em áreas declivosas (na faixa de 8% a
O pseudocaule é formado por bainhas 30%), além de medidas de controle da
foliares, terminando com uma copa de fo- erosão, a irrigação é dificultada, seja por
lhas compridas e largas, com nervura cen- exigir o uso de motobombas de maior
tral desenvolvida. Uma planta pode emitir capacidade e, conseqüentemente, de maior
de 30 a 70 folhas, com o aparecimento de consumo de energia, seja por tornar irregu-
uma nova folha a cada 7 a 11 dias. A lar a pressão nos aspersores, devido às
inflorescência sai do centro da copa, apre- diferenças na topografia do terreno.
sentando brácteas ovaladas, de coloração
Nas principais regiões produtoras de
geralmente roxo-avermelhada, em cujas
banana no mundo, as várzeas e baixadas
axilas nascem as flores. De cada conjunto
mecanizáveis têm sido utilizadas com su-
de flores formam-se as pencas (7 a 15),
apresentando número variável de frutos cesso, especialmente na produção de bana-
(40 a 220), dependendo da cultivar. na destinada à exportação. No Brasil, essas
áreas têm sido utilizadas no cultivo das
Os fatores que influenciam no cresci- variedades Nanica, Nanicão e Grand Naine
mento e produção das bananeiras classifi- nos estados de São Paulo, Espírito Santo e
cam-se em fatores internos e externos. Os Rio de Janeiro; nos perímetros irrigados do
fatores internos estão relacionados com as
Departamento Nacional de Obras Contra
características genéticas da variedade utili-
as Secas (DNOCS), e da Companhia de
zada, enquanto os fatores externos se refe-
Desenvolvimento do Vale do São Francis-
rem às condições edáficas (solo), ambientais
(clima), agentes bióticos (pragas e doenças) co (CODEVASF); bem como nos vales
e à ação do homem interferindo nos fatores dos rios Piranhas-PB, Jaguaribe-CE e
edáficos, climáticos e bióticos. Moxotó-PE.
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Profundidade Solos
Apesar de a bananeira apresentar sis- A bananeira é cultivada e se desenvol-
tema radicular superficial (30 cm), é impor- ve em diversos tipos de solos. A Tabela 3
tante que o solo seja profundo, com mais de mostra um resumo dos solos onde as bana-
75 cm sem qualquer impedimento. Solos neiras são cultivadas no Brasil, suas princi-
com profundidade inferior a 25 cm são pais limitações e práticas de manejo reco-
considerados inadequados para a cultura. mendadas.
Em solos compactados, as raízes da bana-
Em geral, para o cultivo da banana, os
neira raramente atingem profundidades
solos podem ser enquadrados em quatro
abaixo de 60 cm a 80 cm, fazendo com que
as plantas fiquem sujeitas ao tombamento. grupos de potencialidades, conforme dis-
criminados em seguida:
Em solos apresentando camada
adensada dentro de 30 cm a 35 cm de Grupo 1 – Solos de alto potencial –
profundidade, onde o sistema radicular não São aqueles que não apresentam limitações
penetrava, foram observados efeitos bené- para a obtenção de altas produtividades
ficos da subsolagem em bananeira. Daí a com a cultura da banana. São os solos em
importância de observar o perfil de todo o condições de relevo plano a suave ondula-
solo, e não apenas as camadas superficiais. do, bem drenados, profundos (mais de 100
cm), textura média a argilosa, bem
Recomenda-se, para o bom desenvol- estruturados, permeáveis, férteis, com pH
vimento da bananeira, que os solos não neutro a ligeiramente ácido, sem perigo de
apresentem camada impermeável, pedre- inundação e sem problemas de salinidade.
gosa ou endurecida, nem lençol freático a
menos de um metro de profundidade. Fazem parte deste grupo principalmente
os seguintes solos: Latossolo Roxo Eutrófico,
Aeração Latossolo Vermelho-Escuro Eutrófico,
A disponibilidade adequada de oxigê- Latossolo Vermelho-Amarelo Eutrófico,
nio é de fundamental importância para o Terra Roxa Estruturada Eutrófica, Podzólico
bom desenvolvimento do sistema radicular Vermelho-Escuro Eutrófico, Podzólico
da bananeira. Ocorrendo falta de oxigênio, Vermelho-Amarelo Eutrófico, Cambissolo
as raízes perdem a rigidez, adquirem uma Eutrófico, Brunizem ou Brunizem-
cor cinza-azulada pálida e apodrecem rapi- Avermelhado e Solos Aluviais Eutróficos,
damente. Uma má aeração do solo pode ser não-salinos, não-sódicos e bem drenados.
provocada pela sua compactação ou
Grupo 2 – Solos de médio potencial -
encharcamento.
