SALA DE AULA

ARTIGO ORIGINAL
E RUÍDO

ORUÍDO EM SAL AS DE AUL

ALAS A DE CURITIBA:
ULA
COMO OS AL UNOS PER
ALUNOS CEBEM ESTE PROBLEMA
PERCEBEM
Dayanne Klodzinski; Fabiane Arnas; Angela Ribas

RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi investigar a percepção que

alunos de ensino fundamental têm sobre o ruído presente em salas de aula
de Curitiba. Para tanto, foi medido o nível de pressão sonora dentro de salas
de aula e um questionário com questões fechadas sobre a percepção do ruído
(presença do ruído, intensidade, causas e efeitos) foi aplicado em 80 crianças.
O nível máximo de ruído constatado dentro das salas de aula foi de 76 dBA,
valor elevado, considerando-se que a Organização Mundial da Saúde indica
que um som acima de 70 dBA pode trazer danos à saúde. A análise das
respostas permitiu verificar que as crianças percebem o ruído que está presente
em suas salas de aula, identificam suas fontes, porém não têm consciência
dos efeitos nocivos do mesmo sobre a saúde e sobre a aprendizagem.

UNITERMOS: Efeitos do barulho. Escolas. Percepção auditiva.

ARTIGO ORIGINAL Dayanne Klodzinski; Fabiane Arnas; Angela Ribas

Título resumido: Sala de aula e ruído

O RUÍDO EM SALAS DE AULA DE Dayanne Klodzinski - Fonoaudióloga, Aluna do curso

CURITIBA: COMO OS ALUNOS PER- de Especialização em Audiologia da Universidade Tuiuti
CEBEM ESTE PROBLEMA do Paraná.
Fabiane Arnas – Fonoaudióloga, Aluna do curso de
Especialização em Audiologia da Universidade Tuiuti

Dayanne Klodzinski – Fonoaudióloga, Aluna do curso Correspondência

de Especialização em Audiologia da Universidade Angela Ribas
Tuiuti do Paraná. Universidade Tuiuti do Paraná – Rua Marcelino
Fabiane Arnas – Fonoaudióloga, Aluna do curso de Champagnat, 505 – Curitiba – PR – Brasil
Especialização em Audiologia da Universidade Tuiuti
do Paraná.
Angela Ribas – Fonoaudióloga, Mestre em Distúrbios
da Comunicação, Docente da Universidade Tuiuti do
Paraná.

Rev. Psicopedagogia 2005; 22(68): 105-10

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 KLODZINSKI D ET AL.
do Paraná.
Angela Ribas – Fonoaudióloga, Mestre em Distúrbios
da Comunicação, Docente da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Correspondência:
Angela Ribas
Universidade Tuiuti do Paraná
Rua Marcelino Champagnat, 505
Curitiba – PR
RESUMO - O objetivo desta pesquisa foi
investigar a percepção que alunos de ensino fun-
damental têm sobre o ruído presente em salas de
aula de Curitiba. Para tanto, foi medido o nível
de pressão sonora dentro de salas de aula e um
questionário com questões fechadas sobre a per-
cepção do ruído (presença do ruído, intensida-
de, causas e efeitos) foi aplicado em 80 crianças.
O nível máximo de ruído constatado dentro das
salas de aula foi de 76 dBA, valor elevado, con-
siderando-se que a Organização Mundial da Saú-
de indica que um som acima de 70 dBA pode
trazer danos à saúde. A análise das respostas
permitiu verificar que as crianças percebem o ru-
ído que está presente em suas salas de aula, iden-
tificam suas fontes, porém não têm consciência
dos efeitos nocivos do mesmo sobre a saúde e
sobre a aprendizagem.
Rev. Psicopedagogia 2005; 22(68): 105-10
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UNITERMOS: ruído, escola.
INTRODUÇÃO
O ruído e seus efeitos no organismo humano
vêm despertando interesse em várias áreas
relacionadas à educação e à saúde. O fonoaudiólogo
tem estudado o ruído, preocupando-se com as
alterações auditivas que podem ser ocasionadas pela
exposição e suas conseqüências, atuando em
prevenção, detecção e reabilitação de tais alterações.
A exposição prolongada a ruídos intensos
pode acarretar ao ser humano diversos efeitos
nocivos no que se refere aos aspectos auditivos,
físicos e psicossociais1.
As pesquisas sobre exposição ao ruído voltavam-
se principalmente para a audição de trabalhadores,
bem como suas condições de saúde, uma vez que a
deficiência auditiva induzida pelo ruído sempre
atingiu ocorrência alarmante nesta área2.
Com o conhecimento dos efeitos nocivos
do ruído sobre a audição, novos estudos foram
surgindo nas últimas décadas, a fim de investigar
também os efeitos do ruído não ocupacional so-
bre a audição3,4.
A escola é um ambiente que vem sendo bastante
pesquisado. Sabemos que um ambiente adequado, com
condições acústicas ideais, é de extrema importância
para que haja um bom aprendizado, principalmente se
tratando de crianças, tendo em vista que a audição é
um dos processos sobre o qual a aprendizagem
 SALA DE AULA E RUÍDO

