Você está na página 1de 13

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Pós-Graduação em Gestão Fiscal e Tributária - Sistema Tributário Nacional I

CIRINEU ANACLETO DE REZENDE


EOLO CAETANO ROSA
GABRIELA CRISTINA ANACLETO AMARAL
REIGIANE CAROLINA DE OLIVEIRA
TATIANE MICHELE DE OLIVEIRA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 592.396: Análise dos argumentos apresentados


pelo Contribuinte e pela União e Fundamentos do acórdão.
Betim
2017

CIRINEU ANACLETO DE REZENDE


EOLO CAETANO ROSA
GABRIELA CRISTINA ANACLETO AMARAL
REIGIANE CAROLINA DE OLIVEIRA
TATIANE OLIVEIRA FRANÇA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 592.396: Análise dos argumentos apresentados


pelo Contribuinte e pela União e Fundamentos do acórdão.

Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em


Gestão Fiscal e Tributária - Sistema Tributário
Nacional I da PUC Minas, como requisito parcial para
conclusão do curso Sistema Tributário Nacional I.

Professora: Isabella
Betim
2017

CIRINEU ANACLETO DE REZENDE


EOLO CAETANO ROSA
GABRIELA CRISTINA ANACLETO AMARAL
REIGIANE CAROLINA DE OLIVEIRA
TATIANE OLIVEIRA FRANÇA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 592.396: Análise dos argumentos apresentados


pelo Contribuinte e pela União e Fundamentos do acórdão.
Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em
Gestão Fiscal e Tributária - Sistema Tributário Nacional
I da PUC Minas, como requisito parcial para conclusão
do curso Sistema Tributário Nacional I.

_____________________________________
Isabella (professora) PUC MINAS

Betim, 05 de junho de 2017.

RESUMO
Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar as peças constantes do Recurso
Extraordinário nº 592.396, promovido pela sociedade Eluma S.A Indústria e Comércio em
contencioso com a União Federal. Foram analisadas as petição em recurso extraordinário, a
contrarrazão ao recurso extraordinário e o inteiro teor do acórdão. A análise abarca o assunto
controverso que consta no texto da Lei Federal nº 7.988/1989 que trata da aplicação da
majoração da alíquota do imposto sobre a renda advinda de exportações incentivadas, no
mesmo exercício financeiro em que foi pulicada. Também consta breve análise crítica
referente a Súmula 584 usada como muleta para amparar a decisão tomada em primeira
instancia. Todo o assunto foi alinhado à Constituição Federal e, portanto partimos da análise
principiológica. Tratamos do assunto à luz dos princípios da anterioridade, irretroatividade e
segurança jurídica por corresponderem exatamente ao assunto contendido entre o
Contribuinte e a União.

Palavras chave: Constitucionalidade, anterioridade, irretroatividade, segurança jurídica.

ABSTRACT
This work was developed with the purpose of analyzing the pieces listed in the extraordinary
appeal No. 592,396, promoted by society Eluma s.a. Indústria e Comércio in litigation with
the Federal Government. The petition were analyzed in the against reason feature the
extraordinary appeal and the full text of the judgment. The analysis covers the controversial
subject in the text of the Federal Law No. 7,988/1989 which deals with the implementation of
the increase in the rate of tax on income from exports encouraged, in the same financial year
in which it was pulicada. Also appears in brief critical analysis concerning the scoresheet 584
used as a crutch to support the decision in first instance. The whole thing was aligned to the
Federal Constitution, and so we left principiológica analysis. Fix it in the light of the
principles of prior, irretroatividade and legal certainty for match exactly to the subject for
between the taxpayer and the Union.

Key words: Constitutionality, anticipations, irretroatividade, legal certainty.

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Trata-se de petição em recurso extraordinário em que o contribuinte Eluma S.A Industria e
Comercio contende com a União por não estar conformado com a decisão que reformou a
sentença em Primeira Instância. Petição fundamentada no artigo 102, inciso III, alínea "a" da
Constituição da República.