Solos adequados para o cultivo com a cultura
Portanto, para melhorar as condições da banana que apresentam uma ou mais
de aeração do solo, em áreas com tendência restrições em termos de fertilidade natural,
a encharcamento deve-se estabelecer um relevo, profundidade efetiva e/ou drena-
bom sistema de drenagem. Os excessos gem, que levam a produtividades mais baixas
continuados de umidade no solo por mais que as obtidas nos solos do grupo anterior e,
de três dias promovem perdas irreparáveis assim, requerem maiores investimentos para
no sistema radicular, com reflexos negati- se obterem rendimentos elevados.
vos na produção da cultura. Por essa razão,
os solos cultivados com banana devem ter Fazem parte deste grupo principal-
boas profundidade e drenagem interna, para mente os seguintes solos: Latossolo Roxo
que os excessos de umidade sejam drena- Distrófico, Latossolo Vermelho-Escuro
dos rapidamente e para que o nível do Distrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo
lençol freático mantenha-se abaixo de Distrófico, Latossolo Amarelo, Latossolo
1,80 m de profundidade. Variação Una, Terra Roxa Estruturada
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Tabela 3. Classes de solos cultivados com banana no Brasil, suas limitações e práticas de manejo
recomendadas.

1
Entre parênteses aparece a classificação pelo novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999).
2
Referem-se às limitações apresentadas pela maioria dos solos da classe, embora existam nelas solos sem ou com
pequenas limitações. Por exemplo, na classe dos latossolos existem os vermelho-escuros eutróficos sem ou com
pequenas limitações para a bananeira; as limitações citadas para esta classe dizem respeito aos latossolos
distróficos, latossolo amarelo, latossolo variação una etc. O mesmo é válido para as demais classes.
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Distrófica, Podzólico Vermelho-Escuro características físicas não oferece a mesma


Distrófico , Podzólico Vermelho-Amarelo facilidade; sua modificação exige grande dis-
Distrófico, Podzólico Amarelo, Cambissolo pêndio de tempo e de recursos financeiros.
Distrófico, Vertissolo, Brunizem ou Informações mais detalhadas sobre as
Brunizem-Avermelhado, Solos Aluviais principais propriedades físicas e químicas
Distróficos e, ou mal drenados, Gleissolo, dos solos são obtidas mediante suas análises.
Solos Orgânicos e Solos Hidromórficos.
Em todo o território brasileiro en-
Grupo 3 – Solos de baixo potencial – contram-se condições edáficas favoráveis
São solos pouco apropriados para o cultivo ao cultivo de banana. Contudo, nem sem-
com a cultura da banana, devido à fertilida- pre são utilizados os solos mais adequados,
de natural muito baixa e/ou textura muito o que se reflete em baixa produtividade e
arenosa e/ou pequena profundidade efeti- má qualidade dos frutos.
va, necessitando de práticas de cultivo mais
intensas que nos solos dos grupos anterio- CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
res, para se obter produções economica-
mente rentáveis. Temperatura
Fazem parte deste grupo principal- Temperaturas altas e uniformes são
mente os seguintes solos: as Areias indispensáveis para a obtenção de altos
Quartzosas, Latossolo Vermelho-Amarelo rendimentos das bananeiras. A temperatu-
Distrófico (textura média), Latossolo Fer- ra ótima para o desenvolvimento normal
rífero, Podzólico Acinzentado, Podzólico das bananeiras comerciais situa-se em tor-
pouco profundo, Rendzina, Bruno Não- no dos 28oC. Considera-se a faixa de 15oC
Cálcico pouco profundo, Cambissolo pou- a 35oC de temperatura como os limites
co profundo, Regossolo, Podzol e alguns extremos para a exploração racional da
Planossolos com horizontes superficiais cultura. Havendo suprimento de água e de
espessos (mais de 50 cm). nutrientes, essa faixa de temperatura induz
o crescimento máximo da planta. Consta-
Grupo 4 – Solos de muito baixo po- tou-se que a temperatura de 22oC é ideal
tencial – São solos não adequados para o para o crescimento e a iniciação floral,
cultivo da banana, por apresentarem mui- sendo de 31oC para a emissão de folhas.