ANEX
ANEXOO 1

Questionário

Idade: ______________________________________________________ Sexo: __________ Sala de aula: _________

QUESTÕES

Há quanto tempo você estuda nesta escola?

_________________________________________________________________________________________________

Quais os pontos negativos que você identifica aqui na sua sala de aula?
( ) lotação ( ) higiene ( ) barulho ( ) conforto das carteiras
( ) horários ( ) ventilação ( ) iluminação ( ) outros

Quais os aspectos existentes na sala de aula que você acredita serem prejudiciais à sua saúde?
( ) higiene ( ) conforto ( ) barulho ( ) ventilação
( ) iluminação ( ) outros

Você pr ocura um lugar especial para se sentar na sala de aula? P

procura or quê?
Por
( ) não ( ) na frente ( ) no meio ( ) atrás
( ) próximo das portas de saída ( ) próximo das janelas

Como você considera o barulho dentro da sala de aula?

( ) baixo ( ) moderado ( ) excessivo

Como você considera o barulho na hora do recreio?

( ) baixo ( ) moderado ( ) excessivo

Como você considera o barulho em atividades fora da sala de aula?

( ) baixo ( ) moderado ( ) excessivo

Este barulho te incomoda?

( ) sim ( ) não

Qual o barulho que te incomoda?

_________________________________________________________________________________________________

O barulho atrapalha sua comunicação com outros alunos?

( ) sim ( ) não

O barulho causa em você:

( ) irritabilidade ( ) falta de concentração ( ) dor de cabeça ( ) zumbido
( ) nada ( ) outros

O barulho observado na escola te impede de fazer alguma coisa ? O quê?

_________________________________________________________________________________________________

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acontece5. Tabela 1 – Nível predominante de ruído no

interior das salas de aula em dB(A)
O ato de escutar é um processo complexo e
Sala Fundo Centro Frente
abrangente, sendo que muitos especialistas relacionam
da sala da sala da sala
a aquisição da linguagem e a aprendizagem escolar à
Sala 1 65dB(A) 70dB(A) 72dB(A)
audição6-8. Sala 2 74dB(A) 76dB(A) 76db(A)
Por meio da habilidade auditiva, o sujeito Sala 3 72dB(A) 74dB(A) 75dB(A)

consegue extrair as características essenciais dos sons,

separando-as das não distintivas (atenção seletiva), Tabela 2 – Pontos negativos
observados nas salas de aula
promove a análise da informação, registra, compreende
Pontos Número Porcentual
e elabora a resposta9-12.
negativos de citações
Em sala de aula ruidosa, a quantidade e a Lotação 14 17,5 %
qualidade da conversação podem diminuir, fazendo Higiene 9 11,25%
Ventilação 27 33,75%
com que as crianças necessitem freqüentes repetições
Barulho 61 76,25%
da mensagem, o que pode irritar, confundir e cansar, Iluminação 3 3,75%
tanto o falante, quanto o ouvinte; podendo também Conforto das 21 26,25%
carteiras
ocorrer, interferência do ruído na discriminação
auditiva e, provavelmente, na habilidade de leitura.
Tabela 3 – Número de citações quanto
Estudos apontam que é comum encontrarmos ao local de preferência em sala de aula
dificuldades de aprendizagem associadas ao ambiente Local Número Porcentual
sonoro degradado, ou professores com alterações de citações
(N= 64)
vocais devido aos esforços realizados em sala para se
Frente 39 60%
fazer ouvir11,12. Centro 8 13%
Para a Organização Mundial da Saúde Atrás 17 27%

(1987), a partir de 70 dB(A) as reações de

estresse são mais acentuadas e ocorre um início autores explicam que os fatores responsáveis pelos

de desgaste do organismo. Segundo a NBR elevados níveis sonoros são a quantidade de alunos

1015213, os intervalos apropriados para o nível por turma, o ruído de fundo causado pelo movimento

de ruído ambiente (em dBA), em salas de aula, do tráfego, conseqüente elevação de voz do professor

podem variar de 35 a 45dB(A). e falta de cuidados com as condições físicas das salas