O recurso extraordinário, proposto pelo contribuinte, visa impugnar a constitucionalidade da


majoração da alíquota determinada do imposto sobre a renda e proventos de qualquer
natureza utilizando a aplicação da lei ao fato gerador ainda em formação. Cita ainda os
princípios constitucionais da anterioridade, irretroatividade das leis e o princípio da segurança
jurídica. Demonstra mais adiante a uniformidade das interpretações dos Tribunais Regionais
sobre a matéria ressaltando entendimentos do Tribunal Regional da 4ª Região que foram
favoráveis aos contribuintes.

A petição contém os seguinte elementos: a) da repercussão geral das questões


constitucionais; b) do cabimento do recurso extraordinário; e c) do mérito.

O contribuinte passa a explanar sobre os motivos do recurso extraordinário, relatando que os


preços dos seus produtos exportados durante todo o ano de 1989 foram calculados utilizando
a alíquota de 6%, mas que em decorrência da Lei nº 7.988 de 28 de dezembro do mesmo ano
do fato gerador, são agora tributados à alíquota majorada por essa lei, ou seja, a incidência
retroagindo a exportações já efetivadas ou contratadas. Conforme expresso no recurso do
contribuinte, essa situação fere diversos dispositivos constitucionais. Mais adiante cita o
acórdão recorrido em que a aplicação da majoração da alíquota do imposto de renda incidente
sobre exportações incentivada no exercício de 1990, no texto do acórdão não afronta aos
princípios constitucionais da anterioridade e irretroatividade com base na Súmula 584.

Na contestação o contribuinte expõe o artigo 1º, inciso I, da Lei 7.988 de dezembro de 1.989:
"Art. 1º - A partir do exercício financeiro de 1.990, correspondente ao período-base
de1.989: I – Passara a ser de 18% (dezoito por cento) a alíquota aplicável ao lucro
decorrente de exortações incentivadas, de que trata o art. 1º do Decreto-Lei nº 2.413, de 10
de fevereiro de 1.988."

E em confronto ao dispositivo na Lei acima citada o contribuinte expõe o que estabelece a


CR/88 em seu artigo 150, inciso III, alíneas "a" e "b":

"Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III – Cobrar tributos:


a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;'

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;"

O contribuinte faz referência aos princípios do direito adquirido, da não surpresa ao


contribuinte e ao princípio da anterioridade que têm, dentre outros objetivos, o de promover
razoável lapso temporal para que o contribuinte possa fazer seus orçamentos financeiros e
comerciais. Na petição expõe também a diferenciação, dada pela lei do imposto sobre a
renda, entre exercício financeiro e ano-base em que o inicio da hipótese de incidência do
imposto sobre a renda inicia-se no primeiro dia de cada ano. Prossegue afirmando que criar
lei no mesmo exercício da ocorrência da hipótese de incidência é ferir diversos princípios
constitucionais e que a petição se deve ao fato de ter havido aumento do imposto no mesmo
exercício da ocorrência da sua hipótese de incidência.

É citado pelo contribuinte ainda algumas decisões favoráveis tomadas pelo Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, nessas decisões foi entendido que o aumento de alíquota determinado
pela lei 7988/89 ofende aos princípios da irretroatividade e da anterioridade e também que há
inconstitucionalidade. Por fim o contribuinte requer a revisão da Súmula 584 por considerá-la
ultrapassada e não condizente com a doutrina mais abalizada.

É bastante claro por ser principiológico que, se uma lei criada no final de um exercício
financeiro aumentar a alíquota de um tributo cuja hipótese de incidência inicia-se no inicio
desse mesmo exercício, essa lei está ferindo ao princípio da anterioridade. Como fundamento
à esse principio temos o artigo 150, inciso III, alínea ''a'', transcrito abaixo:

“Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios...
III – cobrar tributos (...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou.”