tas limitações (pequena profundidade efeti-
va, pedregosidade, condições físicas e/ou Abaixo de 15oC, a atividade da planta
químicas desfavoráveis etc.) e rendimentos é paralisada. Temperaturas inferiores a 12oC
baixos que, para serem aumentados, exi- provocam um distúrbio fisiológico conhe-
cido como chilling ou “friagem”, que preju-
gem investimentos muito altos.
dica os tecidos dos frutos, principalmente
Fazem parte deste grupo principal- os da casca, devido à coagulação da seiva na
mente os seguintes solos: Solos Litólicos, região subepitelial da casca. O chilling pode
Podzólico raso e/ou pedregoso, ocorrer nas regiões subtropicais onde a
Cambissolo raso e/ou pedregoso, Bruno temperatura mínima noturna atinge a faixa
Não-Cálcico raso, Planossolo, Solonchak de 4,5oC a 10oC. Esse fenômeno é mais
e Solonetz Solodizado. comum no campo, mas pode ocorrer tam-
Na escolha dos solos para o cultivo de bém durante o transporte dos cachos, na
banana, o conhecimento de suas proprieda- câmara de climatização ou logo após a
des físicas e químicas é de primordial im- banana colorir-se de amarelo. As bananas
portância para o sucesso do empreendi- afetadas pela “friagem” têm o processo de
mento. Vale ressaltar que, enquanto as ca- maturação prejudicado.
racterísticas químicas dos solos podem ser Baixas temperaturas também provo-
alteradas com adubações, a correção das cam a compactação da roseta foliar, difi-
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cultando o lançamento da inflorescência ou (período floral) e no início da frutificação.


provocando o seu “engasgamento”, o qual Quando submetida a severa deficiência
deforma o cacho, inviabilizando a sua hídrica no solo, a roseta foliar se comprime,
comercialização. Quando a temperatura dificultando ou até mesmo impedindo o
baixa a 0oC, sobrevém a geada, causadora lançamento da inflorescência. Em conse-
de graves prejuízos, tanto para a safra pen- qüência, o cacho pode perder seu valor
dente como para a que se seguirá. comercial.
Por outro lado, em temperaturas acima O suprimento de água está relacionado
de 35oC, o desenvolvimento da planta é inibi- com o tipo de solo, podendo o limite de 100
do, em conseqüência, principalmente, da de- mm/mês ser suficiente para solos mais pro-
sidratação dos tecidos, sobretudo das folhas. fundos, com boa capacidade de retenção de
Quanto mais longo for o período de umidade, sendo de 180 mm/mês para solos
temperatura adversa, mais se prolongará o seu com menor capacidade de retenção. É fun-
efeito. Normalmente, o conhecimento da damental, porém, que o fornecimento de
temperatura local média não constitui ele- água assegure uma disponibilidade não infe-
mento suficiente para determinar se uma área rior a 75% da capacidade de retenção de água
é ou não adequada ao cultivo da bananeira. É do solo, sem que ocorra o risco de saturação,
indispensável conhecer também os valores e o que prejudicaria a sua aeração.
a freqüência das temperaturas mínimas. Assim, a precipitação efetiva anual seria
No Brasil, a maioria das microrregiões de 1.200 mm/ano a 1.800 mm/ano.
homogêneas produtoras de banana se en- Em termos de índices de precipitação
quadra nos limites de 18oC e 35oC. Estes são pluviométrica, as principais regiões produ-
níveis de temperatura essencialmente tro- toras de banana no mundo são bastante
picais encontrados nas regiões Norte e distintas, podendo ser assim agrupadas:
Nordeste, assim como em parte das regiões
1. Áreas com baixa precipitação, cuja
Sudeste e Centro-Oeste. Há cultivos em
deficiência hídrica permanente requer irri-
microrregiões homogêneas subtropicais dos
gação suplementar. Nelas, o nível máximo
estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina,
de precipitação é da ordem de 1.300 mm/
Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul,
ano, e o mínimo, de 500-600 mm/ano.
onde as cultivares Nanica, Nanicão e Grand
Neste último caso, sobretudo, há necessi-
Naine, com melhor tolerância ao frio, são
dade da aplicação de grandes volumes de
mais utilizadas.
