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A Constituição de 88: Trinta anos depois

Book · August 2018

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3 authors, including:

Cristina Buarque de Hollanda Luciana Veiga


Rio de Janeiro State University Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
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A CONSTITUIÇÃO DE 88
TRINTA ANOS DEPOIS
Reitor
Ricardo Marcelo Fonseca
Vice-Reitora
Graciela Inês Bolzón de Muniz
Pró-Reitor de Extensão e Cultura
Leandro Franklin Gorsdorf
Diretor da Editora UFPR
Rodrigo Tadeu Gonçalves
Vice-Diretor da Editora UFPR
Hertz Wendel de Camargo
Conselho Editorial que Aprovou este Livro
Allan Valenza da Silveira
Alzir Felippe Buffara Antunes
Angela Couto Machado Fonseca
Claudio Jose Barros de Carvalho
Eleusis Ronconi de Nazareno
Emerson Joucoski
Fabio Meurer
Fabricio Schwanz da Silva
José Carlos Cifuentes
Kádima Nayara Teixeira
Marcos Alexandre dos Santos Ferraz
Sibilla Batista da Luz França
A CONSTITUIÇÃO DE 88
TRINTA ANOS DEPOIS
Organizadores
Cristina Buarque de Hollanda
Luciana Fernandes Veiga
Oswaldo E. do Amaral
© Cristina Buarque de Hollanda, Luciana Fernandes Veiga e Oswaldo E. do Amaral (Orgs.)

A CONSTITUIÇÃO DE 88
TRINTA ANOS DEPOIS
Coordenação editorial
Rachel Cristina Pavim
1ª Revisão
Maikon Augusto Delgado
2ª Revisão
Francisco Roberto Szezech Innocêncio
Revisão final
Autores
Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica
Estúdio Lippi
Foto da capa
Arquivo Agência Brasil
Série Pesquisa, 340
Universidade Federal do Paraná. Sistema de Bibliotecas.
Biblioteca Central. Coordenação de Processos Técnicos.
C758 A Constituição de 88: trinta anos depois / organizadores Cristina Buarque de
Hollanda, Luciana Fernandes Veiga, Oswaldo E. do Amaral. – Curitiba: Ed.
UFPR, 2018.
400 p.: il.; 22 cm. – (Série pesquisa, n. 340).
Vários autores.
Inclui referências.
ISBN 978-85-8480-136-7
1. Direito constitucional - Brasil. 2. Brasil - Constituição (1988). I. Hollanda,
Cristina Buarque de. II. Veiga, Luciana Fernandes. III. Amaral, Oswaldo E. do.
IV. Título. V. Série.
CDD: 341.24981
CDU: 342.4(81)
Bibliotecário: Arthur Leitis Junior - CRB 9/1548

Editora UFPR, ISBN 978-85-8480-136-7


Fundação Konrad Adenauer, ISBN 978-85-7504-217-5
Ref. 917
Direitos desta edição reservados à
Editora UFPR
Rua João Negrão, 280, 2.O andar – Centro
Tel.: (41) 3360-7489
80010-200 – Curitiba – Paraná – Brasil
www.editora.ufpr.br
editora@ufpr.br
Fundação Konrad Adenauer
Rua Guilhermina Guinle, 163, Botafogo
Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22270-060
2018
Sumário
Introdução ................................................................................................................................................................. 7
Cristina Buarque de Hollanda, Luciana Fernandes Veiga e Oswaldo E. do Amaral

1. A “Constituição Cidadã” e a cultura política:


uma sociedade mais participativa e democrática? ......................................................................... 13
Ednaldo A. Ribeiro, Julian Borba e Gabriel Avila Casalecchi

2. A Magna Carta e o xadrez político internacional:


triunfo da democracia de mercado? ....................................................................................................... 47
Marcelo Medeiros e Janina Onuki

3. A trajetória das políticas sociais nos 30 anos desde a Constituição de 1988 .............. 73
Telma Menicucci e Gabriela Lotta

4. A segurança pública no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988 .................... 101


Luis Flávio Sapori, Clebler da Silva Lopes, André Zanetic e Gláucio Ary Dillon Soares

5. Comunicação política e opinião pública ....................................................................................... 137