Com isso resta claro dizer que os Entes Políticos não podem cobrar tributos no mesmo
exercício financeiro em que foi publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Entendendo
assim que uma lei de dezembro que aumente a alíquota de um tributo cuja incidência iniciou-
se em janeiro não pode anteceder aos meses anteriores e majorar a alíquota para esses
períodos sob pena de clara violação ao princípio da anterioridade.

Com vistas a clarear o assunto, transcrevemos o falar do doutrinador Luciano Amaro: “a


constituição exige, como dizíamos, que a lei que crie ou aumente o tributo seja anterior ao
exercício financeiro em que o tributo seja cobrado e, ademais, que se observe a antecedência
mínima de noventa dias entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data
em que passa a aplicar-se.” (AMARO, 2005, p. 121).

Seja considerando o exercício financeiro ou a noventena resta claro que a majoração de


alíquota por parte da União do imposto sobre a renda de todo o exercício de 1989 através de
uma lei no mesmo exercício financeiro fere ao princípio da anterioridade.

Para colaborar com o entendimento citamos os do doutrinador Antonelli “Observe-se que


pelo princípio da anterioridade não se impede a criação nem a majoração de tributo. Apenas
se preocupa em regular os efeitos de tal ato no tempo.” (GOMES, ANTONELLI, 2005, p.
132)

Associado ao princípio da irretroatividade está o princípio da segurança jurídica, essa


associação se deve ao fato de que o contribuinte necessita de um prazo para se adequar
financeiramente e orçamentariamente para cumprir com a demanda arrecadatória aos cofres
públicos e que, não obedecido o princípio da irretroatividade, essa adequação é impraticável
já que a lei retroagirá aos fatos geradores da incidência do imposto antes de a lei sequer
existir, o contribuinte será, nesse caso, pego de surpresa e terá um impacto financeiro e
orçamentário. Nos dizeres de Hugo Brito ". A lei fiscal há de ser anterior ao exercício
financeiro em que o Estado arrecada o tributo. Com isto se possibilita o planejamento anual
das atividades econômicas, sem o inconveniente da insegurança, pela incerteza quanto ao
ônus tributário a ser considerado." (MACHADO, 2001)

Com grande destreza, o doutrinador Sacha Calmon Navarro Coêlho instruí: “o princípio da
anterioridade expressa a idéia de que a lei tributária seja conhecida com antecedência, de
modo que os contribuintes, pessoas naturais ou jurídicas, saibam com certeza e segurança a
que tipo de gravame estarão sujeitos no futuro imediato, podendo, dessa forma, organizar e
planejar seus negócios e atividades.” (COÊLHO, 2005, p. 213)
Analisando a argumento apresentado pela Tribunal de Justiça que, em conformidade com a
Súmula 584 não se verificou afronta aos princípios constitucionais da anterioridade e
irretroatividade, observa-se grave conformismo do respeitável Tribunal em simplesmente
considerar constitucional situação que claramente viola aos princípios constitucionais da
anterioridade e irretroatividade. É perfeitamente plausível o não conformismo por parte do
contribuinte que recorre da decisão considerando a grave afronta aos seus direito garantido
pela carta magma, direitos característicos de um Estado Democrático de Direito. Outro
agravante que demonstra total conformismo por parte dos excelentíssimos magistrados é de
que a Súmula usada com vista a legalizar a prática inconstitucional é datada de 1973, sendo
que a constituição da República, que previu através desses princípios garantias ao
contribuinte, teve sua promulgação em 1988. Analisando todas essas questões é possível
perceber a impraticabilidade da referida Súmula ao caso em questão bem como a qualquer
outro relacionado justamente pela garantia que os contribuintes obtiveram com a
promulgação da Norma Maior.

Referências Bibliográficas:

AMARO, Luciano da Silva. Direito tributário brasileiro. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 19ª Edição. São Paulo:
Malheiros Editores, 2001.
GOMES, Marcus Lívio; ANTONELLI, Leonardo Pietro. Curso de direito tributário. v. 1.
São Paulo: Quartier Latim do Brasil, 2005.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. 8. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2005.

Você também pode gostar