água. Neste grupo se enquadra a Região
Precipitação Semi-árida do Nordeste do Brasil.
A bananeira é uma planta com elevado 2. Uma pequena área formada por pla-
e constante consumo de água, devido à nícies úmidas na zona atlântica da Costa
morfologia e à hidratação de seus tecidos. As Rica e pela região de Chanquinola, no Pana-
maiores produções de banana estão associa- má, onde a precipitação varia de 2.500 mm/
das a uma precipitação total anual de 1.900 ano (Guabito, Panamá) a 4.500 mm/ano
mm, bem distribuída no decorrer do ano, ou (Guapiles, Costa Rica), distribuindo-se bem
seja, sem deficiência hídrica, que corresponde durante o ano. Neste caso, não há necessi-
à ausência de estação seca. Quando a defici- dade de irrigação, mas de um eficiente
ência hídrica anual é superior a 80 mm, a sistema de drenagem para escoar o excesso
cultura não se desenvolve de maneira de água nas épocas de maior precipitação.
satisfatória, afetando, conseqüentemente, a Neste grupo se enquadra a Região Amazô-
produtividade e a qualidade dos frutos. nica do Brasil.
A carência em água adquire maior 3. Áreas com níveis de precipitação de
gravidade nas fases de diferenciação floral 1.500 a 1.600 mm/ano, os quais seriam
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suficientes para cobrir as necessidades A atividade fotossintética acelera rapi-


hídricas da bananeira, se não fosse a distri- damente quando a iluminação se encontra
buição pluviométrica desuniforme durante na faixa de 2.000 a 10.000 lux (horas de luz
o ano, responsável por déficits hídricos por ano), sendo mais lenta na faixa entre
sazonais por períodos de três a quatro me- 10.000 e 30.000 lux, em medições feitas na
ses, o que torna indispensável a irrigação superfície inferior das folhas, onde os
sistemática. Neste grupo se enquadra a re- estômatos são mais abundantes. Valores
gião costeira brasileira. baixos (inferiores a 1.000 lux) são insufici-
4. Zonas bananeiras com precipitação entes para que a planta tenha um bom
alta e muito alta, de 2.000 a 3.500 mm/ano, desenvolvimento. Já os níveis excessiva-
porém com déficits hídricos durante três a mente altos podem provocar a queima das
quatro meses do ano, os quais, embora não folhas, sobretudo quando estas se encon-
sendo tão severos quanto os registrados no tram na fase de cartucho ou recém-abertas.
caso anterior, são em alguns anos fortes o Da mesma forma, a inflorescência também
bastante para afetar significativamente as pode ser prejudicada por esses fatores. Na
plantações, com perdas substanciais na co- Costa Rica, estima-se em 1.500 o número
lheita. Encontram-se neste caso o Vale do de horas de luz/ano adequado para produ-
Urabá na Colômbia, o Vale de Sula em zir uma colheita econômica de banana, com
Honduras, as plantações de Davao nas Fili- quatro horas diárias como média.
pinas e a maioria das plantações do Equador. Nos trópicos as condições de ilumina-
Nas zonas referidas neste item também se ção são bastante diversas, dada a ocorrência
impõe a administração de um eficiente siste- de estações de grande nebulosidade que
ma de drenagem, para escoar a água exce- limitam o número de horas de luz/dia.
dente durante os períodos de maior
pluviosidade. Algumas áreas dos estados do Vento
Amazonas e Pará se enquadram neste grupo. O vento é outro fator climático que
Luminosidade influencia no cultivo da banana, podendo
causar desde pequenos danos até a destrui-
A bananeira requer alta luminosidade, ção do bananal. Os prejuízos causados pelo
ainda que a duração do dia, aparentemente, vento são proporcionais à sua intensidade e
não influa no seu crescimento e frutificação. podem provocar: a) chilling, no caso de ven-
O efeito da luminosidade sobre o ciclo tos frios; b) desidratação da planta em con-
vegetativo da bananeira é bastante eviden- seqüência de grande evaporação; c)
te, podendo estender-se por 8,5 meses, no fendilhamento das nervuras secundárias; d)
caso dos cultivos bem expostos à luz, e por diminuição da área foliar pela dilaceração da
14 meses, no caso dos cultivos que crescem folha fendilhada; e) rompimento de raízes; f)
na penumbra, em bananeiras do subgrupo quebra da planta; g) tombamento da planta.