Fernando Antônio Azevedo e Fernando Lattman-Weltman

6. Constituição Cidadã e participação social – a política


externa brasileira em debate no CONSEA e no CNS ................................................................... 157
Leticia Pinheiro, Livia Liria Avelhan e Talita Gomes

7. (Des)venturas do Poder Constituinte no Brasil, 1964-1986 ..................................................... 181


Antônio Sérgio Rocha

8. Eleições e representação política na Nova República .......................................................... 203


Luciana Fernandes Veiga e Maria do Socorro Braga

9. Neoinstitucionalismo na pós-Constituição de 1988


e as duas visões sobre os partidos políticos no Brasil ................................................................ 233
Andréa Freitas e Fernando Guarnieri

10. O pensamento político-constitucional da República de 1988:


um balanço preliminar (1988-2017) ........................................................................................................ 251
Jorge Chaloub e Christian Edward Cyril Lynch

11. Participação social no Brasil: trajetória, crise e perspectivas ............................................ 281


Cláudia Feres Faria e Luciana Tatagiba
12. Política, Direito e Judiciário – centralidade e ambivalências
do jurídico na ordem constitucional de 1988 ................................................................................... 305
Andrei Koerner

13. Democracia, Estado e patriarcado: disputas


em torno dos direitos e das políticas de gênero ............................................................................ 329
Marlise Matos e Flávia Biroli

14. Sociologia Política dos políticos do Brasil: um estudo


da competição eleitoral sob o regime da Constituição de 1988 .......................................... 359
Bruno Bolognesi e Adriano Codato

Sobre os autores ............................................................................................................................................. 391


7

Introdução
A Constituição de 1988 e a
Ciência Política no Brasil

Cristina Buarque de Hollanda


Luciana Fernandes Veiga
Oswaldo E. do Amaral

A edição deste livro se encerra em meio à crise mais aguda da democracia no Brasil
desde o golpe de 1964. Mais do que a celebração de uma data redonda – os 30 anos
da Constituição de 1988 –, a reflexão sobre o texto constitucional, suas mutações e sua
forma atual, é oportuna e necessária em um contexto de ceticismo grave e difundido
sobre os modelos tradicionais da política representativa. Os arranjos formais e infor-
mais que, apesar de limites e tensões importantes, equilibraram a vida política do país
nas últimas três décadas já não são capazes de acomodar as demandas dissonantes
da cena contemporânea. Nos espaços institucionais formais, os três poderes disputam
fronteiras e precedência. Fora deles, imprensa e grande público agem e reagem de ma-
neira vigorosa. Ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, somaram-se
outros tantos eventos críticos que desafiam a estabilidade de nossas leis e instituições,
em uma dinâmica de aceleração vertiginosa dos fatos políticos e produção de imprevi-
sibilidade quanto a seus desdobramentos.
Nesse contexto, a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) entende que
lhe cabe o desafio de aproximar a produção acadêmica do cotidiano social da con-
trovérsia política com o objetivo de contribuir de maneira qualificada para o debate
público. Este livro nasce dessa preocupação e se destina a qualquer pessoa que te-
nha interesse em conhecer diferentes temas e maneiras de abordar os impactos da
8 A Constituição de 88 - Trinta anos depois