Infelizmente, muitas das pesquisas realizadas de aula, favorecendo a reverberação do som.

nesta área revelam que as condições acústicas da Os níveis de ruído abaixo de 85dB, considerados

maioria das escolas estão longe de serem as ideais, e como não nocivos à acuidade auditiva, podem causar

que o ruído em salas de aula excede os 70 dB(A)2,14. Os prejuízo à percepção auditiva, interferindo na

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 SALA DE AULA E RUÍDO
mensagem falada, podendo comprometer a
aprendizagem e o desenvolvimento educacional15.
Partindo destes pressupostos, este traba-
lho tem por objetivo avaliar os níveis de ruído em
uma escola da cidade de Curitiba e investigar a
percepção que as crianças, alunas desta escola,
têm do ruído, trazendo à tona a sensibilidade au-
ditiva e a consciência sobre a poluição sonora e
suas conseqüências para a aprendizagem.
METODO
Tendo em vista que o objetivo da pesquisa
é avaliar a percepção auditiva do ruído em salas
de aula, foi elaborado um questionário (Anexo 1)
composto de itens que contemplam as seguintes
variáveis: a percepção do ruído, as interferências
que ele causa e quais as situações em que ele
incomoda.
Participaram desta pesquisa 80 crianças da 3a
série de uma escola de ensino fundamental de Curitiba.
As entrevistas foram realizadas durante o período
letivo. Os dados do questionário foram digitados em
planilha eletrônica para posterior tratamento através
do programa SPHINX LEXICA.
Foi realizada, ainda, a medição do ruído nas
salas de aula, pátio e corredores da escola. O nível de
Rev. Psicopedagogia 2005; 22(68): 105-10 que a legislação recomenda
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ruído foi medido, durante o desenvolvimento de
atividades letivas, em três posições dentro da sala de
aula, a saber: na frente (ao lado da professora), no
centro e nos fundos da sala. No corredor e no pátio, as
medições também ocorreram em pontos e horários
diferentes (na saída para o recreio, durante o recreio,
na ausência dos alunos). Para tanto, foram utilizados
um medidor de nível de pressão sonora, da marca Quest,
modelo SLM 215; um filtro de oitava marca Quest,
modelo OB45 e um calibrador marca Quest, modelo
CA15.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização do ruído
Selecionamos, como objeto das medições,
três salas de aula de uma escola particular
da rede de ensino de Curitiba. O nível máxi-
mo de pressão sonora encontrado no interior
das salas foi de 86 dB(A). Na Tabela 1
encontra-se o nível predominante de ruído
obtido nas mesmas. A sala 1 continha um
professor e 28 alunos, a sala 2,um professor
e 26 alunos e a sala 3, um professor e 30
alunos. Todas as salas têm duas janelas e
uma porta. Durante as medições, as janelas
estavam abertas e as portas fechadas. As
janelas dão acesso ao pátio da escola.
Durante as medições, pudemos constatar
que os níveis de ruído são mais elevados no
momento em que o professor passa a maté-
ria para a turma, o que nos leva a entender
porquê o ruído é maior na frente da sala,
local onde situa-se, normalmente, o profes-
sor.
Também procedemos à medição de ruído nos
corredores e no pátio, pois as salas de aula
têm acesso a estes locais. Durante as ativi-
dades regulares, registramos ruído médio de
68 dB(A), no corredor e 80 dB(A), no pátio.
Considerando
níveis de ruído de até 48dB(A) em salas de
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SUMMARY
Noise in the classrooms of Curitiba:
how do the students notice this problem

The objective of this research was to investigate the students of fundamental

education’s perception about the noise in the classrooms of Curitiba. For that
reason the sound pressure level was measured inside de classrooms and 80
children answered a questionnaire with closed subjects about the perception
of the noise (presence of the noise, intensity, causes and effects). The
maximum level of noise verified in the classrooms was about 76 dBHL. This
case shows high value, once it is considered by the World Organization of
Health indicates that a sound above 70 dBHL can bring damages to the
health. This case the analysis of the answers allowed to verify that the children
notice the noise in their classrooms and they identify their sources, however
they are not aware of the noxious effects on the health and on the learning.

KEY WORDS: Noise effects. Schools. Auditory perception.

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Trabalho realizado na Universidade Tuiuti do Paraná, Artigo recebido: 29/04/2005

Curitiba, PR. Aprovado: 11/07/2005

Rev. Psicopedagogia 2005; 22(68): 105-10

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