Cavendish. O mesmo efeito altera a dura-
Perdas de colheita provocadas pelos
ção do período de desenvolvimento do
ventos já foram relatadas na bananicultura
fruto. Em regiões de alta luminosidade, o
e podem ser estimadas entre 20% e 30% da
período para que o cacho atinja o ponto de
produção total. De maneira geral, a maioria
corte comercial é de 80 a 90 dias após a sua
das cultivares suporta ventos de até 40 km/
emissão, enquanto que, em regiões com
hora. Velocidades entre 40 e 55 km/hora
baixa luminosidade em algumas épocas do
ano, o período necessário para o cacho produzem danos moderados como, por
alcançar o ponto de corte comercial varia exemplo, o desprendimento parcial ou total
de 85 a 112 dias. Sob luminosidade interme- da planta, a quebra do pseudocaule e outras
diária, a colheita se processa entre 90 e 100 injúrias que vão depender da idade da plan-
dias a partir da emissão do cacho. ta, da cultivar, do seu desenvolvimento e
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altura. Quando os ventos atingem velocida- Umidade relativa


de superior a 55 km/hora, a destruição pode
A bananeira, como planta típica das
ser total. Contudo, cultivares de porte baixo
regiões tropicais úmidas, apresenta melhor
podem suportar ventos de até 70 km/h.
desenvolvimento em locais com médias
As cultivares de porte baixo (Nanica) anuais de umidade relativa superiores a
são mais resistentes ao vento do que as de 80%. Esta condição acelera a emissão das
porte médio (Nanicão e Grand Naine). Em folhas, prolonga sua longevidade, favorece
virtude das perdas sofridas pela cultivar a emissão da inflorescência e uniformiza a
Valery, por causa da ação dos ventos, tem- coloração dos frutos. Contudo, quando
se procedido a sua substituição pela Grand associada às chuvas e a temperaturas eleva-
Naine, que é quatro a cinco vezes mais das, provoca doenças fúngicas, principal-
resistente. mente a sigatoka-amarela.
Em áreas sujeitas à incidência de vento Por outro lado, a baixa umidade rela-
recomenda-se o uso de quebra-ventos tiva do ar proporciona folhas mais coriáceas
como, por exemplo, cortinas de bambu, de e com vida mais curta.
Musa balbisiana, de Musa textilis ou de outras
Altitude
plantas. As árvores escolhidas para esse fim
devem possuir copa cilíndrica bem A bananeira é cultivada em altitudes
enfolhada e ter porte alto. Recomenda-se o que variam de zero a 1.000 m acima do nível
uso de renques de Bambusa oldami, cuja do mar.
altura atinge geralmente 15 a 20 metros. Seu A altitude influencia os fatores climá-
crescimento, entretanto, é lento; são neces- ticos (temperatura, chuva, umidade relati-
sários três a quatro anos para que os renques va, luminosidade, entre outros) que, conse-
se tornem eficientes. Para superar esse pro- qüentemente, afetarão o crescimento e a
blema, sugere-se o plantio intercalado com produção da bananeira.
Eucaliptus degluta, dado o seu crescimento
rápido. Quando o bambu suplantar a altura Com as variações de altitude, a dura-
do eucalipto, este será eliminado. A distân- ção do ciclo da bananeira se altera. Traba-
cia dos renques vai depender da altura da lhos realizados em regiões tropicais de bai-
planta utilizada como quebra-vento. No xa altitude (zero a 300 m acima do nível do
caso de B. oldami, eles podem distar até 500 mar) demonstraram que o ciclo de produ-
metros. Basicamente, os renques devem ser ção da bananeira, principalmente do
locados ao longo dos carreadores e dos subgrupo Cavendish, foi de 8 a 10 meses,
caminhos. As valas de drenagem do enquanto que em regiões localizadas a 900
carreador servirão para conter a invasão do m acima do nível do mar foram necessários
sistema radicular na área protegida. As ár- 18 meses para completar o seu ciclo. Com-
vores dos quebra-ventos devem ser planta- parações de bananais conduzidos sob as
das em quincôncio, à exceção do bambu, mesmas condições de cultivo, solos, chuvas
que deve ser plantado a intervalos de 3 m, e umidade evidenciaram aumento de 30 a 45
em linhas simples. dias no ciclo de produção para cada 100 m
de acréscimo na altitude.

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