Constituição de 1988 – independentemente de ter ou não formação especializada


em Ciência Política ou em Ciências Sociais. Com o objetivo de promover o diálogo
entre os seus associados, a Academia e a sociedade, os capítulos que se seguem fo-
ram organizados em torno de 14 áreas temáticas da ABCP: Comportamento Político;
Comunicação Política e Opinião Pública; Eleições e Representação Política; Estado
e Políticas Públicas; Gênero, Democracia e Políticas Públicas; Instituições Políticas;
Participação Política; Pensamento Político Brasileiro; Política Externa; Política Inter-
nacional; Política, Direito e Judiciário; Segurança Pública e Democracia; Sociologia
Política; e Teoria Política.
Os coordenadores de cada uma dessas áreas e/ou os autores convidados por eles se
pautaram por diretrizes gerais definidas pelos editores, sem prejuízo das especificida-
des de suas abordagens. O resultado é uma obra coletiva unida pelo desafio de refletir
sobre os alcances, os limites e as metamorfoses do texto constitucional em diferentes
arenas da vida pública e também na formação e/ou na consolidação de campos acadê-
micos, num período de notável expansão da pós-graduação no país. Contamos, assim,
com textos que não só discutem os marcos legais estabelecidos a partir da Constituição
e suas consequências políticas e sociais, mas refletem também sobre os impactos da
Carta Magna sobre a produção na área de Ciência Política.
Apresentamos aqui um breve resumo das contribuições.
No capítulo intitulado A “Constituição Cidadã” e a cultura política: uma sociedade
mais participativa e democrática?, Ednaldo Ribeiro, Julian Borba e Gabriel de Avila
Casalechi investigam os possíveis impactos dos novos mecanismos de participação so-
cial instituídos pela Constituição de 88 na cultura política dos brasileiros, 30 anos de-
pois. Para isso, mobilizam literatura especializada e dados de survey com atenção para
três dimensões: i. habilidades políticas (interesse, conhecimento, eficácia política); ii.
atitudes (confiança nas instituições, satisfação com o funcionamento da democracia
e adesão à democracia); e iii. comportamento político (comparecimento eleitoral e
formas de participação não convencional).
Ao observar o contexto de criação da Constituição, Marcelo Medeiros e Janina
Onuki observam a tensão entre, de um lado, a inclinação nacionalista dos legislado-
res, e, de outro, o predomínio do paradigma do livre mercado na cena internacional,
marcado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim. Tendo em vista esse “des-
compasso” de fundo, os autores investigam como e em que medida os dez princípios
do artigo quarto da Constituição, dedicados às relações internacionais, responderam
aos “desafios do sistema internacional”.
Telma Menicucci e Gabriela Lotta mapeiam a trajetória das políticas sociais no
país, que renderam à Constituição a marca de “Cidadã”. Tomam a forma original da
Introdução: A Constituição de 1988 e a Ciência Política no Brasil 9

Constituição como ponto de partida e acompanham, desde então, as alterações de seu


texto que se acumularam ao longo dos últimos 30 anos. De maneira conjugada, investi-
gam também os passos do campo acadêmico dedicado ao estudo das políticas públicas.
Em A segurança pública no Brasil a partir da Constituição de 1988, André Zane-
tic, Cleber da Silva Lopes, Gláucio Soares e Luis Flávio Sapori analisam o arranjo
constitucional na área de segurança pública e produzem um mapeamento crítico da
literatura sobre segurança pública e justiça criminal no período posterior ao da Cons-
tituição de 1988, quando as agendas em pauta se transformam em um problema polí-
tico, público e acadêmico.
No capítulo Comunicação política e opinião pública, Fernando Antônio Azevedo e
Fernando Lattman-Weltman tratam da formação tardia desse campo no Brasil e apon-
tam a Constituição de 1988 como um momento de inflexão. Com o restabelecimento
das eleições diretas em um ambiente tecnológico profundamente modificado, o Brasil
se aproximava da feição moderna das grandes democracias de massas no Ocidente, com
campanhas políticas profissionalizadas. No domínio acadêmico, pesquisadores em for-
mação nas áreas de Ciência Política e Comunicação passaram a investigar a nova cena
política e impulsionaram a publicação de trabalhos e periódicos especializados.
Ao investigarem a maneira como a política externa brasileira foi abordada pela
Constituição de 1988, Letícia Pinheiro e Lívia Avelhan observam que ela escapou ao
movimento de intensa participação social que orientou o tratamento de outras pautas.
Desse isolamento resultou um desenho constitucional bastante aproximado à configu-
ração anterior sobre a matéria, com centralidade do Executivo na concepção e condu-
ção da política externa. A despeito disso, esse cenário foi, na prática, confrontado com
maior atividade do Legislativo, com participações ad hoc do Poder Judiciário e tam-
bém com a mobilização de novos mecanismos de participação em torno de agendas de
forte interface com a política externa. Interessadas justamente na articulação estreita
entre os domínios doméstico e o internacional, Pinheiro e Avelhan se debruçam sobre
a ação do Conselho de Segurança Alimentar e do Conselho Nacional de Saúde.
O texto de Antônio Sérgio Rocha defende que o período que vai de 1964 a 1986
apresenta três versões de Poder Constituinte, cada um deles evocando um tipo espe-
cífico de legitimidade. Inicialmente, há o apelo a um Poder Constituinte Revolucio-
nário. A partir de 1979, no âmbito do projeto de distensão política, desencadeia-se um
amplo debate entre partidários governistas de uma reforma da constituição autoritária
e os proponentes oposicionistas de uma assembleia constituinte originária. A questão
vai entrar na formação e no funcionamento da Nova República, período em que se
formula o conceito de Poder Constituinte Instituído – base doutrinária para a determi-
nação de um Congresso Constituinte.
10 A Constituição de 88 - Trinta anos depois

O texto Eleições e representação política na Nova República, de Luciana Veiga e


Maria do Socorro Braga, trata da trajetória do sistema representativo brasileiro nos
últimos 30 anos. As autoras analisam a evolução das regras do jogo político e o desen-
volvimento do sistema partidário desde a Constituição de 1988. Por fim, apresentam
o resultado de um estudo realizado com sete partidos políticos brasileiros tendo como
foco a estratégia eleitoral em nível local.
O artigo de Andrea Freitas e Fernando Guarnieri discute a literatura produzida no
Brasil sobre o papel dos partidos políticos nas arenas eleitoral e legislativa a partir do
arranjo legal ratificado pela Constituição de 1988. Os autores abordam as diferentes
análises acadêmicas e as diferentes perspectivas teóricas e metodológicas utilizadas
para a compreensão do papel dos partidos políticos no Brasil nos últimos 30 anos.
Jorge Chaloub e Christian Lynch ocupam-se do imaginário político em torno da
Constituição, buscando descrever a riqueza de clivagens e disputas sobre sua inter-
pretação nos últimos 30 anos. Os autores tratam da natureza e dos limites do poder
constituinte, do debate acadêmico travado nos âmbitos do Direito e da Ciência Políti-
ca sobre o modelo operativo da relação entre os poderes e, por fim, tentam explicar a
crise constitucional dos últimos anos.
Em Participação social no Brasil: trajetória, crise e perspectivas, Claudia Feres Faria
e Luciana Tatagiba fazem um levantamento bibliográfico sobre o tema desde os anos
1990 até a primeira década do século XXI. Em seguida, dedicam-se às transformações
do período subsequente, que definem como de “crise e crítica da participação institu-
cionalizada”. Por fim, analisam os caminhos da área temática de Participação Social
no âmbito da ABCP, observando como a produção no campo acompanha a trajetória
de desinstitucionalização das formas de participação.
O capítulo de Andrei Koerner investiga o protagonismo e as ambivalências do ju-
rídico na Constituição e também os ecos dessa configuração nas décadas subsequen-
tes, com atenção para suas tensões com o domínio da política. Além do período da
longa constituinte, Koerner se dedica ao momento de formação de um “regime cons-
titucional neoliberal” durante os governos Fernando Henrique Cardoso e também
aos anos subsequentes a 2003. Por fim, reflete sobre o STF e a agenda da corrupção,
convertida em “arma política”.
Marlise Matos e Flávia Biroli apresentam um extenso e minucioso mapeamento
de iniciativas de políticas públicas dedicadas a pautas de gênero e sexualidade des-
de 1988. Elas propõem comparação entre ações dos Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário em duas faixas temporais: a primeira delas compreendida entre os anos
de 1988 e 2002 e a segunda, entre 2003 e 2015. Seu estudo revela uma concentra-
Introdução: A Constituição de 1988 e a Ciência Política no Brasil 11

ção expressiva de iniciativas no segundo período, de governos do PT, com tensão


pronunciada entre iniciativas com perfis de “avanço” e “retrocesso”.
Em Sociologia política dos políticos do Brasil: um estudo da competição sob o
regime da Constituição de 88, Bruno Bolognesi e Adriano Codato oferecem um
mapeamento detalhado de atores e dinâmicas da disputa eleitoral nos últimos 30
anos. Bolognesi e Codato analisaram o perfil de todos os concorrentes a deputados
para a câmara baixa do Brasil entre 2002 e 2014, chegando a quase 20 mil casos.
Entre as conclusões, chama atenção a constatação de que “é nas franjas do sistema
partidário” – isto é, entre partidos personalistas que reúnem candidatos com baixa
disposição para a política e pouca capacidade de atração de recursos – que se dá a
“renovação da representação” no país.

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